Craques do passado - Ávila

Em 4 de dezembro de 1919 nascia em Pelotas o menino Oswaldo Ávila.

Ávila começou a jogar futebol na várzea pelotense, em 1935. Nesse ano, atuou pelo Liberal. Entre 1936 e 1938, jogou no Chaveiro Celestial. Em 1939 chegou ao futebol profissional, ingressando no Brasil de Pelotas, equipe que ele defendeu também em 1940.

No início de 1941 era considerado acabado para o futebol, pois estava sifilítico. Soldado da Brigada Militar, transferiu-se para Porto Alegre, para tratar da doença, e o Internacional decidiu apostar no jogador.

Após um rigoroso tratamento, Ávila estreou no Internacional em 18 de maio de 1941, em um Gre-Nal válido pela Taça Irmãos Foernges. A renda da partida seria destinada aos desabrigados da grande enchente que atingiu a capital gaúcha naquele ano. A partida terminou empatada em 2x2. Nessa temporada, Ávila foi importante na conquista do título municipal e gaúcho. Em 18 de dezembro de 1941, em um amistoso contra o São José, vencido pelo Colorado por 6x3, Ávila marcou seu primeiro gol pelo clube, cobrando pênalti.

Em 1942, Ávila fez parte da escalação clássica do Rolo Compressor: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Nesse ano, foi novamente campeão municipal e gaúcho pelo Internacional.

Em 1943, outra vez campeão municipal e gaúcho. Na temporada de 1944, os títulos repetiram-se, e seu bom futebol rendeu uma convocação para a Seleção Brasileira, defendendo-a em 17 de maio de 1944, na vitória de 4x0 sobre o Uruguai. Na final do campeonato gaúcho de 1944, o Internacional bateu o Bagé por 9x0. Velhos colorados juram que nos últimos minutos da partida, Ávila sentou-se sobre a bola e começou a ler um jornal tirado do calção. Evidentemente, não há nenhuma referência a tal feito, na imprensa da época, sendo mais uma lenda do futebol gaúcho. Ainda em 1944, fez parte da Seleção Gaúcha (que era o time do Internacional reforçado por Júlio, Laerte e Ilmo) que bateu a poderosa Seleção de São Paulo de Domingos da Guia e Leônidas por 2x1, no Rio de Janeiro.

Em 1945 foi fundamental ao Internacional na conquista do hexacampeonato municipal e estadual. Em 1946, ano da perda da hegemonia estadual, Ávila foi campeão do Torneio Extra. Em 1947, Ávila continuava esbanjando categoria nos gramados gaúchos. Mas em maio de 1947 o Botafogo carioca decidiu contratá-lo. A última partida de Ávila defendendo o Clube do Povo foi em 1º de maio de 1947, no Gre-Nal do Torneio Extra, vencido pelo Colorado por 4x0. Ávila foi negociado por 150 mil cruzeiros mais a renda de dois amistosos a serem disputados entre Internacional e Botafogo (apenas um acabou sendo realizado). Pelo clube carioca, foi campeão estadual em 1948.

Centromédio técnico e incansável, fazia passes milimétricos a 40 metros de distância. Marcador rigoroso, o medo que inspirava nos adversários lhe rendeu o apelido de King Kong. Também era frequentador assíduo dos cabarés de Porto Alegre, especialmente o Cabaré do Galo, na Cabo Rocha, tradicional zona de meretrício da capital. Segundo o livro A História dos GreNais, de David Coimbra, Nico Noronha e Mário Marcos de Souza, para burlar a vigilância dos dirigentes colorados, Ávila ia de pijama ao Bar Dalila, na mesma região. Caso fosse flagrado pelos dirigentes, que seguidamente rondavam as ruas, procurando atletas festeiros, se justificava dizendo que saíra apenas para uma voltinha rápida. Os garçons do bar também evitavam que as garrafas se acumulassem sobre a mesa do craque.

Após encerrar a carreira, Ávila radicou-se no Rio de Janeiro, mas não esqueceu o Internacional. Declarava-se colorado e sempre estava presente em eventos para os quais era convidado. O bravo guerreiro colorado faleceu em 22 de agosto de 2006, dias depois de ver seu Colorado vencer a Taça Libertadores pela primeira vez.

Seus números pelo Internacional:

151 partidas

107 vitórias

21 empates

23 derrotas

12 gols marcados

campeão gaúcho em 1941, 1942, 1943, 1944 e 1945

campeão municipal em 1941, 1942, 1943, 1944 e 1945

campeão do Torneio Extra em 1946

Suas vítimas:

3 gols

São José e Força e Luz

2 gols

Cruzeiro

1 gol

Nacional, Floriano, Farroupilha e Renner