Hélio di Primio Beck nasceu em 23 de agosto de 1904, em Santa Maria. Seu pai, Oswaldo Frederico Beck, era criador de gado em Cruz Alta e membro do Partido Republicano. Em 1909 Oswaldo foi nomeado vice-intendente de Cruz Alta. Mas em 8 de abril de 1911 o pai de Hélio faleceu, quando o menino tinha apenas 6 anos. A partilha dos bens gerou uma disputa judicial e talvez por isso a família tenha se mudado para Porto Alegre, onde Hélio começou a estudar.
Em sua primeira passagem por Porto Alegre, Hélio teria chegado a atuar nos filhotes do Internacional, em 1915 (informação a ser comprovada). Pouco depois mudou-se para Santa Maria, onde jogou no Colégio Marista. Em 1922 atuou no Tamandaré de Santa Maria, como zagueiro. Retornou a Porto Alegre em 1923, para cursar a Faculdade de Agronomia, ingressando no Internacional.
O nome Barros veio de seu apelido, "João de Barro". No Colorado, Barros atuaria de ponteiro-direito. Sua estreia ocorreu em 17 de junho de 1923. Na Chácara dos Eucaliptos o Internacional enfrentava o Tabajara, pelo campeonato municipal. Barros tinha a difícil tarefa de substituir Rosário. O Colorado venceu por 7x2 e Barros marcou dois gols. Barros tomou conta da posição e disputou todas as partidas restantes do ano. Em seu primeiro Gre-Nal, em 23 de setembro, o Colorado perdeu por 3x2, mas Barros abriu o placar do jogo.
Na temporada, Barros ainda marcaria contra o São José (5), Americano (2), Tabajara (2) e Ypiranga. Por sua excelente qualidade de finalização, Barros ficou conhecido como o "Terror dos goleiros". Na temporada de 1924 Barros ficou de fora apenas de um amistoso com o Ruy Barbosa. Balançou as redes contra Juvenil (2), Porto Alegre, Cruzeiro e São José.
Em 1925 Barros atuou em todas as partidas da temporada. E continou marcando gols. Em 10 de maio de 1925, pelo camponato municipal, o Internacional venceu o São José por 5x0 e Barros marcou quatro gols. Em 24 de maio, em um clássico que valia a liderança do campeonato, Internacional e Grêmio ficaram no 3x3 (primeiro empate da história do clássico). O juiz anulou dois gols do Internacional, mas Barros deixou sua marca duas vezes, empatando a partida em 1x1 e 3x3.
Em 30 de agosto de 1925, o Internacional venceu, na Chácara dos Eucaliptos, a Seleção de Santana do Livramento. A partida terminou 2x0 e Barros fez o segundo gol. Com esse resultado o Internacional conquistou o bronze "Joalheria Foernges".
Foto: Guilherme Mallet
No Gre-Nal de 11 de outubro de 1925, a partida terminou 2x2 e Barros marcou os dois gols colorados. Na temporada, Barros também marcou gols contra o Cruzeiro (5) e Novo Hamburgo.
Em 1926 novamente Barros jogou todas as partidas da temporada. No Gre-Nal de 27 de junho, o Internacional foi derrotado por 4x1, mas Barros deixou sua marca mais uma vez.
No Gre-Nal do 2º turno, em 14 de novembro, o Internacional foi derrotado por 4x3, mas Barros marcou seu gol. Na temporada também marcou contra Cruzeiro (3), Porto Alegre (3), Americano (2), São José e Rio Grande.
Na temporada de 1927 Barros não jogou o primeiro amistoso. Era a primeira partida do Internacional, desde 15 de agosto de 1924, sem Barros na equipe. Mas no retorno ao time, já pelo campeonato municipal, Barros marcou dois gols na vitória por 6x1 sobre o Americano. No Gre-Nal do 1º turno Barros não marcou, mas o Internacional venceu por 3x2. Barros não jogou as duas partidas seguidas em maio, mas voltou ao time no Gre-Nal do returno, em 12 de junho, na Baixada. O Internacional venceu por 3x1 e Barros marcou duas vezes.
No final da temporada Barros sagrou-se campeão municipal. Em seguida viria o título gaúcho. Na partida final o Internacional venceu o Bagé por 3x1 e Barros marcou dois gols.
Na temporada de 1927 Barros também marcou contra Pelotas, São José, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Itapuí.
A temporada de 1928 seria uma das mais complicadas da vida do clube. O Internacional sequer realizou amistosos preparatórios, começando a jogar direto no campeonato municipal, após quase sete meses de inatividade. Na estreia, vitória por 2x0 sobre o São José, com Barros marcando o primeiro gol. Depois o atacante ficou de fora de duas partidas, voltando em um desastroso amistoso com o Americano, quando o Internacional perdeu por 7x2. Mais uma partida fora e Barros voltou no Gre-Nal do 1º turno, em 10 de junho de 1928. O Grêmio vencia um jogo nervoso por 3x2, quando aos 28' do 2º tempo, Maysonave (zagueiro gremista) cometeu dois pênaltis consecutivos, não marcados pelo árbitro Carlos Froelich. A partida ficou paralisada, com a reclamação de jogadores e torcedores colorados. No meio da confusão, o torcedor Farias Ortiz invadiu o campo e esbofeteou o juiz e a partida foi suspensa. Em 12 de junho de 1928, a APAD (Associação Porto Alegrense de Desportos) decidiu confirmar a vitória gremista, punindo os colorados Lampinha com 8 jogos de suspensão por agredir o juiz, e Ribeiro e Barros com 4 jogos, por ofenderem o árbitro. A punição gerou revolta nos meios esportivos da capital, especialmente nos casos de Ribeiro e Barros. Dias depois a própria APAD diminuiu a punição pela metade e em seguida anistiou os atletas. Mas Barros, profundamente ofendido com a liga, decidiu encerrar a carreira.
Em dezembro de 1928 Barros formou-se em agronomia e mudou-se para o interior, indo viver na Estância São Felipe, em Júlio de Castilhos, com sua esposa Isabel Machado Beck. A mesma fazia parte das terras da Estãncia do Ivaí, que havia pertencido a seu avô. Em 1935 Hélio di Primio Beck reaparece na imprensa, em meio aos festejos do Centenário Farroupilha, tendo apresentado um potrilho crioulo para a exposição, recebendo a medalha de bronze. Barros faleceu em 12 de julho de 1974, em Cruz Alta.
Seus números no Internacional:
71 partidas
43 vitórias
9 empates
19 derrotas
56 gols
Campeão Gaúcho em 1927
Campeão Municipal em 1927
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