Imagem restaurada e colorizada por Luiz Gustavo Leal Quirim
Francisco Pereira Vares nasceu em Santana do Livramento (RS), em 30 de julho de 1892.
Vares mudou-se para Pelotas ainda na infância, provavelmente para estudar. No futebol, ele surgiu no Foot-Ball Club Athletic, onde era atleta e dirigente, em 1908. O Foot-Ball Club, fundado em maio de 1906, era uma dissidência do Club Sportivo Internacional e em outubro de 1908 fundiu-se com esse mesmo clube, dando origem ao Esporte Clube Pelotas. Vares, portanto, foi fundador do Pelotas. No mesmo ano, recebeu do clube a medalha de "Honra ao Mérito", como o atleta que mais se destacou em exercícios físicos.
Em 1911, Vares enfrentou o Combinado Uruguaio duas vezes, defendendo o Pelotas e o Combinado Gaúcho. Já era considerado, na época, o melhor ponteiro-esquerdo do estado. No mesmo ano, completou o ensino ginasial no Ginásio Pelotense e em 1912 ingressou no Instituto de Engenharia, em Porto Alegre. Assim, trocou o Pelotas pelo Internacional.
Vares estreou no Internacional em 5 de maio de 1912, na vitória por 7x0 sobre o Nacional, pelo campeonato municipal, na Baixada. No jogo seguinte, em 2 de junho, o Internacional venceu o Fussball por 4x3, e Vares marcou o terceiro gol colorado. No início de julho, participou da excursão colorada a Pelotas. No dia 9 de julho marcou os dois primeiros gols colorados na vitória por 6x0 sobre o União. Nesta partida o Internacional conquistou o seu primeiro troféu externo, o "Centenário de Pelotas", ofertado pelos educadores Fortunato Pimentel e Alfredo Maciel Moreira. De volta a Porto Alegre, no dia 11 de agosto o Internacional aplicou a maior goleada de sua história, 16x0 sobre o Nacional. Vares marcou quatro gols. Mas o título municipal ficou com o Grêmio.
Na estreia da temporada de 1913, em 8 de junho, o Internacional enfrentou o Grêmio, pelo campeonato municipal, na primeira partida da Chácara dos Eucaliptos. O Grêmio venceu por 2x1, mas Vares fez a assistência para o gol de Túlio. No jogo seguinte, em 22 de junho, contra o Colombo, estreou o ataque Túlio, Galvão, Ribas, Miller e Vares, que encantaria o futebol gaúcho nos anos seguintes. O Colorado venceu por 6x0, e Vares marcou um gol. Contra o Frisch Auf (10x1), Vares marcou mais um gol. O Internacional sagrou-se campeão municipal pela primeira vez em 1913. Em 21 de setembro, no amistoso com o Rio Branco de Pelotas, Vares marcou um gol na vitória por 3x2.
Na temporada de 1914, Vares marcou dois gols no amistoso com o Colombo (6x0), em 19 de abril. Em 10 de maio, na abertura do campeonato, o Internacional venceu o Cruzeiro por 7x0. Vares marcou dois gols e fez duas assistências. Contra o Americano, em 24 de maio, o Internacional venceu por 15x2, com três gols de Vares. Contra o Frisch Auf, 9x0 e mais três gols de Vares. Na vitória sobre o Colombo (2x0), mais um gol de Vares. Esse gol, em algumas fontes, aparece como contra, do goleiro Ettore. Vares chutou com violência, Ettore chegou a tocar na bola mas não conseguiu evitar o gol. No dia 14 de julho, o Internacional bateu o Rio Grande por 5x1, na maior derrota que a equipe riograndina já havia sofrido de uma equipe gaúcha. O esportista Alpheu Paranhos ofereceu uma cigarreira de prata com a efígie de um jogador a quem marcasse o primeiro gol da partida. E logo aos 5 minutos de jogo Túlio cruzou para a área, Vares dominou e chutou para as redes. No final da temporada, veio o bicampeonato da cidade.
Em 25 de abril de 1915, o primeiro jogo colorado foi o amistoso de inauguração da Vila Cruzeiro, novo campo do Cruzeiro. A prtida terminou 2x2 e Vares fez o segundo gol colorado. No campeonato, Vares atuava mais como garçom que como artilheiro. Em 30 de maio fez seu primeiro gol, na vitória por 9x1 sobre o São Paulo. Na campanha do tri, foi seu único gol.
Em 1916 Vares começou a comparecer às redes com mais frequência. No 1º turno, marcou um gol contra o Fussball (8x0) e dois gols contra Cruzeiro (6x2) e Colombo (14x0). No dia 30 de julho de 1916, na Chácara dos Eucaliptos, ocorreu o Gre-Nal do 1º turno. Em grande atuação, Vares marcou os seis gols da vitória colorada por 6x1. Dois gols no primeiro tempo e quatro gols no 2º tempo, a partir dos 20 minutos. (1). No returno, ele ainda marcaria dois gols sobre o Fussball (13x1). O Internacional conquistaria o tetracampeonato municipal nessa temporada.
Em 22 de outubro de 1916 o Internacional venceu o Frisch Auf por 10x4, em amistoso. A equipe teuto-riograndense chegou a estar vencendo por 3x0, mas Vares marcou o gol de empate, ainda no 1º tempo. Foi seu último gol pelo Internacional. No dia 29 de outubro, na Baixada, o Internacional venceu o Grêmio por 3x2, em partida do campeonato. Foi o último jogo de Vares pelo Internacional.
Formado em engenharia, Vares largou a carreira de jogador de futebol, uma prática comum na época do amadorismo. Muito provavelmente retornou à sua Santana do Livramento natal. Ele reaparece na imprensa da capital em 1937, em notícia sobre a formação de um núcleo da Ação Libertadora em Santana do Livramento. Este movimento foi criado para apoiar a candidatura de Armando Salles à presidência da república.
Vares faleceu em Santana do Livramento, em 6 de setembro de 1968.
Seus números no Internacional:
69 partidas
57 vitórias
5 empates
7 derrotas
55 gols
Campeão municipal em 1913, 1914, 1915 e 1916
(1)O jornal A Federação aponta os dois últimos gols para Oswaldo, porém o Correio do Povo e outras fontes, inclusive com o tempo dos gols, citam Vares como o autor dos seis gols.
Ele era mais chamado de 'Chico Vares', o nome soava melhor.
ResponderExcluirFoi um grande ponta esquerda dos primórdios da história do Internacional!