Total de visualizações de página

domingo, 31 de janeiro de 2021

Ênio Andrade

Origem das fotos:
Ênio Andrade técnico: jornal O Pioneiro
Ênio Andrade jogador: https://1909emcores.blogspot.com/

Em 31 de janeiro de 1929 nascia em Porto Alegre o menino Ênio Vargas de Andrade.

Ênio Andrade começou a jogar futebol no Marquês de Alegrete, clube da várzea da capital, em 1945. No ano seguinte ingressou no São José, onde seria titular da equipe principal nas temporadas de 1948 e 1949.

As boas atuações do jovem Ênio (como era então conhecido) o levaram ao Internacional. Sua estreia ocorreu em 19 de março de 1950. O Internacional enfrentava o Renner, pelo Torneio Triangular de Porto Alegre, na Baixada. O jogo terminou 1x1 e Ênio Andrade entrou no time durante a partida, substituindo Herculano. Seu primeiro jogo como titular ocorreria dias depois, em 26 de março. O Internacional empatou em 2x2 com o Cruzeiro, na Montanha, em partida amistosa. Embora sua maior função fosse construir jogadas, Ênio também fazia seus gols, e marcou o primeiro pelo Colorado em 29 de abril. O Internacional venceu o Cruzeiro por 2x0, pelo Torneio Extra, e Ênio fez o 2º gol colorado. Em 27 de agosto o Internacional conquistou o título do Torneio Extra vencendo o Grêmio por 1x0, com Ênio em campo. Em 30 de dezembro viria o título municipal, novamente batendo o Grêmio por 1x0.

Na estreia do campeonato gaúcho de 1950, em 10 de janeiro de 1951, o Internacional bateu o Floriano por 4x1 e Ênio Andrade marcou dois gols. Em 17 de janeiro o Colorado bateu o Brasil por 1x0, com gol de Ênio Andrade, e conquistou o título gaúcho. Mas o ano de 1951 não seria tão positivo para Ênio Andrade. Em abril o técnico José Francisco Duarte Júnior (Teté) assumiu o comando da equipe, substituindo o argentino Alfredo González. Ênio manteria a posição de titular até junho, mas depois Teté mudou a linha de frente, chegando a testar até mesmo Oreco na função de meia. Até agosto participou de algumas partidas, participando da campanha do título municipal. Mas nos últimos meses do ano ficou atuando apenas na equipe de aspirantes. Ênio ainda voltaria a campo pelo time principal em um amistoso contra o Grêmio, em 8 de fevereiro de 1952, quando entrou no time substituindo Oreco (que novamente atuava na meia). Pouco depois, porém, foi negociado com o Renner. Na equipe dos industriários, que já tinha um zagueiro chamado Ênio, o meia tornou-se Ênio Andrade.

No Renner, Ênio Andrade atuou até 1958, sendo campeão metropolitano e gaúcho em 1954 e do Torneio ACEPA em 1956. Também foi campeão pan-americano com a Seleção Brasileira em 1956. Em 19 de abril de 1958 foi contratado pelo Palmeiras. Pelo Verdão, foi campeão paulista em 1959 e da Taça Brasil em 1960. Em janeiro de 1961, porém, foi considerado dispensável e negociado com o Náutico, onde atuou como jogador e treinador. Em 1962 retornou ao Rio Grande do Sul para jogar no São José, onde em julho voltou a exercer a função de jogador e técnico. No final de agosto ele já cogitava a possibilidade de encerrar a carreira de jogador e ficar apenas como técnico, mas se manteve na função até o Torneio da Morte, que definiu o rebaixamento do São José, em março de 1963.

Ênio Andrade começaria sua carreira exclusivamente de técnico no Juventude, ainda em 1963. Em seus primeiros anos treinou vários clubes do interior: Guarany de Bagé, Farroupilha, Floriano, Pelotas, Esportivo. Em 1975 recebe sua primeira chance em um clube grande, treinando o Grêmio. No ano seguinte vai para o Nordeste, treinando Santa Cruz e Sport. Em 1976 foi campeão pernambucano pelo Santa Cruz. Em 1978 treinou o Juventude e começou a temporada de 1979 treinando o Coritiba.

O ano de 1979 não tinha sido bom para o Colorado, em seus oito primeiros meses. Cláudio Duarte e Zé Duarte treinaram o time, sem sucesso. E em 23 de setembro de 1979 Ênio Andrade estreava no comando do Internacional. Também era a estreia do clube no campeonato brasileiro, jogando em Curitiba, e o Internacional não fez uma boa apresentação, empatando em 0x0 com o Athlético. Mas qualquer desconfiança da torcida logo se dissipou, pois o time enfileirou cinco vitórias seguidas, incluindo o clássico Gre-Nal. Colecionando vitórias e empates, o Internacional foi avançando no campeonato. Na 3ª fase, o Internacional caiu em um grupo com Cruzeiro, Atlético MG e Goiás, onde apenas um time avançaria. Na 1ª rodada os mineiros empataram o clássico, enquanto o Colorado bateu o Goiás por 1x0, no Beira-Rio. Na rodada seguinte, o Atlético brigou com a CBD, reclamando que o único jogo em que teria mando de campo era o clássico no Mineirão, e recusou-se a jogar as partidas restantes. Em campo, em partida espetacular, o Internacional bateu o Cruzeiro no Mineirão, por 3x2. Na última rodada, com o WO do Galo, o Internacional classificou-se para a semifinal. A seguir, em uma apresentação magistral de Falcão, o Colorado bateu o forte Palmeiras por 3x2, em São Paulo, empatando em 1x1 no jogo de volta. E na final, contra o Vasco, a consagração: duas vitórias, por 2x0 e 2x1. O Internacional era tricampeão brasileiro e conquistava o título de forma invicta.

A temporada de 1980 começou com o colorado avançando firme rumo ao tetra brasileiro. Na semifinal, contra o Atlético MG, empate em 1x1 no Mineirão. Bastava outro empate em Porto Alegre e o Internacional estaria na final. Mas minutos antes da partida começar vem a notícia: Falcão, lesionado, está fora do jogo. Tranquilamente, o Atlético vence por 3x0 e classifica-se para a final. A luta continuava na Taça Libertadores. A falta de um artilheiro, após a lesão de Bira, entretanto, deixava o time sem poder ofensivo. Na final, contra o Nacional, faltaram os gols: 0x0 em Porto Alegre e 0x1 em Montevidéu. Outro título que a torcida lamentou perder. No Gauchão, apesar de ficar invicto nos Gre-Nais, viu o Grêmio ser bicampeão. Seu último jogo ocorreu em 23 de novembro de 1980 (0x0 Grêmio). Assim, José Asmuz cometeu um de seus piores erros, não renovando o contrato de Ênio e contratando Mário Juliato. Enquanto Juliato era demitido em meio ao Brasileiro, o Grêmio contratou Ênio Andrade e conquistou seu primeiro título brasileiro.

No Grêmio, Ênio Andrade seria vice-campeão brasileiro em 1982, mas fracassaria no campeonato gaúcho (um fantasma na sua carreira). Foi demitido do Grêmio em setembro de 1982, durante o Gauchão. Em dezembro de 1982, Ênio foi anunciado pela imprensa como acertado com Internacional e depois Atlético MG, mas não fechou com nenhum dos dois clubes. Acabou acertando com o Guarani de Campinas. A seguir treinou o Náutico (campeão pernambucano em 1984), Coritiba (campeão brasileiro em 1985) e Sport.

Em maio de 1987, Ênio Andrade foi novamente contratado pelo Internacional, substituindo Homero Cavalheiro durante o campeonato gaúcho. Em sua estreia, no dia 6 de maio, empatou em 0x0 com o Brasil de Pelotas, no Beira-Rio. Não conseguiu o título estadual, mas levou o time do Internacional ao vice-campeonato brasileiro. Na final, contra o Flamengo, empatou em 1x1 em Porto Alegre e perdeu por 1x0 no Rio. Um começou ruim no campeonato gaúcho de 1988, porém, levou à sua demissão em 14 de março, substituído por Carlos Gainete. Sua última partida ocorreu em 12 de março (0x1 Grêmio).

Depois de sair do Internacional, Ênio Andrade passou por Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro. Em Minas, foi campeão mineiro em 1990. No mesmo ano, seria recontratado pelo Internacional, com a dura missão de evitar o rebaixamento do clube. O clube havia disputado 8 partidas no Brasileiro e não havia vencido nenhuma. Sua estreia deveria ocorrer em 4 de outubro, contra a Internacional de Limeira. O Colorado perdia por 1x0, mas a partida foi cancelada aos 38' do 1º tempo, devido a fortes chuvas. Quando a partida foi novamente disputada, o Colorado venceu por 2x1. A estreia para valer de Ênio Andrade, na sua 3ª passagem pelo clube, ocorreu em 7 de outubro (1x1 São José SP) no Beira-Rio. Nessa passagem pelo clube, Ênio ficaria até o fim do campeonato brasileiro de 1991. Sua despedida ocorreu em 18 de maio de 1991, na vitória de 1x0 sobre o São Paulo, no Beira-Rio. Para o campeonato gaúcho foi contratado Abel Braga.

Saindo do Internacional, Ênio Andrade voltou ao Cruzeiro, foi campeão da Copa dos Campeões Mineiros e da Supercopa Libertadores em 1991. Em 1992 começou no Cruzeiro, mas acabou se transferindo para o Bragantino. Em março de 1993, com a péssima campanha na Taça Libertadores, Antônio Lopes, campeão da Copa do Brasil de 1992, foi demitido. E Ênio Andrade mais uma vez contratado. Sua estreia ocorreu em 16 de março de 1993, na derrota frente ao Atlético Nacional por 1x0, no Beira-Rio, em partida válida pela Taça Libertadores. O elenco colorado era fraco, e Ênio Andrade não conseguiu ter sucesso no Gauchão. Sua última partida ocorreu em 21 de julho de 1993, na vitória colorada por 3x1 sobre o Santanense. Nessa mesma partida o zagueiro Célio Silva, negociado com o futebol francês, se despediu do Colorado. Para o campeonato brasileiro Paulo Roberto Falcão assumiu o comando da equipe.

Saindo do Internacional, Ênio Andrade retornou ao Cruzeiro, onde trabalharia em 1994 e 1995. Foi campeão mineiro em 1994, campeão da Copa Ouro e da Copa Master da Supercopa em 1995.

Seu último trabalho foi comandando o Cruzeiro. Em 22 de janeiro de 1997, poucos dias antes de completar 69 anos, Ênio Andrade faleceu no Hospital Moinhos de Vento, às 15:30, vítima de um câncer de pulmão.

Técnico de ótimo relacionamento com os atletas, sua filosofia de trabalho se resumia em uma frase: "Eu perdi, nós empatamos, vocês ganharam".

Suas ideias sobre futebol podem ser vistas em uma entrevista que deu à Folha de São Paulo, ainda no Beira-Rio, após a conquista do tricampeonato brasileiro:

"Desde o começo sabíamos que a possibilidade de êxito estava na força de um meio-campo que sabe defender e atacar com a mesma eficiência. Tanto é assim que a maioria dos gols marcados pelo Internacional teve a participação direta dos jogadores de meio-campo."

"O Inter é uma equipe sem segredos porque o futebol é um esporte sem segredos. Basta saber que o objetivo é sempre o gol. Meu esquema é simples, porque não ignora a necessidade de se marcar mais gols que sofrer. Se o Inter toma dois gols, ele faz três. Se podemos ganhar de cinco, por que vamos fazer só dois?"

"Quando me perguntavam, nessas últimas partidas contra Palmeiras e Vasco, se mandaria o time jogar defensivamente, respondia que isso seria loucura, porque só sabemos jogar para frente, buscando gols."

No campeonato brasileiro, com exceção de 1990, quando assumiu o clube na 9ª rodada, nas outras temporadas (1979, 1980, 1987 e 1991) dirigiu o Internacional em todo o campeonato. Nunca foi demitido do Internacional durante um campeonato brasileiro.

Charge publicada no jornal O Pioneiro em 23/01/1997, mostra um colorado e um gremista chorando a perda de Ênio Andrade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário