Em homenagem ao Dia Nacional da Consciência Negra, um pouco da história dos clubes da comunidade negra no Rio Grande do Sul.
Nos primeiros anos do século XX, quando o futebol surgiu no Rio Grande do Sul, os atletas negros não conseguiam espaço nos clubes formados pelas elites sociais, e passaram a organizar seus próprios clubes. A seguir, esses clubes formaram ligas e organizaram competições.
Em Porto Alegre, já em 1907 era fundado o Foot-Ball Club Riograndense. Esse clube, em 1911, participou da fundação da Federação Sportiva de Foot-Ball, que não se restringia a clubes da comunidade negra, mas não há registros que essa entidade tenha organizado torneios.
Ainda em 1911, o Riograndense já tinha a companhia do Foot-Ball Club Primavera. No ano seguinte, também aparecia o Foot-Ball Club União. Nos anos de 1914 e 1915, aparecem na imprensa menções à Liga Sul-Americana de Foot-Ball, que contaria com Riograndense e Primavera, mas não há registros de torneios organizados pela mesma.
Em 1920, já com vários clubes da comunidade negra em atividade, surge a Liga Nacional de Foot-Ball Porto Alegrense (LNFBPA). No primeiro torneio da entidade participaram o União, 8 de Setembro, Riograndense, 1º de Novembro. Bento Gonçalves, Primavera e Venezianos. O União venceu a primeira competição. No ano seguinte, ocorreu uma cisão, surgindo a Associação Sportiva de Foot-Ball (ASFB). O 8 de Setembro venceu o campeonato da LNFBPA e o Riograndense conquistou o título pela ASFB.
Em 1922, restava apenas a ASFB, que teve o Bento Gonçalves como campeão. No ano seguinte, nova cisão, com o surgimento da Associação de Amadores de Foot-Ball (AAFB). Enquanto o Bento Gonçalves conquistava o bicampeonato pela ASFB, o Primavera vencia o primeiro campeonato da AAFB. A temporada de 1924 começou com duas ligas, mas a ASFB não conseguiu levar seu torneio ao fim. Na AAFB, o Operário foi campeão.
A partir de 1925, a AAFB reinou absoluta, organizando campeonatos até 1931. Riograndense (1925 e 1927), Operário (1926) e 8 de Setembro (1929 e 1931) conquistaram os torneios. Equipes como Aquidaban, Ford, Arvoredo, Palmeira e Pelotas disputaram os torneios.
Ligas da comunidade negra não eram exclusividade da capital. Em Pelotas, desde pelo menos 1920, existia a Liga de Foot-Ball José do Patrocínio, formada por clubes como o Juvenil, América do Sul, Democrata, Lusitano e Universal. O Juvenil excursionou a Porto Alegre em 1920.
Na cidade de Bagé, a Liga de Amadores de Foot-Ball 13 de Maio reunia clubes como o Juventude, Palmeiras, Vencedor e Riachuelo. Em Santana do Livramento, a comunidade negra contava com clubes como o Viação Férrea, Lito Santanense, 15 de Novembro e 13 de Maio. Na cidade de Cachoeira do Sul, o Estrela excursionou a Porto Alegre em 1924. Na mesma cidade, o 15 de Novembro filiou-se à AAFB porto-alegrense, em 1931.
No final dos anos 1920, os clubes das ligas oficiais começaram a abrir espaço para atletas negros. Liége, Concórdia, Força e Luz, Americano, Porto Alegre e Internacional começaram a reforçar-se com atletas dos clubes da comunidade negra. Ao mesmo tempo em que as possibilidades de ascensão social se abriam para os atletas negros, começava o ocaso dos clubes da comunidade negra. No início da década de 1930, a maioria já havia fechado as portas, enquanto atletas como Tupan, Venenoso, Dirceu Alves, Agostinho e Zezé Dinarte brilhavam nos clubes das ligas oficiais.
Bom reencontra-lo Raul, seguia muitos seus posts na comu do inter no saudoso Orkut, abraços
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