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Em 5 de outubro de 1929 nascia em Nova Friburgo (RJ) o menino Flávio Pinho. Ele ficaria conhecido no mundo do futebol como o zagueiro Florindo.
Florindo começou jogando nas categorias de base do Friburgo, de sua cidade natal, em 1944. A seguir, transferiu-se para o Fluminense, também de Nova Friburgo, onde atuou de 1945 a 1949. Em 1949 foi contratado pelo Flamengo, mas não chegou a jogar no time principal.
Em 1950 começaria sua história no Rio Grande do Sul. O técnico Teté assumiu o comando do Nacional de Porto Alegre. Bem relacionado no Flamengo, Teté trouxe vários jogadores pouco aproveitados no clube carioca para reforçar o "Ferrinho". Pelo Nacional, fez parte da boa campanha de 1950, enfrentando o Internacional em cinco partidas. Inicialmente jogou na lateral-esquerda, mudando em seguida para a zaga.
Teté assumiu o comando do Internacional no início do Torneio Extra. Florindo disputou o Torneio Extra pelo Nacional, mas foi contratado pelo Internacional para a disputa do campeonato municipal. Sua estreia ocorreu em 29 de julho de 1951, em um amistoso contra o Uruguaiana, na fronteira. O Colorado atuou com uma equipe bem modificada e perdeu por 3x1. Apesar de estrear na zaga, logo foi para a lateral, pois o Colorado tinha Nena e Ilmo comandando a defesa. Em setembro, porém, Nena foi negociado com a Portuguesa e Florindo assumiu a zaga. Em sua primeira temporada no Internacional sagrou-se campeão municipal e gaúcho.
Em 1952, tendo Oreco como companheiro de zaga, Florindo conquistou três títulos: Torneio Extra, Campeonato Municipal e Campeonato Gaúcho. Em 1953, começou conquistando o Torneio Régis Pacheco, na Bahia, a primeira conquista além Mampituba do Colorado. Depois veio a conquista do Campeonato Metropolitano (o Municipal foi ampliado com o Floriano de Novo Hamburgo e o Aimoré de São Leopoldo). E para finalizar a temporada, o título gaúcho.
Em 1954 o Internacional conquistou o Torneio Extra, decidido em um supercampeonato com Grêmio e Nacional. O Campeonato foi ampliado para os clubes de Caxias do Sul (Juventude e Flamengo) e foi vencido pelo Renner. Mas o Colorado venceria o Torneio de Inauguração do Olímpico. Em 20 de janeiro de 1955, ainda pelo campeonato do ano anterior, o Internacional perdia para o Renner por 2x0, quando o goleiro Milton lesionou-se, aos 35' do 2º tempo. Na época não existiam substituições e Florindo foi para o gol nos 10 minutos finais, sem ser vazado. Na temporada de 1955, Florindo foi novamente campeão metropolitano e gaúcho.
Em 1956, Florindo foi convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Pan-Americano no México, treinada por Teté. Florindo foi o titular nas cinco partidas da competição, vencida pelo Brasil. Mas a temporada não foi boa para o Internacional, que perdeu o título metropolitano para seu rival. Mas mesmo nas derrotas, Florindo brilhou. Em 2 de setembro de 1956 o Colorado perdeu o Gre-Nal por 2x1, no Olímpico. Aos 26' do 1º tempo, com 1x0 para o Grêmio no placar, Juarez encobriu La Paz. A bola entraria no gol quando Florindo, de bicicleta, acertando a bola quase junto ao travessão, evitou o pior. O zagueiro foi aplaudido até mesmo pelos gremistas.
A temporada de 1957 também não foi boa para o Colorado. A crise afetou o clube tão seriamente que o comandante Teté, que treinava o Internacional desde 1951, foi demitido. Florindo teve vários companheiros na zaga: Paulistinha, Mossoró, Ezequiel, Zangão, Lindoberto, mas ele manteve-se incontestável. Em 1958 novamente os títulos fugiram do Internacional. O melhor momento do clube foi a vitória de 5x1 sobre o Santos de Pelé. Em uma partida contra o Renner, que o Colorado perdeu por 5x2, Florindo nocauteou um torcedor que o ofendeu, na saída do estádio Tiradentes.
Em 1959, Florindo continuava titular incontestável nos amistosos de pré-temporada. Suas qualidades chamaram a atenção do Botafogo, que o contratou, em março de 1959. Sua despedida do Internacional ocorreu em 1º de março de 1959, curiosamente na mesma Uruguaiana onde ele havia estreado, 8 anos antes. O Colorado venceu o Sá Viana por 2x1 e Florindo foi substituído por Barradas.
Durante a temporada de 1960 Florindo trocou o Botafogo pelo Taubaté. Em 1961 jogou na Ponte Preta e em 1962 voltou ao Rio Grande do Sul, para jogar no Pelotas (1962/1963) e no São Paulo de Rio Grande (1963/1964), onde encerrou a carreira.
Nos anos 1960, Florindo trabalhou no clube. No campeonato gaúcho de 1967 chegou a dirigir o time interinamente em duas partidas, empates com Farroupilha (1x1) e Aimoré (1x1). Viveu seus últimos anos em Arroio dos Ratos. Em 23 de fevereiro de 2021 faleceu vítima de COVID-19.
Jogador fisicamente forte e alto para os padrões da época (1,79m), ficou conhecido pelo apelido "Gigante de Ébano". Dois momentos de sua carreira comprovam sua vitalidade física:
07/11/1954 Juventude 1x4 Internacional - Campeonato Metropolitano
Aos 29' do 1º tempo, Florindo e Carlinhos chocaram-se de cabeça, em uma disputa de bola. Florindo cortou o supercílio, mas voltou a campo. O jogador do Juventude teve que sair da partida, deixando o clube com dez jogadores, pois não havia substituição.
25/09/1958 Internacional 5x1 Santos - Amistoso
Aos 27', Florindo e Dorval chocaram-se. O atacante santista bateu a boca na cabeça do zagueiro colorado. Florindo foi temporariamente substituído por Barradas (o que era permitido, na época) e Dorval não voltou a campo.
As expulsões de Florindo:
24/03/1954 2x1 Nacional - Amistoso
Expulso nos minutos finais.
21/04/1956 0x1 Cruzeiro - Amistoso
Aos 20' do 2º tempo Florindo recebeu um pontapé de Moreno e revidou, agredindo o adversário. Os dois foram expulsos.
12/05/1957 2x0 Força e Luz - Campeonato Metropolitano
Florindo foi expulso aos 24' do 1º tempo. Após desarmar Raimundo, o zagueiro sofreu uma falta violenta do mesmo jogador. Após a cobrança, a bola foi lançada para o meio campo, e Florindo desferiu uma bofetada em Raimundo, que o assistente Guilherme Sroka viu e denunciou ao árbitro.
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