Em 22 de outubro de 1939 o Internacional enfrentava o Cruzeiro, nos Eucaliptos, pela 2ª rodada do campeonato municipal. A estreia não havia sido boa, derrota em casa para o Grêmio, por 3x2. Para o Inter-Cruz o clube não apresentava novidades.
O nome da partida foi Brandão, que marcou os dois gols colorados, na vitória de 2x1. No 2º tempo, estreou no Internacional um garoto magricela, que substituiu Carlitos. Seu nome era Osmar, mas ele ficaria conhecido como Tesourinha.
Tesourinha havia se criado nos campos de várzea de Porto Alegre, jogando em clubes como o Juventude, Madureira e Setembrino. Em 1939, após um amistoso entre o Setembrino e os juvenis do Internacional, Tesourinha chamou a atenção dos dirigentes colorados. O futuro craque já tinha um convite do Ferroviário, da Série B, para profissionalizar-se, mas acabou assinando com o Internacional.
E logo depois que estreou, Tesourinha não saiu mais do time. No início, foi favorecido pela convocação de Carlitos para a seleção gaúcha (Tesourinha era ponteiro-esquerdo de origem). Com a volta de Carlitos da seleção, Tesourinha foi para a direita, de onde não saiu mais.
Seu primeiro gol ocorreu em sua 4ª partida, goleada de 7x0 no Força e Luz. Esse foi seu único gol em 1939, onde disputou apenas as 4 últimas partidas da temporada. O jogo seguinte, já em 1940, mas ainda válido pelo campeonato municipal de 1939, era o Gre-Nal: vencemos por 6x1, e Tesourinha fez mais um gol. No campeonato de 1939, encerrado em fevereiro de 1940, o Internacional foi vice. Mas já estava germinando a semente do grande time dos anos 1940.
O primeiro contrato profissional de Tesourinha foi assinado somente em 1940. O atleta recebia 200 mil réis por mês, mais um quilo de carne e dois litros de leite diários, por sugestão do médico do clube, que o achava muito magro. Em 1940 Tesourinha foi campeão municipal e estadual, marcando 11 gols na temporada. Em 1941, o bicampeonato, com 9 gols. No ano seguinte, tri, com 16 gols. Em 1943 o Colorado chegava ao tetra, com um recorde de gols: 27.
Na temporada de 1944, além do pentacampeonato, Tesourinha foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Flamengo, São Paulo e Palmeiras tentaram contratá-lo, sem sucesso. Pela Seleção Gaúcha, participou da memorável vitória de 2x1 sobre a imbatível Seleção Paulista, no Rio de Janeiro. Tesourinha também foi o artilheiro colorado da temporada, com 19 gols.
Em 1945 Tesourinha disputou o Campeonato Sul-Americano, no Chile, sendo eleito o melhor ponteiro-direito da América. No mesmo ano, o Internacional foi hexacampeão estadual. Seus atletas receberam uma premiação de três mil cruzeiros, cada, e foram diplomados "doutores em futebol". Tesourinha fez 24 gols pelo Internacional, na temporada.
Em 1946 Tesourinha voltou a ser escolhido o melhor ponteiro-direito da América. Pelo Colorado, marcou 11 gols.
Em 1947 o Internacional voltou a conquistar o título gaúcho, com 17 gols de Tesourinha. O bi veio em 1948, com 23 gols.
A temporada de 1949 foi marcada por conquistas pessoais. Primeiro, foi eleito o "Melhoral dos Cracks", disputando o voto popular com os principais jogadores do país. Depois, pela Seleção Brasileira, foi campeão sul-americano, feito que não ocorria desde 1922. Tesourinha marcou dois gols na decisão, quando o Brasil goleou o Paraguai por 7x0. No final da temporada de 1949 finalmente o Internacional concordou em negociar Tesourinha, vendendo-o para o Vasco da Gama, por 300 mil cruzeiros, o passe do atacante Solís e mais a renda de um amistoso a ser disputado. Na sua última temporada no Internacional, Tesourinha marcou 20 gols.
No Vasco, Tesourinha foi campeão carioca em 1950, conquistando, no mesmo ano, o título brasileiro pela Seleção Carioca. Na véspera da Copa do Mundo, porém, uma lesão no joelho o deixou fora do Mundial. Em 1952, com um problema crônico, Tesourinha voltou ao sul, e surpreendentemente, para jogar no Grêmio, tornando-se o primeiro negro a vestir a camisa tricolor.. Isso levou o humorista Carlos Nobre a dizer: "sua importância foi tão grande que, por sua causa, assinaram a Lei Áurea no Grêmio". Pelo Grêmio, Tesourinha não conquistou títulos, nem fez gol em Gre-Nal. Em 1955 acabou transferindo-se para o pequeno Nacional, onde jogou até 1957. Tesourinha encerrou a carreira dois dias antes de completar 36 anos.
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