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sábado, 23 de fevereiro de 2019

DOSSIÊ LIBERTADORES - As edições que nos roubaram




O Internacional, ao longo da história, já disputou 11 edições da Taça Libertadores da América. Este ano disputará a sua 12ª edição. Mas o Colorado poderia ter disputado mais duas edições, perdendo essas oportunidades por culpa da entidade máxima do futebol brasileiro.

1969
A primeira edição que deixamos de disputar foi a de 1969. No início de dezembro de 1968, a CBD decidiu que o Brasil seria representado, na Taça Libertadores, pelo campeão e vice do Robertão, que estava entrando em seu quadrangular final, com Santos, Internacional, Palmeiras e Vasco da Gama. Mas a entidade brasileira também decidiu pressionar a Conmebol para que apenas os campeões participassem do torneio, com medo de que o excesso de jogos prejudicasse a preparação da Seleção Brasileira para as eliminatórias da Copa do Mundo.

O Colorado começou perdendo para Santos e Vasco da Gama, mas na véspera da última rodada o técnico colorado Daltro Menezes conclamava a torcida para comparecer ao Olímpico, para empurrar o clube contra o Palmeiras. Uma vitória colorada, somada a uma vitória do Santos sobre o Vasco, e uma combinação de saldo de gols, e o Internacional poderia ser vice. E Daltro chamava a atenção de que o vice iria para a Libertadores. O Colorado venceu o Palmeiras por 3x0, o Santos derrotou o Vasco, e o Internacional foi vice.

Santos e Internacional seriam os representantes brasileiros na Taça Libertadores. Mas dias depois a imprensa publicava que o Santos desistiu de disputar a competição, pois queria receber 50% da arrecadação das partidas que jogasse fora de casa. O Brasil seria representado por Internacional e Vasco da Gama (3º colocado do Robertão). Ainda em dezembro de 1968, o Santos voltou atrás e anunciou que disputaria a Libertadores.

A pressão da CBD para que apenas os campeões jogassem o torneio não fez efeito. A AFA (Associação de Futebol Argentina) também discordava da participação de dois clubes por país. O Santos decidiu em definitivo em não participar da Libertadores. Em seguida, CBD e AFA decidem não enviar representantes ao torneio. O Internacional ainda pleiteou junto à CBD o direito de jogar a competição, utilizando o exemplo de 1967, quando o Santos não quis jogar a Libertadores e o Cruzeiro foi o único representante brasileiro. Mas não teve jeito.

Em janeiro de 1969, a AFA propôs a realização de uma "Mini-Libertadores" com o campeão e vice argentinos (Vélez Sarsfield e River Plate) e o campeão e vice do Robertão (Santos e Internacional). O Colorado demonstrou interesse no torneio, mas a ideia não foi adiante.

1988
Em 1987 os grandes clubes brasileiros rebelaram-se contra a CBF, fundaram o Clube dos 13 (os doze grandes mais o Bahia) e decidiram organizar um torneio próprio, a Copa União, conseguindo o patrocínio da Coca Cola e o televisionamento da Globo. Temendo o total fracasso do campeonato brasileiro sem os grandes clubes, a CBF abriu negociações. As partes chegaram a um acordo: a Copa União teria 4 módulos de 16 clubes cada. O Módulo Verde, com os 13 mais Santa Cruz, Coritiba e Goiás, seria a 1ª divisão. O Módulo Amarelo seria a 2ª divisão e os Módulos Azul e Branco seriam a 3ª divisão. A 1ª divisão de 1988 seria formada pelos 16 clubes do Módulo Verde e os 8 melhores do Módulo Amarelo.

Para assinar o acordo definitivo, o Clube dos 13 enviou o dirigente vascaíno Eurico Miranda, e foi seu grande erro. Eurico assinou uma versão diferente do acordo, que passou a prever um cruzamento entre os dois primeiros dos Módulos Verde e Amarelo. Os demais clubes só ficaram sabendo dessa nova regra una semana depois do campeonato ter começado. Imediatamente o Clube dos 13 se reuniu e tirou a posição de que fossem quais fossem o campeão e vice do Módulo Verde, não jogariam o cruzamento. No final do torneio, Flamengo e Internacional foram, respectivamente, o campeão e o vice.

E aí começam as pressões. A CBF avisa que irã para a Libertadores o 1º e o 2º colocado do cruzamento, o que não sensibiliza os dois grandes. Depois surge a ideia de que Flamengo e Internacional teriam as vagas asseguradas na Libertadores se aceitassem jogar o cruzamento. Os clubes respondem que abriam mão das vagas no torneio se a CBF reconhecesse os dois como campeão e vice brasileiros. Surge até uma proposta que reconheceria o título do Flamengo e liberaria o Internacional para jogar um triangular com Sport e Guarani pelas vagas na Libertadores.

No final da história, Flamengo e Internacional mantiveram a palavra empenhada no início do campeonato e não jogaram o absurdo cruzamento. A CBF indicou Sport e Guarani para a disputa da Taça Libertadores.

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