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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

A baixa expectativa de vida no início do século XX


No início do século XX, a expectativa de vida no Brasil era muito baixa (34,1 anos em 1910 e 34,5 anos em 1920). A taxa de mortalidade, que no Brasil pré-Covid era de 6,7 a cada cem mil habitantes, alcançava 22,69 mortes a cada cem mil, no período 1910-1915, e 21,87 no período de 1915-1920.

Além das doenças, a violência também ceifava vidas. E se o índice de mortes era maior nas classe baixas, não deixava de ser elevado mesmo entre a classe média e alta. E os jogadores de futebol, em sua maioria vindos desses grupos sociais, também não ficaram isentos. Vários atletas perderam a  vida durante suas carreiras ou logo após pararem de jogar, nas primeiras décadas do século XX. Aqui citaremos alguns casos de atletas ligados ao futebol da capital gaúcha:

Tomás Scabillon
F: 30/10/1913
Zagueiro uruguaio, jogou no Internacional em 1912 e início de 1913. Pouco depois, transferiu-se para Bagé, passando a atuar em um dos clubes da cidade. Em 30 de outubro de 1913 estava atuando como juiz de linha em uma partida no campo do Rio Branco, em Bagé, e discutiu com um grupo de torcedores. Armado, disparou contra os mesmos, mas não acertou ninguém. Satyro Bittencourt, um dos torcedores (e atleta do Guarany), revidou aos disparos e matou Scabillon. Em 1914 Satyro jogou no Internacional, na mesma posição de Scabillon.

Poly (Policarpo Cremonini)
F: 13/05/1920
Jovem centroavante, envolveu-se em uma polêmica transferência do Porto Alegre para o Grêmio, que resultou na divisão do futebol da capital. Mas quase não jogou no Tricolor. Adoeceu de febre tifóide e morreu no início da temporada.

Anacleto (Anacleto da Rocha Contreiras)
F: 05/09/1920
Com 19 anos, Anacleto estava subindo do 2º quadro para o principal, e já atuava como árbitro, inclusive em um Gre-Nal. Envolveu-se em um tiroteio com um inspetor de polícia, na saída de uma casa de meretrício, e morreu baleado. A história do evento se encontra nesse texto:

Bicca (Francisco Bicca)
F: ??/03/1921
Goleiro titular do Internacional em 1918, abandonou a carreira no final da temporada, devido a um problema de saúde. Mudou-se para São Pedro, distrito de Santa Maria, onde faleceria em março de 1921, pelo mesmo problema de saúde que causou o fim de sua carreira. A imprensa da época não informou qual foi a doença.

Cezar Andrade
F: 27/08/1922
Centroavante, ingressou no Internacional em 1918, no 2º quadro. Em 1919 subiu para o time principal. Foi o centroavante que lesionou-se e ocasionou a volta de Carlos Kluwe aos gramados. Em 1920 marcou 7 gols na vitória de 14x2 sobre o Municipal. Em maio de 1921 foi diagnosticado com uma grave doença, encerrando a carreira. Faleceu pouco mais de um anos depois. Novamente não foi divulgada qual a doença.

Nenê (Alexandre Goulart)
F: 16/07/1924
Jogou no Americano pelo menos em 1916 e 1917. Faleceu em 1924, de doença não divulgada.

Truta (Gilberto Oliveira)
F: 27/12/1924
Goleiro revelado pela chamada "Liga da Canela Preta", transferiu-se para o Riograndense de Rio Grande em 1921, onde atuou até 1924. Tornou-se um dos maiores goleiros da história do clube, mas adoeceu no ano de 1924, falecendo poucos meses depois.

Grão de Bico (Antônio Cusinato)
F: 11/03/1925
Ponteiro-esquerdo do Americano, jogou no clube de 1920 a 1925, na maior parte do tempo nos quadros inferiores. Morreu de doença não divulgada.

Krieger (Lothario Krieger)
F: 26/08/1928
Atleta do Tiradentes, atuava no 3º quadro. No dia 26 de agosto de 1928, após jogar pelo 3º quadro de manhã, contra o Brasil, voltou ao estádio da Rua Larga para assistir as partidas dos 2º e 1º quadros, à tarde. Nos minutos finais da partida entre Tiradentes e Brasil, jogo válido pela 2ª divisão, começou uma briga generalizada. Krieger, aluno de uma academia de boxe, participou da mesma ativamente, até ser esfaqueado no peito e morrer. O juiz de linha Garibaldi Baptista, que carregava um canivete escondido na bandeira, foi acusado pelo assassinato.

Nenéo (Manoel Marques de Souza)
F: 22/09/1928
Meia, atuou no Porto Alegre até 1927. Mudou-se para Belo Horizonte no ano seguinte, falecendo na capital de Minas Gerais. Morreu de doença não divulgada.

Py (Jorge Tavares Py)
F: 09/03/1930
Zagueiro que atuou por muitos anos no Grêmio, transferiu-se para o Fluminense em 1926. Em 9 de março de 1930 o Fluminense retornava de um amistoso em Teresópolis, de trem. Em determinado momento, o trem ficou desgovernado e ao chegar a uma curva, descarrilou, caindo sobre um barranco. A maioria dos jogadores sofreu apenas pequenos ferimentos. Mas Py, que estava de pé, tentando acionar os freios do vagão, foi lançado para fora, sendo esmagado entre o vagão e o barranco.

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