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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Sérgio

Origem da foto: https://tardesdepacaembu.wordpress.com
 

Em 21 de setembro de 1923 nascia em Taquara o menino Sérgio Moacir Torres Nunes.

Sérgio começaria a jogar futebol no Juvenil, da várzea da capital gaúcha. Demonstrando ser um bom goleiro, profissionalizou-se no Floriano (atual Novo Hamburgo) em 1946. Suas boas atuações o levaram ao Grêmio em 1947, atuando inicialmente no 2º quadro. Mais tarde, como titular, se tornaria um dos grandes goleiros do futebol gaúcho, recebendo o apelido de "Majestade do Arco". Mais tarde, jogou no Internacional, em 1957 e 1958, quando encerrou a carreira. Com 1,68 metros, seria considerado baixo para a posição, atualmente.

Sérgio, embora tenha jogado no Grêmio por 10 temporadas, ganhou apenas os campeonatos gaúchos de 1949 e 1956, o campeonato municipal de 1949 e o metropolitano de 1956. Mas em sua passagem pelo Grêmio, esteve presente em dois grandes momentos da história do Internacional:

17/10/1948 Internacional 7x0 Grêmio
Baixada
Sem chances de chegar ao título, o Grêmio escalou um time reserva para o clássico. E Sérgio foi o goleiro gremista que levou 7 gols, na maior vitória colorada no clássico Gre-Nal, e maior goleada da era profissional.

26/09/1954 Internacional 6x2 Grêmio
Olímpico
O primeiro Gre-Nal do Olímpico decidia o Torneio de Inauguração do estádio. Quando o Internacional fez seu 4º gol, Sérgio ameaçou abandonar o campo, chorando. Segundo a tradição, entre os jogadores que foram convencê-lo a continuar em campo estava Bodinho, que teria dito: "volta para tomar mais quatro!"

Em 1956, Sérgio foi convocado para a Seleção Brasileira, representada pelo Rio Grande do Sul, que disputou o Campeonato Pan-Americano, no México. Sérgio foi titular nas três primeiras partidas, sendo substituído nas duas últimas por Waldir de Morais, goleiro do Renner.

Sérgio começou o ano de 1957 defendendo a seleção gaúcha, no Campeonato Brasileiro de Seleções. No dia 8 fevereiro, a imprensa noticia o interesse do Santos e do Internacional no goleiro gremista. No dia 9, o presidente colorado Ítalo José Michelin nega o interesse no arqueiro. No dia 13 de fevereiro, Abrão Bruno Pinheiro, representante do Santos em Porto Alegre, anunciou que a negociação estava concretizada. Entretanto, em 22 de fevereiro Sérgio ainda era jogador do Grêmio, e só não disputaria um amistoso com o Pelotas por estar lesionado. No início do mês, porém, a crise explodiu. Na imprensa o técnico gremista, Foguinho, declarou que Sérgio podia seguir seu caminho (fora do Grêmio). Sérgio rebateu chamando o técnico de mentiroso e recalcado, e que uma de suas cláusulas para renovação de contrato com o Tricolor era a venda de Sérgio. Logo a vida do jogador é exposta na imprensa. Jornalistas simpatizantes do lado azul atacam Sérgio, dizendo que o jogador tinha a fama de ser amador, mas que em uma de suas renovações ganhou um emprego público, e que na renovação de 1956 passou a receber 25 mil cruzeiros por mês. E por isso foi chamado de "jogador problema". Os textos de Mário Moreira, no Diário de Notícias, atacavam ferozmente o jogador. Pouco depois, chegou a ser noticiado que Sérgio estaria se acertando com o Cruzeiro de Porto Alegre, e o jogador chegou a treinar no clube. Mas em 17 de março foi anunciado o acerto do goleiro com o Internacional. Mário Moreira escreveu um texto chamado "Sérgio deixou cair a máscara da face".  

Sérgio estreou no Internacional em 24 de março de 1957, na vitória de 2x1 sobre o América Mineiro, nos Eucaliptos. Ele estava em campo na vitória de 4x2 sobre o Boca Juniors, em 1º de maio de 1957. Sua primeira derrota no gol colorado só ocorreria em 30 de junho, por 2x0 para o Cruzeiro, na sua 15ª partida no gol colorado.

Em agosto de 1958, após a queda de Teté e a chegada de Gastão Leal no comando técnico colorado, Sérgio passou alguns jogos na reserva de La Paz, recuperando a titularidade em seguida. Mas no início de 1958 ele perdeu a posição novamente, ficando oito meses sem atuar. Depois do empate em 0x0 com o Gimnasia y Esgrima, em 21 de janeiro de 1958, Sérgio só voltaria a jogar na vitória de 4x1 sobre o Força Luz, em 21 de setembro, curiosamente no dia em que completava 32 anos. No jogo seguinte, ele foi titular na vitória de 5x1 sobre o poderoso Santos de Zito, Pagão, Pelé e Pepe. Ele jogou a 1ª etapa, que terminou 2x0 para o Colorado. A partir daí, Sérgio foi titular quase até o fim da temporada. Sua última partida pelo Internacional ocorreu em 5 de janeiro de 1959, na vitória de 2x1 sobre o Flamengo de Caxias do Sul, pelo Campeonato Metropolitano, que avançou pelo ano seguinte. La Paz foi o titular nas três últimas partidas do campeonato.

Pelo Internacional, esses foram os números de Sérgio:
48 partidas
34 vitórias
8 empates
6 derrotas

Ainda fazendo parte do grupo colorado, Sérgio estreou como técnico em 15 de fevereiro de 1959, na derrota de 4x1 para o Aimoré, em um amistoso. O técnico colorado Sylvio Pirillo teve que viajar para o Rio de Janeiro e Sérgio assumiu interinamente. Em maio de 1959, quando Sylvio Pirillo trocou o Internacional pelo Corinthians, novamente Sérgio comandou o time interinamente em dois amistosos: derrota de 4x0 para o Floriano e vitória de 3x1 sobre o Flamengo carioca.

Em 1961, Sérgio (a essa altura já Sérgio Moacir Torres) não estava mais vinculado ao Internacional. Mas em maio foi chamado para assumir o comando técnico do time. Sua estreia ocorreu em 21 de maio de 1961, na vitória de 3x1 sobre o São José. Em 3 de dezembro de 1961, após a vitória de 2x1 sobre o Pelotas, o Internacional sagrava-se campeão gaúcho. O primeiro título unificado, e que colocava fim a uma série de cinco títulos gaúchos.

Para a temporada seguinte, não houve acerto entre Internacional e Sérgio Moacir. O Colorado contratou Carlos Froner, que estava no Aimoré, e Sérgio Moacir foi para o Grêmio, onde foi novamente campeão gaúcho.

Em 1964, Sérgio Moacir Torres voltou ao Internacional. Perdeu o Campeonato Gaúcho, mas conquistou o Torneio Jornal do Brasil, um quadrangular envolvendo as duplas Gre-Nal e Bra-Pel. Ele continuou treinando o Internacional, mas foi demitido no início de maio, devido aos fracos resultados nos amistosos de pré-temporada.

Em 1967 novamente Sérgio Moacir Torres foi contratado pelo Internacional. Sob seu comando, o Colorado foi vice-campeão do Torneio Robertão, ao bater o Corinthians por 3x0, em 7 de junho de 1967. Mas em 25 de julho, durante o Campeonato Gaúcho, Sérgio Moacir pediu demissão, alegando pressão da torcida. No estadual, Sérgio Moacir havia empatado em 0x0 com o Guarany e Brasil, e vencido por 1x0 o Rio Grande. Em 1968, Sérgio Moacir Torres seria novamente campeão gaúcho, treinando o Grêmio. Em 1969, Sérgio Moacir Torres treinava o Grêmio quando o Internacional reconquistou a hegemonia do futebol gaúcho.

Em 1970, comandando o Cruzeiro, Sérgio Moacir Torres sagrou-se campeão da Taça Governador do Estado. Em 1974, ele comandava o Grêmio no estadual que o Internacional venceu com 100% de aproveitamento.

Em 1977, Sérgio Moacir Torres assumiria o comando do Internacional pela última vez, substituindo Carlos Castilho. Sua contratação gerou muita insatisfação na torcida colorada. Ar rádios tiveram seus telefones congestionados com reclamações, além de telegramas de colocados descontentes. O técnico era considerado ultrapasso, autoritário e excessivamente identificado com o rival. Sua estreia ocorreu em 10 de julho de 1977, na derrota de 3x0 sobre a Portuguesa da Venezuela, pela Taça Libertadores da América. Ele foi demitido em 18 de setembro de 1977, após perder para o Grêmio por 2x0.

Em 1984 Sérgio Moacir Torre4 ainda treinaria o Avaí. Em 24 de junho de 2007, a Majestade do Arco faleceu em Viamão, vítima de infarto.

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