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terça-feira, 9 de fevereiro de 2021

Jogadores do passado: Cléo


Em 9 de fevereiro de 1959 nasceu em Venâncio Aires o menino Cléo Inácio Hickmann.

Cléo começou jogando futebol nas categorias de base do Avenida de Santa Cruz do Sul, mas em 1976 se transferiu para os juvenis do Internacional. O mesmo caminho fariam seus irmãos Sílvio (1978) e Amauri (1980).

Em janeiro de 1978 Cléo foi campeão da Copa São Paulo de Juniores.

Cléo estreou no time principal do Internacional em 9 de agosto de 1978, em partida que o Colorado bateu o Guarany de Bagé por 3x0, no Beira-Rio, pelo campeonato gaúcho. Seu primeiro gol ocorreu em 11 de outubro, na vitória de 2x1 sobre o 14 de Julho de Passo Fundo, no Vermelhão da Serra. E foi um gol importante: a partida se encaminhava para o empate quando aos 45' do 2º tempo Cléo garantiu a vitória colorada. Foram 8 partidas no campeonato gaúcho de 1978, conquistado pelo Internacional.

Apesar do bom desempenho nas partidas em que atuou no ano anterior, Cléo começou a temporada de 1979 atuando no Rolinho. Em 21 de fevereiro jogou ao lado de seu irmão Sílvio, em um amistoso do Rolinho contra o Avenida, como parte do pagamento do passe do mano. O Colorado venceu por 1x0, gol de Sílvio.

Em maio de 1979 Cléo foi convocado para a Seleção Brasileira de Novos que disputaria o Torneio Internacional de Paris e os Jogos Pan-Americanos de Porto Rico, junto com os também colorados Rogério e Mica. No Torneio de Paris a Seleção foi batida pelo Benfica (0x2) e Paris Saint-Germain (3x4). Mas nos Jogos Pan-Americanos a Seleção ficou com o ouro, sendo Cléo capitão da equipe e titular nas cinco partidas. A campanha brasileira:
2x0 Guatemala
1x0 Cuba
3x1 Costa Rica
5x0 Porto Rico (Cléo fez um gol)
3x0 Cuba

Depois do título, Cléo foi envolvido em uma negociação. Silvinho, seu companheiro de Seleção e destaque na conquista do ouro pan-americano, foi contratado pelo Colorado, que pagou ao América SP com o empréstimo de Cléo e a cedência em definitivo de Luiz Fernando. No América, Cléo ajudou o clube a fazer grande campanha, chegando ao 6º lugar no Paulistão, atrás apenas de Corinthians, Palmeiras, Santos, Guarani e Ponte Preta. Foram 27 partidas, 10 vitórias, 11 empates, 6 derrotas e dois gols marcados (contra Botafogo e Guarani).

Sua última partida pelo América foi em 22 de novembro de 1979. Em 3 de dezembro Cléo se apresentou à Seleção de Novos, que iria disputar o Pré-Olímpico, disputado na Colômbia e Venezuela, na companhia dos colorados Mauro Galvão e Mica. Cléo foi titular nas duas primeiras partidas (2x1 Venezuela e 0x3 Peru), mas ficou de fora nos dois jogos seguintes (4x0 Bolívia e 0x0 Chile). Contra a Argentina (1x3) Cléo entrou durante a partida, e voltou a ser titular no último jogo (1x5 Colômbia). O Brasil ficou em 5º lugar, fora dos Jogos Olímpicos.

De volta ao Colorado, Cléo reestreou em 27 de março de 1980, na derrota para o Santos por 1x0, pelo campeonato brasileiro, no Morumbi. Logo se tornou titular do time, no Brasileiro e na Libertadores. Ênio Andrade formava o meio-campo com Batista, Cléo, Falcão e Jair. Cléo marcou um gol contra o Vasco da Gama, na vitória por 2x1, na Libertadores. No Brasileiro, marcou o 1º na vitória de virada sobre o Guarani (2x1). Mas seu gol mais importante ocorreu na partida de ida da semifinal. No MIneirão, o Colorado perdia por 1x0 para o Galo e Cléo, lesionado, esperava Chico Espina aquecer para substituí-lo. Quase sem conseguir apoiar o pé no chão, Cléo se envolveu em um lance na área do Atlético e concluiu para as redes, empatando o jogo. Saiu de campo carregado, chorando de dor, mas garantiu o empate. A vaga na final parecia garantinda, mas aí veio a lesão de Falcão e trágica derrota em casa.

Cléo ficou de fora dos dois jogos da final da Libertadores. Substituído na partida contra o Esportivo, em 27 de julho, só voltaria a campo em 19 de agosto, na partida contra o Ajax, na excursão à Europa. O Colorado perdeu por 3x1, mas Cléo fez o gol da equipe. Também marcaria um gol na Roma (2x2), na estreia de Falcão no clube italiano. Mas o ano de 1980 terminou sem títulos.

Em 1981 Cléo começou como titular, mas após a lesão de Batista o Internacional se perdeu no campeonato brasileiro. Eliminou o Galo, mas caiu diante do São Paulo. Mas no campeonato gaúcho Cléo chama a responsabilidade pela criação e tem papel importante na conquista colorada. Em 30 de setembro, o Internacional batou o Armour por 2x1, em Santana do Livramento, e os irmãos Sílvio e Cléo fizeram os gols colorados. No Gre-Nal do 1º turno do Octogonal Final, o Internacional venceu por 2x1, de virada. Aos 42' do 2º tempo,  Jaiminho roubou a bola de China e cruzou para Bira. De cabeça, o centroavante tocou para Cléo, que emendou um chute violento no canto esquerdo.

As boas atuações de Cléo chamaram a atenção do futebol europeu. Em 1982 Cléo jogou duas partidas no campeonato brasileiro e um amistoso, e foi negociado com o Barcelona. O clube espanhol procurava um substituto para o craque Schuster, lesionado, e optou por Cléo, depois do técnico Udo Lattek vetar a contratação de Toninho Cerezo. Cléo já havia enfrentado o Barcelona em 1980, em um empate em 2x2 entre o Colorado e o clube catalão.

Cléo chegou na Espanha com desconfiança da torcida e imprensa, para um período de testes de três meses. Para piorar, antes mesmo de sua estreia na Espanha estourou uma bomba. Cléo havia concedido uma entrevista para o colunista social Roberto Gigante, para ser publicada no número 2 da revista Imagem News. Segundo Roberto Gigante, Cléo teria declarado ter tido relações homossexuais na adolescência. O jogador negou ter declarado isso, e sim que conhecia casos em sua época de adolescência. A entrevista não foi gravada e ficaram as declarações do colunista e do jogador. 

Sua estreia no Barcelona ocorreu em 25 de fevereiro, um mês e um dia depois de sua última partida pelo Internacional. Em um amistoso, o Barcelona bateu o Hospitalet por 3x1. Seria sua única partida pelo clube espanhol.

Lattek, o técnico, não gostava de jogadores brasileiros. Considerava os meiocampistas brasileiros anárquicos e pouco confiáveis. Ele se comunicava com Cléo apenas em alemão, e poucas vezes conversou com o brasileiro. O argentino Zuvíria passou a receber as chances que seriam de Cléo. Com os treinos, a imprensa passou a elogiar o brasileiro, mas o técnico continuava a ignorá-lo. O grupo de jogadores também permanecia distante do atleta. Para afastar os receios dos espanhois em relação à polêmica entrevista, Cléo antecipou seu casamento com sua namorada Maria José Silva Costa, a Neca. Alguns dirigentes estiveram presentes, mas nenhum membro da comissão técnica ou jogador. E quando o casamento ocorreu, em 2 de abril, já estava decidido que o clube o devolveria ao Internacional.

Dias depois do casamento, Cléo desembarcava em Porto Alegre. No dia 2 de maio de 1982 ele reestreava novamente no Internacional, em um amistoso em comemoração do Dia do Trabalhador, no Beira-Rio (1x1 Peñarol). Cléo disputou os últimos jogos do Torneio dos Campeões e começou a disputar o campeonato gaúcho. Mas em agosto excursionou com o Colorado à Europa, onde iria enfrentar seu desafeto Udo Lattek em duas ocasiões. No dia 13 de agosto, pelo Torneio Tereza Herrera, o Barça venceu por 1x0. Mas no dia 24 de agosto, com estreia de Maradona e diante de 110 mil torcedores, o Colorado segurou um empate em 0x0 e venceu nos pênaltis. No dia seguinte, contando com o apoio da torcida catalã, o Internacional bateu o Manchester City por 3x1 e conquistou a Copa Joan Gamper. Cléo sofreu o pênalti que resultou no 1º gol colorado. Cléo tinha sua vingança pessoal.

De volta ao Brasil, Cléo foi titular na campanha colorada do bicampeonato gaúcho. Depois do título gaúcho, ainda disputou três amistosos. Sua última partida pelo Internacional ocorreu em 12 de dezembro de 1982. O Internacional venceu o Vasco da Gama por 3x1 em São Januário e conquistou a Taça Alberto Pires Ribeiro.

No início de 1983 a direção colorada estava tendo dificuldade em renovar o contrato com Cléo. Imediatamente Rubens Minelli, técnico do Palmeiras, pediu sua contratação. Na opinião do técnico, Cléo era um dos poucos atletas brasileiros que cumpria as três funções do meio campo: defender, organizar e atacar. E assim, por 103 milhões de cruzeiros, Cléo foi para o Palmeiras.

O Verdão vivia uma época de jejum de títulos. Apesar de ser considerado o grande reforço do clube para o campeonato brasileiro, com o fracasso palmeirense acabou negociado por empréstimo com o Flamengo, trocado por Baltazar. Depois do campeonato carioca de 1983 voltou ao Palmeiras, onde jogou o brasileiro de 1984 e o Torneio Heleno Nunes, disputando novamente o campeonato carioca de 1984 pelo América.

A partir de 1984, essa foi a carreira de Cléo:  Palmeiras (1984), América RJ (1984), Portuguesa de Desportos (1984), América RJ (1985) Sport (1986/1987), Aimoré (1988), Grêmio Maringá (1988), Vila Nova (1989) e Novo Hamburgo (1990).

Com uma lesão no joelho, Cléo decidiu encerrar a carreira, seguindo orientação médica.

Seus números pelo Internacional:
157 partidas
93 vitórias
42 empates
22 derrotas
31 gols
campeão gaúcho em 1978, 1981 e 1982
campeão da Copa Joan Gamper em 1982


Suas vítimas:
3 gols
São José e São Borja
2 gols
Grêmio, Brasil de Pelotas, Guarany de Bagé, Internacional SM e Novo Hamburgo
1 gol
Ajax HOL, Roma ITA, Logroñéz ESP, Bahia, Criciúma, Vasco da Gama, Guarani, Atlético MG, Palmeiras, Esportivo, 14 de Julho PF, Armour, São Paulo RG e Juventude

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