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domingo, 2 de janeiro de 2022

Foot-Ball Club Porto Alegre


O Rio Grande fez partida-exibição do Rio Grande em Porto Alegre em 7 de julho de 1903 que influenciaria os destinos do esporte na cidade.

Um grupo de amigos, influenciado por essa apresentação, resolveu fundar um clube de futebol, chamando-o de Fussball Club Porto Alegre. Seus fundadores foram Leopoldo Rosenfeld (presidente), J. Brenner (secretário), Oscar Becker (tesoureiro), Hugo Brenner, Oscar Schaitza, Guilherme Trein, Rodolpho Schoeller, Eugênio Sattler, Oscar Matte, Rodolpho Antônio Campani, Walter Heckmann, Ernesto Oswaldo Schmitt, Otto Niemeyer, Reynaldo Schoeller, Hugo Gerdau, Alfredo Stumpf, Hugo Becker e Francisco Strattmann. Todos eles faziam parte do clube ciclista Rudfverein Blitz. O clube adotou as cores verde e branco. (1) Curiosamente, na mesma data outro grupo da comunidade teuto-riograndense fundou um clube, o Grêmio.

Para conseguirem o primeiro campo seus fundadores alugaram um terreno nos fundos da sede do Blitz, de propriedade de Luiz Englert, por 15$000 mensais, gastando mais 300$000 nas obras de nivelamento. Em 09 de novembro de 1903 era inaugurado o campo com um "match" interno. Como não havia bola, foi confeccionada uma esfera de couro, recheada de palha, sendo apelidada pelos atletas de "ameixa". O campo localizava-se na rua Voluntários da Pátria e ficou assim conhecido: "ground" da rua Voluntários da Pátria ou do Velódromo da Blitz.

A primeira partida do Fussball (como o clube ficaria conhecido em seus primeiros anos) ocorreu em 6 de março de 1904, na rua Voluntários da Pátria. O clube enfrentou o Grêmio, pelo Troféu Wanderpreiss, e perdeu por 1x0. No seu segundo jogo, em 10 de abril de 1904, venceu o Grêmio por 4x1.

Entre 1904 e 1909 o Porto Alegre limitou-se a enfrentar o Grêmio. Nesse período o clube conquistou o Troféu Wanderpreiss em 1904, 1908 e 1909, e o Troféu Gutschow em 1904.

Em 12 de abril de 1910 o Fussball participou da fundação da Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, disputando o campeonato municipal. O primeiro confronto com o Internacional ocorreu em 9 de outubro de 1910, válido pelo campeonato municipal. Disputado na Blitz, o Colorado venceu por 2x1.

Em 1911 o Porto Alegre foi vice-campeão da cidade, ao lado do Internacional. Ao final do campeonato, em julho de 1911, o clube perdeu seu "ground" na rua Voluntário da Pátria. A Sociedade Blitz já não existia, e a Prefeitura estava abrindo várias ruas novas transversais à Voluntários da Pátria, entre elas a Almirante Tamandaré , que cortou o campo do Fussball ao meio. Em 30 de julho, já sem campo, o Fussball enfrentou o Internacional na Baixada. O jogo terminou 3x3, com Kluwe perdendo um pênalti para o Internacional. Quando a partida estava 1x1, uma briga entre um torcedor colorado e um funcionário gremista, próxima ao portão de entrada do campo, levou à paralisação da partida por 10 minutos. O Fussball chegou a retirar-se do gramado, mas depois retornou. No final da partida, torcedores brigaram a bengaladas.

Com a perda do campo, o Fussball transferiu-se para um terreno na rua Benjamin Constant, nos arrabaldes de São João. Com a nova sede distante do centro, o Fussball passou dificuldades.

Em 13 de julho de 1913 o Fussball enfrentou o Internacional, pelo campeonato municipal. A partida terminou 1x1 e os jogadores colorados reclamaram muito do árbitro, sócio do Grêmio. Dias depois o Grêmio, declarando-se ofendido, abandonou a Liga de Foot-Ball Porto Alegrense. O Fussball tomou o mesmo caminho em assembleia realizada em 23 de julho de 1913. Após a cisão o Fussball excursionou pelo sul do estado, enfrentando o Riograndense (1x2), Rio Grande (1x1) e Pelotas (1x2).

Em 1914, juntamente com Grêmio, Americano e Frisch Auf, o clube fundou a Associação de Foot-Ball Porto Alegrense. A nova liga contava também com São José e Sportivo. Ainda neste ano o Fussball adquiriu de dona Maria Maia Braga e filhos a Chácara das Camélias, que viria a ser o melhor estádio da cidade até o surgimento do Eucaliptos, em 1931. As obras de construção do estádio começaram em janeiro de 1915.

A AFBPA era quase um torneio alemão. Além dos germânicos Grêmio, Fussball e Frisch Auf, o Sportivo contava entre seus atletas com Pfeifer, Schwamback e Brenner, e o São José apresentava quase um time inteiro: Jung, Graf, Haushahn, Vielitz, Endler, Fett, Schilling e Stratmann.

Encerrados os campeonatos de 1915, ocorreu a unificação do campeonato da cidade, com a fundação da Federação Sportiva Riograndense. O acordo que acabou com a divisão do futebol na capital foi comemorado com um amistoso entre Internacional e Fussball, em 26 de setembro de 1915. O Internacional venceu por 10x2, com sete gols de Bendionda.

O ano de 1917 ficaria marcado na história do Fussball por situações extra-campo. Desde 1914 o mundo sofria com a I Guerra Mundial, mas o Brasil mantinha-se neutro. Os ataques a navios brasileiros por parte das forças alemãs, porém, minaram a neutralidade em 1917. No dia 11 de abril de 1917 o Brasil rompeu relações diplomáticas com a Alemanha e seus aliados. No dia 26 de outubro, com a continuidade dos ataques e forte pressão popular contra a Alemanha, o Brasil declarou-se em estado de guerra. Finalmente, em 16 de novembro veio a declaração de guerra à Alemanha. Um sentimento anti-germânico espalhou-se pelo Brasil. Em 19 de novembro de 1917, em assembleia geral, o clube decidiu mudar seu nome para Football Club Porto Alegre, deixando de ser conhecido como Fussball e passando a ser chamado de Porto Alegre. No dia seguinte a Federação Sportiva Riograndense reconheceu a mudança.

Em 1918 o Porto Alegre foi um dos fundadores da Associação Porto Alegrense de Desportos. Em 1920 o Grêmio formou mais um racha no futebol da capital, mas o Porto Alegre não o acompanhou. Em 1923 o clube teria um grande ano. Em 8 de maio de 1923 o Porto Alegre reinaugurou a Chácara das Camélias, após reformas. O novo campo passou a contar com um pavilhão com capacidade para 2.500 pessoas, ao lado esquerdo, na frente, 31 camarotes para 5 pessoas. A Tribuna de Honra localizava-se no torreão central. Foram realizadas duas partidas: na preliminar o Cruzeiro bateu o São José por 3x0. O jogo de fundo, entre Porto Alegre e Internacional, começou com atraso, e teve apenas dois tempos de 20 minutos. O Porto Alegre venceu por 2x1. No início da temporada o Porto Alegre venceu o Torneio Início. Depois de iniciado o campeonato municipal a APAF (liga dissidente gremista) unificou-se com a APAD. Cada campeonato municoipal virou um grupo: Torneio Ruy Barbosa e Torneio Rio Branco. Os vencedores decidiriam o título municipal. O Porto Alegre venceu também o Torneio Ruy Barbosa, o que lhe deu o direito de disputar o título citadino com o Grêmio, vencedor do Torneio Rio Branco, mas esta final jamais ocorreu.

Em 1924 a temporada do Porto Alegre seria terrível. O clube terminou o campeonato em último lugar. Pelo regulamento deveria enfrentar o Ruy Barbosa, campeão da Série B, em disputa de uma vaga na elite. O Porto Alegre se recusou a disputar o acesso com o Ruy Barbosa e foi rebaixado. Contudo, em reunião do Conselho da APAD, no início de 1925, o Grêmio comanda uma virada de mesa que manteve o Porto Alegre na Série A. Em 1927 o clube conquistou a Taça 14 de Julho, vencendo o Grêmio na final.

Em 1928 o Porto Alegre resolveu montar uma seleção. Mesmo o futebol gaúcho sendo oficialmente amador, o clube passou a contratar jogadores pagando salários. Tirou o famoso goleiro Eurico Lara do Grêmio, trouxe o lateral Risada (que depois foi ídolo no Internacional) do futebol de Cruz Alta, o médio Ernesto Delvaux de Passo Fundo e chegou a sonhar com Araken, atacante do Santos e considerado o melhor jogador brasileiro da época. voltou a vencer o Torneio Início. O clube venceu o Torneio Início, mas desandou durante o campeonato municipal. Lara voltou ao Grêmio, Risada foi para o Internacional e o Porto Alegre ainda perdeu bons jogadores que já eram do clube, como Dante Marroni (Internacional) e Dario (Grêmio).

Em 1929 a dupla Gre-Nal rompeu com a APAD e fundou a Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos (AMGEA), mas o Porto Alegre permaneceu fiel à antiga liga até 1930. Somente em 1931 o clube ingressa na AMGEA, mas depois de iniciado o campeonato. Só voltaria a enfrentar os grandes da cidade em competições oficiais em 1932. Cada vez mais enfraquecido, o clube atravessou a década de 1930 ocupando as últimas colocações nos campeonatos municipais. Em dezembro de 1936 chegou a ser noticiada uma possível fusão entre Grêmio e Porto Alegre.

Em 1937 ocorreu nova cisão na capital: a dupla Gre-Nal fundou a AMGEA "especializada", aderindo ao profissionalismo. Porto Alegre e Americano mantiveram viva a AMGEA "cebedense", amadora. Mesmo sem a presença dos grandes clubes o Porto Alegre não faz boas campanhas nos dois campeonatos organizados pela liga amadora. Além disso, sofreu com a falta de dinheiro e com a tentativa do Cruzeiro de tentar tomar seu estádio. No final de 1938 os dois tradicionais clubes de Porto Alegre travaram uma briga judicial pela posse da Chácara das Camélias. O Cruzeiro, que utilizara o estádio durante o campeonato de 1938, perdeu a posse em 23 de dezembro de 1938, que voltou ao antigo dono, o Porto Alegre. No dia 29 de dezembro de 1938, sócios do Cruzeiro invadiram a Chácara das Camélias, em uma tentativa de retomar o estádio. Ficaram no local das 14 horas até às 17 horas, quando foram retirados pela polícia.

Em 1939, com a unificação das ligas, realizou-se o Campeonato Relâmpago, com dez clubes, que classificaria os cinco primeiros para a Série A. O Porto Alegre novamente não foi bem e teve de disputar a Série B, ainda em 1939. Em 1940 o clube terminou o campeonato da Série B empatado com o Renner, e venceu a decisão em uma melhor-de-três. Em 1941 o clube disputou novamente a Série A. Para essa temporada o clube teve um reforço. A Ala Universitária, que já havia feito uma parceria com o Americano entre 1935 e 1940, repetiu o feito com o Porto Alegre em 1941. Porém, já no Torneio Início os universitários tiveram desavenças com o restante do clube. Apenas o atleta Pipoca, dos universitários, atuou na competição. Rubem Medeiros, ex-presidente do Americano-Universitário e líder da Ala Universitária, chegou a ameaçar com o rompimento da parceria, mas na partida seguinte, contra o Internacional, outros atletas “universitários” foram utilizados.

O último confronto entre Internacional e Porto Alegre ocorreu em 31 de agosto de 1941, pelo campeonato municipal. Nos Eucaliptos o Colorado venceu por 7x1. Rebaixado, não jogou nenhum campeonato em 1942.

Em 1944 o clube ficou ameaçado de perder seu estádio. Em 19 de abril de 1944 o protesto do Porto Alegre contra a venda da Chácara das Camélias, em leilão judicial, entrou no Tribunal de Apelação. Mas os juízes decidiram que o leilão foi legal, não acatando o protesto. No leilão, o Nacional adquiriu o estádio por Cr$ 178.000,00.

Depois da perda do estádio, ainda em 1944 o clube fechou as portas definitivamente. Em 1945 já era citado em uma matéria do Correio do Povo sobre clubes extintos. 

Porto Alegre x Internacional
49 partidas
37 vitórias do Internacional
6 empates
6 derrotas
213 gols do Internacional
66 gols do Porto Alegre

(1)Algumas fontes citam suas cores originais como sendo o preto e branco. Mas na primeira partida do Fussball seu uniforme já era verde e branco. Se realmente teve o preto e branco como cores da sua fundação, as trocou antes de jogar.

Um comentário:

  1. na verdade o f.c porto alegre nao venceu o gremio no torneio 14 de julho de 1927 ouve empate em 1x1 informacao errada !!

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