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terça-feira, 6 de outubro de 2020

Um jogo - Internacional 1x0 Atlético MG - Robertão


 
Em 6 de outubro de 1968 o Internacional enfrentaria o Atlético Mineiro, no Mineirão.

Era a 5ª partida de Daltro Menezes no comando do time. Depois de uma boa estreia, batendo o Vasco por 2x1, ele empatou com a Portuguesa, fora (3x3), com o Bahia, em casa (1x1) e perdeu em Curitiba para o Athlético (1x3). A situação na tabela não era boa.

O Mineirão, inaugurado em 5 de setembro de 1965, ainda era imbatível para os gaúchos. O Internacional havia jogado duas vezes lá, com um empate e uma derrota.

Daltro mandou a campo a mesma equipe que havia terminado a partida em Curitiba: Schneider; Laurício, Scala, Pontes e Sadi; Tovar e Elton; Carlitos, Bráulio, Claudiomiro e Dorinho. O esquema de jogo era defensivo, com os laterais auxiliando os zagueiros no combate aos atacantes adversários. Os centromédios Tovar e Elton ficavam postados mais à frente, dando o primeiro combate. Bráulio cuidava da armação, auxiliado por Dorinho, que recuava. Na frente ficavam apenas o ponteiro-direito Carlitos e o centroavante Claudiomiro. Bráulio e as vezes Tovar chegavam à frente para ajudar.

O Atlético estreava um novo técnico, Nilton Santos, o grande lateral-esquerdo do Botafogo e Seleção Brasileira. As duas equipes apresentaram um futebol regular, com bastante empenho. O Atlético era mais voluntarioso, enquanto o Internacional era mais objetivo. Mas as chances criadas pelos ataques invariavelmente acabavam nas mãos de Schneider e Mussula.

No intervalo, Balzaretti substituiu Elton, indo para a ponta-esquerda e deixando Dorinho definitivamente no meio campo. O Internacional manteve a partida no meio de campo, procurando os contra-ataques. O ataque do Atlético, perdido na marcação, nada fazia. Vaguinho e Tião estavam em péssima tarde. E aos 9' do 2º tempo, Nilton Santos ainda comete um erro: tirou Lola, que era então o melhor avante mineiro, e colocou Fiote, que nada acrescentou ao time.

Aos 37', Bráulio avançou pela direita e cruzou forte. Claudiomiro e Humberto Monteiro entraram no lance, e na tentativa de afastar o defensor mandou a bola para as próprias redes. Internacional 1x0!

Após o gol, o Internacional limitou-se a deixar o tempo passar, diante de um Atlético impotente para reagir. Ao final da partida, o Internacional se tornou o primeiro gaúcho a vencer no Mineirão.



segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Jogadores do passado - Florindo


Origem da foto: https://terceirotempo.uol.com.br/


Em 5 de outubro de 1929 nascia em Nova Friburgo (RJ) o menino Flávio Pinho. Ele ficaria conhecido no mundo do futebol como o zagueiro Florindo.

Florindo começou jogando nas categorias de base do Friburgo, de sua cidade natal, em 1944. A seguir, transferiu-se para o Fluminense, também de Nova Friburgo, onde atuou de 1945 a 1949. Em 1949 foi contratado pelo Flamengo, mas não chegou a jogar no time principal.

Em 1950 começaria sua história no Rio Grande do Sul. O técnico Teté assumiu o comando do Nacional de Porto Alegre. Bem relacionado no Flamengo, Teté trouxe vários jogadores pouco aproveitados no clube carioca para reforçar o "Ferrinho". Pelo Nacional, fez parte da boa campanha de 1950, enfrentando o Internacional em cinco partidas. Inicialmente jogou na lateral-esquerda, mudando em seguida para a zaga.

Teté assumiu o comando do Internacional no início do Torneio Extra. Florindo disputou o Torneio Extra pelo Nacional, mas foi contratado pelo Internacional para a disputa do campeonato municipal. Sua estreia ocorreu em 29 de julho de 1951, em um amistoso contra o Uruguaiana, na fronteira. O Colorado atuou com uma equipe bem modificada e perdeu por 3x1. Apesar de estrear na zaga, logo foi para a lateral, pois o Colorado tinha Nena e Ilmo comandando a defesa. Em setembro, porém, Nena foi negociado com a Portuguesa e Florindo assumiu a zaga. Em sua primeira temporada no Internacional sagrou-se campeão municipal e gaúcho.

Em 1952, tendo Oreco como companheiro de zaga, Florindo conquistou três títulos: Torneio Extra, Campeonato Municipal e Campeonato Gaúcho. Em 1953, começou conquistando o Torneio Régis Pacheco, na Bahia, a primeira conquista além Mampituba do Colorado. Depois veio a conquista do Campeonato Metropolitano (o Municipal foi ampliado com o Floriano de Novo Hamburgo e o Aimoré de São Leopoldo). E para finalizar a temporada, o título gaúcho.

Em 1954 o Internacional conquistou o Torneio Extra, decidido em um supercampeonato com Grêmio e Nacional. O Campeonato foi ampliado para os clubes de Caxias do Sul (Juventude e Flamengo) e foi vencido pelo Renner. Mas o Colorado venceria o Torneio de Inauguração do Olímpico. Em 20 de janeiro de 1955, ainda pelo campeonato do ano anterior, o Internacional perdia para o Renner por 2x0, quando o goleiro Milton lesionou-se, aos 35' do 2º tempo. Na época não existiam substituições e Florindo foi para o gol nos 10 minutos finais, sem ser vazado. Na temporada de 1955, Florindo foi novamente campeão metropolitano e gaúcho.

Em 1956, Florindo foi convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Campeonato Pan-Americano no México, treinada por Teté. Florindo foi o titular nas cinco partidas da competição, vencida pelo Brasil. Mas a temporada não foi boa para o Internacional, que perdeu o título metropolitano para seu rival. Mas mesmo nas derrotas, Florindo brilhou. Em 2 de setembro de 1956 o Colorado perdeu o Gre-Nal por 2x1, no Olímpico. Aos 26' do 1º tempo, com 1x0 para o Grêmio no placar, Juarez encobriu La Paz. A bola entraria no gol quando Florindo, de bicicleta, acertando a bola quase junto ao travessão, evitou o pior. O zagueiro foi aplaudido até mesmo pelos gremistas.

A temporada de 1957 também não foi boa para o Colorado. A crise afetou o clube tão seriamente que o comandante Teté, que treinava o Internacional desde 1951, foi demitido. Florindo teve vários companheiros na zaga: Paulistinha, Mossoró, Ezequiel, Zangão, Lindoberto, mas ele manteve-se incontestável. Em 1958 novamente os títulos fugiram do Internacional. O melhor momento do clube foi a vitória de 5x1 sobre o Santos de Pelé. Em uma partida contra o Renner, que o Colorado perdeu por 5x2, Florindo nocauteou um torcedor que o ofendeu, na saída do estádio Tiradentes.

Em 1959, Florindo continuava titular incontestável nos amistosos de pré-temporada. Suas qualidades chamaram a atenção do Botafogo, que o contratou, em março de 1959. Sua despedida do Internacional ocorreu em 1º de março de 1959, curiosamente na mesma Uruguaiana onde ele havia estreado, 8 anos antes. O Colorado venceu o Sá Viana por 2x1 e Florindo foi substituído por Barradas.

Durante a temporada de 1960 Florindo trocou o Botafogo pelo Taubaté. Em 1961 jogou na Ponte Preta e em 1962 voltou ao Rio Grande do Sul, para jogar no Pelotas (1962/1963) e no São Paulo de Rio Grande (1963/1964), onde encerrou a carreira.

Nos anos 1960, Florindo trabalhou no clube. No campeonato gaúcho de 1967 chegou a dirigir o time interinamente em duas partidas, empates com Farroupilha (1x1) e Aimoré (1x1). Viveu seus últimos anos em Arroio dos Ratos. Em 23 de fevereiro de 2021 faleceu vítima de COVID-19.

Jogador fisicamente forte e alto para os padrões da época (1,79m), ficou conhecido pelo apelido "Gigante de Ébano". Dois momentos de sua carreira comprovam sua vitalidade física:
07/11/1954 Juventude 1x4 Internacional - Campeonato Metropolitano
Aos 29' do 1º tempo, Florindo e Carlinhos chocaram-se de cabeça, em uma disputa de bola. Florindo cortou o supercílio, mas voltou a campo. O jogador do Juventude teve que sair da partida, deixando o clube com dez jogadores, pois não havia substituição.
25/09/1958 Internacional 5x1 Santos - Amistoso
Aos 27', Florindo e Dorval chocaram-se. O atacante santista bateu a boca na cabeça do zagueiro colorado. Florindo foi temporariamente substituído por Barradas (o que era permitido, na época) e Dorval não voltou a campo.

As expulsões de Florindo:
24/03/1954 2x1 Nacional - Amistoso
Expulso nos minutos finais.
21/04/1956 0x1 Cruzeiro - Amistoso
 Aos 20' do 2º tempo Florindo recebeu um pontapé de Moreno e revidou, agredindo o adversário. Os dois foram expulsos.
12/05/1957 2x0 Força e Luz - Campeonato Metropolitano
Florindo foi expulso aos 24' do 1º tempo. Após desarmar Raimundo, o zagueiro sofreu uma falta violenta do mesmo jogador. Após a cobrança, a bola foi lançada para o meio campo, e Florindo desferiu uma bofetada em Raimundo, que o assistente Guilherme Sroka viu e denunciou ao árbitro.

domingo, 4 de outubro de 2020

Jogadores do Passado - Ary

Origem da foto: https://1909emcores.blogspot.com/
 

Em 4 de outubro de 1894 nascia em Rio Grande o menino Ary Terra Lopes.

A família mudou-se para Porto Alegre, e Ary buscou o Internacional para jogar futebol, onde tornou-se zagueiro. Sua estreia na equipe principal colorada ocorreu 29 de outubro de 1911, no amistoso em que o Internacional venceu a forte equipe do Ginásio Conceição, de São Leopoldo, por 2x1. A partida foi disputada na Baixada. Ele estreou como lateral direito. O titular, Volkmann, não poderia jogar. Túlio, ponteiro direito, seria escalado improvisado, mas também não pode jogar, e a posição ficou com Ary.

Em 1912 Ary voltou para o 2º quadro, onde sagrou-se campeão municipal. Ele regressaria ao time principal apenas em 22 de junho de 1913, na vitória de 6x0 sobre o Colombo, pelo Campeonato Municipal. Era a segunda partida do clube pelo campeonato. Ficou fora na partida seguinte, mas depois assumiu a titularidade da zaga, ao lado de Simão. Estava em campo, em 24 de agosto de 1913, quando o Colorado bateu o Colombo por 6x0 e conquistou seu primeiro título oficial. Titular em 1914, foi bicampeão municipal. Seu último jogo pelo clube ocorreu em 22 de novembro de 1914, no empate em 4x4 com o Rio Branco de Bagé. Na temporada de 1914, Ary fez dois únicos gols pelo Internacional, sobre o Americano e o 14 de Julho de Santana do Livramento.

Em 1913 Ary já aparece como aluno da Faculdade de Medicina. Provavelmente esse foi o motivo para encerrar a carreira no final de 1914, embora normalmente os atletas estudantes encerrassem suas carreiras ao concluírem seus cursos. Mas continuou próximo a seus amigos de clube. No carnaval de 1916, Ary aparece junto com Simão, Bendionda e Túlio, todos atletas do Internacional, em um mesmo bloco. Simão havia sido seu companheiro de zaga desde o 2º quadro.

Ary não aparece na lista de formandos de 1919. E no início de 1920 sua vida passaria por um drama. No dia 20 de março de 1920 ele atropelou e matou o menino Waldomiro Alves Pereira, em frente a Beneficência Portuguesa. Ary foi acusado de homicídio involuntário. Incurso no artigo 297 do Código Penal de 1890, ele podia ser condenado de dois a dois anos de prisão. Julgado no dia 11 de abril de 1921, Ary foi condenado. No dia 18 de abril o juiz Augusto Leonardo Salgado Guarita declarou que o réu se encontrava em local incerto e não sabido e determinava o prazo de dez dias para o mesmo se apresentar.

A partir desse momento, as notícias tornam-se escassas. É possível que Ary tenha sido preso, mas em 3 de junho de 1921 seu advogado conseguiu um habeas corpus. Em julho de 1922 ele entrou com um requerimento na Chefatura de Polícia, do qual não se sabe o motivo. Finalmente, Ary só reaparece na imprensa em 1934, na publicação de listas de eleitores da capital.

Após 1934, a única notícia que se sabe sobre Ary é que faleceu em Porto Alegre, em 18 de dezembro de 1980.

Números de Ary pelo Internacional
24 partidas
19 vitórias
3 empates
2 derrotas
2 gols marcados

campeão municipal em 1913 e 1914
campeão municipal de 2ºs quadros em 1912

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Municipal de 1945

Origem da foto: http://memoriadointer.blogspot.com/
 

O campeonato municipal de 1945 apresentava novidades. Além dos seis participantes das últimas três edições, Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Força e Luz, Nacional e São José, a competição contaria também com o Renner, campeão da 2ª divisão de 1944.

O Internacional, pentacampeão da cidade, estava no auge do Rolo Compressor e era o grande candidato ao título. Seus principais adversários eram o tradicional rival, Grêmio, e o bom time do Cruzeiro, que vinha obtendo bons resultados nos primeiros anos da década de 1940. A competição teria três turnos, e seria campeão quem somasse mais pontos.

O técnico colorado era Hermínio de Britto. Médio direito que disputou a Copa do Mundo de 1938, foi contratado pelo Internacional, junto ao Vasco da Gama, em abril de 1944. Atuou apenas duas vezes pelo time e tornou-se técnico. O time titular tinha um trio defensivo que atuava junto a várias temporadas: o goleiro Ivo e os zagueiros Alpheu e Nena. Na linha média, Vianna havia tomado a posição de Assis, mas Ávila e Abigail eram remanescentes da escalação clássica do Rolo. Na frente, os ponteiros Tesourinha e Carlitos eram ídolos incontestáveis. O centroavante Adãozinho havia sido um bom substituto para Villalba, enquanto Elizeu, Ivo Aguiar e o veterano Rui brigavam por duas vagas.

Na estreia, em 11/03/1945, o Colorado enfrentou o estreante Renner, nos Eucaliptos. Com três gols de Carlitos e um de Nena, o Internacional venceu por 4x0. A partida seguinte só ocorreria em 01/04, também nos Eucaliptos. Com gols de Elizeu (2) e Tesourinha, o Colorado bateu o São José por 3x0.

No dia 08/04, ainda nos Eucaliptos, o Internacional enfrentava seu grande rival. Empatados em vitórias na história do clássico, era a chance do Colorado passar a frente. No 1º tempo, Elizeu e Carlitos abriram vantagem para o Internacional. Bentevi e Mário Nidsberg empataram para o Grêmio, mas aos 36' da 2ª etapa Tesourinha marcou o gol da vitória colorada. Pela primeira vez o Internacional passava a frente em números de vitórias no Gre-Nal, e jamais perderia a liderança.

No dia 29/04 o Internacional enfrentou o Nacional, na Chácara das Camélias. Com gols de Carlitos (3), Tesourinha (2), Assis, Adãozinho e Rui, o Colorado abateu o "Ferrinho" por 8x1. O juiz ainda anulou um gol de Tesourinha. No dia 13/05, ocorreria o Inter-Cruz, na Montanha. Antes do início da partida, os atletas das duas equipes entraram em campo com bandeiras do Brasil, Inglaterra, Estados Unidos e União Soviética, e várias flâmulas do Brasil, em comemoração da vitória dos Aliados na II Guerra Mundial. Após receberem calorosos aplausos da torcida, foi observado um minuto de silêncio em homenagem aos mortos na guerra. Em campo, Carlitos e Rui garantiram a vitória por 2x0.

No dia 27/05, encerrando o 1º turno, o Colorado enfrentou o Força e Luz, na Timbaúva. Por iniciativa do Internacional, antes da partida os atletas dos dois clubes entraram no gramado, acompanhados de uma banda, e percorreram o campo recolhendo doações dos torcedores para a construção de um Monumento aos Expedicionários. Com a bola rolando, o Colorado venceu por 8x0, gols de Carlitos (3), Adãozinho (2), Rui (2) e Tesourinha. O Internacional somou 12 pontos, contra apenas 7 do seu rival.

A estreia no 2º turno ocorreu no dia 10/06, no Tiradentes, campo do Renner. O Colorado bateu os donos da casa por 2x0, gols de Ávila e Tesourinha. No dia 17/06, em uma partida movimentada no Passo da Areia, o Internacional bateu o São José por 3x2, gols de Carlitos (2) e Rui. Ávila, do Internacional, e Tibica, do Zequinha, foram expulsos.

O dia 24/06 marcava o clássico Gre-Nal na Baixada. Um grande número de torcedores compareceu ao estádio. A polícia proibiu a venda de ingressos às 14:15 horas, temendo superlotação. Adãozinho abriu o placar logo aos 3'. Aos 21', Adãozinho marcou mais um, e pela primeira vez o Internacional superava o Grêmio em gols no clássico, outra vantagem que nunca mais perderia. Carlitos marcou o 3º, ainda no 1º tempo. Na 2ª etapa Segura descontou, mas Tesourinha fechou o placar em 4x1. Após o jogo, extensa passeata de torcedores colorados saiu da Baixada em direção ao centro da cidade, carregando bandeiras, flâmulas e cartazes humorísticos e de exaltação ao clube. Em virtude do resultado, o técnico gremista pediu demissão do cargo.

Em 15/07, nos Eucaliptos, o Internacional fez 6x1 no Nacional, com gols de Adãozinho (3), Elizeu, Tesourinha e Rui. Assis ainda perdeu um pênalti. No dia 12/08, o Internacional recebeu seu adversário mais forte e perdeu seu 1º ponto, ao empatar em 1x1 com o Cruzeiro, nos Eucaliptos. Rui fez o gol colorado. Fechando o 2º turno, em 26/08, o Internacional recebeu o Força e Luz, aplicando impiedosos 12x0, gols de Tesourinha (4), Elizeu (3), Rui (2), Ávila (2) e Melechi (contra). O mesmo Melechi acabaria expulso. O Internacional somava 23 pontos contra 15 do Grêmio.

O 3º turno reuniria apenas os quatro melhores classificados, que mantinham sua pontuação. Os jogos seriam em estádios neutros. Internacional, Grêmio, Cruzeiro e Renner foram os quatro classificados. Em seu primeiro jogo no 3º turno, o Internacional enfrentou o Cruzeiro na Timbaúva, na melhor partida do campeonato. Aos 5', Saladuro fez 1x0 para o Cruzeiro, mas aos 9' Rui empatou. Ferrari fez 2x1 aos 18', e o Cruzeiro terminou a 1ª etapa vencendo por 2x1. Logo aos 10' do 2º tempo, Lombardini fez 3x1 para o Cruzeiro. Adãozinho diminuiu aos 18', e aos 20' Carlitos empatou, no famoso gol do "Plano Inclinado": ele tinha passado da linha da bola cruzada sobre a pequena área, e precisou inclinar o corpo para trás para fazer o gol, com registro do fotógrafo Santos Vidarte, que disse "Obrigado, Carlitos, eu já tenho a minha foto e posso ir para casa". Aos 21', Rui virou o jogo, mas aos 30' Saladuro empatou definitivamente: 4x4.

No dia 30/09 ocorreu o Gre-Nal do 3º turno, no Passo da Areia. Ivo Aguiar, ex-jogador do Grêmio, abriu o marcador para o Internacional. Pouco depois, Hugo, contra, aumentou para o Colorado. Aos 45' do 1º tempo, o juiz João Valente Barros marcou um pênalti duvidoso a favor do Grêmio e torcedores tentaram agredir o árbitro. Passada a confusão, Sanghinetti cobrou a penalidade e diminuiu. Aos 7' do 2º tempo, Tesourinha fez 3x1, marcando o gol de nº 400 em Gre-Nais, recebendo mais tarde uma medalha da ACEPA (Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre) por este feito. Carlitos, de pênalti, ampliou o placar e Massinha descontou no final do jogo, decretando o 4x2. O Correio do Povo definiu assim o resultado da partida: "O Internacional conquistou um triunfo merecido e o placard poderia, sem dúvida, ter sido mais contundente, se os rapazes do 'Rolo Compressor' não houvessem se poupado em demasia". O jornal referia-se ao fato de que os jogadores estavam se poupando para a excursão ao Nordeste, que o clube faria logo a seguir.

No dia 04/10, o Internacional encerrava sua participação no campeonato, conquistando o hexa, ao bater o Renner por 2x1, na Baixada, dois gols de Adãozinho. Era um título inédito. Nenhum clube havia conseguido ser hexacampeão municipal antes, e nenhum seria depois. Em comemoração ao feito, os atletas colorados foram proclamados pela torcida "doutores em futebol".

Atletas que participaram da campanha:



Craques: Tesourinha


Em 3 de outubro de 1921 nascia o menino Osmar Fortes Barcellos, filho de Bonifácio Fortes Barcellos e Ernestina Alvima Fortes Barcellos. Sua família residia na rua Lobo da Costa. Seu pai era motorista e sua mãe dona de casa. O menino tinha dois irmãos mais velhos: Vilma e Ademar.

O avô de Tesourinha teve dois filhos mais velhos que seu pai. Mas eles não sobreviveram. Em 22 de janeiro de 1894, era sepultado o menino Ademar, de 3 anos de idade.
Uma semana depois, no dia 29, Bonifácio enterrava sua filha Clemencia, de 14 meses.

Mas em 1895 nasceu Bonifácio Fortes Barcellos, com o mesmo nome do pai. Em agosto de 1917 Bonifácio contratou casamento com Ernestina Alvima de Moraes, com quem teria três filhos. Um deles, Osmar.

O pai do menino Osmar, porém, faleceu em 16 de junho de 1925. Sua mãe, pouco tempo depois, casou com Fausto Venâncio dos Santos e a família foi morar na rua Baronesa do Gravataí. O padrasto de Osmar era um dos fundadores do Bloco Os Tesouras, e seus enteados foram apelidados de Tesoura (Ademar) e Tesourinha (Osmar). Mas a década de 1930 também traria tristezas para a família. Um dia, após tentar um salto mortal, Ademar, o Tesoura, feriu-se com seriedade e veio a falecer.

Tesourinha se criou nos campos de várzea de Porto Alegre, jogando em clubes como o Juventude, Madureira e Setembrino. Em 1939, após um amistoso entre o Setembrino e os juvenis do Internacional, Tesourinha chamou a atenção dos dirigentes colorados. O futuro craque já tinha um convite do Ferroviário, da Série B, para profissionalizar-se, mas acabou assinando com o Internacional.
 
Em 22 de outubro de 1939 o Internacional enfrentava o Cruzeiro, nos Eucaliptos, pela 2ª rodada do campeonato municipal. A estreia não havia sido boa, derrota em casa para o Grêmio, por 3x2. Para o Inter-Cruz o clube não apresentava novidades.

O nome da partida foi Brandão, que marcou os dois gols colorados, na vitória de 2x1. No 2º tempo, estreou no Internacional um garoto magricela, que substituiu Carlitos. Era Tesourinha.

E logo depois que estreou, Tesourinha não saiu mais do time. No início, foi favorecido pela convocação de Carlitos para a seleção gaúcha (Tesourinha era ponteiro-esquerdo de origem). Com a volta de Carlitos da seleção, Tesourinha foi para a direita, de onde não saiu mais.

Seu primeiro gol ocorreu em sua 4ª partida, goleada de 7x0 no Força e Luz. Esse foi seu único gol em 1939, onde disputou apenas as 4 últimas partidas da temporada. O jogo seguinte, já em 1940, mas ainda válido pelo campeonato municipal de 1939, era o Gre-Nal: vencemos por 6x1, e Tesourinha fez mais um gol. No campeonato de 1939, encerrado em fevereiro de 1940, o Internacional foi vice. Mas já estava germinando a semente do grande time dos anos 1940.

O primeiro contrato profissional de Tesourinha foi assinado somente em 1940. O atleta recebia 200 mil réis por mês, mais um quilo de carne e dois litros de leite diários, por sugestão do médico do clube, que o achava muito magro. Em 1940 Tesourinha foi campeão municipal e estadual, marcando 11 gols na temporada. 


Em 1941, o bicampeonato, com 9 gols. No ano seguinte, tri, com 16 gols. Em 1943 o Colorado chegava ao tetra, com um recorde de gols: 27.

Na temporada de 1944, além do pentacampeonato, Tesourinha foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Flamengo, São Paulo e Palmeiras tentaram contratá-lo, sem sucesso. Pela Seleção Gaúcha, participou da memorável vitória de 2x1 sobre a imbatível Seleção Paulista, no Rio de Janeiro. Tesourinha também foi o artilheiro colorado da temporada, com 19 gols.

Em 1945 Tesourinha disputou o Campeonato Sul-Americano, no Chile, sendo eleito o melhor ponteiro-direito da América. No mesmo ano, o Internacional foi hexacampeão estadual. Seus atletas receberam uma premiação de três mil cruzeiros, cada, e foram diplomados "doutores em futebol". Tesourinha fez 24 gols pelo Internacional, na temporada.

Em 1946 Tesourinha voltou a ser escolhido o melhor ponteiro-direito da América. Pelo Colorado, marcou 11 gols.

Em 1947 o Internacional voltou a conquistar o título gaúcho, com 17 gols de Tesourinha.

 O bi veio em 1948, com 23 gols. Com direito a goleada de 7x0 sobre o Grêmio.

A temporada de 1949 foi marcada por conquistas pessoais. Primeiro, foi eleito o "Melhoral dos Cracks", disputando o voto popular com os principais jogadores do país. Depois, pela Seleção Brasileira, foi campeão sul-americano, feito que não ocorria desde 1922. Tesourinha marcou dois gols na decisão, quando o Brasil goleou o Paraguai por 7x0. No final da temporada de 1949 finalmente o Internacional concordou em negociar Tesourinha, vendendo-o para o Vasco da Gama, por 300 mil cruzeiros, o passe do atacante Solís e mais a renda de um amistoso a ser disputado. Na sua última temporada no Internacional, Tesourinha marcou 20 gols. Seu último jogo ocorreu em 4 de dezembro de 1949, um amistoso contra o Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul.

No Vasco, Tesourinha foi campeão carioca em 1950, conquistando, no mesmo ano, o título brasileiro pela Seleção Carioca. Na véspera da Copa do Mundo, porém, uma lesão no joelho o deixou fora do Mundial. Em 1952, com um problema crônico, Tesourinha voltou ao sul, e surpreendentemente, para jogar no Grêmio, tornando-se o primeiro negro a vestir a camisa tricolor.. Isso levou o humorista Carlos Nobre a dizer: "sua importância foi tão grande que, por sua causa, assinaram a Lei Áurea no Grêmio". Pelo Grêmio, Tesourinha não conquistou títulos, nem fez gol em Gre-Nal. Em 1955 acabou transferindo-se para o pequeno Nacional, onde jogou até 1957. Tesourinha encerrou a carreira dois dias antes de completar 36 anos. Sua despedida do futebol ocorreu em 1º de outubro de 1957. No Olímpico, festejava-se o Dia do Cronista. Na partida de fundo, seria disputado o amistoso Grêmio x Corinthians. Antes da partida, vestindo a camisa do Nacional, Tesourinha foi ao centro do gramado e chutou a bola. A seguir, deu uma volta olímpica, seguido por garotos com as camisas de Internacional, Grêmio, Vasco da Gama, Nacional, Seleção Gaúcha e Seleção Brasileira.

Em 1960 Tesourinha teve uma breve passagem como técnico do Montenegro. Depois, trabalhou nas categorias de base do Internacional.

Em 26 de março de 1969, o Internacional despedia-se do antigo estádio dos Eucaliptos. O Beira-Rio seria inaugurado dias depois. O clubes disputava um amistoso com o Rio Grande. Perto do final do jogo, é anunciada uma substituição nos auto falantes do estádio: Tesourinha no lugar de Bráulio. E para a surpresa da torcida, era o antigo ídolo, que voltava a jogar. Após o fim da partida, ao som da Valsa do Adeus, Tesourinha e Carlitos, outro antigo ídolo, retiraram as redes do campo.

Em 1977 Tesourinha começou a sentir os primeiros sintomas de um câncer de estomago. Em 1978 vieram as primeiras internações. E em 17 de junho de 1979 Tesourinha faleceu.

Tesourinha marcou 178 gols pelo Internacional. Suas vítimas:
29 gols
São José
26 gols
Força e Luz
17 gols
Grêmio e Nacional
15 gols
Cruzeiro
13 gols
Renner
6 gols
Pelotas e Floriano
5 gols
Guarany de Cachoeira do Sul
3 gols
Porto Alegre, Internacional SM, 14 de Julho PF, Rio Grande e Figueirense SC
2 gols
Combinado de Porto Alegre, Juventude, Brasil de Pelotas, Bagé, Riograndense RG, Gaúcho, Ypiranga BA e Sol de América PAR
1 gol
Atlântico, Bancário, Armour, Flamengo de Caxias do Sul, Montenegro, Farroupilha, Bahia BA, Palmeiras SP, América RJ, Paula Ramos SC, Coritiba PR, Estudiantes ARG e Defensor URU

quinta-feira, 1 de outubro de 2020

Um jogo - Internacional 2x1 Atlético MG - 01/10/1969


Em uma quarta-feira, 1º de outubro de 1969, o Internacional enfrentava o Atlético Mineiro no Beira-Rio, pelo Robertão. O Colorado vinha de um resultado ruim, derrota para o Corinthians, no Pacaembu.

Em relação ao time derrotado em São Paulo, o técnico Daltro Menezes anunciava uma mudança: o ponteiro-esquerdo Canhoto sairia do time, o meia-atacante Dorinho jogaria mais a frente e o centromédio Tovar ingressaria no time, fechando o meio-campo com Carbone. Era uma equipe mais defensiva. O Galo, treinado pelo disciplinador Yustrich, vinha de uma derrota no clássico frente ao Cruzeiro, por 2x1.

Mais de 30 mil colorados compareceram ao Beira-Rio para apoiar o time. Na preliminar, a equipe sub-20 colorada (na época chamada de juvenil) enfrentou o time do Tesouro do Estado. As 21:15 horas os dois times foram ao gramado, comandados pelo trio de arbitragem formado pelo árbitro paulista Romualdo Arppi Filho e pelos assistentes gaúchos Agomar Martins e José Cavalheiro de Morais. Os times estavam assim formados:

INT: Gainete; Laurício, Scala, Valmir e Jorge Andrade; Carbone e Tovar; Valdomiro, Claudiomiro, Sérgio Galocha e Dorinho
ATL: Mussula; Humberto Monteiro, Grapete, Zé Horta e Vantuir; Oldair e Amauri; Ronaldo, Dario, Vaguinho e Caldeira

Romualdo Arppi Filho tinha trinta anos, na época, e fora afastado dos quadros de árbitros da Federação Paulista de Futebol (FPF), por causa de arbitragens polêmicas. Mas devido a bons contatos, entre eles João  Mendonça Falcão, presidente da FPF, voltou a trabalhar no Robertão, sendo inclusive indicado como um dos possíveis árbitros brasileiros na Copa do Mundo do México (em 1986, novamente no México, ele apitaria a final do Mundial). João Mendonça Falcão foi um político que dirigiu a FPF por vários anos. Suas atuações a frente da FPF e como deputado estadual e federal foram muito questionáveis, a ponto de ele ser um dos poucos deputados cassados pela ditadura por corrupção.

Nos primeiros quinze minutos de jogo, o Atlético foi superior, atuando em um ritmo alucinante, mas sem criar chances de gol. Logo o Colorado emparelhou o jogo, e a partir dos 20', pressionando o Atlético. 

Aos 28', Claudiomiro tabelou com Sérgio Galocha, driblou Grapete e chutou no canto esquerdo para marcar. Internacional 1x0! Aos 30', Sérgio Galocha sofreu pênalti, mas o juiz não marcou. Aos 37', Tovar lançou Claudiomiro em profundidade. O atacante livrou-se do marcador, invadiu a área, driblou o goleiro Mussula e entrou no gol com bola e tudo. Internacional 2x0! Os jogadores do Atlético, sem razão, partiram para cima do juiz, reclamando de um suposto impedimento de Claudiomiro. Apesar da agressividade dos atleticanos, o juiz ouviu tudo em silêncio, sem advertir ninguém.

No 2º tempo, o ritmo caiu. Mesmo assim, aos 30', Claudiomiro cabeceou para o gol. A bola passou por Mussula, mas Grapete (ou Humberto Monteiro, segundo algumas fontes) tirou a bola de dentro do gol. O juiz não confirmou o gol. Além disso, várias inversões de faltas irritavam os atletas colorados.

Nos últimos 15 minutos, o Atlético começou a abusar da violência. Tovar e Dorinho, lesionados, tiveram que ser substituídos por Lamas e Bráulio. Aos 43', Valdomiro foi violentamente atingido por Vantuir, e teve uma parada respiratória. A ação rápida do médico colorado João Maciel evitou uma tragédia, salvando a vida do atacante.

Aos 44', com os jogadores colorados ainda preocupados, Ronaldo cobrou escanteio, a defesa parou e Dario cabeceou para as redes, diminuindo o placar.

Valdomiro, recuperando a consciência, tentou voltar ao jogo, mas não conseguiu. O Internacional terminou a partida com 10 atletas em campo.

Ao final da partida, o juiz teve que sair do estádio com proteção policial, pois vários torcedores colorados queriam agredi-lo, pela péssima atuação.

Mas apesar de tudo, o Internacional vingou o futebol gaúcho, pois o Galo havia batido o Grêmio por 3x1.

No mesmo dia, o zagueiro colorado Scala recebia uma boa notícia. Adolfo Milman, supervisor da Seleção Brasileira, afirmou que o craque colorado era o preferido de Saldanha. Infelizmente, uma lesão e a troca de Saldanha por Zagallo impediram que Scala conquistasse a Copa do Mundo.




NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Gaúcho de 1970


O Campeonato Gaúcho de 1970 repetiu as duas edições anteriores e teve 18 participantes. Eram eles:

Internacional
Grêmio
Cruzeiro
São José
Brasil
Pelotas
Farroupilha
Flamengo
Juventude
Gaúcho
14 de Julho PF
Aimoré
Novo Hamburgo
Ypiranga
Internacional SM
Santa Cruz
Guarany de Bagé
Esportivo

Os clubes foram divididos em dois grupos de nove equipes, que jogariam em turno e returno, dentro do grupo. Os cinco primeiros de cada grupo se classificariam para o Decagonal Final, também disputado em turno e returno. O clube que somasse mais pontos seria campeão.

Na 1ª Fase o Internacional, que defendia o título, ficou na Chave Sul, junto com Cruzeiro, Brasil, Pelotas, Farroupilha, Guarany, Novo Hamburgo, Aimoré e Santa Cruz.

A estreia colorada ocorreu no dia 22 de fevereiro de 1970, nos Plátanos, contra o Santa Cruz. O time não apresentava nenhuma novidade em relação ao ano anterior. Na equipe titular, apenas uma mudança: Carbone foi para o banco e Canhoto entrou no time, com Dorinho recuando para o meio. O time foi a campo com: Gainete; Édson Madureira (Chiquinho), Valmir, Pontes e Jorge Andrade; Tovar (Carbone) e Dorinho; Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro e Canhoto. Sem empolgar, o Colorado venceu por 1x0, gol de Valdomiro.

Na partida seguinte, no Beira-Rio, sem Tovar e Claudiomiro, substituídos por Carbone e Chiquinho, o Internacional bateu o Brasil de Pelotas por 3x1, gols de Dorinho (2) e Chiquinho. O zagueiro Macau, que havia retornado de um empréstimo ao Flamengo de Caxias do Sul, entrou na equipe durante o jogo.

No Inter-Cruz, Daltro Menezes mandou a campo uma equipe reserva, onde se destacavam os ex-titulares Tovar e Bráulio e o jovem Paulo César Carpegiani. Na Montanha, o Internacional venceu por 2x0, com dois gols de Bráulio. Na partida seguinte, em casa, contra o Farroupilha, até o técnico era reserva, pois o time principal havia ido jogar um torneio no interior de São Paulo. Com Cláudio Duarte, Bráulio e Carpegiani, o Colorado venceu de virada, 2x1, gols de Mosquito e Carpegiani.

No jogo seguinte os titulares voltaram e o Internacional bateu o Pelotas, na Boca do Lobo, por 2x1, gols de Claudiomiro e Tovar. Após uma pausa para amistosos internacionais (Seleção do Peru, Nacional URU e Seleção do Uruguai), o Colorado voltou ao Gauchão com uma equipe mista, que bateu o Guarany, no Beira-Rio, por 4x0, gols de Claudiomiro, Escurinho (de bicicleta), Didi e Valdomiro. Em 12 de abril, uma equipe reserva enfrentou o Aimoré, no Cristo-Rei, enquanto os titulares jogavam no Uruguai. Escurinho, Laurício e Carpegiani garantiram a vitória por 3x0. Já com Daltro no comando, os reservas voltaram a atuar contra o Novo Hamburgo, no Beira-Rio, mas ficaram no 1x1, gol de Chiquinho. O Colorado terminava o turno com um ponto perdido, enquanto o rival, derrotado por Juventude e Esportivo, perdia quatro pontos.

Na abertura do returno, com reservas, pois os titulares estavam no Peru, o Internacional perdeu para o Brasil, em Pelotas (0x1). Na mesma situação, perdeu a partida seguinte, no Beira-Rio, para o Cruzeiro (0x1). No dia 6 de maio, o grupo reserva fez a preliminar de Internacional 0x0 CSKA Sofia, no Beira-Rio. Pelo Gauchão, os reservas fizeram 2x0 no Santa Cruz, gols de Escurinho e Macau.

No dia 9 de maio, um acontecimento característico dos tempos sombrios que o país vivia. O Internacional foi convidado para disputar um amistoso com o Grêmio, que marcaria a inauguração do novo sistema de inauguração do Olímpico, com a presença do ditador Emílio Garrastazu Médici, torcedor do Tricolor. O Colorado anunciou que enviaria a equipe reserva, mas foi pressionado a mandar a campo os titulares, pois a partida fazia parte da agenda oficial do general ditador, em sua visita ao estado. Os atletas colorados tinham claramente a lembrança da briga que os gremistas provocaram, meses antes, no primeiro clássico no Beira-Rio, e decidiram que não perderiam o jogo e revidariam a qualquer provocação. Em campo, os atletas colorados deixaram clara essa intenção: marcavam forte e não davam espaço ao adversário. No 2º tempo, Sérgio Galocha foi expulso aos 26', por falta em Ari Hercílio. Aos 29', o juiz José Luiz Barreto expulsou Tovar, alegando jogo violento. O capitão colorado, Gainete, discutiu com o juiz e ameaçou tirar o time de campo. Preocupados com o "vexame" diante do ditador, os organizadores do evento tentaram acalmar os ânimos. O Colorado continuou em campo, mas quem pensava ver uma vitória fácil do Grêmio sobre um adversário com 9 jogadores, viu o Internacional tocar a bola e gastar o tempo, ameaçando nos minutos finais até vencer a partida, que terminou 0x0. A imprensa gaúcha, simpatizante com o regime, atacou fortemente o Internacional em suas matérias pós-jogo, como se pode ver neste trecho do Diário de Notícias.

Voltando ao campeonato, com os titulares o Internacional empatou em 1x1 com o Novo Hamburgo, no Santa Rosa. Claudiomiro marcou o gol colorado, e Gainete sofreu o gol de empate em um de seus famosos "golpes de vista". No dia 21 de maio, o Internacional empatou em 1x1 com o Vitória de Setúbal. Na preliminar, os reservas venceram o Aimoré por 2x0, gols de Gílson Porto e Escurinho. Daltro Menezes comandou as duas equipes.

Na reta final do returno, no Nicolau Fico, o Colorado venceu o Farroupilha (1x0) gol de Marciano. No Estrela D'Alva, 4x2 no Guarany, gols de Claudiomiro (3) e Bráulio. E na última rodada da 1ª fase, os reservas bateram o Pelotas, no Beira-Rio (2x0), gols de Escurinho e Tovar.

Classificaram-se para o Decagonal Final Internacional, Cruzeiro, Novo Hamburgo, Pelotas, Santa Cruz (Chave Sul), Grêmio, Flamengo, Internacional SM, Esportivo e 14 de Julho (Chave Centro).

A estreia no Decagonal Final foi contra o Novo Hamburgo, no Beira-Rio. O Nóia havia empatado as duas partidas anteriores com o Colorado, mas desta vez perdeu, 1x0, gol de Dorinho. Na rodada seguinte, no Vermelhão da Serra, o Internacional fez 3x0 no 14 de Julho, onde despontava o lateral-esquerdo Vacaria. Claudiomiro fez os três gols. A seguir, 1x0 no Pelotas, no Beira-Rio, gol de Claudiomiro. Ainda no Beira-Rio, 1x0 no Esportivo, novamente gol de Claudiomiro, que ainda perdeu um pênalti. Em Santa Maria, Dorinho fez o gol da vitória sobre o Coloradinho local (1x0). Em Caxias do Sul, 1x0 no Flamengo, gol de Didi. Nessa rodada, o Grêmio empatou em 0x0 com o Novo Hamburgo, ficando um ponto para trás.

No dia 9 de agosto, o primeiro clássico do campeonato. Mais de 50 mil pessoas compareceram ao Beira-Rio para assistir o empate em 0x0. Aos 34' do 1º tempo, Claudiomiro foi derrubado por Jamir, na área. O juiz Agomar Martins marcou pênalti, mas voltou atrás porquê o assistente Orlando Simões alegou impedimento de Claudiomiro. Na sequência, nos Plátanos, 1x0 no Santa Cruz, gol de Sérgio Galocha. Na última rodada do turno, um tropeço, 0x0 com o Cruzeiro. Mas o time não perdeu a liderança isolada, pois o Grêmio ficou no 2x2 com o Esportivo.

Na abertura do returno, outro tropeço, um 0x0 com o Internacional SM, no Beira-Rio. Aos 17' do 2º tempo, Dorinho cobrou pênalti e o goleiro Nílson defendeu. O Grêmio bateu o Cruzeiro por 1x0 e alcançou o Colorado. Na Boca do Lobo, 2x0 no Pelotas (Valdomiro e Sérgio Galocha). No Beira-Rio, 3x0 no Santa Cruz, gols de Claudiomiro (2) e Valmir. E em Bento Gonçalves, 1x0 no Esportivo, gol de Claudiomiro. No dia 13 de setembro, o Internacional fez 2x0 no Flamengo, no Beira-Rio, com gols de Claudiomiro e Valdomiro, e recuperou a liderança isolada, pois o Grêmio voltou a empatar com o Novo Hamburgo (0x0).

No dia 20 de setembro ocorreu o Gre-Nal, no Olímpico. O Grêmio precisava vencer, para assumir a liderança, e abriu o placar aos 12' do 1º tempo, com Loivo. Mas no 2º tempo, Valdomiro cobrou falta e empatou, aos 8', e aos 11' Edson Madureira virou a partida. O Internacional venceu por 2x1 e abriu três pontos de vantagem, faltando três jogos para o fim do campeonato. O título estava bem encaminhado.

Na rodada seguinte, porém, o Colorado ficou em 0x0 com o Cruzeiro, no Beira-Rio, enquanto o Grêmio vencia o Santa Cruz, e a diferença caiu para dois pontos. Na penúltima rodada, o Internacional fez 1x0 no Novo Hamburgo, no Santa Rosa, gol de Claudiomiro, mas o Grêmio bateu o 14 de Julho e manteve-se vivo.

A última rodada começou a ser disputada no dia 1º de outubro, uma quinta-feira. O Internacional enfrentava o 14 de Julho, no Beira-Rio. O Grêmio, para chegar ao título, torcia por uma derrota colorada, e precisaria vencer o Flamengo, em Caxias do Sul, no domingo. Mas ninguém duvidava do título colorado.

O Internacional foi a campo com: Gainete; Édson Madureira, Pontes, Valmir e Sadi; Tovar e Carbone; Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro e Dorinho. O Diário de Notícias assim descreve a entrada do time em campo: "Saudado com um foguetório ensurdecedor, charanga em ação, o estádio cheio aplaudindo e vibrando". O jogo começa e o Internacional é todo pressão. As chances de gol se acumulam, mas Volnei, goleiro do 14 de Julho, destaca-se como principal jogador em campo. A melhor chance ocorre aos 38' do 1º tempo, quando Bráulio chutou na trave. No 2º tempo, a situação se mantém. Aos 11', Daltro tira o centromédio Tovar e coloca o atacante Didi, para dar mais força ofensiva. Aos 26', Claudiomiro passa para Bráulio, que chuta para as redes. Internacional 1x0! O Beira-Rio explode! Bráulio, abraçado por seus companheiros, chora copiosamente. A pressão continua. Aos 37', Bráulio lesiona-se, mas o time já fez todas as alterações. O jogador permanece fora de campo, sendo atendido, até o fim da partida. Mas mesmo com um a menos, aos 41' Valdomiro cobra falta perto da área em marca. Internacional 2x0! Pouco depois a partida termina e começa a festa do povo, que invade o gramado.

No domingo, já sem chances de título, o Grêmio perdeu por 2x1 para o Flamengo, que ficou em 3º lugar.