A Taça Brasil foi uma competição envolvendo os campeões estaduais disputada de 1959 a 1968. Com a criação da Taça Libertadores, o Brasil precisava de uma competição que indicasse seu representante no torneio sul-americano, e assim nasceu essa "antepassada" da Copa do Brasil. Após 1968, com o desinteresse crescente dos clubes e o surgimento do Robertão, a competição foi extinta.
O período de existência do torneio se confunde com a maior seca de títulos do Internacional. Nessa fase, o Internacional venceu apenas um título estadual, participando de uma única edição da Taça Brasil.
Campeão gaúcho em 1961, o Internacional classificou-se para a Taça Brasil de 1962. O torneio teve a participação de 18 campeões estaduais divididos em Zona Norte e Zona Sul. A Zona Norte dividia-se em Grupo Norte (Ceará, Ríver, Sampaio Correa, Paysandu e Sport) e Grupo Nordeste (Campinense, ABC, CRB, Sergipe e Bahia).. A Zona Sul dividia-se em Gupo Leste (Rio Branco RJ, Santo Antônio ES e Cruzeiro) e Grupo Sul (Metropol SC, Comercial PR e Internacional). Os clubes enfrentavam-se em jogos eliminatórios, até restar apenas os campeões das Zonas Norte e Sul, que enfrentariam nas semifinais os campeões do Rio de Janeiro (Botafogo) e São Paulo (Santos).
O Internacional começou o torneio esperando o vencedor de Metropol e Comercial. Com a vitória dos catarinenses, a estreia colorada na Taça Brasil ficou marcada para 22/09/1962, no estádio Euvaldo Lodi, em Criciúma. A partida foi muito disputada e os catarinenses levaram a melhor no 1º tempo, quando marcaram logo no início, com Elário. Mas na 2ª etapa o Colorado dominou a partida, chegando ao empate aos 2', com Tite, e virando o jogo com gols de Alfeu aos 14' e Flávio aos 16'. No restante do tempo, o Metropol se esforçava para diminuir a diferença, e o Internacional trabalhava para ampliar o placar. Aos 22', Cecconi derrubou o colorado Alfeu na área, em um pênalti claro, não marcado pelo juiz. Aos 26', Hamílton diminuiu para o Metropol. Aos 36', Flávio marcou mais um gol, anulado pelo juiz. Assim a partida terminou 3x2 para o Internacional, que poderias jogar por um empate em casa. Na equipe catarinense atuaram os futuros coloradod Nilzo, Elário e Hélio.
IN: Gainete; Osmar, Ari Ercílio, Cláudio e Ezequiel; Sérgio Lopes e Osvaldinho; Tite, Alfeu, Flávio e Bedeuzinho
Técnico: Pedro Ário Figueiró
No dia 25/09/1962 o estádio dos Eucaliptos recebeu um bom público para a partida de volta. No 1º tempo, Alfeu e Bedeuzinho marcam e indicam que será uma partida tranquila para o Colorado. NO 2º tempo, porém, o susto: Waldir marca aos 25' e 27', empatando o jogo. Mas aos 35' Flávio fecha o placar, Internacional 3x2.
IN: Gainete; Osmar, Ari Ercílio, Cláudio e Ezequiel; Sérgio Lopes e Osvaldinho; Tite, Alfeu, Flávio e Bedeuzinho
Técnico: Pedro Ário Figueiró
A seguir, o Internacional ficou esperando a decisão do Grupo Leste, onde Rio Branco de Campos enfrentaria o Cruzeiro. Os mineiros classificaram-se e se habilitaram para enfrentar o Colorado. E em 10/10/1962 etava o Internacional no estádio Independência, em Belo Horizonte, para enfrentar o Cruzeiro. E os problemas nesse confronto começaram antes da bola rolar. O regulamento da Taça Brasil previa que os árbitros fossem do estado do clube visitante, e os assistentes do estado do clube mandante. Mas o Cruzeiro vetou o árbitro gaúcho, que foi substituído pelo carioca José Monteiro. O mau tempo da capital mineira impediu que um grande público comparecesse à partida. No 1º tempo, o Cruzeiro foi muito superior, mas não conseguiu transformar o domínio em gols. No 2º tempo, o Internacional voltou mais combativo, e chegou a ameaçar algumas vezes a meta cruzeirense. Mas aos 26' o lateral colorado Osmar falhou ao tentar cortar um ataque mineiro, e Nerival abriu o placar. O Colorado parecia sem forças para mudar o resultado e tudo indicava uma vitória do Cruzeiro quando, aos 43', Sapiranga cruzou e Alfeu marcou o gol de empate: 1x1.
IN: Gainete; Osmar, Ari Ercílio, Cláudio e Soligo; Sérgio Lopes e Osvaldinho; Sapiranga, Alfeu, Flávio e Gilberto Andrade
Técnico: Pedro Ário Figueiró
No dia 17/10/1962 ocorreu a partida de volta, no estádio Olímpico. Assim como em Belo Horizonte, o mau tempo afugentou o torcedor do estádio. E o Cruzeiro novamente dominou o 1º tempo, abrindo placar aos 25', com Elmo. O resultado classificava a equipe mineira, e o técnico colorado decidiu agir rápido. Antes de finalizar a 1ª etapa, substituiu o centroavante Flávio por Mauro. Poucos instantes depois, aos 40', Alfeu empatava a partida. O empate levaria a um jogo-extra e o Internacional decidiu evitar a nova partida. Logo aos 6' do 2º tempo, Mauro virou o jogo. O Colorado dominou a 2ª etapa, controlando o jogo, mas a tensão da partida levou a lances violentos e às expulsões de Nelsinho aos 24' e Mauro aos 27'. Por fim, o Internacional venceu por 2x1 e classificou-se para a semifinal.
IN: Gainete; Zangão, Osmar, Cláudio e Soligo; Sérgio Lopes e Osvaldinho; Bedeuzinho, Alfeu, Flávio (Mauro) e Gilberto Andrade
Técnico: Pedro Ário Figueiró
No dia 21/11/1962 o Internacional ingressava no gramado do Maracanã para enfrentar o Botafogo de Manga, Nílton Santos, Garrincha, Quarentinha, Amarildo e Zagallo. O mau tempo mais uma vez atrapalhou uma partida do Internacional. A partida foi atrsada em uma hora, mas mesmo assim pouco mais de 5 mil torcedores compareceram ao "maior do mundo". Foi Amarildo, o "Possesso", herói do Mundial de 1962, que abriu o placar, logo aos 9 segundos de partida. Atordoado pelo gol-relâmpago, o Internacional foi completamente dominado pelo Botafogo, que ampliou o placar aos 38', novamente com Amarildo. A situação colorada não parecia nada boa. No início do 2º tempo Kim lesionou-se, e ficou fazendo número na ponta-esquerda, enquanto Gilberto recuava para o meio campo. Mesmo assim, o Internacional apresentou uma recuperação incrível, dominando o Botafogo. Aos 30', de cabeça, Alfeu descontou. E aos 35', de fora da área, Sapiranga venceu Manga, empatando a partida. O atacante colorado, anos depois, escolheu esse como o gol mais bonito de sua carreira. O entusiasmo tomou conta dos colorados, com o empate em 2x2, e a imprensa gaúcha já começa a apontar o Internacional como favorito para chegar à final.
Em 28/11/1962, 35 mil torcedores compareceram ao estádio Olímpico para assistir o jogo de volta da semifinal, recorde gaúcho. O jogo começou movimentado. Aos 5', Alfeu obrigou Manga a fazer grande defesa. Aos 7', Amarildo recebeu passe de Zagallo e quase marcou. O Colorado tomava a iniciativa. Aos 8' e 9', sucessivamente, Manga defendeu chutes de Alfeu e Gilberto. Aos 18', novamente Gilberto obriga Manga a defender. Aos 30', Osvaldinho chutou para defesa de Manga. Aos 32', Garrincha, até então apagado, obrigou Gainete a fazer boa defesa. Aos 37', Garrincha cobrou escanteio para Quarentinha marcar, de cabeça. Aos 42', Bedeuzinho entrou no time colorado pois Sapiranga não suportou o calor de 40 graus. A substituição ocorreu quando a bola saiu para escanteio. Na cobrança do escanteio, pressionado por Garrincha, Ezequiel tentou cortar e marcou contra. No 2º tempo, logo aos 7', Quarentinha perdeu a chance de fazer 3x0. Aos 15', Manga defendeu chute de Alfeu, e na sequência do lance Rildo cometeu pênalti, tocando a mão na bola, não marcado pelo juiz (o jornal carioca Correio da Manhã considerou o pênalti "por demais visível"). Garrincha deu um show particular: aos 16', driblou Ari duas vezes e deu mais um drible em Cláudio, que chegava na cobertura; aos 20', o ponteiro aplicou 4 dribles consecutivos em Cláudio, sendo aplaudido pela própria torcida colorada. Aos 22', pênalti para o Internacional: Osvaldinho cobrou, Manga defendeu, mas no rebote o jogador colorado marcou. A partir daí o Internacional tomou conta da partida, pressionando e encurralando o Botafogo. Aos 26', Jadir salva o gol em cima da linha. Aos 32', Nílton Santos coloca a bola para escanteio quando Osvaldinho ia marcar. Aos 40', após falha de Joel e Manga, Alfeu marcou o gol de empate. Na súmula, Armando Marques anotou o gol como contra, de Manga. Após o gol, a torcida colorada invadiu o campo, paralisando o jogo por alguns minutos. Depois do fim da partida, na comemoração pelo empate, a torcida colorada exagerou um pouco, causando prejuízos no valor de um milhão de cruzeiros no Olímpico.
IN: Gainete; Zangão, Ari Ercílio, Cláudio e Ezequiel; Kim e Osvaldinho; Sapiranga (Bedeuzinho), Alfeu, Flávio e Gilberto
Técnico: Pedro Ário Figueiró
No dia 30/11/1962, 18 mil torcedores compareceram ao Olímpico, quase metade da partida anterior, apesar do 2º tempo ter deixado a torcida colorada empolgada. Mas na última partida o Internacional não conseguiu reproduzir o desempenho dos dois confrontos anteriores contra o alvi-negro carioca. Com realtiva tranquilidade, o Botafogo venceu por 2x0, gols de Quarentinha, um em cada tempo. O Internacional teve 12 conclusões a gol, contra 21 do Botafogo. Gainete fez 12 defesas (além dos dois gols), enquanto Manga defendeu 9 chutes.
O chargista colorado Sampaulo registrou assim o sentimento da torcida com a derrota:Botafogo e Santos classificaram-se para a final. Como o Santos havia sido campeão da Taça Libertadores de 1962 e tinha vaga garantida para 1963, o Botafogo já ficou com a vaga da Taça Brasil mesmo antes da final.
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