Dario José dos Santos nasceu em 4 de março de 1946, no Rio de Janeiro.
Dario teve uma infância difícil. Em 1951, sua mãe, Metropolitana Barros, suicidou-se colocando fogo no próprio corpo. Seu pai, João José dos Santos, entregou os três filhos para o Sistema de Assistência ao Menor (SAM). Foi uma época de brigas, surras e assaltos. Mas sua vida de crimes acabaria após um assalto a uma mercearia. O dono do estabelecimento reagiu e matou seu companheiro de assaltos. Naquele momento Dario decidiu abandonar a carreira de crimes.
Aos 18 anos, Dario saiu do SAM e voltou para a casa do pai. Em 1965 foi servir ao Exército, onde chegou a ser preso por indisciplina. Mas foi no quartel onde destacou-se pela primeira vez no futebol, ao ser campeão e artilheiro de um torneio militar. Um sargento que conhecia dirigentes do Campo Grande o encaminhou ao clube, para jogar nos juniores. No final de 1966 o time de juniores do Campo Grande foi dissolvido, mas Dario pediu ao técnico dos profissionais, Gradim, uma chance no time.
Dario ficaria no Campo Grande na temporada de 1967 e nos primeiros meses de 1968. Durante o campeonato carioca de 1968 ocorreria um dos inúmeros fatos marcantes de sua carreira. No dia 21 de abril, o Campo Grande enfrentava o Madureira, no Maracanã. O Campo Grande era o penúltimo de seu grupo e o Madureira era o vice-líder da sua chave, ao lado de Fluminense e Bangu. No 1º tempo o Madureira vencia por 1x0, e Dario, que havia perdido o pai quatro dias antes, jogava muito mal e era vaiado. No intervalo, Gradim informou que o substituiria, mas Dario implorou por mais 15 minutos, pois queria fazer um gol em homenagem a seu pai. Mais por compaixão do que por acreditar em uma recuperação, o técnico deixou ele voltar ao jogo. Dario não marcou nos primeiros 15 minutos, mas sua disposição convenceu Gradim a mantê-lo no time, e o técnico não se arrependeu. Dario marcou aos 23', 32' e 34', conquistando uma improvável vitória de 3x1 para o Campo Grande.
Essa partida foi assistida por Jorge Ferreira, diretor do Atlético Mineiro, e dias depois Dario foi contratado pelo Galo. Mas seus primeiros tempo em Minas não foram fáceis. Praticamente não recebeu chances com os técnicos Aírton Moreira e Fleitas Solich, e com o tempo não era nem relacionado para o banco de reservas. Somente com a chegada de Yustrich, em 1969, Dario passaria a receber mais oportunidades. Reza a lenda que ao chegar no Atlético, Yustrich foi incumbido da missão de anunciar a Dario que ele seria dispensado. Dario pediu a chance de ser utilizado em um coletivo, antes, já que nem no time reserva vinha treinando. No coletivo o 1º tempo terminou 2x0 para os reservas, dois gols de Dario. Yustrich o passou para os titulares na 2ª etapa, que venceram o treino por 3x2, mais três gols de Dario. O fato é que Yustrich passou a relacioná-lo para os jogos, o colocar em campo nos minutos finais, e logo Dario conquistou a titularidade com seus gols. Em uma época de amplo predomínio do Cruzeiro em Minas, Dario seria campeão mineiro apenas em 1970. Muito limitado técnicamente, mas com um faro de gol que poucos possuíam, Dario envolveu-se involuntariamente em uma polêmica. O ditador Médici cobrou sua convocação para a Seleção Brasileira publicamente, e o técnico João Saldanha respondeu que não escalava o ministério e o presidente não escalava seu time. Dias depois Saldanha foi demitido e o novo técnico, Zagallo, convocou Dario, que foi tricampeão mundial em 1970, no México.
Dario foi artilheiro do campeonato mineiro em 1969, 1970 e 1972. Também foi campeão e artilheiro do primeiro campeonato brasileiro, em 1971. No jogo do título, contra o Botafogo, no Maracanã, Dario fez o gol da vitória por 1x0. Também seria o artilheiro do campeonato brasileiro de 1972.
Em janeiro de 1973 Dario foi contratado pelo Flamengo. No Rio seria artilheiro do campeonato carioca em 1973, com 15 gols. Dois deles marcados no último Fla-Flu, quando o Tricolor venceu por 4x2.
Dario retornou ao Atlético no 2º semestre de 1974, sendo novamente artilheiro do campeonato mineiro. No início de 1975 foi para o Sport Recife. Em Pernambuco foi artilheiro do campeonato estadual em 1975 (32 gols) e 1976 (30 gols). Também foi campeão pernambucano em 1975. Em 6 de abril de 1976 o Sport massacrou o Santo Amaro por 14x0 e Dario marcou 10 gols, recorde brasileiro de gols em uma única partida.
Seus gols chamaram a atenção do Internacional. O Colorado havia contratado Ramon, ídolo do Santa Cruz, no início do ano. Mas apesar de fazer seus golzinhos, o atacante não estava caindo nas graças da torcida e da direção. Arthur Dallegrave, responsável pelo departamento de futebol colorado, propôs a contratação de Dario, mas a direção pernambucana não queria o negócio, pois Dario era ídolo em Recife. Aí Dallegrave propôs trocar Dario por Ramon. O negócio saiu, mas o Colorado ainda teve que pagar 750 mil cruzeiros e emprestar Pedrinho. Sua estreia no Internacional ocorreria em 4 de julho de 1976, contra o Esportivo, no Beira-Rio. Dario prometeu fazer o gol "Colonização Italiana" ou "Ítalo-Brasileiro". Quase 50 mil torcedores compareceram ao estádio, proporcionando uma renda de 714.933,00 cruzeiros, praticamente o valor pago pelo atacante. E Dario fez o 2º gol da vitória por 3x0. No jogo seguinte, contra o Guarany, em Bagé, novo 3x0 e mais um gol de Dario. Depois o atacante passaria 8 partidas sem marcar, voltando a balançar as redes na final, contra o Grêmio. No dia 22 de agosto ocorre o clássico no Beira-Rio. Se o Internacional vencesse, seria campeão. Em caso de empate ou derrota haveria outro clássico no Olímpico. Lula abriu o placar para o Colorado e Dario liquidou com as esperanças gremistas ao fazer 2x0, aos 20' do 2º tempo.
No campeonato brasileiro, logo na estreia Dario marcou três gols na vitória de 6x0 sobre o Figueirense, no Beira-Rio. Depois de dois jogos de jejum, Dario voltou a marcar três gols na vitória de 4x0 sobre o Avaí, em Florianópolis. No jogo seguinte, mais dois gols nos 4x1 sobre a Desportiva, em Cariacica. Contra o Santos, no Morumbi, mais um gol na vitória por 3x1. Um jogo de jejum, e Dario balançou as redes na vitória de 1x0 sobre o Palmeiras, no Beira-Rio. Outro jogo de jejum, e Dario marcou contra o Goiás (3x0) no Serra Dourada. Dario também marcou contra o América de Natal (2x0) no Beira-Rio. A seguir, Dario passaria em branco contra Fortaleza e Botafogo SP, e não jogaria contra Coritiba e Botafogo SP. No seu retorno ao time, o Internacional goleou o bom Santa Cruz por 5x1 e Dario fez o 3º. Também marcou contra o Caxias (2x0). O atacante não marcou contra Palmeiras, Corinthians e Ponte Preta, mas abriu o placar nos 3x0 sobre a Portuguesa. Passou em branco na semifinal, contra o Galo, mas abriu o marcador na final contra o Corinthians (2x0). Foi campeão brasileiro e artilheiro do campeonato.
Na temporada de 1977 o Internacional começou a desmontar o time bicampeão brasileiro. Figueroa, Paulo César Carpegiani e Lula foram os primeiros a sair. Mas Dario continuava no time. Na Taça Libertadores marcou contra Corinthians (1x1), duas vezes contra o Deportivo Cuenca (3x1) e contra o El Nacional (2x0). No Gre-Nal de 29 de maio, no Olímpico, ele marcou o único gol do jogo, aos 44' do 2º tempo. Mas logo depois seu futebol passou a ser questionado. O Internacional contratou Luisinho, artilheiro do América carioca, e Dario chegou a ir para o banco. Voltou nos clássicos decisivos do estadul, mas não conseguiu garantir o eneacampeonato. Seu último jogo pelo Internacional foi em 25 de setembro de 1977, derrota de 1x0 para o Grêmio, jogo em que começou no banco e entrou no time substituindo Santos.
Para o campeonato brasileiro Dario foi negociado com a Ponte Preta, onde chegou prometendo fazer o Gol Carlos Gomes (provocação ao Guarani). Ficou na Ponte Preta até 1978. Depois percorreu o Brasil, jogando no Paysandu (1979), Náutico (1980), Santa Cruz (1981), Bahia (1982), Goiás (1983), Coritiba (1983), Nacional AM (1984/1985), Bandeirante SP (1985) e Douradense MS (1986). Foi campeão baiano em 1982, campeão goiano em 1983 e campeão amazonense em 1984. Também foi artilheiro do campeonato amazonense em 1984. Ao longo de sua carreira marcou 579 gols.
Seus números no Internacional:
74 partidas
50 vitórias
12 empates
12 derrotas
35 gols
campeão brasileiro em 1976
campeão gaúcho em 1976
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