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sábado, 29 de abril de 2023

Técnicos: Ricardo Díez


Ricardo Díez Santa Cruz nasceu em 11 de fevereiro de 1900, em Rivera (URU). Seu nome de batismo foi Emetério Seledônio Diez, que depois ele alterou.

Os primeiros anos de carreira esportiva de Ricardo Díez são pouco conhecidos. Ele teria jogado futebol no Nacional de Montevidéu e começado a carreira de técnico no Uruguai. Em 1937 treinou o Grêmio Santanense, conquistando o título gaúcho. Em 1938 comandou o Chacarita Juniors de Buenos Aires. Apesar do clube não conseguir uma boa classificação, teve vitórias importantes sobre alguns dos grandes portenhos: 2x0 Racing, 2x0 Independiente, 4x3 San Lorenzo e 3x0 Boca Juniors.

Depois Ricardo Díez teve um período em que se dedicou a intermediar transferências de jogadores. Do Rio Grande do Sul ele levou Barradas para o Peñarol e Hortêncio Souza para o Chacarita Juniors. Em janeiro de 1939 Ricardo Díez chegou ao Rio de Janeiro, buscando trabalhar na cidade. Mas em março foi contratado pelo América MG. Em maio, o Botafogo cogitou contratá-lo, mas o negócio não se concretizou.

Em março de 1940 Ricardo Díez foi contratado pelo América carioca. Mas sem conseguir ter um bom desempenho, no final do ano foi dispensado. Em 1941 ele acertou-se com o Sport. Ricardo Díez viraria ídolo do Sport. No futebol de praia descobriu Ademir Menezes, centroavante que faria história no Vasco da Gama. Em setembro de 1941 foi obrigado pela justiça brasileira a deixar o país, por descumprir a lei de entrada e permanência de estrangeiros no país. Somente em novembro, com a situação regularizada, ele pode retornar a Recife.

No final de 1941 o Sport iniciou uma excursão pelo sudeste e sul do país. O clube conseguiu grandes resultados na excursão, e começou a perder seus melhores jogadores, Em 28 de janeiro de 1942, Ricardo Díez discutiu com o chefe da delegação do Sport, Hibernon Wanderley, e foi desligado da excursão. A punição acabou revogada e ele comandou a equipe pernambucana nos jogos em Porto Alegre, quando venceu o Grêmio por 3x0 e no dia 04 de fevereiro de 1942 empatou com o Internacional em 2x2. Após a partida o Colorado contratou o goleiro reserva do Sport, Ciscador, e também o técnico do clube. Ricardo Díez, já sem ambiente em Recife, preferiu mudar de ares.

Ricardo Díez, logo ao chegar, revolucionou o futebol colorado. Seus treinos incluíam exercícios físicos, além de treino tático. Por influência do técnico, em março o Internacional anunciou a construção de um novo pavilhão em sua sede, com biblioteca, cozinha, vestiário, sala de refeições e de jogo. O novo comandante do Internacional organizou a primeira pré-temporada da história do clube, com treinos específicos e exames médicos. Por iniciativa dele, o clube montou algo revolucionário no futebol gaúcho: um Departamento Médico.

Ricardo Díez também frequentava os campos de várzea, e descobriu o zagueiro Nena, um dos maiores da história do clube, jogando no Paraná, clube do bairro Petrópolis. Mas se tudo parecia bem, um problema abalaria o trabalho de Díez. Russinho, um dos maiores ídolos da torcida, decidiu aceitar o convite para participar da delegação gaúcha que disputou os Jogos Universitários Brasileiros, no Rio de Janeiro, em abril. Tal atitude desagradou o técnico colorado, o uruguaio Ricardo Díez. Russinho não participou da pré-temporada, nem fez os exames médicos. O técnico declarou que enquanto o atleta não passasse por uma bateria de exames e treinamentos especializados, não poderia jogar. Aborrecido, Russinho chegou a declarar que iria abandonar o futebol, causando verdadeira comoção na torcida colorada. 

A estreia de Ricardo Díez ocorreu em 7 de abril de 1942, em um amistoso com o Cruzeiro. Com um time recheado de reservas e jogadores em teste, o Colorado venceu por 2x1. No dia 12, já pelo campeonato, vitória por 5x2 sobre o São José. No dia 19 de abril, na Timbaúva, empate no clássico Gre-Nal, 1x1. 

Preocupados com o fraco poder ofensivo do time (8 gols em 3 jogos), um grupo de sócios entrou em contato com Russinho, que estava no Rio de Janeiro, pedindo que ele regressasse logo. Russinho atendeu ao pedido e chegou em Porto Alegre no dia 28 de abril. No dia seguinte o Internacional enfrentava o Nacional, e a direção pressionou para Russinho ser escalado. Ricardo Díez recusou-se a escalar um jogador que não havia treinado. Diante da decisão da direção de escalar Russinho, pela tarde ele comunicou que já não se considerava técnico do clube. Com Russinho em campo e Ricardo Díez na casamata, o Internacional venceu por 6x0. Russinho marcou um gol. Após o jogo, Ricardo Díez confirmou a decisão de deixar o clube.

Um mês depois, Ricardo Díez acertou-se com o Grêmio, mas perdeu os dois clássicos para o Internacional. Demitido no final da temporada, ele inaugurou o Esporte Bar, no centro de Porto Alegre, em fevereiro de 1943. Depois ele trabalharia no Guarany de Bagé (1943), Santos (1944), América MG (1946), Siderúrgica (1947), América MG (1949), Atlético MG (1950/1951), Sport (1951/1952), Cruzeiro (1953), Santa Cruz PE (1953/1954), Bahia (1954), Atlético MG (1955/1956), Náutico (1957/1958), Atlético MG (1958/1959), Santa Cruz (1959), Atlético MG (1960), Santa Cruz PE (1960/1961), Valeriodoce (1962/1963), Unión Magdalena COL (1964), Democrata SL (1965) e Goiânia (1968).

Ricardo Díez faleceu em Belo Horizonte, em 27 de abril de 1971.

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