APAD
1ª Divisão: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Porto Alegre, São José e Americano.
2ª Divisão: Brasil, Concórdia, Liége, Marechal de Ferro, Theresópolis e Ypiranga
APAF
1ª Divisão: Tiradentes, Ruy Barbosa, Municipal, Sokol e Vencedor.
2ª Divisão: Venezianos, Paulista, Mignon, Guhayba, Guarany e Boa Vista.
AAF
8 de Setembro, 1º de Novembro, Bento Gonçalves, Ford, Operário, Palmeira, Riograndense e União.
A temporada de 1926 começou problemática para o Internacional. Alguns jogadores estavam ausentes, outros doentes. O clube decidiu não disputar o campeonato de 3º quadro, por falta de atletas, decisão que mais tarde, a pedido de sócios, seria modificada. Mas o clube deixou de disputar o Torneio Início, e perdeu por WO a primeira partida do campeonato de 2º quadro, pois apenas 8 jogadores compareceram.
Para o campeonato de 1926, a APAD tomou algumas decisões: a lei do impedimento mudou, sendo necessário ter dois adversários pela frente, e não mais três, para estar em condição regular. Qualquer jogador adiantado, mesmo que fora do lance, seria considerado impedido. As mulheres não pagariam ingresso. Se uma equipe não se apresentasse completa em no máximo meia hora além do horário, seria considerada derrotada por WO. E as partidas só seriam suspensas mediante temporal na hora da partida.
Em maio, a APAF mudou o nome para Associação Gaúcha de Esportes Atléticos (AGEA).
O Grêmio venceu o campeonato da APAD, tendo o Internacional como vice. Na APAF/AGEA, o Ruy Barbosa ficou com a taça, e na AAF, o Operário, clube formado pelos funcionários do estaleiro Mabilde, sagrou-se campeão.
Em 1927, o Internacional reformulou seu plantel, com o objetivo de conquistar novamente a taça. Para o gol, veio Moeller, do Novo Hamburgo. O centroavante uruguaio Ross veio do 14 de Julho PF, e o ponteiro-esquerdo Miro trocou o Ypiranga, da 2ª divisão, pelo Colorado. Do 2º quadro subiram o zagueiro Gilberto e o atacante Nenê. Outros clubes também se reforçaram. O Americano contratou Bacalhau (ex-Rio Grande), Barulho (ex-Cachoeira) e João Lacave (veio de Pelotas). O Cruzeiro trouxe Luiz Silveira (ex-Guarany de Bagé) e Franklin Jorgens (veio de Santa Maria). Mesmo na AGEA, reforços eram comuns. O Paulista formou uma seleção, com Laminha (ex-Theresópolis), Fundunga (ex-Boa Vista), Nestor (ex-Porto Alegre), Lambique e César (ex-Brasil de Pelotas).
Os torneios estavam assim constituídos:
APAD
1ª Divisão: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Porto Alegre, São José e Americano.
2ª Divisão: Brasil, Concórdia, Liége, Marechal de Ferro, Theresópolis e Ypiranga
AGEA
1ª Divisão: Ruy Barbosa, Municipal, Paulista, Sokol e Vencedor.
2ª Divisão/Série A: Mignon, Guhayba, Guarany, Vasco da Gama e Boa Vista.
2ª Divisão/Série B: Treme Terra, Rio Branco, Carioca, Bello Horizonte e São Paulo.
AAF
Bento Gonçalves, Ford, Operário, Riograndense e União.
Na APAD, a preocupação com o profissionalismo tomava conta. Luiz Carvalho, do Grêmio, e Grant, do Internacional, foram acusados de profissionalismo, mas absolvidos pela liga. E o futebol já encantava a todos. obre o Gre-Nal de 8 de maio de 1927, o Correio do Povo escreveu: “Ali estavam representadas todas as classes sociaes de Porto Alegre, desde a mais alta até a mais humilde”. No final da temporada, o Internacional sagrou-se campeão. Na AGEA, o Ruy Barbosa levantou a taça, e na AAF, o Riograndense ficou com o título.
Em 1928, o Ruy Barbosa trocou a AGEA pela APAD, que aumentou para 9 o número de clubes na elite, com o acesso de Concórdia e Ypiranga. Mas logo os problemas começaram. Em
5 de março de 1928 a APAD rompeu o pacto com a FRGD, no qual se
comprometia em realizar três partidas por domingo nas duas primeiras
rodadas do turno e do returno, para encerrar o campeonato municipal
antes do início do estadual. Além disso, a entidade anunciou que se
o prazo de definição do campeão da capital não fosse prolongado
até 30 de outubro, a APAD abriria mão de participar do estadual.
Internacional e Ruy Barbosa votaram contra essa decisão.
Também
em 5 de março de 1928, Lara, Adroaldo e Nenê, ex-atletas gremistas,
ingressaram no Porto Alegre. Ainda no início de março, o Porto
Alegre contratou Ernesto Delvaux (Leon III), que estava no 14 de
Julho de Passo Fundo. Em 9 de março de 1928 o goleiro Moeller trocou
o Internacional pelo Grêmio.
Em
12 de março de 1928 a APAD decidiu não apresentar representante
para o campeonato estadual, decisão que depois seria revertida.
Em
30 de abril de 1928 a reunião da APAD apresenta duas polêmicas: a
inscrição de Fagundes, ex-atleta do Americano, pelo Cruzeiro, sem
respeitar a Lei do Estágio, e a transferência do Gre-Nal de 3 de
maio para o fim da temporada. A denominada, pelo Correio do Povo,
“facção esquerdista”, formada por Internacional, Americano, São
José e Ruy Barbosa, abandona a reunião. Os “representantes
direitistas” eram compostos por Grêmio, Cruzeiro, Ypiranga,
Concórdia e Porto Alegre. Diante da crise, o presidente da APAD,
tenente Armando Cattani, renunciou ao cargo.
Em
1º de maio de 1928 foi dada continuação à reunião da APAD, sem
os clubes rebeldes. Os clubes “direitistas” aprovaram a
realização do Dia do Desporto em 3 de maio. Em
13 de maio de 1928 a rodada do campeonato municipal previa a
realização dos seguintes confrontos: Internacional x Ypiranga e
Americano x Cruzeiro, mas os clubes rebeldes decidiram não jogar. Em
15 de maio de 1928, em reunião da APAD com a participação apenas
dos clubes “direitistas”, a entidade decidiu declarar
Internacional e Americano derrotados por WO. O vice-presidente da
entidade, Paulo Dohms, e o 2º secretário, Orestes Leite,
renunciaram a seus cargos.
Em
20 de maio de 1928 a rodada previa Internacional x Porto Alegre e
Grêmio x São José. Novamente os clubes rebeldes não jogaram. Em
22 de maio de 1928 a APAD declarou Internacional e São José
derrotados por WO. Somente em 2 de junho de 1928 foi pacificado o futebol da capital, as derrotas
por WO anuladas e as partidas remarcadas.
Mas os ânimos continuavam exaltados. No clássico Gre-Nal de 10 de junho de 1928, o Grêmio vencia por 3x2 quando, aos 28' do 2º tempo, Maysonave, zagueiro gremista, cometeu dois pênaltis consecutivos, não marcados pelo árbitro, Carlos Froelich. A partida fica paralisada, com a reclamação de jogadores e torcedores colorados. No meio da confusão, o torcedor Farias Ortiz invadiu o campo e esbofeteou o juiz. A partida foi suspensa. Em
12 de junho de 1928, a APAD decidiu confirmar a vitória gremista e punir Lampinha com 8 jogos de
suspensão, por agredir o árbitro, e Ribeiro e Barros com 4 jogos de suspensão, por ofensas
ao juiz. A punição gerou revolta no meio esportivo, e em 4 de julho a APAD reduziu as penas de Ribeiro e Barros
para dois jogos de suspensão. Em 16 de julho de 1928 a APAD anulou a suspensão imposta aos atletas
colorados Ribeiro, Lampinha e Barros, mas este último, irritado com a punição, decidiu encerrar a carreira de jogador. Na mesma reunião, a APAD estabeleceu
as regras para a Lei do Estágio: o atleta que se transferisse de
clube teria que passar um ano sem disputar partidas oficiais,
contando a partir da sua última partida pelo clube anterior.
Fora da liga principal, as confusões também ocorriam. Em 4 de março de 1928, na várzea, o Botafogo perdia por 4x0 para o Bloco Veranistas, na Chácara dos Taquarais, quando a torcida do clube invadiu o campo, aos 25’ do 2º tempo, paralisando a partida. Mas o pior estava por vir. Em 26 de agosto de 1928, Brasil e Tiradentes se enfrentavam na Rua Larga, pelo campeonato da 2ª divisão da APAD. Nos minutos finais da partida, com o Tiradentes vencendo por 2x1, um jogador do Brasil lesionou-se, tendo que abandonar o campo. Por esse motivo, começou uma discussão que logo virou briga generalizada entre atletas, dirigentes e torcedores dos dois clubes. No meio da confusão, Lothario Krieger, que participava ativamente da briga, foi esfaqueado no peito e morreu. Krieger era atleta do 3º quadro do Tiradentes e aluno de uma academia de boxe. Em 31 de agosto de 1928, a APAD decidiu suspender por 6 meses os dois clubes envolvidos.
O ano de 1928 também foi traumático para o Internacional, com uma briga interna entre os defensores do amadorismo puro, capitaneados por Antenor Lemos, e os que queria preparar o Internacional para os novos tempos do profissionalismo, liderados por Ildo Meneghetti. A disputa política refletiu-se em resultados desastrosos em campo.
Os campeonatos estavam assim organizados:
APAD
1ª Divisão: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Porto Alegre, São José, Ruy Barbosa, Concórdia, Ypiranga e Americano.
2ª Divisão: Liége, Marechal de Ferro, Theresópolis, Bancário, Brasil e Tiradentes.
AGEA
1ª Divisão: Vencedor, Guahyba, Bello Horizonte, Carioca, Flamengo e Peñarol.
Infelizmente, faltam informações sobre a 2ª divisão da AGEA (provavelmente nem foi disputada) e sobre o campeonato da AAF. Na APAD, o Americano foi o campeão.
Em 1929, novas mudanças no futebol da capital. O Internacional, agora sob influência de Ildo Meneghetti, liderou uma campanha pelo fim da Lei do Estágio, que resultou na fundação de uma nova entidade: a Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos (AMGEA).
Com a cisão entre AMGEA e APAD, e o fim da Lei do Estágio na nova entidade, os clubes “amgeanos” passaram a atrair os atletas das equipes “apadianas”. O Concórdia reforçou-se, em maio de 1929, com Astro e Mabília, ex-jogadores do São José, Léo e Alfredo Mancuso, ex-Theresópolis, Mingo, Ernesto Delvaux (Pitch) e Andrade, ex-Porto Alegre. Também reforçou-se com Barulho, ex-jogador do Americano, clube que logo viria a ingressar na AMGEA. Outro reforço foi Darte Lopes, ex-Pelotas. O Ruy Barbosa contratou Ammes e Cauduro (ex-Porto Alegre), Fernando (ex-Americano), Dinga (ex-Associação de Amadores), Grigolo (ex-Guarany de Bagé) e Edgar (ex-Grêmio Ijuhyense). O Grêmio contratou Carlos Correa da Cunha, ex-centroavante do 14 de Julho de Santana do Livramento. O Bancário reforçou-se com Ervino Crusius (ex-Nacional de São Leopoldo) e Martim Mércio Silveira (ex-Guarany de Bagé).
Também estavam em atividade na capital outras ligas, como a Associação Gaucha de Amadores de Desportos (AGAD) e Federação de Esportes Proletários do Rio Grande do Sul (FEP). Por sua vez, a AGEA foi extinta. Também em 1929 o Internacional criou seu Conselho Deliberativo.
Os campeonatos estavam assim organizados:
AMGEA
1ª Divisão: Internacional, Grêmio, Americano, Ruy
Barbosa, Concórdia, Ypiranga e Bancário.
2ª Divisão:
Tiradentes, Liége, Vencedor, Glória, Marechal de Ferro e Paulista.
APAD
Cruzeiro, Porto Alegre, São José e Theresópolis.
AGAD
Israelita, 14 de Julho, Villa Federal, Juvenil e Livramento (entre outros).
FEP
Sul Brasileiro, Wilson, Proletários, Caixeiral, Paladino, Tristezense e Esperança.
AAF
8 de Setembro (outros participantes desconhecidos).
Na AMGEA, o Americano venceu o campeonato. Na APAD, o Cruzeiro foi o campeão.. Na AGAD, a taça ficou com o Israelita e na AAF o 8 de Setembro ficou no 1º posto. Nõa há informações sobre o campeão da FEP.
Em 1930, o Cruzeiro abandonou a APAD e ingressou na AMGEA. A antiga liga desapareceu, e POrto Alegre e São José ficaram filiados diretamente à FRGD. Novamente tivemos um ano conturbado, dessa vez devido à agitação política do país. Com a Revolução de 1930, o campeonato não chegou ao fim. Muitos atletas eram soldados da Brigada Militar e foram mobilizados para participar do levante contra o governo federal. O Grêmio acabou declarado campeão, por estar na frente na tabela.
Os campeonatos estavam assim organizados:
AMGEA
1ª Divisão: Internacional, Grêmio, Americano, Ruy Barbosa, Concórdia, Ypiranga, Cruzeiro e Bancário.
AAF: 1º de Novembro, Bento Gaonçalves, Riograndense e União (entre outros).
AGAD: Palácio e Uruguay (entre outros).
São desconhecidas informações sobre a 2ª divisão da AMGEA e sobre os campeões da AAF e AGAD.
Muito bom texto, professor Raul.
ResponderExcluirEstou sempre acompanhando por aqui.
As vezes a página do facebook chamada "História do Sport Club Internacional" publica seus textos (não sei se tens relação com a página).
Um forte abraço.
Daniel Zilioto da Silva.
Obrigado pelo elogio, Daniel. Em relação à página do face, não tenho ligação com ela, mas todos os colorados estão autorizados a reproduzir meus textos. :)
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