Em uma quarta-feira, 1º de outubro de 1969, o Internacional enfrentava o Atlético Mineiro no Beira-Rio, pelo Robertão. O Colorado vinha de um resultado ruim, derrota para o Corinthians, no Pacaembu.
Em relação ao time derrotado em São Paulo, o técnico Daltro Menezes anunciava uma mudança: o ponteiro-esquerdo Canhoto sairia do time, o meia-atacante Dorinho jogaria mais a frente e o centromédio Tovar ingressaria no time, fechando o meio-campo com Carbone. Era uma equipe mais defensiva. O Galo, treinado pelo disciplinador Yustrich, vinha de uma derrota no clássico frente ao Cruzeiro, por 2x1.
Mais de 30 mil colorados compareceram ao Beira-Rio para apoiar o time. Na preliminar, a equipe sub-20 colorada (na época chamada de juvenil) enfrentou o time do Tesouro do Estado. As 21:15 horas os dois times foram ao gramado, comandados pelo trio de arbitragem formado pelo árbitro paulista Romualdo Arppi Filho e pelos assistentes gaúchos Agomar Martins e José Cavalheiro de Morais. Os times estavam assim formados:
INT: Gainete; Laurício, Scala, Valmir e Jorge Andrade; Carbone e Tovar; Valdomiro, Claudiomiro, Sérgio Galocha e Dorinho
ATL: Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Zé Horta e Vantuir; Oldair e Amauri; Ronaldo, Dario, Vaguinho e Caldeira
Romualdo Arppi Filho tinha trinta anos, na época, e fora afastado dos quadros de árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF), por causa de arbitragens polêmicas. Mas devido a bons contatos, entre eles João Mendonça Falcão, presidente da FPF, voltou a trabalhar no Robertão, sendo inclusive indicado como um dos possíveis árbitros brasileiros na Copa do Mundo do México (em 1986, novamente no México, ele apitaria a final do Mundial). João Mendonça Falcão foi um político que dirigiu a FPF por vários anos. Suas atuações a frente da FPF e como deputado estadual e federal foram muito questionáveis, a ponto de ele ser um dos poucos deputados cassados pela ditadura por corrupção.
Nos primeiros quinze minutos de jogo, o Atlético foi superior, atuando em um ritmo alucinante, mas sem criar chances de gol. Logo o Colorado emparelhou o jogo, e a partir dos 20', pressionando o Atlético.
Aos 28', Claudiomiro tabelou com Sérgio Galocha, driblou Grapete e chutou no canto esquerdo para marcar. Internacional 1x0! Aos 30', Sérgio Galocha sofreu pênalti, mas o juiz não marcou. Aos 37', Tovar lançou Claudiomiro em profundidade. O atacante livrou-se do marcador, invadiu a área, driblou o goleiro Mussula e entrou no gol com bola e tudo. Internacional 2x0! Os jogadores do Atlético, sem razão, partiram para cima do juiz, reclamando de um suposto impedimento de Claudiomiro. Apesar da agressividade dos atleticanos, o juiz ouviu tudo em silêncio, sem advertir ninguém.
No 2º tempo, o ritmo caiu. Mesmo assim, aos 30', Claudiomiro cabeceou para o gol. A bola passou por Mussula, mas Grapete (ou Humberto Monteiro, segundo algumas fontes) tirou a bola de dentro do gol. O juiz não confirmou o gol. Além disso, várias inversões de faltas irritavam os atletas colorados.
Nos últimos 15 minutos, o Atlético começou a abusar da violência. Tovar e Dorinho, lesionados, tiveram que ser substituídos por Lamas e Bráulio. Aos 43', Valdomiro foi violentamente atingido por Vantuir, e teve uma parada respiratória. A ação rápida do médico colorado João Maciel evitou uma tragédia, salvando a vida do atacante.
Aos 44', com os jogadores colorados ainda preocupados, Ronaldo cobrou escanteio, a defesa parou e Dario cabeceou para as redes, diminuindo o placar.
Valdomiro, recuperando a consciência, tentou voltar ao jogo, mas não conseguiu. O Internacional terminou a partida com 10 atletas em campo.
Ao final da partida, o juiz teve que sair do estádio com proteção policial, pois vários torcedores colorados queriam agredi-lo, pela péssima atuação.
Mas apesar de tudo, o Internacional vingou o futebol gaúcho, pois o Galo havia batido o Grêmio por 3x1.
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