Abel Carlos da Silva Braga nasceu no Rio de Janeiro (RJ) em 1º de setembro de 1952.
Abel começou a carreira no futebol como zagueiro, revelado pelas categorias de base do Fluminense em 1971. No Tricolor carioca Abel foi campeão estadual em 1971, 1973, 1975 e 1976. Mas no Fluminense Abel nem sempre era titular. Em 1972 chegou a atuar no Figueirense, por empréstimo. Assim, em 1977 ele foi jogar no Vasco da Gama, embora nos primeiros meses do ano tenha jogado por empréstimo no San Diego Sockers (EUA). Na volta ao Vasco, foi campeão estadual de 1977.
Abel foi convocado para a Copa do Mundo de 1978 e no ano seguinte foi contratado pelo Paris Saint-Germain. O zagueiro voltaria ao Brasil em 1981, para atuar no Cruzeiro. De 1982 a 1984 Abel defendeu o Botafogo e ainda em 1984 jogou no Goytacaz, onde encerrou a carreira.
Abel começou a carreira de técnico no próprio Goytacaz, em 1985. Depois de uma rápida passagem pelo Botafogo, ainda em 1985 Abel foi trabalhar em Portugal, no Rio Ave. De volta ao Brasil no segundo semestre de 1986, treinou o Vitória. Em 1987 começou o ano no Galícia, sendo contratado depois pelo Santa Cruz, onde conquistou o título estadual.
Durante o campeonato brasileiro de 1988 o Internacional não teve um bom começo. Em 5 partidas, tinha uma vitória, uma derrota e três empates. No dia 28 de setembro de 1988, quatro dias depois do último empate, contra o Botafogo, o técnico Chiquinho foi demitido e foi anunciada a contratação de Abel Braga. Mas estando muito bem no Santa Cruz, surgiu uma situação inusitada: os jogadores do clube pernambucano pediram que Abel os comandasse em uma última partida, dia 1ª de outubro. Assim, Abel tornou-se provavelmente o único técnico a comandar dois times em uma mesma rodada do campeonato brasileiro: no sábado (01/10) comandou o Santa Cruz, no Rio, contra o Fluminense, no domingo (02/10) dirigiu o Internacional contra o Coritiba, no Beira-Rio. Perdeu no Rio e venceu em Porto Alegre pelo mesmo placar: 2x1.
Na estreia, o Colorado de Abel saiu perdendo, logo aos 3' de jogo, mas virou a partida na 2ª etapa. Nos sete jogos seguintes, o Internacional venceu cinco e empatou dois, entrando na briga por uma das vagas na próxima fase. Sob o comando de Abel, na 1ª fase o Internacional só perderia dois jogos, para São Paulo e Palmeiras, ambos fora de casa. Na 2ª fase, disputada apenas no início de 1989, empate em 0x0 com o Cruzeiro, no Mineirão, e vitória por 2x0 em casa. Na semifinal, o adversário era o Grêmio. No Olímpico, 0x0. No Beira-Rio, diante de mais de 78 mil pessoas, o Grêmio abriu o placar no 1º tempo, e o Internacional ainda teve Casemiro expulso. Tudo parecia perdido. Mas no intervalo Abel cobrou forte dos atletas e tirou o volante Leomir para colocar o atacante Diego Aguirre. Em grande atuação de Nílson, o Colorado virou o jogo para 2x1 e classificou-se para a final, naquele que ficou conhecido como o "Gre-Nal do Século". A grande final foi contra o Bahia. O primeiro jogo ocorreu em 15 de fevereiro de 1989. Na Fonte Nova, Leomir abriu o marcador aos 19' do 1º tempo, mas Bobô virou o jogo para o Bahia. Mesmo assim, bastava uma vitória simples no Beira-Rio, para a torcida colorada comemorar o tetra, no dia 19. Diante de 79.598 torcedores, o Bahia segurou o 0x0 e garantiu o título brasileiro.
Dois dias depois da final do campeonato brasileiro, já começava a disputa da Taça Libertadores, com derrota para o Bahia (1x2). Na 1ª fase o Colorado sofreu contra o Bahia e os venezuelanos Marítimo e Unión Táchira. Mas nos jogos eliminatórios a situação muda. No dia 5 de abril, contra o Peñarol, o Internacional venceu por 6x2. No dia 11, nova vitória, 2x1, em Montevidéu.Nas quartas de final o adversário era o Bahia. Com um gol de Diego Aguirre o Internacional venceu no Beira-Rio e depois segurou o 0x0 em Salvador. Na semifinal, o adversário era o Olimpia. No dia 10 de maio, em Assunção, o Colorado venceu por 1x0, gol de bicicleta de Luís Fernando Gomes. No dia 17 de maio, a catástrofe: jogando pelo empate, o Internacional perdeu por 3x2, sendo novamente derrotado nos pênaltis.
Encerrada a participação na Taça Libertadores, restava o Gauchão. Na última rodada do Hexagonal Final o Grêmio chegou um ponto à frente no Gre-Nal disputado no Olímpico. O clássico terminou 0x0 e o regulamento definia que partidas empatadas eram decididas nos pênaltis. Se o Grêmio vencesse a disputa, seria campeão. Se o Internacional vencesse, teriam que ocorrer dois Gre-Nais extras para decidir o título. O Grêmio venceu por 4x3 e ficou com a taça. Depois do jogo Abel Braga anunciou que estava deixando o Internacional e indo treinar o Famalicão, de Portugal. O Famalicão estava na 2ª divisão e Abel o levou para a elite. Na temporada 1990/1991 o Famalicão não fez uma boa campanha na 1ª divisão, escapando do rebaixamento por detalhes. O contrato de Abel Braga iria até junho de 1991.
No final de abril de 1991, com o Internacional fazendo uma campanha fraca no campeonato brasileiro, já se comentava sobre a possibilidade de Abel Braga ser contratado para substituir Ênio Andrade, ao final do torneio. O contrato de Ênio iria até junho, assim como o de Abel, e nem o técnico, nem o presidente Asmuz, pareciam interessados em renová-lo. No início de maio de 1991 o Grêmio, que lutava para escapar do rebaixamento, também chegou a sonhar com Abel para substituir Dino Sani. Mas em 15 de maio a imprensa já dava como certa a contratação de Abel, fato que estava sendo negado pelo técnico e pela direção colorada por respeito aos contratos em vigor (de Abel com o Famalicão e do Internacional com Ênio Andrade). No dia 21 de maio, três dias depois da última partida do Internacional no campeonato brasileiro, Ênio Andrade assinou a recisão do seu contrato, que iria até 30 de junho. Em 23 de maio Abel Braga foi anunciado oficialmente como novo técnico, devendo se apresentar em 10 de junho. Dias depois a apresentação foi antecipada para 4 de junho.
Abel Braga estreou no Internacional, em seu retorno, no dia 11 de junho de 1991. No Heriberto Hulse, o Internacional enfrentou o Criciúma, em um amistoso de colocação de fiaxas de campeão da Copa do Brasil na equipe catarinense. O Criciúma, treinado por Luiz Felipe Scolari, venceu por 3x1. No dia 27 de junho o Internacional empatou com a Seleção do Paraguai em 1x1 e nos pênaltis conquistou a Taça Malboro. Em seguida veio a disputa da Copa Governador do estado. Em 28 de julho, no primeiro jogo da decisão, o Internacional empatou em 0x0 com o São Luiz, em Ijuí. No dia 4 de agosto, no Beira-Rio, o Internacional venceu por 2x0 e Abel Braga conquistou seu primeiro título oficial pelo clube. Na rápida excursão à Europa, em agosto, o Internacional perdeu para o Olympique de Marseille (1x2), venceu o Rapid Viena (2x0) e empatou com o Valladolid (2x2). No campeonato gaúcho, depois de alguns resultados empolgantes no início, o clube perdeu alguns pontos preciosos. No dia 22 de setembro de 1991, no Gre-Nal da fase de classificação, o Internacional perdeu por 2x1 e Abel Braga pediu demissão no dia seguinte.
Saindo do Internacional, Abel retornou a Portugal, onde trabalhou no Belenenses, Famalicão, Rio Ave e Vitória de Setúbal. Em 1995 voltou ao Brasil para treinar o Vasco da Gama. Mas Abel ficou pouco tempo no Vasco e em 12 de julho de 1995 assumiu novamente o comando do Internacional, em um empate em 0x0 com o Juventude, pelo campeonato gaúcho. No estadual, Abel chegou à final com o Grêmio, empatando em 1x1 no Beira-Rio e perdendo por 2x1 no Olímpico. No campeonato brasileiro, o time teve altos e baixos e não conseguiu se classificar para a 2ª fase e o contrato do técnico não foi renovado. O último jogo de Abel ocorreu em 3 de dezembro de 1995, quando o Colorado foi derrotado pelo Juventude por 2x1, no Alfredo Jaconi.
Ao sair do Internacional, Abel treinou Atlético Paranaense, Bahia, Coritiba, Paraná e Vasco da Gama, conquistando os campeonatos paranaenses de 1998 (Atlético) e 1999 (Coritiba). Em julho de 2000, após sair do Vasco Abel foi contratado pelo Olympique de Marseille. De volta ao Brasil, treinou Atlético Mineiro, Botafogo, Atlético Paranaense e Ponte Preta, sem grandes resultados. Em 2004, treinando o Flamengo, foi campeão carioca e vice-campeão da Copa do Brasil. Em 2005, comandando o Fluminense, repetiu o vice da Copa do Brasil.
Em 2006 Abel Braga retornou ao Internacional. Pela primeira vez ele chegava no início da temporada. Sua estreia ocorreu em 13 de janeiro de 2006, quando o Internacional bateu o Esportivo por 5x1, em amistoso. O time do Internacional fazia boas apresentações no campeonato gaúcho e na Taça Libertadores, empolgando a torcida. No início de abril chegou o momento da decisão do campeonato gaúcho, em dois Gre-Nais. O primeiro, em 1º de abril, no Olímpico, terminou 0x0. O segundo, no Beira-Rio, teve novo empate, 1x1. Como marcou gol fora, o Grêmio ficou com o título. Mas a perda do estadual não abateu a equipe, que continuou fazendo boa campanha na Taça Libertadores e também no campeonato brasileiro. Nos jogos eliminatórios da Taça Libertadores, o primeiro adversário foi o Nacional. O Colorado venceu em Montevidéu por 2x1 e em Porto Alegre, em uma atuação fraca, segurou o 0x0. Contra a LDU, o Internacional sofreu sua única derrota na Libertadores, perdendo por 2x1 fora de casa, mas vencendo por 2x0 em casa. Na semifinal o adversário foi o Libertad, com um 0x0 em Assunção e vitória de 2x0 em casa. O clube chegava à final do torneio, contra o São Paulo. Em São Paulo, em uma grande atuação de Rafael Sobis, o Internacional venceu por 2x1. E no Beira-Rio com quase 60 mil pessoas, o Colorado empatou em 2x2 e conquistou a Libertadores pela primeira vez. Na sequência do ano o clube deixou de se preocupar com o campeonato brasileiro, preparando-se para o campeonato mundial. Mesmo utilizando time reserva em várias partidas, e até mesmo entregando o comando da equipe ao seu auxiliar Leomir, o Colorado de Abel foi vice-campeão brasileiro. No Mundial, o Internacional venceu o Al Ahly do Egito por 2x1, batendo a seguir o poderoso Barcelona, na final, por 1x0.
Se a temporada de 2006 foi repleta de alegrias, a de 2007 foi um filme de terror. No campeonato gaúcho o Internacional fez sua pior campanha da história, terminando em 7º lugar. Na Taça Libertadores, o clube fez a pior campanha de um campeão defendendo o título. Após a eliminação na Taça Libertadores, em 19 de abril de 2007, ao vencer o Nacional por 1x0, Abel pediu demissão.
A distância, dessa vez, foi curta. Substituído por Alexandre Gallo no comando da equipe, em 12 de agosto de 2007 Abel Braga voltava ao comando da equipe, substituindo exatamente Gallo. Nesse dia o Internacional bateu o Goiás por 1x0.
Em 2008 Abel começou a temporada disputando a Copa Dubai, onde venceu o Stuttgart (1x0) e Internazionale (2x1). Em seguida o time começou a fazer boa campanha no campeonato gaúcho e na Copa do Brasil. No campeonato gaúcho o título veio com uma goleada de 8x1 no Juventude, mas na competição nacional acabou eliminado pelo Sport. No campeonato brasileiro, após alguns tropeços, Abel Braga pediu demissão em 15 de maio de 2008, logo após empatar em 1x1 com o Sport.
Após sair do Internacional, Abel teve seu principal momento no Fluminense, onde foi campeão carioca e brasileiro em 2012.
Abel Braga voltaria ao Internacional em 2014. Sua estreia ocorreu em 29 de janeiro de 2014, na vitória por 2x1 sobre o São Paulo de Rio Grande, pelo campeonato gaúcho. Abel conquistou o título estadual ao bater o Grêmio em dois Gre-Nais (2x1 e 4x1). Na Copa do Brasil, porém, o Internacional foi eliminado pelo Ceará e na Copa Sul-Americana pelo Bahia. No campeonato brasileiro, após uma campanha irregular, o time reagiu, venceu as últimas quatro partidas e deixou o clube em 3º lugar, garantindo vaga na Taça Libertadores. Durante o brasileiro, em 17 de setembro de 2014, ao empatar em 0x0 com o Sport, Abel tornou-se o técnico recordista em partidas no comando do Internacional, com 304 jogos. Seu último jogo no comando colorado foi em 6 de dezembro de 2014, na vitória por 2x1 sobre o Figueirense. Embora Abel declarasse ter interesse em ficar no Internacional, a direção preferiu não renovar seu contrato.
Em 2019, treinando o Flamengo, Abel Braga conquistou o título carioca. No mesmo ano treinou o Cruzeiro, em parte da campanha que levaria o clube ao rebaixamento.
Abel voltaria a treinar o Internacional em 11 de novembro de 2020, na derrota de 1x0 para o América Mineiro, pela Copa do Brasil. Depois de comandar o time em mais duas partidas, Abel contraiu covid, ficando quatro partidas afastado. Na sua volta ao time, Abel emplacou 10 vitórias consecutivas, uma pela Libertadores e 9 pelo brasileiro. Essas 9 vitórias pelo campeonato brasileiro tornaram-se recorde colorado de vitórias consecutivas em campeonatos brasileiros. O Internacional entrou na briga pelo título brasileiro, mas ao não conseguir vencer o Corinthians na última rodada acabou ficando com o vice-campeonato brasileiro. O empate em 0x0 com o Corinthians, em 25 de fevereiro de 2021, foi a última partida de Abel Braga no comando colorado.
Após sair do Internacional, Abel Braga ainda treinou o Lugano, da Suíça, e o Fluminense, onde foi campeão carioca de 2022. No dia 28 de abril de 2022 Abel deixou o Fluminense, e no dia 29 de junho anunciou sua aposentadoria.
Seus números no Internacional:
338 partidas
187 vitórias
81 empates
70 derrotas
Campeão mundial em 2006
Campeão da Taça Libertadores em 2006
Campeão gaúcho em 2008 e 2014
Campeão da Copa Governador em 1991
Campeão da Copa Dubai em 2008
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