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sexta-feira, 19 de junho de 2020

Jogadores do passado: Flores

Em seus primeiros anos. o Internacional recebia em seus quadros muitos estudantes vindos do interior. Entre eles, Guilherme Flores da Cunha, que ficaria conhecido no clube apenas como Flores.

Guilherme Flores da Cunha nasceu em Santana do Livramento, em 17 de junho de 1892.

Ele começou a atuar no Internacional em 1911, na linha média. Jogou nas três funções, atualmente equivalentes a lateral-direito, volante e lateral-esquerdo, mas preferencialmente pelo lado esquerdo. Nunca chegou à titularidade, disputando apenas quatro partidas no time principal, entre 1911 e 1913. Embora duas delas tenham sido históricas.

Sua estreia ocorreu em 13 de agosto de 1911. Nesse dia, em São Leopoldo, o Internacional perdeu por 4x0 para o Ginásio Conceição. Flores entrou no time durante o jogo, substituindo Brazil, Essa partida tornou-se histórica por três motivos: foi a primeira partida do Internacional contra uma equipe de fora de Porto Alegre, foi a primeira partida do Internacional fora de Porto Alegre e a primeira em que ocorreram substituições no time do Colorado.

Em 5 de maio de 1912, ele voltaria a defender o time principal, contra o Nacional, pelo campeonato da cidade. O Internacional venceu por 7x0 e Flores fez o 6º gol.

Em 11 de agosto de 1912, mais uma partida histórica. No returno, o Internacional goleou o Nacional por 16x0, na maior vitória de sua história. E Flores estava lá. (*)

Ele voltaria a campo em 21 de setembro de 1913, na vitória de 3x2 sobre o Rio Branco de Pelotas. Mas nessa partida ele atuou apenas 19 minutos, saindo de jogo com um ferimento no rosto.

Flores ainda atuou em algumas partidas do 2º quadro, passando logo adiante seu "nome" de atleta para seu irmão João Flores da Cunha, que jogou quatro partidas em 1915.

Formado em agronomia, em 1917 Flores já estava em Alegrete. E foi nessa cidade que ocorreria o evento mais marcante de sua vida, e o final dela, também.

Junho de 1923

O Rio Grande do Sul estava dividido entre maragatos (libertadores) e chimangos (republicanos). A família Flores da Cunha, tradicionalmente vinculada ao Partido Republicano, participa ativamente do conflito. José Antônio Flores da Cunha, irmão de Guilherme, é o principal chefe militar dos republicanos.

 As tropas revolucionárias de Honório Lemos e Batista Luzardo haviam ocupado Alegrete, de maioria maragata. Diante da aproximação de Flores da Cunha, Oswaldo Aranha e os mercenários uruguaios que lutavam ao lado dos chimangos, alguns membros do Estado Maior maragato propuseram a destruição da ponte sobre o rio Ibirapuitã, mas Honório Lemos foi contrário. Sua ideia era deixar uma vanguarda na ponte, para provocar os chimangos, fazê-los perseguir os maragatos e atraí-los para a Serra do Caverá, onde ele era imbatível (não foi à toa que recebeu o apelido de "Leão do Caverá").

No dia 19 de junho de 1923 ocorre o Combate da Ponte do Ibirapuitã. A primeira parte do plano de Honório Lemos deu certo, e com sucesso. Na 1ª tentativa de cruzar a ponte, os chimangos foram repelidos, com Flores da Cunha e Oswaldo Aranha saindo feridos e Guilherme Flores da Cunha tombando morto, com um tiro na testa. Esse resultado incendiou o ânimo dos líderes maragatos, que contrariando as decisões de Honório, atrasaram a retirada para o Caverá, imaginando ser possível conquistar uma vitória decisiva sobre os chimangos ali em Alegrete. Mas os chimangos tinham mais tropas e estavam melhor armados que os maragatos. No final do dia, as baixas entre os maragatos foram maiores, e a retirada para a Serra do Caverá ocorreu de forma desorganizada.

Mas se os chimangos puderam comemorar uma vitória, a família Flores da Cunha teve uma perda importante. Dois dias depois de completar 31 anos de idade, Guilherme perdia a vida. Foi sepultado dias depois, em Santana do Livramento.

(*) Essa partida é motivo de dúvida. Os jornais da época apontam, na matéria anterior à partida, escalações divergentes. Em uma delas, Flores aparece no time principal, e Dornelles no 2º time. Em outra, Dornelles aparece no 1º time, e Flores em nenhum. Na matéria do jogo, a escalação não foi publicada, e nos jogadores citados em lances da partida, não aparecem nem Dornelles, nem Flores. Portanto, há a possibilidade dele não ter jogado essa partida.


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