Na zona rural de Viamão eu trabalho na EMEF Cristiano Vieira.
E há alguns dias, após os alunos do 8º ano lerem textos sobre a
infância durante a Revolução Industrial, pedi que eles elaborassem textos
imaginando como seria sua vida naquela época. Os dois melhores textos eu
apresento aqui:
"Na época da Revolução Industrial eu trabalhava sendo
explorada, tornando-me fonte de enormes lucros. Eles só se preocupavam em pagar
salários baixos.
No entanto eu e muitas crianças estávamos deixando os brinquedos e
a escola para nos dedicarmos aos trabalho.
Nas áreas rurais, as meninas começaram a trabalhar desde pequenas.
As atividades no campo envolviam diferentes tarefas que eu e as outras meninas
trabalhávamos: ordenha das vacas, também nós preparávamos o pão, a comida e as
diversas tarefas da casa.
No fim da tarde eu e a minha família nos reuníamos para jantar.
A vida das crianças mudou completamente. Eu e as outras crianças
também perdemos contato com a natureza. Não podíamos nadar nos rios, subir nas
árvores nem andar a cavalo nos campos. A paisagem era outra: ruas sujas,
moradias apertadas e outras coisas mais.
Inicialmente, só as crianças abandonadas em orfanatos eram
entregues ao patrões para trabalharem como aprendizes. Com o tempo, eu e as
crianças que tínhamos família seguíamos o mesmo caminho.
Eu comecei a trabalhar por volta dos 6 anos de idade. O trabalho
era muito cansativo e o salário era muito inferior ao dos adultos.
O turno de trabalho normalmente se estendia das 5 horas da manhã
até as 7 horas da noite, ou seja, eu trabalhava 14 horas por dia. Acidentes de
trabalho e doenças decorrentes das condições insalubres das fábricas ocorriam
com frequência. Normalmente as crianças perdiam dedos, mãos e até mesmo braços.
Era assim a minha vida sofrida."
Miriã
"Eu e meu irmão William trabalhávamos 16 horas em pé, em
lugares sujos, escuros, lidando com máquinas perigosas.
Acordávamos todos os dias as 4 horas, antes do sol aparecer,
porque tínhamos que caminhar 2,5 quilômetros até a fábrica. Nós não tínhamos
tempo para tomar o café da manhã, quando a gente levava algum alimento,
tínhamos que comer enquanto trabalhávamos.
Meu irmão William trabalhava nas fiadeiras, trocando as bobinas
com fio que saía das máquinas, e eu ia preparando a fibra de linho que para ser
fiada.
Só depois de 7 horas de trabalho tínhamos um único descanso no
dia, de 40 minutos, para almoçarmos. Mas as vezes ainda tinha serviço para
fazer nesses 40 minutos, e mesmo assim o turno da tarde começava na mesma hora.
Lá tinha muita poeira e as vezes não dava para comer porque a comida ficava
cheia de sujeira.
A gente apanhava com tiras de couro se ficássemos desatentos para
a troca das bobinas cheias. Eles não queriam nem saber, davam nas meninas e
meninos da mesma forma, tinha vezes que doía demais.
Depois de 16 horas trabalhando, meu irmão podia ir para casa, mas
eu tinha que ficar mais 2 horas trabalhando, eu só tinha 4 horas para dormir.
Logo depois começava tudo de novo, era muito cansativo."
Marcele
Parabéns, meninas, seus trabalhos estavam muito bons!
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