Nada acontece por acaso. Grandes tragédias ocorrem para
“sacudir” o entulho de egoísmo e insensibilidade que soterra a humanidade. A
dor leva à reflexão e a mudanças no comportamento e no pensar.
O acidente com a avião que levava a delegação da Chapecoense
gerou uma onda de solidariedade mundo afora que supera em muito o que alguém
poderia imaginar, antes da tragédia. A imprensa mostrou as demonstrações de
solidariedade de grande clube e atletas famosos na Europa, mas certamente isso
se repetiu em cada rincão do planeta, não importando se clube grande ou
pequeno, atleta profissional ou amador. Em quantos campinhos de terra pelo
interior do Brasil, nesse final de semana, em torneios de várzea ou
simplesmente amistosos, não foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem
às vítimas da tragédia?
Quem viu as imagens de ontem à noite, na Arena Índio Condá e
no Atanásio Girardot, certamente notou a grande onda de emoção e solidariedade.
Principalmente em Medellín,onde o estádio lotou e ainda ficaram milhares de
torcedores fora, para solidarizarem-se e homenagearem um clube de outro país. A
tão sofrida Colômbia viu reunirem-se milhares de pessoas, das mais diferentes
etnias, condições sociais, convicções políticas e crenças religiosas, em torno
de um sentimento comum, todos reconhecendo-se como iguais, como seres humano
solidários com a dor de irmãos desconhecidos, mas igualmente humanos.
E essa união se repetiu no Brasil, na Europa, na Ásia, na
África, na Oceania e em cada ponto do planeta onde a notícia chegou. Mesmo que
algumas das manifestações de solidariedade possam ter sido apenas protocolares,
na sua imensa maioria foram sinceras. E mesmo que muitos desses corações
solidários hoje voltem a endurecer-se nos conflitos e rivalidades do dia-a-dia
(e eu me incluo entre eles), uma semente de solidariedade e respeito ao próximo
ficou plantada e vai brotar, mais cedo ou mais tarde.
Um dia, talvez ainda longe (mas trabalhemos para que fique o
mais perto possível), esse sentimento de solidariedade e fraternidade, em que
nos reconheçamos como irmãos e como iguais, vai ser natural, sem necessitar de
grandes tragédias para aflorar.
Força, Chape!
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