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sexta-feira, 6 de novembro de 2020

Jogadores do passado: Gashypo


Em 20 de junho de 1905 nascia o menino Gashypo Chagas Pereira.

Entre 1914 e 1916, Gashypo estudou no Ginásio Anchieta. Em 1917 ingressou no Colégio Militar, onde ficaria até 1922. Também passou a praticar futebol, escolhendo o Internacional.

Gashypo era atacante, e estreou no time principal colorado em 09/06/1921 na vitória por 4x0 sobre a Seleção Acadêmica. Gashypo marcou os dois últimos gols. Nesta temporada, Gashypo jogou apenas mais uma partidas. Em 1922, porém, tornou-se titular, mas jogou apenas até o meio do ano, quando suas atividades relacionadas à carreira militar o fizeram abandonar o futebol. Mesmo assim participou da campanha do título municipal de 1922, ficando com números impressionantes em sua passagem pelo clube.

Todos seus jogos (entre parênteses os gols marcados):
09.06.1921 4x0 Seleção Acadêmica de Porto Alegre - Amistoso - N (2)
07.09.1921 2x1 Juvenil CXS - Amistoso - C
23.04.1922 5x0 Guarany POA - Amistoso - C (1)
30.04.1922 6x3 São José - Campeonato Municipal - F (1)
07.05.1922 8x1 Ypiranga - Campeonato Municipal - C (4)
21.05.1922 5x0 Tabajara - Campeonato Municipal - C (1)
04.06.1922 2x1 Porto Alegre - Campeonato Municipal - F
11.06.1922 2x2 Americano - Amistoso - C (1)
25.06.1922 2x1 Americano - Campeonato Municipal - F
Resumo:
9 partidas
8 vitórias
1 empate
10 gols marcados

Em 1923 foi transferido para a Escola Militar, no Rio de Janeiro. Em seu primeiro ano na Capital Federal chegou a disputar algumas partidas pelo Fluminense. Mas a partir desse momento ele começaria a se destacar mais pela sua carreira militar e política. Ainda no Rio de Janeiro, chegou a ser preso por reclamar da lentidão nas promoções miltares.

Formado na Escola Militar, em 1926 foi designado para o 5º RCI, em Uruguaiana, no posto de 2º tenente. Em 1928 chegou a 1º tenente. Participou da Revolução de 1930, que levou Getúlio Vargas ao poder.

Transferido para São Paulo, participou da Revolução Constitucionalista. Derrotado o movimento, exilou-se em Rivera. Em janeiro de 1934, porém, o governo federal anistiou os militares que haviam participado da revolta, reincorporando-os ao exército, e Gashypo apresentou-se novamente. No mesmo ano foi promovido a capitão.

Em 1943, Gashypo foi promovido a major, e logo depois a coronel. Nas eleições de 1945, Gashypo concorreu para deputado federal constituinte pelo PCB gaúcho, recebendo 809 votos. Mas apesar de ter concorrido pelo Rio Grande do Sul, continuava ligado a São Paulo. Assim como vários outros atletas colorados na história, ele dedicava-se à criação de cavalos de corrida, e foi um dos fundadores do Jockey Club de Campinas, em 1946.

Gashypo voltou a aproximar-se de Getúlio Vargas em 1950. Segundo um dos militares que participariam do golpe de 1964, "o Gashypo Chagas Pereira, do Rio Grande, era elemento meio ligado às esquerdas e aos comunas. Era um homem com quem eu tinha muita conversa. Eu gostava muito do Gashypo, apesar de discordar das suas ideias. O Gashypo andava com o Getúlio para cima e para baixo, de avião." No final de 1951 foi um dos fundadores da Associação Brasileira de Ajuda ao Menor, que teve como presidente Alzira Vargas, filha de Getúlio. Ainda em 1951, concorreu a deputado federal pelo PTB paulista, somando 3.257 votos, não se elegendo.

Em 1952 foi nomeado diretor da Estrada de Ferro Leopoldina, destacando-se pela defesa dos trabalhadores da empresa. Sua atuação irritava a direita do país. O ultra-conservador católico Jornal do Dia, de Porto Alegre, acusou-o de ser o organizador e instigador da agitação sindical entre os trabalhadores da ferrovia, em março de 1954.

Apesar da ilegalidade do PCB, Gashypo continuava próximo do partido. Em maio de 1954, após a realização do IV Congresso do PCB, ele deu uma entrevista a um jornal ligado ao Partidão, elogiando as teses aprovadas.


Em julho de 1954, Gashypo se manifesta pelo direito de ex-membros do PCB de concorrerem às eleições.

Ele também era crítico da política governamental para as ferrovias, defendendo o transporte ferroviário contra o sucateamento, que visava favorecer o transporte rodoviário.

Nos dias que se seguiram ao suicídio de Getúlio, Gashypo participou de manifestações dos trabalhadores contra o golpe que se articulava. Em meio à crise, Gashypo demitiu-se. Os ferroviários ainda tentaram pressionar Café Filho, o novo presidente, a mantê-lo no cargo, o que não ocorreu.


Em 1955, Gashypo participou da campanha contra a transformação das ferrovias em empresas mistas, a convite do sindicato dos ferroviários. Em 1958, concorreu a deputado federal pelo PSD do Rio de Janeiro, recebendo 7.207 votos, ficando na suplência. Mesmo concorrendo por uma sigla tradicionalmente conservadora, sua votação foi elogiada por jornais ligados ao PCB.



Logo depois, voltou à sua carreira militar, e em 1959 e 1960 vamos encontrá-lo comandando o 3º RCM, em São Gabriel. Gashypo foi contrário ao golpe militar de 1964. Em 1966, já no posto de general, ele candidatou-se a deputado federal pelo MDB do Rio de Janeiro, mas teve sua candidatura impugnada pelo TRE-RJ por pressão de militares. Mais tarde, porém, o TSE confirmou a candidatura. Mesmo assim, Gashypo não teve dúvidas em declarar na imprensa aquilo que tantos temiam dizer: que o governo brasileiro era uma ditadura.

Também em 1966, Gashypo sediou em sua residência algumas reuniões de formação da Frente Ampla. Em outubro de 1968, Gashypo escapou com vida de um acidente que gerou suspeitas. Um caminhão carregado de pedras trocou de pista e avançou sobre seu carro. Mas o próprio Gashypo disse que, depois de conversar com o motorista chegou a conclusão que ele "aparentemente não tinha nenhuma intenção de matar-me".

Gashypo faleceu em 6 de outubro de 1970.

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