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quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Nossos títulos - Taça Cidade de Porto Alegre de 1949

 

A Taça Cidade de Porto Alegre foi um torneio disputado em quatro edições, até o Internacional ficar em posse definitiva do troféu. Para saber mais sobre o torneio: https://futeboloutrahistoria.blogspot.com/2019/11/taca-cidade-de-porto-alegre.html .

O regulamento do torneio era simples: ao final do 1º turno, os quatro melhores do campeonato se enfrentavam: o primeiro contra o quarto, e o segundo contra o terceiro. No final da temporada os dois vencedores decidiam o título.

Em 1949 a 1ª fase foi disputada em 7 de setembro, no estádio da Montanha. São José x Nacional fariam a preliminar, e o clássico Gre-Nal seria o jogo de fundo.

Na partida de fundo, o Nacional começou sem grandes dificuldades, e foi para o intervalo vencendo por 2x0, gols de Quinzinho e Guaraci. Mas no 2º tempo o São José reagiu e chegou ao empate, com gols de Aldeia e Roni. E quando tudo indicava a realização de prorrogação, Quinzinho voltou a marcar, dando a vitória ao Nacional por 3x2.

O jogo de fundo era o Gre-Nal. O inglês Cyril John Barrick, considerado o melhor árbitro do mundo, dirigiria a partida. O Internacional, desde o início, foi superior. Logo aos 7', uma jogada trabalhada que envolveu quase todo o ataque colorado, levou à abertura do placar: Malinho passou para Tesourinha, que passou para Adãozinho. O centroavante passou para Villalba, que churou forte para marcar. Aina no primeiro tempo, aos 35', Adãozinho fechou o placar, marcando o segundo gol colorado de bicicleta. Internacional 2x0 Grêmio.

A final ocorreu em 30 de novembro, uma quarta-feira, também no estádio da Montanha. Na preliminar jogaram Pampas FC x GE Florestal, dois clubes do futebol varzeano da cidade. O árbitro inglês Cyril John Barrick novamente comandou a partida. Seria seu último jogo no Brasil, pois seu contrato se encerrava naquele mesmo dia. Antes da partida, os jogadores colorados ofereceram uma placa de prata ao árbitro, em homenagem à sua atuação no Brasil. O zagueiro colorado Ilmo fez um rápido discurso em inglês. Mais tarde o contrato de Barrick seria renovado e ele ficaria mais uma temporada em Porto Alegre. Com a bola rolando, o bom time do Nacional, treinado por Teté, manteve a posse de bola por mais tempo, mas o Internacional era mais perigoso quando ia ao ataque. E aos 41' do 1º tempo, Adãozinho driblou vários adversários e cruzou para a área. Os zagueiros Pipoca e Lindoberto não foram na bola, esperando que o goleiro Rossari fosse nela. Mas o goleiro não saiu do gol e Carlitos aproveitou o vacilo da defesa para chutar a bola para as redes. Internacional 1x0, o único gol da noite.

Esse foi o último título de Tesourinha pelo Internacional. O ponteiro-direito ainda jogaria mais dois amistosos, antes de se transferir para o Vasco da Gama.

O troféu da Taça Cidade de Porto Alegre, conquistado em definitivo pelo Internacional no início do ano de 1951, está guardado no acervo reserva do Museu do clube.

Jogadores do passado - Miller


Carlos Edmundo Miller nasceu em 28 de novembro de 1894, em Cuiabá (MT).

Ele mudou-se para Porto Alegre com o objetivo de cursar Engenharia. No ano de 1913 ingressou na Escola de Engenharia e também no Internacional.

Miller estreou no Colorado em 22 de junho de 1913, na vitória por 6x0 sobre o Colombo, partida válida pelo campeonato municipal. Atuando na meia-esquerda, ele ocupou o lugar de Pedro Chaves, titular em 1912, que passou a jogar de lateral-esquerdo em 1913. No jogo seguinte, em 13 de julho, a partida não chegou ao fim. O Internacional vencia por 1x0 quando o Fussball empatou em gol considerado irregular peplos atletas colorados. Revoltados, os rubros exigiram a troca do árbitro Henrique Sommer, sócio do Grêmio, mas o Fussball não aceitou. A partida foi paralisada e dias depois Grêmio e Fussball abandonaram a liga.

Na mesma época, Miller aparece na imprensa por um evento relacionado à faculdade. Em 21 de julho ele mandou publicar (outros colegas também fizeram o mesmo) uma nota discordando de posições críticas à direção da Escola de Engenharia, divulgadas dias antes.

No dia 10 de agosto de 1913, o Internacional venceu o Frisch Auf por 10x1, na Chácara dos Eucaliptos, pelo campeonato municipal, e Miller fez seu primeiro gol, o sexto tento colorado na partida. No jogo seguinte, em 24 de agosto, o Colorado bateu o Colombo por 6x0 e conquistou seu primeiro título no campeonato da cidade. O ataque titular do primeiro título era formado por Túlio, Galvão, Pinto, Miller e Vares.
Após a conquista do título, o Internacional jogou amistosos com o Guarany de Bagé (2x0 e 1x3) e Rio Branco de Pelotas (3x2). A única mudança no ataque foi a entrada de Bendionda no lugar de Pinto. Para encerrar o campeonato e a temporada, o Colorado bateu o Frisch Auf por 5x1 e Miller marcou seu segundo gol.

Na temporada de 1914, Miller não atuou no primeiro amistoso, mas estava no segundo jogo, 2x1 sobre o Colombo, em 26 de abril. Na abertura do campeonato municipal, em 10 de maio, o Internacional bateu o Colombo por 7x0 e Miller marcou dois gols. O ataque titular nesse início de temporada era formado por Túlio, Galvão, Pinto, Miller e Vares. No jogo seguinte, em 24 de maio, Miller foi para a meia-direita, no lugar de Galvão, entrando o uruguaio Beheregaray na esquerda. O Internacional venceu o Americano por 15x2 e Miller marcou mais dois gols. Na partida seguinte, Miller voltou à meia-esquerda, com Bendionda jogando na direita. Vitória de 9x0 sobre o Frisch Auf, com Miller abrindo o placar.

Em 14 de julho o Internacional enfrentou o Rio Grande, em amistoso, e venceu por 5x1. Foi a maior derrota que o clube riograndino já havia sofrido para um clube gaúcho. E só não foi pior porque ao final do jogo, com o placar já 5x1, Kluwe cobrou um pênalti propositalmente para fora. Nessa partida Miller fez mais um gol. Em agosto, Miller ficaria de fora de duas partidas, contra o Cruzeiro, pelo campeonato, e no amistoso contra o Brasil de Pelotas. Mas voltou a campo no amistoso contra o Rio Branco, também de Pelotas. A partida terminou 1x1 e Miller fez o gol colorado. Mas em seguida ficaria de fora das outras três partidas da excursão colorada ao exterior.

Em 23 de agosto, de volta ao campeonato municipal, o Internacional bateu o Colombo por 6x1 e Miller marcou dois gols. Em 20 de setembro, em amistoso com o Cruzeiro, o Internacional venceu por 10x2 e Miller também fez dois gols. Miller também atuaria nos dois amistosos contra o 14 de Julho de Santana do Livramento, na disputa de um título "simbólico" de campeão gaúcho, pois os dois clubes tinham feito grande temporada. No primeiro jogo, 0x0. No desempate, vitória colorada por 5x0, com Miller fazendo os dois últimos gols. Mas Miller não atuaria nos dois amistosos seguintes de encerramento de temporada.

Em 1915 Miller passou vários meses sem atuar. Seu primeiro jogo pelo clube ocorreu apenas em 1º de agosto (a 11ª partida do clube). Pelo campeonato, o Internacional venceu o Cruzeiro por 4x2 e Miller fez o último gol do jogo. Contra o São Paulo, nova vitória: 8x0 e dois gols de Miller. O ataque titular passava a ser Túlio, Oswaldo, Bendionda, Miller e Vares. Em 26 de setembro, no amistoso que comemorava a fusão da Liga de Foot-Ball Porto Alegrense e da Associação de Foot-Ball Porto Alegrense, o Internacional bateu o Fussball por 10x2 e Miller marcou um dos gols. Umberto Salvini, árbitro oficial da Liga de Torino e que estava visitando Porto Alegre, dirigiu a partida. No dia 14 de outubro, o Internacional bateu o São Paulo de Rio Grande por 6x0 e Miller deixou sua marca. No dia 24, outro amistoso, 8x2 no Cruzeiro, e mais um gol de Miller. Mas o grande momento viria em 31 de outubro. Na Baixada, Internacional e Grêmio se enfrentavam. Era o primeiro clássico de Miller, pois o Tricolor estava na dissidente Associação de Foot-Ball Porto Alegrense. E no final do 1º tempo, após uma confusão na área gremista, Miller chutou com força para abrir o placar. O Colorado venceu por 4x1, sua primeira vitória em clássicos. Como Antenor Lemos diria, o "lacre estava quebrado". No encerramento da temporada, em amistoso com o Frisch Auf, vitória por 7x2 e dois gols de Bendionda.

Na temporada de 1916, Miller não atuou nas três primeiras partidas do clube, estreando em 28 de maio, na vitória de 6x2 sobre o Cruzeiro, pelo campeonato. No dia 25 de junho, o Internacional bateu o Colombo por 14x0, também pelo campeonato, e Miller marcou três gols. Em seu segundo Gre-Nal, em 30 de julho, vitória colorada por 6x1. Em 10 de setembro, na Chácara das Camélias, o Internacional bateu o Fussball por 13x1 e Miller voltou a marcar três gols. Em 29 de outubro, no Gre-Nal do 2º turno, vitória colorada por 3x2, com um gol de Miller.

Em 1917 novamente Miller não joga as primeiras partidas da temporada. Ele volta a campo apenas em 29 de julho, no amistoso com o São José (4x1). Em 5 de agosto, pelo campeonato municipal, o Internacional bateu o Americano por 11x0 e Miller marcou o seu. Em 23 de setembro, pelo campeonato, o Internacional fez 12x1 no São José, e Miller marcou três gols.

Em 1918, na primeira partida do clube no ano, em 10 de março, o Internacional venceu o Juvenil, em Caxias do Sul, por 2x1, com gol de Miller. Já preparando a formatura que ocorreria no final do ano, Miller deixou o futebol de lado. Seu jogo seguinte só ocorreu em 15 de setembro, quando o Colorado bateu o São José por 13x0 e Miller fez um gol. Foi a única partida de Miller pelo campeonato e seu último jogo pelo Internacional.

Formado, Miller foi para São Paulo trabalhar como engenheiro da Estrada de Ferro Sorocabana. No dia 28 de dezembro de 1939, Miller sofreu um mal súbito, quando trabalhava nos escritórios da empresa. Socorrido, faleceu no hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. 

Seus números no Internacional:
48 partidas
41 vitórias
5 empates
2 derrotas
42 gols
Campeão municipal em 1913, 1914, 1915, 1916 e 1917

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Nossos títulos - campeonato municipal de 1947


O campeonato municipal de 1947 foi disputado por sete clubes: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Renner, São José, Nacional e Força e Luz.

O regulamento previa dois turnos com sete clubes, e mais um terceiro turno com apenas os quatro melhores dos dois turnos iniciais. O campeão seria o clube que somasse mais pontos ao longo dos três turnos.

Carlos Martin Volante, o técnico que comandou o time em 1946, foi mantido para a temporada de 1947. No elenco foram poucas as mudanças. Fandiño chegou para ocupar o lugar de Elizeu, na meia. Na linha média, com a venda do centromédio Ávila para o Botafogo, durante o Torneio Extra, o lateral-direito Vianna passou a jogar centralizado. O veterano zagueiro Alpheu passou a jogar de lateral-direito e Ilmo entrou na zaga, ao lado de Nena. No gol continuava Ivo, na lateral-esquerda Abigail, e na linha de frente, além do recém-chegado Fandiño, atuavam os remanescentes Tesourinha, Villalba, Adãozinho e Carlitos. O internacional Internacional contava com três argentinos: o técnico Carlos Volante e os jogadores Villalba e Fandiño

O Rolo Compressor, que havia dominado o futebol da cidade e do estado na primeira metade dos anos 1940, estava com seu orgulho abalado. Após conquistar o hexa entre 1940 e 1945, perdeu o título da cidade para o Grêmio, em 1946. E no começo da temporada de 1947 o clube perdeu o título do Torneio Extra para o Renner.

A abertura do campeonato ocorreu em um sábado, dia 21 de junho de 1947. No Passo da Areia o Internacional enfrentava o São José. O Colorado era o favorito contra o Zequinha, que era treinado por Luiz Luz, jogador que em 1934 foi o primeiro atleta de clube gaúcho (o Americano) a ser convocado para uma Copa do Mundo. Mas no Torneio Extra o clube vendeu caro a derrota, perdendo por 4x3. Por isso mesmo, o placar foi surpreendente: Internacional 11x1! O Rolo Compressor mostrava toda sua força. Ainda no 1º tempo, Elizeu (3 vezes), Adãozinho, Tesourinha e Carlitos construíram uma vantagem de 6x0. Na 2ª etapa, logo após Elizeu ampliar para 7x0, Polaco descontou. Tesourinha, Elizeu, Villalba e Carlitos marcaram, completando a goleada. O Colorado jogou com Ivo; Alpheu e Nena; Vianna, Tábua e Abigail; Tesourinha, Villalba, Adãozinho, Elizeu e Carlitos.

Na segunda rodada, em 29 de junho, domingo, o adversário era o forte Cruzeiro, que vinha completo, tinha Clóvis, um lateral que era considerado o melhor marcador de Tesourinha e contava no ataque com Lombardini, atacante com passagens pela Seleção Argentina. O Colorado tinha dúvidas. Carlos Volante ainda não havia encontrado um substituto para Ávila. No ataque, a dúvida era entre Elizeu e o argentino Fandiño. O jogo era nos Eucaliptos. O técnico colorado acabou enviando a campo uma equipe com duas mudanças em relação ao time da estreia: Ilmo no lugar de Tábua e Fandiño no lugar de Elizeu. E no 1º tempo o Internacional dominou completamente o adversário, marcando dois gols, por intermédio de Adãozinho e Fandiño. O goleiro Borracha, em grande atuação, evitou um escore maior. No 2º tempo, Telêmaco Frazão de Lima, técnico do Cruzeiro, tirou Laerte da lateral e o colocou de centromédio, acertando a marcação e melhorando a criação ofensiva. No Colorado, Villalba e Fandiño, que foram a campo sem as melhores condições físicas, não conseguiam repetir o desempenho da etapa anterior. Mas a zaga colorada soube conter a pressão adversária e garantir os 2x0. No mesmo dia o Grêmio sofria para vencer o São José por 3x2.

Na terceira rodada, 5 de julho, o Internacional voltou a jogar no sábado. Nos Eucaliptos, enfrentava o Nacional. O mando de campo era do Nacional, mas como seu estádio estava em obras os dois clubes decidiram, em comum acordo, jogar nos Eucaliptos. No Colorado, Vianna, improvisado de centromédio, estava dando resposta. Mas no ataque a imprensa comentava sobre Villalba e Fandiño serem poupados, visando o Gre-Nal. O time que foi a campo tinha duas diferenças em relação ao jogo anterior: o lateral-direito Tábua entrou no time, substituindo Alpheu, que vinha jogando improvisado na função. E no ataque apenas Fandiño foi poupado, entrando Elizeu no time. Com a bola rolando, Villalba abriu o placar logo no início de jogo. Mas ainda no 1º tempo, em duas falhas de Tábua, Jorge e Mário Andrade viraram o jogo. No início da 2ª etapa Carlitos empatou. E três minutos depois, Fontoura cometeu pênalti em Tesourinha. Carlitos cobrou mas Mílton defendeu. O mesmo Carlitos, porém, marcaria o gol da virada, aos 32', e Elizeu fechou o placar: Internacional 4x2. Aos 40' do 2º tempo o juiz expulsou Danilo, do Nacional, por ofensa. Seu irmão Mário Andrade tomou as dores do mano e foi para a rua também. Na segunda-feira, a imprensa comentava o interesse do Santos em Adãozinho.

No dia 20 de julho, nos Eucaliptos, ocorreu o Gre-Nal do 1º turno. Em relação à partida anterior, voltaram Alpheu e Fandiño, saindo Tábua e Elizeu. E o Internacional foi arrasador! Apesar da atuação discreta de Villalba e Fandiño, o goleiro gremista Júlio teve trabalho para evitar uma goleada histórica. Logo aos 20', Carlitos chutou forte, a bola desviou em Sanguinetti e enganou Júlio. Aos 36', Adãozinho ampliou para 2x0. No 2º tempo o Grêmio, apesar de ainda dominado, conseguiu se organizar um pouco melhor, levando apenas mais um gol, de Villalba, aos 38'. Placar final: Internacional 3x0.

No dia 27 de julho o Internacional enfrentava o Força e Luz, na Timbaúva. O Internacional foi a campo com a mesma equipe do Gre-Nal, embora Tesourinha e Fandiño não estivessem em perfeitas condições físicas. O Força e Luz, ao lado do Internacional, continuava invicto no campeonato e era um adversário considerado perigoso pelo técnico Carlos Volante. Um público de 7 mil pessoas compareceu ao estádio, mas a qualidade da partida deixou a desejar. Com Tesourinha e Fandiño descontados, o ataque colorado não conseguiu repetir as últimas partidas, enquanto no Força e Luz, Nino, em grande dia, comandou o meio-campo. Com isso a partida terminou como começou, 0x0. Nos minutos finais do jogo Villalba cometeu uma falta forte em Sordi. Ao perceber que o jogador do Força e Luz parecia machucado, Villalba foi até ele, oferecer-lhe a mão. Mas como resposta recebeu um soco na boca. Mas o juiz Homero Carvalho não puniu os atletas.

Na última rodada do turno, o adversário era o Renner, nos Eucaliptos, em 3 de agosto. O Renner estava em 3º lugar no campeonato e havia derrotado o Internacional na final do Torneio Extra. E o Colorado ainda jogaria desfalcado de Tesourinha e Fandiño, substituídos por Boris e Ghizzoni. Villalba também era dúvida, mas foi a campo. O 1º tempo foi apático, sem grandes oportunidades de gol para nenhum dos lados. Mas logo aos 30 segundos da 2ª etapa, o centromédio Ghizzoni, improvisado na meia-esquerda, acertou um chute violento de fora da área, que surpreendeu o goleiro Ewerton, abrindo o placar. Após o gol o Internacional dominou a partida, embora sem criar lances de perigo. No finalzinho da partida Carlitos serviu Adãozinho, que chutou para as redes, fechando o placar em 2x0.

O 2º turno começou em 24 de agosto de 1947, um domingo. O Internacional enfrentou o São José, nos Eucaliptos. A partida deveria ter sido disputada no sábado, mas o mau tempo ocasionou sua transferência. O Internacional era o grande favorito da rodada, mesmo jogando sem o goleiro Ivo e Fandiño. Jogaram Harry e Elizeu em seus lugares. Mas a partida surpreendeu a torcida. No 1º tempo, sem muitas emoções, não ocorreram gols. Na 2ª etapa Tesourinha abriu o placar e Adãozinho ampliou. Mas o São José decidiu reagir. Aos 28' o juiz Joaquim Rodrigues de Almeida anulou corretamente um gol do São José. Mas aos 41' Loureiro diminuiu: Internacional 2x1.

Em 31 de agosto o adversário era o forte Cruzeiro, na Montanha. Com o fraco desempenho contra o São José, havia muita desconfiança sobre o resultado da partida. Com Fandiño ainda sem condições de jogo, o ingresso de Elizeu era natural. Mas o técnico Carlos Volante decidiu surpreender o adversário. Prevendo a forte marcação de Clóvis, o técnico Carlos Volante colocou Bóris na ponta-direita, e passou Tesourinha para a meia-esquerda. E a novidade deu certo. Logo aos 40 segundo de jogo, Tesourinha atrasou uma bola para Vianna, que lançou Boris, na ponta-direita. O atacante antecipou-se a Clóvis e chutou forte, no canto oposto, sem chances para o goleiro Borracha: Internacional 1x0. O craque colorado passou a jogar livre, sem uma marcação especial, e Clóvis, indeciso entre perseguir Tesourinha ou marcar Boris, abriu uma avenida no seu setor. Aos 20', Tesourinha tabelou com Adãozinho e a bola sobrou para Carlitos marcar.  Aos 26', Boris venceu a marcação de Clóvis e cruzou alto. Villalba chegou na corrida e cabeceou para as redes. No 2º tempo o Colorado começou cadenciando o jogo. Mas aos 20', Vianna cruzou e Tesourinha marcou, de cabeça. Aos 27', o centroavante Adãozinho avançou pela direita, passando por Juvenal e Clóvis. Quando chegou na linha de fundo, atrasou para o centro da área. Villalba chegou na corrida e encheu o pé: Internacional 5x0. Aos 35', Adãozinho lançou Carlitos, pela direita. O ponteiro invadiu a área e chutou forte. Borracha espalmou, mas o próprio Carlitos pegou o rebote e concluiu para as redes: Internacional 6x0. Apesar da goleada, a imprensa destacou a atuação de Borracha, que evitou uma goleada maior. Na mesma rodada, o Grêmio perdeu para o São José por 4x2 e o Colorado abriu três pontos de vantagem sobre seu rival.

Em 6 de setembro, um sábado, véspera de feriado, o Internacional enfrentou o Nacional. No 1º turno o mando de campo era do Nacional, mas devido às obras no estádio, a partida foi disputada nos Eucaliptos. No 2º turno a partida foi jogada na Chácada das Camélias. E o Internacional, jogando com a mesma equipe que atuou contra o Cruzeiro, foi arrasador. No 1º tempo já vencia por 4x0, com gols de Villalba (2), Gonzalez (contra) e Carlitos. Logo no 1º minuto da 2ª etapa, Villalba ampliou para 5x0. Mas quando tudo parecia indicar uma goleada histórica, o Internacional passou a cadenciar o jogo. Jorge descontaria aos 8', fechando o placar em 5x1. O goleiro Munheco foi escolhido o melhor jogador do Nacional, pelo Correio do Povo.

O Internacional voltaria a campo apenas em 5 de outubro, quase um mês depois. A partida estava inicialmente marcada para 28 de setembro, o domingo anterior, mas foi transferida devido à chuva. E no domingo, dia 5, quase 10 mil pessoas compareceram à Baixada, proporcionando renda recorde na temporada (Cr$ 94.048.00). Pela terceira vez consecutiva o Internacional repetia sua escalação. A partida foi marcada pelo vento forte, que favoreceu o Grêmio na 1ª etapa. Mesmo assim, foi o Internacional que abriu o placar. Aos 21', Jorge e Clarel cometeram pênalti em Tesourinha. Carlitos cobrou e marcou. Internacional 1x0. Mas aos 24', Clarel lançou a bola na área. Nena e Prego disputaram a bola de cabeça e o zagueiro colorado teve a infelicidade de enviá-la contra as próprias redes. No 2º tempo, com o vento ao seu favor, o Internacional atacou mais. E logo aos 4', Villalba aproveitou um rebote do goleiro Júlio e marcou. Internacional 2x1! Esse foi o placar final. O Colorado abria 5 pontos de vantagem sobre o Tricolor e ficava muito perto do título.

No dia 12 de outubro o adversário era o Força e Luz, nos Eucaliptos. A partida era importante para a equipe rajada, que lutava por uma vaga no terceiro turno. Antes da rodada, apenas o Internacional estava garantido no 3º turno. Grêmio, Cruzeiro, Força e Luz e Renner brigavam por três vagas, enquanto São José e Nacional já não tinham mais chances de classificação. Na equipe colorada, Fandiño voltou, mas Adãozinho ficou de fora. Circulava na imprensa o boato de que, caso o Internacional encerrasse os dois turnos invicto, os demais presidentes pediriam o cancelamento do 3º turno e a homologação do Colorado como campeão municipal. A partida começou parelha, mas aos 27' Boris cruzou para a área e Tesourinha chutou a gol. O zagueiro Hugo afastou parcialmente, Tesourinha pegou o rebote e voltou a chutar, com força, de pé esquerdo, para marcar. Internacional 1x0. Mas aos 33' Jerônimo cruzou, Detefon matou a bola no peito, avançou até perto do gol e fuzilou para as redes, empatando o jogo. Aos 40', Detefon cruzou para a área. Nena e Ivo ficaram indecisos sobre quem iria na bola e Dorvalino aproveitou-se para chutar para as redes, colocando o Força e Luz em vantagem. Mas no 2º tempo, aos 11', Tesourinha chutou no travessão e Villalba apanhou o rebote de cabeça, mandando para as redes. Estava empatada a partida. Aos 24', Carlitos recebeu a bola de um adversário e chutou para as redes, virando o jogo, mas o juiz Homero Carvalho anulou o gol alegando impedimento. A anulação foi equivocada, pois a bola veio de um adversário. E aos 42', Detefon cruzou para a área, a zaga colorada atrapalhou-se e a bola chegou até Nadir, que chutou fraco, mas contou com a ajuda de Ivo, que pulou atrasado. O Força e Luz chegava a 3x2 e derrubava o último invicto do campeonato.

No sábado, 18 de outubro, o Internacional enfrentava o Renner, no estádio Tiradentes. O Colorado estava muito perto do título, enquanto o Renner brigava desesperadamente por uma vaga no Turno Neutro. O Colorado enviou a campo a equipe considerada titular, com a volta de Adãozinho e a saída de Boris. O 1º tempo não teve muitos atrativos. Na 2ª etapa, aos 17', Tesourinha abriu o placar. Aos 43', ao apagar das luzes, Abigail cruzou e Carlitos marcou 2x0. Os jogadores do Renner reclamaram que Carlitos teria ajeitado a bola com a mão, mas o juiz confirmou o gol. Com esse resultado o Renner, campeão do Torneio Extra, ficou fora do Turno Neutro do campeonato municipal.

No domingo, 9 de novembro de 1947, o Internacional entrou em campo para enfrentar o Força e Luz, na Baixada, estreando no Turno Neutro. Com a derrota do Grêmio no sábado, frente ao Cruzeiro (2x3), bastava ao Colorado vencer para conquistar o título. Mas o adversário era o único que não havia perdido para o Clube do Povo: no 1º turno empate em 0x0 e no 2º turno vitória dos rajados da Carris por 3x2. Quando a bola começou a rolar no jogo principal, o Internacional enviou a campo sua equipe titular, a mesma que havia jogado com o Renner. E logo aos 5', Tesourinha recebeu a bola e chutou para as redes, abrindo o placar. Mas a seguir o jogo seguiu estudado, sem grandes emoções, e o 1º tempo terminou 1x0 para o Colorado, que estava conquistando o título. Entretanto, aos 21' do 2º tempo, o zagueiro colorado Ilmo colocou a mão na bola dentro da área. Nadyr cobrou o pênalti e empatou o jogo. O Internacional precisaria de mais um ponto nos dois jogos seguintes para ficar com a taça. Porém, aos 33' carlitos decidiu a parada. O ponteiro-esquerdo colorado cobrou escanteio, o goleiro Cláudio tentou defender, sem sucesso, e a bola entrou, em gol olímpico. Internacional 2x1! Esse foi o resultado final, e o Internacional sagrou-se campeão com duas rodadas de antecipação.

No dia 16 de novembro, já campeão, o Internacional enfrentou o Cruzeiro, na Baixada. No dia anterior o Grêmio havia sofrido mais um tropeço, perdendo para o Força e Luz por 3x2. O Internacional jogou desfalcado de Nena, punido pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva). Maravilha entrou na lateral-direita e o veterano Alpheu voltou a atuar na zaga. O Cruzeiro resistiu bravamente até os 30' do 2º tempo. Nesse minuto, Carlitos cruzou para a área. Adãozinho chegou na corrida e apenas desviou de Borracha. Internacional 1x0! Aos 37', Tesourinha driblou Clóvis (seu famoso marcador) e cruzou para Villalba chutar com violência para as redes. Internacional 2x0! E aos 41', Adãozinho recuou a bola para Villalba, que chutou para as redes. Internacional 3x0, placar final.

A última partida do campeonato ocorreu em 23 de novembro de 1947, o Gre-Nal disputado na Timbaúva. O Internacional receberia as faixas de campeão da cidade antes da partida, e o Grêmio pretendia carimbá-las. O Colorado continuava desfalcado de Nena, ainda cumprindo suspensão. Com a bola rolando, o Grêmio lançou-se ao ataque. Beroci abriu o placar para o Tricolor aos 18' e Prego ampliou aos 35' do 1º tempo. A primeira metade do jogo terminou com o placar de 2x0 para o Grêmio. Mas no 2º tempo o Rolo Compressor decidiu reagir. Logo aos 3', Adãozinho diminuiu o prejuízo. E aos 17' Fandiño empatou a partida. Placar final: 2x2.






quarta-feira, 2 de novembro de 2022

Jogadores do passado: Glauco


Glauco Antônio dos Santos nasceu em Ribeirão Preto (SP), em 2 de novembro de 1966.

Meia-esquerda, Glauco começou a carreira nas categorias de base do Comercial, onde se profissionalizou em 1985. Durante o campeonato brasileiro de 1987 Glauco foi emprestado ao Santos, chegando a atuar contra o Internacional em 11 de novembro, quando, no Beira-Rio, o Colorado venceu por 2x0.

Retornando ao Comercial, o Internacional contratou-o por empréstimo, no dia 30 de janeiro de 1998, até 31 de junho. O empréstimo custou ao Internacional Cz$ 1 milhão e 500 mil, pago em duas parcelas, mais o empréstimo do ponteiro Natalino ao Comercial.

A estreia de Glauco ocorreu em 10 de fevereiro de 1988, no Beira-Rio. O Internacional enfrentou em amistoso o Aarau, da Suíça, e venceu por 4x0. Na estreia do Gauchão, contra o Passo Fundo, porém, Glauco foi substituído durante a partida por Paulinho Gaúcho. O meia, que no Internacional atuava na ponta-esquerda, excursionou para dois amistosos no Caribe, atuando como reserva, substituindo Luís Fernando Flores e Paulinho Gaúcho. na volta ao Brasil, passou alguns jogos alternando banco e titularidade, até chegar o Gre-Nal de 12 de março. Glauco não jogaria, mas Luís Fernando Gomes se lesionou nos treinso e Glauco tornou-se titular. O Colorado perdeu o jogo por 1x0 e dois dias depois o técnico Ênio Andrade foi demitido.

Em 22 de março, na estreia do novo técnico Carlos Gainete, o Internacional derrotou o Cerro Porteño por 3x1, e Glauco entrou no time substituindo Gilberto Costa. No dia seguinte dirigentes do Comercial chegaram a Porto Alegre para tentar levar Glauco de volta, já que o Internacional não havia pago a segunda parcela do empréstimo. Mas a situação se resolveu e o jogador ficou no clube. Com o novo técnico, Glauco passou a atuar na meia. No dia 30 de março, contra o Aimoré, o Internacional ficou no 1x1 e Glauco, após trocar agressões com Neurilene, foi expulso. Com Gainete, Glauco teve várias chances na meia, seja por opção do técnico, seja por desfalques. Mas depois da derrota para o Pelotas (0x1), em 7 de maio, Gainete caiu. Com o novo técnico, Chiquinho, Glauco deixou de ser escalado, atuando apenas em uma única partida: 0x0 com o Santa Cruz, em 11 de junho de 1988. Foi sua última partida pelo Internacional.

Devolvido pelo Internacional ao final do contrato, Glauco foi negociado com o União São João. Sua carreira pós Internacional foi a seguinte: União São João (1988/1992), Atlético MG (1992), União São João (1992/1994), Vitória (1995), União São João (1995), Ponte Preta (1997) e Comercial (1998/1999).

Seus números no Internacional:
21 partidas
10 vitórias
7 empates
4 derrotas