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sexta-feira, 16 de outubro de 2020

Craques: Salvador


Em 16 de outubro de 1931 nasceu em Porto Alegre o menino Milton Alves da Silva.

Ele começou a jogar futebol na equipe do Colégio Pão dos Pobres, e recebeu o apelido de Salvador em homenagem a outro aluno da escola, que havia jogado na década de 1930.

Salvador profissionalizou-se no Corinthians de Porto Alegre, nome que o Força e Luz adotou entre 1948 e 1954. Mesmo não sendo titular, rapidamente chamou a atenção do Colorado, sendo contratado no início de 1950.

Salvador estreou no Internacional em 23 de março de 1950. No estádio Tiradentes ocorreu o Gre-Nal do 2º turno do Torneio Triangular de Porto Alegre. O Colorado perdeu por 3x0, resultado que deu o título do torneio ao Renner. Salvador entrou no time durante a partida, substituindo Albery. Mas Ruaro, o titular da posição, não parecia ameaçado.

A situação começou a mudar em 14 de abril. O Internacional enfrentava o Peñarol, no estádio da Montanha. O 1º tempo terminou 3x1 para os uruguaios. Logo no início do 2º tempo, a 1' e 3', o Peñarol ampliou para 5x1. Aos 4', Salvador entrou no time, substituindo Oreco. O centromédio ajudou a organizar a marcação colorada, e a partida terminaria 6x4 para o Peñarol. Com Salvador em campo, 3x1 para o Colorado. No dia 16 de abril, vitória de 5x1 sobre o Internacional SM, Salvador entrou no time no lugar de Ruaro. Mas durante o Torneio Extra Salvador continuou como reserva, entrando algumas vezes no time, inclusive no Gre-Nal que deu o título ao Colorado. Em outubro, porém, Salvador ganhou a titularidade do time. Em 19 de novembro marcou seu primeiro gol, na vitória de 3x1 sobre o Nacional. Em sua primeira temporada no clube, Salvador foi campeão do Torneio Extra, Municipal e Gaúcho.

Na temporada de 1951, o primeiro título conquistado foi a Taça Cidade de Porto Alegre. Em seguida, o bicampeonato municipal e estadual. Em 1952, conquistou o Torneio Extra, o Campeonato Municipal e o Campeonato Estadual.

Em 1953, Salvador participou da primeira conquista nacional do Colorado, o Torneio Régis Pacheco, disputado na cidade de mesmo nome do craque. O Colorado enfrentou o Vitória, Bahia e Flamengo. Depois viriam o tetracampeonato municipal e estadual.

Na temporada de 1954, Salvador marcou um gol contra o Aimoré, em 30 de maio, que o jornal Diário de Notícias descreveu como "uma bicicleta desengonçada". O Colorado venceu por 3x2. Ainda em 1954, seu bom futebol levou a uma convocação para a Copa do Mundo. Mas, recém casado, Salvador pediu dispensa da seleção para aproveitar a lua de mel. Pelo Internacional, Salvador conquistaria o Torneio Extra e o Torneio de Inauguração do Olímpico.

Salvador era um jogador habilidoso, de muita técnica, mas também de raça. E que sabia bater. No início dos anos 1950 havia um defensor bastante violento no Grêmio, Xisto. Em Gre-Nais ele costumava caçar os atacantes colorados em campo. Dois lances deixam essa característica bem clara: em um clássico, chutou Luizinho, e com o ponteiro colorado caído, esfregou seu rosto no chão; em outro clássico, deu um soco no rosto de Larry. Em nenhum dos casos foi punido. Mas em 18 de julho de 1954 a história seria diferente. O Grêmio jogava pelo empate para ser campeão do Torneio Extra, e saiu vencendo logo aos 6' do 1º tempo. Aos 18', surgiu uma bola para ser dividida entre Xisto e Salvador. Conhecendo a fama do adversário, Salvador entrou firme na bola, e Xisto levou a pior. Saiu de campo com suspeita de fratura de perônio, mas no hospital descobriu-se que havia "apenas" rompido os ligamentos do joelho. Xisto jamais jogaria futebol.

No início de 1955, o Peñarol procurava um substituto para Obdúlio Varela, e voltou-se para Salvador. Em 11 de fevereiro de 1955 o Internacional bateu por 4x2 o Estrela Vermelha, e Salvador fez sua última partida pelo clube. Negociado por dois milhões de cruzeiros, foi embora para Montevidéu.

No Uruguai, os primeiros anos foram sem títulos, mas seu futebol encantava. Em 1957 o Internacional tentou recontratá-lo, mas o Peñarol pediu 200 mil pesos, inviabilizando o negócio. Mas a partir de 1958, as taças chegaram. Salvador foi tricampeão uruguaio em 1958, 1959 e 1960, e tornou-se o primeiro brasileiro campeão da Taça Libertadores, também pelo Peñarol, em 1960.

O River Plate o contratou em 1961, mas não conseguiu reproduzir o mesmo desempenho. Uma fratura na perna atrapalhou sua passagem por Buenos Aires. No ano seguinte jogou no Estudiantes, e depois voltou ao Brasil, atuando no Metropol em 1963 e 1964, quando encerrou a carreira.

Salvador faleceu em 11 de abril de 1972, segundo algumas fontes, ou em 1979, segundo outras.

2 comentários:

  1. Salvador, um craque inesquecível, que jogava um futebol parecido com o de Falcão (ou vice-versa), segundo o relato dos antigos.

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  2. Era um jogador muito alto, clássico.
    Compararia com o futebol de Mazinho, do Vasco, Denilson, do Fluminense, talvez até de Mauro Silva. Ou Marinho, que jogou como zagueiro no gremio. Primeiro jogador brasileiro a ser campeão da libertadores, 1960, pelo Peñarol.

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