Em 16 de outubro de 1953 nasceu em Abelardo Luz (SC) o menino Paulo Roberto Falcão.
Muito cedo, a família mudou-se para Canoas, na região metropolitana de Porto Alegre. E Falcão começou a jogar futebol ainda menino, no Juventus do bairro Niterói. Nessa época era conhecido como Sabonete. Em 1964, quatro meninos do Juventus decidiram fazer testes para ingressar na base colorada. A peneira ocorreu na Chácara das Camélias, estádio que se localizava onde hoje fica o Supermercado Nacional da Rua José de Alencar. Cerca de 300 meninos, entre eles Falcão, seu primo Júlio, Marquinhos e Negrinho, os quatro do Juventus, tentavam ser selecionados por Jofre Funchal. Falcão impressionou o "seu" Jofre e foi selecionado.
Para treinar na base colorada, que utilizava a Chácara das Camélias como campo, Falcão precisava pegar dois ônibus. Para conseguir as passagens, vendia garrafas vazias. Quando o dinheiro não era suficiente, Jofre Funchal completava o valor.
Nos juvenis do Internacional Falcão já mostrava toda sua categoria. Um dia, um funcionário do clube, encantado com seu futebol, teria dito: "esse aí não é bola, é bola-bola". Assim teria nascido o apelido que o acompanharia em sua carreira.
O ano de 1972 foi o auge de Falcão nos juvenis. Em janeiro, foi vice-campeão da Copa São Paulo, com direito a uma goleada de 4x1 sobre o Grêmio, nas quartas de final. Em agosto, junto com os também colorados Pedrinho e Manoel, disputou os Jogos Olímpicos de Munique. Nos amistoso preparatórios para as Olimpíadas, no dia 17 de junho de 1972 a Seleção Brasileira enfrentou o Hamburgo, da Alemanha, em amistoso no Beira-Rio. O Brasil venceu por 4x1 e Falcão marcou dois gols. Depois, nos Jogos Olímpicos, enfrentou Dinamarca, Hungria e Irã.
Em 1973, Falcão subiu para a equipe principal. Sua estreia no time principal ocorreu em 28 de fevereiro de 1973, diante do Guarany de Espumoso, em um amistoso que o técnico Dino Sani usou vários reservas e jogadores que estavam subindo. O Colorado venceu por 5x0. No dia 22 de março, em outro amistoso, entrou no time no lugar de Tovar, na vitória colorada por 4x2 sobre o AESA. Em 15 de abril, sua estreia em jogos oficiais. Falcão entrou no time no lugar de Carbone, mas não conseguiu evitar a derrota colorada por 2x1 para o Esportivo, a primeira no Beira-Rio para um clube do interior. Em seis meses como profissional, Falcão havia disputado apenas quatro partidas, só uma delas como titular, mas nada disso causou revolta no atleta, que dedicava-se cada vez mais aos treinos.
Se no campeonato gaúcho Falcão disputou apenas duas partidas, na 4ª partida do campeonato brasileiro conquistou a titularidade, formando o meio campo ao lado de Carpegiani. No final da primeira temporada temporada, Falcão era titular absoluto e campeão gaúcho.
Em 1974, a temporada começou com a disputa do campeonato brasileiro. E em 13 de março, Falcão marcou seu primeiro gol. O Internacional bateu o Avaí, em Florianópolis, por 2x1. Falcão marcou o gol de empate, abrindo o caminho para a virada. Depois de chegar ao Quadrangular Final do campeonato brasileiro, Falcão brilhou no Gauchão, quando o Colorado foi campeão vencendo todas as 18 partidas que disputou.
A temporada de 1975 começou com uma excursão ao Nordeste, seguida de outra à Europa. No campeonato gaúcho, mais um título. E no campeonato brasileiro, a consagração, com o título nacional. Falcão marcou um gol, na vitória de 3x0 sobre a Portuguesa. Falcão recebeu a Bola de Prata da revista Placar, como o melhor centromédio do campeonato.
Em 1976, Falcão garantiu a primeira vitória do Internacional no exterior, pela Taça Libertadores. O Colorado bateu o Sportivo Luqueño, no Paraguai, por 1x0, gol do craque colorado. No campeonato gaúcho veio o octa, e no brasileiro o bi. Em 31 de março, fez um hat-trick na vitória or 5x1 sobre o São Luiz, pelo campeonato gaúcho. Em 5 de dezembro, marcou o gol que classificou o Internacional para a final do Brasileiro, na vitória de 2x1 sobre o Atlético MG. Marcado no último minuto de jogo, é considerado o mais bonito do Beira-Rio, pela tabela de cabeça entre Escurinho e Falcão. Na Bola de Prata, Falcão fez a maior média do torneio, mas não levou a Bola de Ouro por ter jogado uma partida a menos do que o exigido pelo regulamento da premiação. Convocado para a Seleção Brasileira, foi campeão das Copas Roca, Rio Branco, Oswaldo Cruz e das Taças do Atlântico e Bicentenário dos Estados Unidos.
Em 1977 o Internacional passou por uma grande reformulação, com a saída do técnico Rubens Minelli e de vários jogadores. Na Taça Libertadores, o clube passou da 1ª fase, mas caiu no triangular semifinal, diante do Cruzeiro e da Portuguesa da Venezuela. No campeonato gaúcho, prejudicado por arbitragens polêmicas, especialmente nos clássicos, foi vice-campeão. No campeonato brasileiro, o time foi eliminado na 2ª fase. E na seleção brasileira, Falcão ajudou na classificação para o Mundial de 1978, sendo em várias ocasiões o principal jogador do time. Mas a chegada de Cláudio Coutinho ao comando da seleção traria problemas para Falcão. De formação autoritária, Coutinho não aceitava os questionamentos e sugestões de Falcão, acostumado a trocar ideias com seus técnicos.
Em 1978 Falcão não viajou para o Chile, onde o Internacional venceu o Torneio de Viña del Mar. Ele juntou-se ao time em Goiânia, para o Torneio Governador Otávio Lage Siqueira, um hexagonal envolvendo Internacional, Fluminense, Goiás, Goiânia, Vila Nova e Atlético GO. Como não receberam as cotas prometidas, Internacional e Fluminense abandonaram o torneio após três rodadas.
No campeonato brasileiro, com um elenco limitado sob o comando de Cláudio Duarte, o Internacional ficou em 3º lugar, estabelecendo seu recorde de 8 vitórias consecutivas. Falcão recebeu a Bola de Ouro como melhor jogador da competição. No campeonato gaúcho, contra o favorito Grêmio, o Internacional retomou a hegemonia. Mas na Copa do Mundo Falcão ficou de fora, pois Coutinho queria atletas submissos às suas ordens.
Em 1979 o Colorado começou o ano disputando um torneio amistoso na Argentina, onde Falcão foi elogiado pela imprensa do país. Um jornalista chegou a agradecer a Coutinho por não ter levado Falcão à Copa, argumentando que o Brasil, com o camisa 5 colorado, seria imbatível. No campeonato gaúcho, o Internacional ficaria apenas em 3º lugar. Mas no campeonato brasileiro, com Ênio Andrade de técnico, o Colorado sagrou-se campeão invicto, único na história da competição. Falcão teve apresentações maravilhosas, em especial na vitória por 3x2 sobre o Palmeiras, em São Paulo, na semifinal. Por isso, recebeu a Bola de Ouro novamente, com a maior média que um jogador já conquistou na premiação. De volta à Seleção, ficou em 3º na Copa América, depois de eliminar a Argentina campeã mundial.
Em 1980, Falcão começou o ano lesionado, mas em março já estava jogando. Nesse ano, a Itália abriu o mercado para jogadores estrangeiros, fechado desde 1962. Em abril surgem boatos que o Milan pretendia contratar Falcão. No campeonato brasileiro, tudo ia bem no rumo ao tetra. Mas na semifinal, contra o Atlético MG, Falcão ficou de fora, devido a uma erisipela, e o Colorado foi eliminado. Na Taça Libertadores, o Internacional chegou à final. José Asmuz anunciou a venda de Falcão para a Roma antes da decisão contra o Nacional. Se a notícia abalou a torcida, não tirou a disposição do craque, que jogou com muita vontade as duas partidas da final. Infelizmente o título não veio.
Já negociado, Falcão pediu autorização à Roma para disputar o Torneio Villa de Madrid pelo Internacional, o que garantiria uma cota melhor ao clube. Sua última partida pelo Colorado ocorreu em 20 de agosto de 1980, no empate em 2x2 com o CSKA Sofia.
Pela Roma, Falcão foi campeão italiano em 1983 e da Copa da Itália em 1981, 1982 e 1984. Também foi vice-campeão da Copa dos Campeões em 1984.
Falcão voltou ao Brasil em 1985, indo jogar no São Paulo. Foi campeão paulista em 1985. Pela Seleção Brasileira, disputou as Copas do Mundo de 1982 e 1986, fazendo parte da Seleção do Mundial nas duas edições. Em 1982 foi escolhido o 2º melhor jogador do Mundial. Após a Copa do Mundo de 1986, Falcão encerrou a carreira de jogador.
Após ser comentarista da Copa do Mundo de 1990, pela Rede Manchete, Falcão tornou-se técnico da Seleção Brasileira. Após sair da Seleção, em 1991, assumiu o América do México, onde trabalhou até 1993. A seguir, assumiu o comando do Internacional, onde ficou até o início de 1994, quando foi contratado pela Seleção Japonesa, que treinou até 1995.
Em 1996 Falcão tornou-se comentarista da RBS e Globo, cargo que manteve até 2010, quando decidiu retomar a carreira de técnico. Contratado pelo Internacional em abril de 2011, foi campeão gaúcho, após emocionante final disputada no Olímpico. Foi demitido do clube em julho.
Em 2012 falcão treinou o Bahia, conquistando o campeonato estadual e acabando com um jejum de dez anos do clube baiano. Entre setembro de 2015 e abril de 2016 treinou o Sport.
Em julho de 2016, Falcão foi convocado para tentar salvar o Internacional do rebaixamento. Tendo permanecido apenas 5 jogos no cargo, teve a melhor média de gols marcados entre todos os quatro técnicos que comandaram o Colorado naquela campanha.
Embora fosse centromédio, Falcão marcou 75 gols pelo Internacional. Suas vítimas:
Cachoeira, São Luiz, Juventude e Esportivo - 4 gols
Grêmio e Palmeiras - 3 gols
Ruch Chorzów POL, Chapecoense, Caxias, Cruzeiro, Pelotas, Novo Hamburgo, São Borja e Atlético GO - 2 gols
Avaí, América RN, Treze, Combinado Olbia-Arzachena ITA, Stuttgart ALE, Seleção de Pescara ITA, Fenerbahçe TUR, Ypiranga, Lajeado, Guarany de Bagé, Portuguesa, Sá Viana, Sportivo Luqueño PAR, Fortaleza, Botafogo SP, Corinthians, Atlético MG, Estrela, Bagé, Flamengo, Associação Santa Cruz, Cruzeiro RS, Brasil, Goiânia, Fluminense, Colorado, Goytacaz, Seleção da Tchecoslováquia, River Plate ARG, Farroupilha, 14 de JUlho PF, Rio Branco, Vasco da Gama, Deportivo Táchira VEN, Deportivo Galicia VEN e Guarani SP - 1 gol
Sua primeira passagem como técnico pelo Internacional (1993/1994):
17 partidas
8 vitórias
4 empates
5 derrotas
23 gols marcados
22 gols sofridos
1 gol de saldo favorável
Sua segunda passagem como técnico pelo Internacional (2011):
19 partidas
8 vitórias
5 empates
6 derrotas
30 gols marcados
24 gols sofridos
6 gols de saldo favorável
Sua terceira passagem como técnico pelo Internacional (2016):
5 partidas
2 empates
3 derrotas
6 gols marcados
10 gols sofridos
4 gol de saldo negativo
Seus títulos pelo Internacional:
Como jogador:
campeão brasileiro em 1975, 1976 e 1979
campeão gaúcho em 1973, 1974, 1975, 1976 e 1978
Como técnico:
campeão gaúcho em 2011
Nenhum comentário:
Postar um comentário