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quinta-feira, 29 de maio de 2014

Trabalho que compensa II

Na zona rural de Viamão eu trabalho na EMEF Cristiano Vieira.

E há alguns dias, após os alunos do 8º ano lerem textos sobre a infância durante a Revolução Industrial, pedi que eles elaborassem textos imaginando como seria sua vida naquela época. Os dois melhores textos eu apresento aqui:

"Na época da Revolução Industrial eu trabalhava sendo explorada, tornando-me fonte de enormes lucros. Eles só se preocupavam em pagar salários baixos.

No entanto eu e muitas crianças estávamos deixando os brinquedos e a escola para nos dedicarmos aos trabalho.

Nas áreas rurais, as meninas começaram a trabalhar desde pequenas. As atividades no campo envolviam diferentes tarefas que eu e as outras meninas trabalhávamos: ordenha das vacas, também nós preparávamos o pão, a comida e as diversas tarefas da casa.

No fim da tarde eu e a minha família nos reuníamos para jantar.

A vida das crianças mudou completamente. Eu e as outras crianças também perdemos contato com a natureza. Não podíamos nadar nos rios, subir nas árvores nem andar a cavalo nos campos. A paisagem era outra: ruas sujas, moradias apertadas e outras coisas mais.

Inicialmente, só as crianças abandonadas em orfanatos eram entregues ao patrões para trabalharem como aprendizes. Com o tempo, eu e as crianças que tínhamos família seguíamos o mesmo caminho.

Eu comecei a trabalhar por volta dos 6 anos de idade. O trabalho era muito cansativo e o salário era muito inferior ao dos adultos.

O turno de trabalho normalmente se estendia das 5 horas da manhã até as 7 horas da noite, ou seja, eu trabalhava 14 horas por dia. Acidentes de trabalho e doenças decorrentes das condições insalubres das fábricas ocorriam com frequência. Normalmente as crianças perdiam dedos, mãos e até mesmo braços.

Era assim a minha vida sofrida."

Miriã

"Eu e meu irmão William trabalhávamos 16 horas em pé, em lugares sujos, escuros, lidando com máquinas perigosas.

Acordávamos todos os dias as 4 horas, antes do sol aparecer, porque tínhamos que caminhar 2,5 quilômetros até a fábrica. Nós não tínhamos tempo para tomar o café da manhã, quando a gente levava algum alimento, tínhamos que comer enquanto trabalhávamos.

Meu irmão William trabalhava nas fiadeiras, trocando as bobinas com fio que saía das máquinas, e eu ia preparando a fibra de linho que para ser fiada.

Só depois de 7 horas de trabalho tínhamos um único descanso no dia, de 40 minutos, para almoçarmos. Mas as vezes ainda tinha serviço para fazer nesses 40 minutos, e mesmo assim o turno da tarde começava na mesma hora. Lá tinha muita poeira e as vezes não dava para comer porque a comida ficava cheia de sujeira.

A gente apanhava com tiras de couro se ficássemos desatentos para a troca das bobinas cheias. Eles não queriam nem saber, davam nas meninas e meninos da mesma forma, tinha vezes que doía demais.

Depois de 16 horas trabalhando, meu irmão podia ir para casa, mas eu tinha que ficar mais 2 horas trabalhando, eu só tinha 4 horas para dormir.

Logo depois começava tudo de novo, era muito cansativo."

Marcele

Parabéns, meninas, seus trabalhos estavam muito bons!


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