Total de visualizações de página

domingo, 29 de dezembro de 2013

O primeiro colorado campeão sul-americano


Muito antes do time comandado por Fernandão conquistar a América, em 2006, um colorado já havia obtido o título de campeão sul-americano. E engana-se quem pensa que estou falando de Tesourinha, campeão sul-americano em 1949.

Em abril e maio de 1941 Buenos Aires sediou o campeonato sul-americano de atletismo. No dia 3 de maio de 1941 o colorado Carlos Eugênio Pinto disputou a final do salto triplo. Campeão gaúcho representando o Internacional, Carlos sagrou-se campeão sul-americano ao saltar 15,10 metros, marca espetacular para a época. Assim, superou o argentino Nestor Tenorio (14,90 metros), o brasileiro Jorge Richard (14,50 metros) e o chileno Hector Forradas (14,10 metros).

A vitória de Carlos Eugênio Pinto ainda foi importante para que o Brasil conquistasse o título sul-americano de atletismo, na contagem geral. O atleta colorado também foi recordista brasileiro de salto triplo.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Clube do Povo!


No dia em que o Sport Club Internacional completava 50 anos de história, o Correio do Povo publicou o seguinte texto:

"Fundado em 1909, quando o futebol recém engatinhava entre nós, por um grupo de idealistas, a quem hoje, diante da obra que empreenderam, já se pode chamar de visionários, dois ou três anos após já gozava de popularidade e prestígio a rivalizarem com os do Grêmio e Porto Alegre, fundados seis anos antes.

Mas o grande surto de progresso surgiu, mesmo, depois de 1920. A cor encarnada representava, naqueles tempos, o símbolo da luta contra o despotismo e a tirania. E, misturando política com futebol, a mocidade aderia, aos borbotões, ao clube que reluzia ao sol, nas tardes de jogos, uma camisa da mais pura cor de sangue.

Desde aí a imensa popularidade do Internacional.

Mas essa popularidade ainda subiria alguns degraus, quando o clube da camisa vermelha se tornasse, em nosso meio, a mais pujante entidade esportiva a lutar contra o preconceito de cor. Ganhou, então, um novo apelido: 'Clube dos Negrinhos' - o qual evoluiu, rapidamente, para 'Clube do Povo', com o qual é conhecido em nossos dias, num justo preito à sua condição de agremiação essencialmente popular, a ter sua grande força nas camadas mais humildes da população gaúcha."

Uns dias antes, na edição de 01.04.1959, o mesmo jornal já havia publicado o discurso de Fernando Schneider, no ato que abriu as comemorações do Cinquentenário colorado. Desse discurso, vale ressaltar:

"(...) é, igualmente, o Internacional do negrinho moleque e maltrapilho e do banqueiro austero e circunspecto, do colono alemão e italiano, trabalhador da serra e das missões, é do gaúcho altaneiro e indomável perdido nas quebradas das coxilhas do Rio Grande, é o Internacional do Charuto e de Ildo Meneghetti - é o Internacional de sempre o Clube do Povo, ontologicamente considerado, como símbolo de uma grande alma coletiva, formada da maior parcela do nosso organismo social (...)"

A foto publicada no início do texto é de Telmo Curcio, copiada do site oficial do Sport Club Internacional.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O fim de uma era

04.12.1949

Há exatos 64 anos Tesourinha disputava sua última partida pelo Internacional. Era o fim de uma era, que havia começado dez anos antes. Nesse período, Tesourinha venceu 8 campeonatos municipais e estaduais, foi eleito o melhor ponteiro-direito da América do Sul, o "Melhoral dos Cracks" do Brasil, e foi campeão sul-americano pela seleção brasileira, além de ser figura certa na Copa do Mundo de 1950.

A partida de despedida foi um tanto melancólica. O Colorado disputou um amistoso com o Santa Cruz, em Santa Cruz do Sul. Com um time recheado de reservas, o Internacional empatou em 1x1. Amaro marcou para o Santa Cruz. Herculano, que entrou no time no lugar de Ghizzoni, fez o gol colorado.

Escalações:
IN: Ewerton; Nena e Ilmo; Vianna, Raul Díaz e Ruaro; Tesourinha, Ghizzoni (Herculano), Adãozinho, Malinho e Brusco
SC: Júlio; Fogareiro e Edi; Tesoura, Bibi e Geraldo; Nico, Nelsinho, Amaro, Joãozinho e Dreher

Dias depois desta partida, Tesourinha foi negociado com o Vasco da Gama. No Rio de Janeiro ganhou títulos, mas uma lesão no joelho o tirou da Copa do Mundo. Em 1952 voltaria ao sul, para tornar-se o primeiro negro a jogar no Grêmio, não sem resistência de sócios e torcedores do clube. Em 1954 transferiu-se para o pequeno Nacional, onde encerrou a carreira em 1957.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Valeu, Zumbi!


20 de novembro de 1695

Ferido e traído por um de seus companheiros, Zumbi foi morto. Se os senhores de escravos assassinavam um líder na luta contra a escravidão, ao mesmo tempo criavam um mito que representaria a luta contra a escravidão e mais ainda, contra o preconceito e o racismo, pós abolição.

Valeu Zumbi!
O grito forte dos Palmares
Que correu terras, céus e mares
Influenciando a abolição
Zumbi valeu!
Hoje a Vila é Kizomba
É batuque, canto e dança
Jongo e maracatu
Vem menininha pra dançar o caxambu (bis)
Ôô, ôô, Nega Mina
Anastácia não se deixou escravizar
Ôô, ôô Clementina
O pagode é o partido popular
sacerdote ergue a taça
Convocando toda a massa
Neste evento que congraça
Gente de todas as raças
Numa mesma emoção
Esta Kizomba é nossa Constituição (bis)
Que magia
Reza, ajeum e orixás
Tem a força da cultura
Tem a arte e a bravura
E um bom jogo de cintura
Faz valer seus ideais
E a beleza pura dos
seus rituais
Vem a Lua de Luanda
Para iluminar a rua (bis)
Nossa sede é nossa sede
e que o "apartheid" se destrua



segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Exposição de taças em 1913

Há cem anos, em novembro de 1913, o Internacional colocou em exposição as sete taças que já havia conquistado (sem contar o primeiro troféu, obtido em um jogo interno):



  • Taça do Centenário de Pelotas, conquistada em 09.07.1912, ao vencer o União (Pelotas) por 2x0;
  • Taça conquistada no amistoso contra o Guarany de Bagé, em 07.09.1913, ao vencer por 2x0. O troféu foi oferecido pelo adversário;
  • Taça de prata, estilo renascença, oferecida por Azevedo, Hermínio & Cia, agentes no Rio Grande do Sul da Fernet Branca, ao vencedor do amistoso entre Internacional e Rio Branco (Pelotas), realizado em 21.09.1913 (o Internacional venceu por 3x2);
  • Estatueta “A Glória”, oferecida pelo intendente municipal José Montaury de Aguiar Leitão para o vencedor da mesma partida contra o Rio Branco;
  • Taça 12 de Abril, do campeonato municipal de 2º quadro. Com a conquista do 2º título (1912 e 1913), o Colorado ficou com a posse definitiva do troféu;
  • Taça de campeão municipal de 1913;
  • Taça oferecida por Manoel Luiz Ozório, influente membro do Internacional que mudou-se para os Estados Unidos, em homenagem aos sucessos do clube no ano.

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Massacre de Porongos


14 de novembro de 1844

A "Revolução" Farroupilha agoniza, e seus principais líderes já negociam com o governo imperial o fim da revolta. Mas há um entrave, o destino dos lanceiros negros do exército farroupilha. Os líderes farroupilhas haviam prometido a liberdade aos escravos que se alistaram no exército, mas os imperiais exigiam o retorno dos mesmos à escravidão.

Os farroupilhas não eram abolicionistas. A constituição farroupilha, que regeria a vida do novo país, manteve a escravidão. A formação de unidades de lanceiros negros deveu-se exclusivamente à necessidades militares. Para livrar-se do "peso" dos soldados negros, Davi Canabarro, de forma covarde, traiu os lanceiros. Ao acampar próximo ao Arroio Porongos, na região do atual município de Pinheiro Machado, Canabarro mandou desarmar os lanceiros negros, com o argumento de que eles estavam agitados com os boatos de que seriam novamente escravizados. Os acampamentos eram distintos, para soldados brancos e negros. E apesar de ser avisado da presença de tropas inimigas próximas ao acampamento, Canabarro não tomou nenhuma providência para a defesa.

O ataque imperial tomou os lanceiros de surpresa, e desarmados. Mesmo assim tentaram resistir, enquanto Canabarro e seus oficiais fugiam. Os farroupilhas rapidamente foram massacrados. Dos 100 mortos farroupilhas, 80 eram de lanceiros negros. Canabarro havia livrado os líderes farroupilhas dos lanceiros negros, e poucos meses depois foi assinada a Paz de Ponche Verde. Verde manchado com o sangue vermelho dos lanceiros traídos.

"Sólo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente.
Si un traidor puede más que unos cuantos
Que esos cuantos no lo olviden fácilmente"

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Saudações, Oh Gigante


Há alguns anos, uma colorada paranaense pediu que eu fizesse um texto para ela homenagear seu pai, que saiu cedo do Rio Grande do Sul, nunca foi ao Beira-Rio, mas manteve firme seu coloradismo, convertendo toda a família que formou no Paraná à religião alvi-rubra. Em tempos de reforma do Beira-Rio, em que certamente todos os colorados se sentem meio órfãos, com a falta da sua casa, achei interessante postar o texto, que fala um pouco desse sentimento.

Saudações, Oh Gigante:

Durante muito tempo, eu esperei este momento!

Por vários anos, meu sentimento era muito mais fé que certeza. Eu acreditava na sua existência, sem poder vê-lo. Mas jamais duvidei de sua imponência.

Na infância mais tenra, um radinho de pilha cheio de estática, enfiado embaixo das cobertas, em uma noite fria de inverno, ou sentado no quintal, em uma quente tarde de verão, eu acompanhei as peripécias dos 11 guerreiros que defendiam tua casa, e invejei, salutarmente, a sorte dos milhares de assistentes destas aventuras.

Em momentos de maior felicidade, podia ver os heróis rubros baterem-se pela TV, fosse no Gigante, ou em expedições guerreiras por territórios inimigos. Me agradava muito quando invadíamos o território dos maldosos gremistas, nossos arqui-inimigos, e trazíamos seu escalpo para pregar na entrada da nossa casa. Digo nós, por que me sentia presente em alma e pensamento, apesar da distância física.

As vezes me sentia diminuído, quando ouvia exortações do tipo: “lugar de colorado é no Beira-Rio!” Gostaria muito de estar lá, vibrar com o time, festejar com a torcida, mas tudo parecia ocorrer em outro planeta. Mas eu sei que o coração de um gigante é imenso, e alcança os sentimentos de afeto pelo clube, por mais distantes que estejam.

Se há o lado negativo desta distância, não poder compartilhar o dia a dia do clube, há o lado positivo, fantasioso, da paixão pelo futebol. Os jogadores deixam de ser seres humanos, para tornarem-se semi-deuses. Suas jogadas, mais do simples lances de uma partida, passam a simbolizar a eterna luta do bem contra o mal. Os estádios tornam-se templos sagrados de uma misteriosa religião, onde apenas os eleitos têm acesso. E o radinho tem a força mágica de transformar qualquer jogador em um craque, os lances favoráveis ao adversário em falhas do juiz, e todo gol colorado em uma pintura.

As vezes pensava: quando ele vier jogar aqui, eu irei assistir a partida. Mas para meu azar, minha cidade fica fora da rota dos grandes acontecimentos esportivos. Posso apenas torcer para que venha jogar alguns quilômetros mais perto do que no Templo Sagrado.

Mas hoje estou aqui: olhando a imponência do Gigante da Beira-Rio! Não importa que não tenha jogo. Respirar o ar que alimentou o fôlego de Falcão, Figueroa, Valdomiro e Fernandão, já me basta. Posso imaginar a torcida descendo pelas rampas, gritando “É Campeão”. Nunca fiz isso presencialmente, mas foram muitas as conquistas em que estive aqui em espírito. Agora posso me orgulhar. O que sinto, os assíduos freqüentadores do estádio não sentem. Não se emocionam com cada detalhe, um escudo do clube aqui, uma foto de um ídolo ali, um pedaço de ingresso lá adiante. Aquilo que é cotidiano para alguns, é mágico para mim. Não precisava estar aqui, para acreditar em sua existência, mas estar aqui renovou minhas energias, para continuar torcendo à distância.

Mas o que mais me alegra, é saber que não precisaria estar aqui, não preciso conhecer Porto Alegre, sequer ser gaúcho, ou mesmo brasileiro, para poder venerar este clube, e ser reconhecido como um verdadeiro colorado, pois este clube é INTERNACIONAL!

terça-feira, 5 de novembro de 2013

O primeiro título colorado

Em 1910 foi fundada a Liga de Foot-Ball Porto-Alegrense, que passou a organizar o campeonato municipal, na categoria de 1ºs quadros (time principal) e 2ºs quadros (reservas).

O torneio de 2ºs quadros recebeu o nome de Taça 12 de Abril, em homenagem à data de fundação da liga.

O Militar venceu a 1ª edição do torneio, em 1910. No ano seguinte, o Grêmio sagrou-se campeão. O regulamento previa que o clube que vencesse duas vezes consecutivas o campeonato, ficaria com a posse definitiva da taça. O Grêmio poderia alcançar esse feito em 1912. Poderia.

Os jogos do campeonato de 2ºs quadros eram disputados na preliminar dos times principais. O Internacional estreou em 05.05.1912, batendo o Nacional por 5x1. O adversário seguinte foi o Fussball, em 02.06.1912. Nova vitória colorada: 6x4. O terceiro jogo era o Gre-Nal, na Baixada. foi uma partida difícil, que terminou empatada em 3x3. Encerrando o turno, o Internacional bateu o 7 de Setembro por 1x0. A dupla Gre-Nal terminava o turno empatada na liderança.

Em 1912 pela primeira vez o campeonato seria disputado em dois turnos. Na abertura do returno, nova vitória colorada, 5x0 sobre o Nacional. A partida seguinte, contra o Fussball, não ocorreu pois o adversário entregou os pontos. No Gre-Nal, outro empate: 1x1. Em seguida, outra vitória por WO, sobre o 7 de Setembro.

Com a dupla Gre-Nal ainda empatada em pontos, foi necessário marcar um jogo-desempate, em 29.09.1912. Como os outros dois Gre-Nais, este clássico seria disputado na Baixada. Logo que a bola começou a rolar, Fabrício abriu o marcador para o Internacional, 1x0. Ainda na 1ª etapa, aos 32', Correia empatou para o Grêmio. Mas antes que finalizasse o 1º tempo, Silla colocou o Internacional em vantagem mais uma vez. No início do 2º tempo, Juan ampliou para 3x1. Aos 17', Silla fez 4x1. Juan marcou seu 2º fol, aos 10' (5x1), e Simão fechou o massacre aos 35': Internacional 6x1 Grêmio.

No ano seguinte o Internacional conquistaria novamente o campeonato de 2ºs quadros, ficando com a posse definitiva da Taça 12 de Abril.

sábado, 2 de novembro de 2013

Dia de Finados

Homenagem aos ex-atletas colorados que já faleceram

Como seria impossível lembrar todos, vou citar os falecidos nos últimos dez anos (e certamente vou esquecer alguns). Se alguém lembrar de mais algum, que ficou fora da lista, pode acrescentar nos comentários.

Didi (Orandir Portassi Lucas) 01.01.2005
Atacante, surgiu no Guarany de Bagé, em 1963. Jogou no Internacional de 1967 a 1971. Depois atuou no Atlético PR e no futebol mexicano e norte-americano. Também era conhecido como Didi Pedalada. Faleceu devido a uma parada cardíaca, causada por complicações no fígado e diabetes.

Laércio (Laércio Luís Souza da Silva) 26.02.2005
Lateral-esquerdo revelado pelas categorias de base do clube, jogou no Colorado de 1985 a 1988. Depois, rodou por várias equipes do interior. Faleceu em campo, jogando pela equipe de veteranos do Internacional, na cidade de Casca.

Odorico (Odorico Araújo Goulart) 22.08.2005
Centromédio do grande time dos anos 1950, começou a carreira na várzea, atuando no Juventude (mesmo time que revelou Tesourinha). Jogou no Internacional de 1950 a 1957, quando foi vendido para a Portuguesa de Desportos.

Ávila (Oswaldo Ávila) 22.08.2006
Centromédio titular do Rolo Compressor. Chegou ao Internacional em 1941, quase inutilizado para o futebol, pela sífilis. Após rigoroso tratamento, voltou a jogar muito. fazia passes precisos a 40 metros de distância, e marcava com força e lealdade. Pelo temor que inspirava nos adversários, recebeu o apelido de "King Kong". Assíduo frequentador dos cabarés porto-alegrenses, foi negociado com o Botafogo em 1947, radicando-se no Rio de Janeiro.

Paulinho de Almeida (Paulo de Almeida Ribeiro) 10.06.2007
Um dos maiores laterais-direito da história colorada, se não o maior. Chegou a ser aconselhado a largar o futebol, quando jogador da base, por problema de miopia. Mas seguiu jogando, e muito. No Internacional atuou de 1951 a 1954, sendo o capitão do time. Negociado com o Vasco, também tornou-se um dos melhores da posição, na história do clube da Cruz de Malta. Dono de excelente domínio de bola e técnica refinada, mesmo assim preferia atuar na marcação, arriscando-se pouco no apoio.

Sérgio (Sérgio Moacir Torres Nunes) 24.06.2007
Considerado um dos grandes goleiros do futebol gaúcho, era conhecido pelo apelido "A Majestade do Arco". Jogou no clube em 1957 e 1958, mas suas duas maiores passagens relacionadas ao Colorado foram vestindo a camisa rival: Sérgio foi o goleiro gremista na derrota do Tricolor por 7x0, na maior goleada em Gre-Nal profissional, e também na derrota de 6x2, no Festival de Inauguração do Olímpico.

Joaquinzinho (Joaquim Gilberto da Silva) 20.07.2007
Meia revelado pelo Brasil de Pelotas, em 1957 o Santos chegou a oferecer Pelé em troca, mas a direção Xavante não aceitou. Joaquinzinho acabou no Internacional, onde jogou de 1957 a 1959. Depois, atuou no Fluminense e Corinthians, antes de voltar a Pelotas.

Bodinho (Nilton Coelho da Costa) 22.09.2007
Atacante e meia, destacava-se pelas cabeçadas mortais e pelos chutes de virada. Formou, ao lado de Larry, uma dupla que infernizou as defesas adversárias com suas tabelinhas. É um dos maiores artilheiros da história do Internacional, onde jogou de 1952 a 1959.

Scala (Luís Carlos Scala Loureiro) 10.10.2007
Zagueiro revelado na cidade de Rio Grande, chegou ao Internacional em 1964. Possuía boa técnica, que o levou à Seleção de João Saldanha, em 1969. A troca de técnico e uma lesão o tiraram da Copa do Mundo do México. Ainda em 1970 foi negociado com o Botafogo, e encerrou a carreira no América de Natal, onde radicou-se.

Rubiano (Cícero Rubiano Grandicrack Oliveira Melo) 03.11.2007
Foi contratado em 2002, ano em que o Colorado trouxe do CSA três jogadores: Rubiano, Geninho e Cleiton Xavier. Jogou apenas 4 amistosos pelo Internacional. Faleceu em um acidente de moto, na volta de uma festa, quando jogava pelo Coruripe.

Pedro Basílio (Pedro Basílio Filho) 21.11.2007
Zagueiro e lateral-direito cearense, atuou no clube em 1972, jogando algumas partidas. Depois voltou ao futebol cearense, sendo considerado até hoje um dos maiores zagueiros da história do Fortaleza. No final da vida enfrentou problemas de alcoolismo, e espera um transplante de fígado, quando faleceu.

Abigail (Abigail Conceição de Souza) 27.12.2007
Lateral-esquerdo do Rolo Compressor, chegou ao Internacional em 1942, vindo do Força e Luz. Era chamado de "campeão da regularidade", por jogar sempre com disposição, correndo o tempo todo, sem cansar. Em 1950 foi negociado com o Nacional de Porto Alegre. Em 2006 foi "redescoberto", vivendo quase na miséria, em um casebre na Vila Farrapos, e sofrendo as sequelas de uma isquemia cerebral ocorrida em 2001, que afetava sua memória recente. Recebeu auxílio do clube e de um grupo de torcedores que se organizou através do orkut. Antes do fim da vida ainda voltou a ver seu amado clube jogar, no Beira-Rio.

Edmílson (Edmílson Silva Araújo) 09.07.2008
Meia potiguar, foi campeão carioca pelo Fluminense, em 1959. Jogou no Internacional de 1963 a 1965. Faleceu de câncer, no Rio de Janeiro.

Irajá (Irajá Machado Carvalho) 01.05.2009
Ponteiro-esquerdo revelado pelo Juventude, jogou no Internacional em 1957 e 1958, encerrando a carreira no Flamengo de Caxias do Sul. Apaixonado pelo Internacional, foi velado e enterrado com a bandeira colorada.

Carlos Castro (Antero Carlos Munhos de Castro) 31.12.2009
Ponteiro-direito revelado pelas categorias de base do clube, jogou no Internacional de 1965 a 1968, quando foi negociado com o Newell's Old Boys. Encerrou a carreira no Grêmio Maringá, em 1973. Faleceu devido a problemas pós-operatórios, após um transplante de medula.

Gasperin (Luís Carlos Gasperin) 26.01.2010
Goleiro que atuou no Esportivo, Grêmio e Juventude, antes de chegar ao Internacional. Jogou no Colorado de 1976 a 1981, sendo titular na campanha do vice-campeonato da Libertadores, em 1980.

Verardi (Heitor Verardi) 23.04.2010
Meia contratado ao Independente de Passo Fundo, jogou no Internacional de 1955 a 1960. Era irmão de Waldemar Verardi, que jogou no Grêmio também usando o sobrenome como identificação.

Nena (Olavo Rodrigues Barbosa) 16.11.2010
Compõe, ao lado de Figueroa, a dupla de zaga da seleção colorada de todos os tempos. Jogou no clube de 1941 a 1950, sendo convocado para a Copa do Mundo de 1950. Conhecido como "Cabeça de Aço", suas cabeçadas na defesa normalmente davam origem a perigosos contra-ataques. Também é ídolo na Portuguesa, onde jogou de 1951 a 1958, na melhor equipe da história da Lusa.

Chinesinho (Sydnei Colona Cunha) 16.04.2011
Revelado pelo Rio Grande, jogou no Internacional de 1955 a 1958. Jogador extremamente habilidoso, foi ídolo no Internacional, no Palmeiras e na Itália, onde atuou em vários clubes, incluindo a poderosa Juventus.

Escurinho (Luís Carlos Machado) 27.09.2011
O maior talismã que o clube já teve, costumava entrar durante partidas difíceis e marcar gols salvadores. Destacava-se como excelente cabeceador. Jogou no Internacional de 1970 a 1977.

Calvet (Carlos Donazar Calvet) 31.12.2011
Atacante habilidoso e dono de um chute poderoso, teve uma passagem discreta no Internacional, em 1948, pois atuava na mesma posição de Tesourinha. Era irmão do Calvet que jogou no Grêmio e no Santos.

Solis (Solis Pacheco Ximenes) 24.04.2012
Ponteiro-direito gaúcho, veio para o Internacional como parte do pagamento de Tesourinha, pelo Vasco da Gama. Jogou no Internacional de 1950 a 1954, saindo-se bem da difícil tarefa de substituir o craque colorado.

Louzada (Augusto Louzada da Cunha) 15.05.2012
Atacante que atuou no Cruzeiro e no Floriano, jogou no Internacional em 1950. Faleceu vítima de câncer.

Milton (Milton Ramos Vergara) 27.10.2012
Um dos maiores goleiros da história do clube, atuou no Colorado de 1952 a 1956. Faleceu vítima de câncer de pulmão.

Cuca (Gabriel Porto) 24.07.2013
Ponteiro-direito, atuou no Internacional em 1969. Faleceu em decorrência de um AVC.
.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Gre-Nal dos 11x0



01.11.1938

Há exatos 75 anos, o Internacional entrava no gramado da Timbaúva para enfrentar seu rival histórico, em uma partida válida pela Taça Martel.

Essa taça, instituída pelas Lojas Martel, foi disputada pela dupla Gre-Nal em 1936, 1937 e 1938. A Taça Martel foi instituída em 1930, para ser disputada pela dupla Gre-Nal em 6 amistosos, dois por ano. A primeira tentativa de realizar um Gre-Nal pela Taça Martel foi em 1932, mas somente em 1936 foi realizado o primeiro clássico por esse troféu.

Pois esse confronto de 1938 era o 4º Gre-Nal válido pela Taça Martel (e último disputado por essa taça), e 55º Gre-Nal da história. O Grêmio havia sido campeão municipal em 1937, e caminhava firme para o bi em 1938. Na Taça Martel, havia vencido um dos clássicos, e ou outros dois haviam terminado empatados. O último Gre-Nal, pelo campeonato municipal, havia sido vencido pelo Tricolor, por 4x3, um mês antes. Depois do Gre-Nal, o Colorado havia jogado apenas um amistoso, com o Esportivo, que terminou empatado em 4x4. O resultado foi considerado uma vitória pelo Esportivo, cuja torcida invadiu o campo para comemorar com os jogadores. Era nessa situação que o Colorado chegava para o clássico.

Mas com a bola rolando, tudo mudou. Logo aos 8', Acácio abriu o marcador. Aos 17', o craque Sylvio Pirillo fez 2x0. Pouco depois, Filhinho marcou o 3º, mas o juiz Álvaro Silveira anulou, alegando impedimento. Ainda no 1º tempo, Sylvio Pirillo marcou outro gol, novamente anulado, sob alegação de toque de mão. Não perca a conta: o 1º tempo terminou com 2x0 no placar e mais dois gols anulados.

Na 2ª etapa o Internacional volta arrasador. Aos 11', Acácio faz 3x0. Aos 29', Filhinho marca 4x0. Aos 35', Acácio, o nome do jogo, faz seu 3º gol: 5x0. Aí o juizão volta a aplicar... Miguel faz mais um gol, e o juiz anula, por impedimento. Acácio marca o que seria seu 4º gol, também anulado sob alegação de impedimento. Aos 43', Miguel faz mais um gol: 6x0. E ainda teve tempo para mais um gol colorado, anulado sob alegação de toque de mão. Final de jogo: Internacional 6x0, e tendo 5 gols anulados. Segundo a lenda do futebol, o juiz teria justificado as anulações, para um dirigente colorado, dizendo que era muito gol para um clássico.

O jornal Diário de Notícias criticou a atuação do árbitro, dizendo que pelo menos dois dos gols anulados por impedimento foram marcados em condição legal.

Escalações
IN: Júlio; Vianna e Risada; Brandão, Silenzi e Levi; Acácio, Castillo (Rui), Sylvio Pirillo, Miguel e Filhinho
GR: Edmundo; Ari Delgado e Luiz Luz; Jorge, Noronha e Russo; Mesquita, Vanário, Luiz Carvalho, Foguinho e Casaca

quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Salve o Dia do Saci!


Em 2003, um grupo de pessoas preocupadas com a "invasão" do Halloween, que chegou no Brasil, via escolas particulares, na década de 1990, fundou a SOSACI (Sociedade dos Observadores de Saci ). No mesmo ano, dois projetos de lei foram criados, estabelecendo o Dia do Saci em 31 de outubro o PL 2.479/2003 e o PL 2.762/2003. Infelizmente, nenhum dos projetos ainda foi votado.

Por outro lado, entre 2003 e 2004 vários municípios dos estados de São Paulo, Espírito Santos, Minas Gerais e Ceará aprovaram leis municipais estabelecendo o Dia do Saci, inclusive a própria capital paulista. O estado de São Paulo também oficializou a data. Em São Luiz do Paraitinga (SP), a Festa do Saci dura vários dias. E em muitos rincões do Brasil, mesmo sem a oficialização da lei, o Dia do Saci é comemorado. Algumas escolas também comemoram o Dia do Saci junto com a Festa de Halloween, valorizando a rica cultura nacional.

E o Saci também é, orgulhosamente, a mascote do Sport Club Internacional (e quase foi a mascote da Copa do Mundo, no lugar do tatu bola que acabou escolhido). O clube que enfrentou o preconceito e desde cedo contou com torcedores e atletas negros, e que era chamado pelo tradicional rival de "Clube dos Negrinhos", adotou originalmente um menino negro como mascote, e mais tarde esse menino negro passou a ser representado pelo Saci, especialista em ardis e truques, e que nunca é enganado pelos seus inimigos. Curiosamente, nossa primeira vitória em Gre-Nal ocorreu em 31 de outubro de 1915, por 4x1.

Então, como diz a música de Jorge Benjor:

"Saci, Saci Pererê
Pula, brinca e joga que eu quero ver!"

terça-feira, 29 de outubro de 2013

Uniformes

Para quem gosta de uniformes de clubes, uma dica interessante:

O cadastro de uniformes de clubes brasileiros, da CBF. Tem os uniformes de todos os clubes das Séries A, B e C do campeonato brasileiro.

http://conteudo.cbf.com.br/laudos/cnut-todos.pdf

domingo, 27 de outubro de 2013

Jogo 5.000

Depois de vários meses conferindo a lista de jogos do clube com o pesquisador Luiz Pissutti, estabelecemos critérios, retiramos da lista partidas com duração menor que a regulamentar, jogos-treino, partidas do Rolinho, e conseguimos chegar a uma lista final sobre os jogos do Colorado.

E, de acordo com nossos números, a partida de hoje foi a 4.999 da história colorada.

No dia 03.11.2013, ao enfrentar o Atlético PR, o Internacional estará disputando a partida 5.000 de sua história.

As outras partidas que marcaram o fim de um milhar:

Jogo 1.000 13.09.1953 3x0 Aimoré - Campeonato Metropolitano - F
Jogo 2.000 19.09.1971 1x0 América MG - Campeonato Brasileiro - C
Jogo 3.000 07.05.1985 1x1 Internacional SM - Copa Bento Gonçalves - C
Jogo 4.000 22.08.1999 1x0 Atlético MG - Campeonato Brasileiro - C

Craques do Passado - Milton


Milton Ramos Vergara nasceu em 29 de março de 1931, em Porto Alegre (RS).

O goleiro Milton era uma segurança no gol do Rolinho, time que dominou o futebol gaúcho na primeira metade da década de 1950.

O goleiro começou sua carreira em 1947, aos 16 anos, no Villa Crystal, da várzea da capital. De lá, chegou ao Internacional em 1950, indo atuar nos aspirantes. No início de 1952 teve uma rápida passagem pelo Brasil de Pelotas, por empréstimo, mas retornou ao Colorado.

Sua estreia no gol colorado ocorreu em 22 de junho de 1952. Nesse dia o Internacional tinha um amistoso marcado contra o Pelotas, na Boca do Lobo, e também tinha uma partida contra o Cruzeiro, pelo Torneio Extra. O time titular foi para Pelotas, enquanto uma equipe reserva jogava na capital. Milton atuou contra o Cruzeiro, na vitória por 3x0. Uma curiosidade, nessa partida: a direção do Cruzeiro sentiu-se ofendida pelo Internacional utilizar seus reservas, e decidiu levar a campo seu time reserva, também.

Inicialmente, Milton era a 3ª opção para o gol, pois o clube contava com o titular, Periquito, contratado no início do ano, junto ao Floriano, e Dóia, contratado em 1951, junto ao Corinthians Porto-Alegrense. Mas no início do campeonato metropolitano de 1952 Milton já era o titular.

No Internacional, Milton colecionou títulos. Foi campeão gaúcho e metropolitano em 1952, 1953 e 1955, campeão do Torneio Extra em 1952 e 1954, e campeão dos Torneios Régis Pacheco, em 1953, e de Inauguração do Olímpico, em 1954.

No primeiro semestre de 1953 Milton chegou a perder a posição para Periquito, recuperando-a a seguir. Em 1955 Milton perdeu a posição para o uruguaio La Paz, mas permaneceu no Internacional até julho de 1956, quando foi negociado com o Esportivo. Sua última partida pelo Internacional ocorreu em 29 de julho de 1956, um amistoso contra o Atlético MG, que terminou 2x2. No final de 1956 Milton se transferiu para o Atlético PR, onde aposentou-se em 1959. Pelo Furacão, Milton foi bicampeão estadual, em 1958 e 1959.

Depois de muitas conquistas no gramado, Milton continuou colaborando com o Internacional fora de campo, auxiliando na organização de consulados. Mas em 27 de outubro de 2012, Milton perdeu a batalha para o câncer de pulmão, falecendo aos 81 anos de idade.

Seus números pelo Internacional:
87 partidas
59 vitórias
17 empates
11 derrotas

terça-feira, 22 de outubro de 2013

Partidas do Internacional em Curitiba

Aproveitando o jogo de amanhã, vejamos o desempenho do Internacional, atuando em Curitiba:

17.12.1932 2x1 Combinado Atlético/Britânia - Amistoso
22.12.1932 6x1 Palestra Itália PR - Amistoso
25.12.1932 1x1 Seleção Paranaense - Amistoso
05.12.1942 3x1 Atlético - Amistoso
08.12.1942 4x7 Coritiba - Amistoso
17.09.1950 1x0 Atlético - Amistoso
19.09.1950 2x1 Ferroviário - Amistoso
03.07.1955 4x2 Coritiba - Amistoso
19.05.1956 0x2 Atlético - Amistoso
20.05.1956 2x2 Guarani (Pta. Grossa/PR) - Amistoso
26.01.1962 1x2 Coritiba - Campeonato Sul-Brasileiro
29.03.1962 3x2 Atlético - Amistoso
19.03.1967 1x0 Ferroviário - Robertão
29.09.1968 1x3 Atlético - Robertão
10.09.1969 2x0 Coritiba - Robertão
10.03.1971 3x1 Ferroviário - Amistoso
25.08.1971 1x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
12.11.1972 1x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
02.12.1973 0x0 Atlético - Campeonato Brasileiro
30.01.1974 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro de 1973
10.03.1974 0x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
02.06.1974 1x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
02.11.1975 0x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
30.10.1976 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
23.10.1977 3x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
29.03.1978 2x0 Colorado - Campeonato Brasileiro
07.05.1978 1x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
23.09.1979 0x0 Atlético - Campeonato Brasileiro
13.10.1979 3x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
22.11.1979 0x0 Atlético - Campeonato Brasileiro
04.02.1981 0x0 Colorado - Campeonato Brasileiro
27.03.1983 0x2 Colorado - Campeonato Brasileiro
31.03.1985 0x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
02.09.1986 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
18.12.1988 1x0 Atlético - Campeonato Brasileiro
22.03.1994 1x0 Paraná - Copa do Brasil
18.08.1994 1x1 Paraná - Campeonato Brasileiro
20.11.1994 0x0 Paraná - Campeonato Brasileiro
12.04.1995 0x1 Paraná - Copa do Brasil
22.11.1995 2x2 Paraná - Campeonato Brasileiro
10.10.1996 1x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
06.03.1997 1x1 Paraná - Copa do Brasil
28.09.1997 0x0 Paraná - Campeonato Brasileiro
01.11.1997 1x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
12.11.1998 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
08.02.1999 3x4 Paraná - Copa Sul
25.08.1999 2x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
04.11.1999 0x1 Paraná - Campeonato Brasileiro
04.12.1999 1x2 Atlético - Torneio Seletivo Libertadores
05.02.2000 1x1 Atlético - Copa Sul-Minas
16.11.1200 1x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
25.11.2000 2x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
07.01.2001 2x1 Paraná - Copa Sul-Minas
05.08.2001 2x3 Coritiba - Campeonato Brasileiro
01.09.2001 0x3 Paraná - Campeonato Brasileiro
27.01.2002 1x3 Coritiba - Copa Sul-Minas
03.03.2002 2x3 Paraná - Copa Sul-Minas
20.10.2002 3x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
05.04.2003 1x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro
24.09.2003 1x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
19.10.2003 0x4 Paraná - Campeonato Brasileiro
28.04.2004 1x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
11.08.2004 2x1 Paraná - Campeonato Brasileiro
22.05.2005 3x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
04.12.2005 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
07.05.2006 2x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
19.11.2006 0x1 Paraná - Campeonato Brasileiro
19.05.2007 1x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
29.10.2007 0x1 Paraná - Campeonato Brasileiro
16.04.2008 0x2 Paraná - Copa do Brasil
13.07.2008 1x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
04.10.2008 2x4 Coritiba - Campeonato Brasileiro
03.06.2009 0x1 Coritiba - Copa do Brasil
12.07.2009 2x3 Atlético - Campeonato Brasileiro
04.10.2009 0x2 Coritiba - Campeonato Brasileiro
22.09.2010 0x1 Atlético - Campeonato Brasileiro
19.06.2011 1x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
02.10.2011 0x2 Atlético - Campeonato Brasileiro
29.08.2012 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro
01.09.2013 0x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro

Resumo:
80 partidas
25 vitórias
21 empates
34 derrotas

Tesourinha estreava há 74 anos

Em 22 de outubro de 1939 o Internacional enfrentava o Cruzeiro, nos Eucaliptos, pela 2ª rodada do campeonato municipal. A estreia não havia sido boa, derrota em casa para o Grêmio, por 3x2. Para o Inter-Cruz o clube não apresentava novidades.

O nome da partida foi Brandão, que marcou os dois gols colorados, na vitória de 2x1. No 2º tempo, estreou no Internacional um garoto magricela, que substituiu Carlitos. Seu nome era Osmar, mas ele ficaria conhecido como Tesourinha.

Tesourinha havia se criado nos campos de várzea de Porto Alegre, jogando em clubes como o Juventude, Madureira e Setembrino. Em 1939, após um amistoso entre o Setembrino e os juvenis do Internacional, Tesourinha chamou a atenção dos dirigentes colorados. O futuro craque já tinha um convite do Ferroviário, da Série B, para profissionalizar-se, mas acabou assinando com o Internacional.

E logo depois que estreou, Tesourinha não saiu mais do time. No início, foi favorecido pela convocação de Carlitos para a seleção gaúcha (Tesourinha era ponteiro-esquerdo de origem). Com a volta de Carlitos da seleção, Tesourinha foi para a direita, de onde não saiu mais.

Seu primeiro gol ocorreu em sua 4ª partida, goleada de 7x0 no Força e Luz. Esse foi seu único gol em 1939, onde disputou apenas as 4 últimas partidas da temporada. O jogo seguinte, já em 1940, mas ainda válido pelo campeonato municipal de 1939, era o Gre-Nal: vencemos por 6x1, e Tesourinha fez mais um gol. No campeonato de 1939, encerrado em fevereiro de 1940, o Internacional foi vice. Mas já estava germinando a semente do grande time dos anos 1940.

O primeiro contrato profissional de Tesourinha foi assinado somente em 1940. O atleta recebia 200 mil réis por mês, mais um quilo de carne e dois litros de leite diários, por sugestão do médico do clube, que o achava muito magro. Em 1940 Tesourinha foi campeão municipal e estadual, marcando 11 gols na temporada. Em 1941, o bicampeonato, com 9 gols. No ano seguinte, tri, com 16 gols. Em 1943 o Colorado chegava ao tetra, com um recorde de gols: 27.

Na temporada de 1944, além do pentacampeonato, Tesourinha foi convocado pela primeira vez para a Seleção Brasileira. Flamengo, São Paulo e Palmeiras tentaram contratá-lo, sem sucesso. Pela Seleção Gaúcha, participou da memorável vitória de 2x1 sobre a imbatível Seleção Paulista, no Rio de Janeiro. Tesourinha também foi o artilheiro colorado da temporada, com 19 gols.

Em 1945 Tesourinha disputou o Campeonato Sul-Americano, no Chile, sendo eleito o melhor ponteiro-direito da América. No mesmo ano, o Internacional foi hexacampeão estadual. Seus atletas receberam uma premiação de três mil cruzeiros, cada, e foram diplomados "doutores em futebol". Tesourinha fez 24 gols pelo Internacional, na temporada.

Em 1946 Tesourinha voltou a ser escolhido o melhor ponteiro-direito da América. Pelo Colorado, marcou 11 gols.

Em 1947 o Internacional voltou a conquistar o título gaúcho, com 17 gols de Tesourinha. O bi veio em 1948, com 23 gols.

A temporada de 1949 foi marcada por conquistas pessoais. Primeiro, foi eleito o "Melhoral dos Cracks", disputando o voto popular com os principais jogadores do país. Depois, pela Seleção Brasileira, foi campeão sul-americano, feito que não ocorria desde 1922. Tesourinha marcou dois gols na decisão, quando o Brasil goleou o Paraguai por 7x0. No final da temporada de 1949 finalmente o Internacional concordou em negociar Tesourinha, vendendo-o para o Vasco da Gama, por 300 mil cruzeiros, o passe do atacante Solís e mais a renda de um amistoso a ser disputado. Na sua última temporada no Internacional, Tesourinha marcou 20 gols.

No Vasco, Tesourinha foi campeão carioca em 1950, conquistando, no mesmo ano, o título brasileiro pela Seleção Carioca. Na véspera da Copa do Mundo, porém, uma lesão no joelho o deixou fora do Mundial. Em 1952, com um problema crônico, Tesourinha voltou ao sul, e surpreendentemente, para jogar no Grêmio, tornando-se o primeiro negro a vestir a camisa tricolor.. Isso levou o humorista Carlos Nobre a dizer: "sua importância foi tão grande que, por sua causa, assinaram a Lei Áurea no Grêmio". Pelo Grêmio, Tesourinha não conquistou títulos, nem fez gol em Gre-Nal. Em 1955 acabou transferindo-se para o pequeno Nacional, onde jogou até 1957. Tesourinha encerrou a carreira dois dias antes de completar 36 anos.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Os Gre-Nais de D'Alessandro

Em janeiro de 2008, a imprensa anunciava que estava praticamente fechada a contratação de D'Alessandro pelo Grêmio. O meia viria para substituir Diego Souza, e Pelaipe queria sua apresentação no Olímpico o mais rápido possível. Pois bem...

Não só D'Alessandro não acertou com o Grêmio, como oito meses depois estreou no Internacional, clube pelo qual conquistou títulos e acostumou-se a fazer gols no Grêmio.

O primeiro Gre-Nal de D'Alessandro foi exatamente na sua estreia pelo Internacional, em 13.08.2008. Era um clássico válido pela Copa Sul-Americana, disputado no Beira-Rio. Teve boa atuação no empate em 1x1, obrigando Marcelo Grohe a fazer uma defesa em dois tempos, em uma cobrança de falta aos 38' do 1º tempo.

O 2º clássico foi o jogo da volta da Sul-Americana, no Olímpico, em 28.08.2008. D'Alessandro teve uma atuação melhor que a anterior, e o maior entrosamento com Nilmar enlouqueceu a defesa gremista. Aos 28' do 2º tempo, porém, com o Colorado vencendo por 2x0 e ameaçando ampliar o placar, Tite decidiu tirar o argentino e colocar Edinho em campo. O Grêmio reagiu, empatou em 2x2, mas não conseguiu passar à fase seguinte.

O terceiro Gre-Nal de D'Alessandro foi em 28.09.2008, no Beira-Rio, pelo Campeonato Brasileiro. E foi um show do argentino! Logo aos 4' do 1º tempo, Gustavo Nery cobrou uma falta para a área, a zaga gremista rebateu para a entrada da área, onde D'Alessandro pegou de primeira, para marcar 1x0! Victor sofria seu primeiro gol do argentino. Aos 28', quando a partida já estava 1x1, D'Alessandro cobrou rapidamente uma falta para Alex, enquanto a defesa gremista se posicionava, e o meia fez 2x1. E D'Ale não parou por aí. Aos 39', cobrou escanteio para Índio marcar 3x1. E aos 44', cruzou para Nilmar marcar: 4x1. Em 45 minutos D'Alessandro destruiu o Grêmio, com um gol e 3 assistências. No 2º tempo o Colorado limitou-se a administrar o placar, que ficou nos 4x1, mesmo.

D'Alessandro voltaria a disputar um clássico em 08.02.2009, pelo Campeonato Gaúcho, em Erechim. E logo aos 3' do 1º tempo abriu o marcador, cobrando falta, que desviou em William Magrão e enganou Victor. O Colorado venceria o clássico por 2x1.

O argentino ficou de fora do Gre-Nal seguinte do Gauchão, por lesão, e no clássico de 05.04.2009, um dia depois do Centenário colorado, ele começou no banco. Aos 15' do 2º tempo, Tite colocou D'Alessandro em campo, no lugar de Andrezinho. O clássico estava empatado em 1x1. Aos 26', D'Alessandro começou uma confusão que resultou na expulsão de Rafael Marques e Taison. Aos 32', ele lançou Índio, que marcou o gol da vitória colorada: 2x1.

O sexto clássico de D'Ale foi disputado em 19.07.2009, no Olímpico, pelo Campeonato Brasileiro. E foi sua primeira derrota: 1x2. No Gre-Nal do returno, em 25.10.2009, no Beira-Rio, logo aos 3' do 1º tempo, Kléber cruzou, Alecsandro ajeitou com o peito para D'Alessandro, que chutou da intermediária, e Victor aceitou: 1x0. Foi o único gol do jogo. O argentino foi substituído por Andrezinho aos 14' do 2º tempo.

D'Alessandro não jogou o primeiro Gre-Nal do Gauchão de 2010, mas estava em campo na primeira partida da decisão do estadual, em 25.04.2010, no Beira-Rio. No 1º tempo o Colorado foi melhor, e D'Alessandro era o grande responsável pelas jogadas do time. No 2º tempo, o Grêmio decidiu o jogo em duas jogadas de bola parada: um escanteio e uma falta. D'Alessandro foi substituído antes do fim por Kléber Pereira.

O craque ficaria de fora do 2º jogo da decisão, e também do Gre-Nal do 1º turno do Brasileiro. Mas em 24.10.2010 estava em campo, no Olímpico, para jogar pelo 2º turno do Campeonato Nacional. O Internacional nitidamente se poupava para o Mundial. Aos 38' do 2º tempo, com o Grêmio vencendo por 2x1, D'Alessandro decidiu arriscar um chute da meia-lua, acertando o canto de Victor: 2x2.

Em 2011, D'Alessandro não jogou o primeiro Gre-Nal do Gauchão, disputado por reservas, em Rivera. Mas estava em campo na decisão da Taça Farroupilha, em 01.05.2011, no Beira-Rio. Se o Grêmio vencesse, seria campeão estadual. Mas o Colorado mandou no jogo, até a expulsão injusta de Guiñazú, aos 24' do 2º tempo. No finalzinho do jogo o Grêmio empatou (1x1) e levou a decisão para os pênaltis. D'Alessandro bateu o primeiro pênalti colorado, logo depois de Borges perder a cobrança gremista, e converteu. O Internacional venceu por 4x2 e classificou-se para a final.

Uma semana depois, em 08.05.2011, novo Gre-Nal, pela decisão do Campeonato Gaúcho, outra vez no Beira-Rio. O Colorado começou bem, abriu o marcador, teve chance de ampliar, mas perdeu-se um pouco, após o gol da virada gremista, logo no início da 2ª etapa. D'Alessandro foi substituído por Oscar, aos 14' do 2º tempo, quando a partida estava 2x1 para o Grêmio. O jogo terminou 3x2 para os tricolores.

Em 15.05.2011 ocorreu o 2º Gre-Nal decisivo, no Olímpico. Parecia impossível uma virada, ainda mais depois que o Grêmio saiu na frente. Mas Zé Roberto, que entrou durante a partida, mudou a sorte do jogo, com duas assistências e sofrendo o pênalti que D'Alessandro converteu, aos 29' do 2º tempo, fazendo 3x1. Este resultado daria o título ao Internacional, mas o Grêmio diminuiu e levou a decisão para os pênaltis. D'Alessandro novamente cobrou o primeiro pênalti colorado, convertendo-o. O Internacional venceu por 5x4 e sagrou-se campeão gaúcho.

D'Alessandro não jogou o Gre-Nal do 1º turno do Campeonato Brasileiro. Mas estava no gramado do Beira-Rio em 04.12.2011, no clássico do 2º turno. O Internacional venceu por 1x0, gol de D'Alessandro, cobrando pênalti, aos 16' do 2º tempo.

Em 2012, como nos anos anteriores, D'Alessandro não disputou o 1º Gre-Nal do Gauchão, onde o Colorado atuou com uma equipe reserva. Em 22.02.2012, no Beira-Rio, o Internacional perdeu por 2x1 para o Grêmio, no 2º clássico. D'Alessandro, fortemente marcado, teve uma atuação discreta.

D'Alessandro não disputou os dois Gre-Nais seguintes (um pelo Gauchão, outro pelo Brasileiro). Voltou a jogar o clássico no último Gre-Nal do Olímpico, em 02.12.2012, encerrando o Campeonato Brasileiro. Apesar de jogar por 32 minutos com dois atletas a menos (Muriel e Leandro Damião foram expulsos), o Internacional segurou o empate em 0x0.

Em 03.02.2013, no Colosso da Lagoa, pelo Gauchão, o Internacional venceu o Grêmio por 2x1. D'Alessandro deu o passe para Forlán abrir o marcador, aos 38' do 1º tempo. Em 24.02.2013, no Centenário, nova vitória colorada, por 2x1. D'Alessandro deu trabalho aos defensores gremistas. Em 04.08.2013, D'Alessandro estava em campo no primeiro Gre-Nal da Arena, pelo Campeonato Brasileiro, empate em 1x1. E hoje, novo empate, 2x2, pelo Brasileiro, no Centenário. D'Alessandro marcou o 2º gol colorado, de pênalti, aos 15' do 2º tempo.

Resumo:
19 clássicos
8 vitórias
7 empates
4 derrotas
7 gols (6 marcados em Victor, 1 marcado em Dida)

sábado, 19 de outubro de 2013

GRE-NAIS inesquecíveis

Estamos chegando a mais um clássico Gre-Nal. E isso sempre me remete a lembrar os clássicos passados. Cada um certamente tem sua lista pessoal de clássicos inesquecíveis. A minha é a seguinte (considerando os clássicos desde 1977, primeiro Gre-Nal que eu recordo de ter assistido):

1) 12.02.1989 Internacional 2x1 - Campeonato Brasileiro - Beira-Rio
O "Gre-Nal do Século". Impossível escolher outro. Com um jogador a menos, viramos a partida e nos classificamos para a final do Brasileiro.

2) 15.05.2011 Internacional 3x2 - Campeonato Gaúcho - Olímpico
Voltar a ganhar um título na casa do rival, quase 30 anos depois, e com uma virada que quase ninguém mais acreditava!

3) 24.08.1997 Internacional 5x2 - Campeonato Brasileiro - Olímpico
O Cacalo havia dito que o Grêmio iria passar a patrola tricolor...

4) 28.09.2008 Internacional 4x1 - Campeonato Brasileiro - Beira-Rio
Show de D'Alessandro e Nilmar. Se o Tite não manda o time segurar o ritmo, tinha feito mais 4 gols no 2º tempo.

5) 17.12.1978 Internacional 2x1 - Campeonato Gaúcho - Olímpico
Na época, campeonato gaúcho era Copa do Mundo. A gente tinha deixado o título escapar no clássico anterior, em casa, e só se falava no bicampeonato gremista. Mas Valdomiro matou eles, com direito ao gol do título no finzinho do jogo!

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Garrincha x Internacional

Garrincha, um dos maiores gênios do futebol, enfrentou o Internacional diversas vezes, pelo Botafogo. Mas o que pouca gente sabe é que Garrincha enfrentou o Internacional vestindo mais duas camisas.

11.07.1968
O Internacional começava uma excursão de três jogos pelo estado de São Paulo enfrentando o pequeno Andradina. E o time do interior paulista contou, como reforço para esta partida, com Garrincha. O veterano jogador já havia começado sua peregrinação pelo Brasil, jogando amistosos por equipes que pagavam pela sua atuação em um ou dois jogos. Mesmo com o "Mané" em campo, o Andradina não teve forças para resistir ao Colorado, que venceu por 3x0.

02.07.1969
Quase um ano depois, o Internacional recebeu o Novo Hamburgo, para um amistoso no Beira-Rio. E Garrincha vestiu o uniforme do anilado. Novamente não teve forças para evitar a derrota de seu time frente ao Colorado (3x1). E dessa vez, sequer atuou os 90 minutos. Garrincha foi substituído aos 15' do 2º tempo, sob forte aplauso da torcida colorada.

Relação de jogos de Garrincha, contra o Internacional, vestindo a camiseta do Botafogo.

21.04.1954 Empate 2x2 - Torneio Quadrangular Interestadual - Maracanã
15.12.1954 Internacional 4x2 - Amistoso - Eucaliptos
21.04.1959 Empate 4x4 - Amistoso - Eucaliptos
21.11.1962 Empate 2x2 - Taça Brasil - Maracanã
28.11.1962 Empate 2x2 - Taça Brasil - Olímpico
30.11.1962 Botafogo 2x0 - Taça Brasil - Olímpico

Garrincha marcou dois gols no Internacional, um em cada amistoso disputado nos Eucaliptos.

domingo, 6 de outubro de 2013

O gol de Manga


Manga foi um dos maiores goleiros que já atuou no Brasil. Ídolo no Botafogo, é considerado também um dos maiores goleiros do Nacional de Montevidéu. Em 1974 o Fluminense decidiu repatriar o goleiro, mas quando o avião que o levava de Montevidéu ao Rio de Janeiro fez escala em Porto Alegre, Manga foi "sequestrado" por dirigentes colorados, que lhe fizeram uma oferta melhor que a dos cariocas. E Manga ficou para tornar-se o maior goleiro da história colorada.

Manga já havia cruzado o caminho do Internacional algumas vezes, como adversário. Em 1957, fechou o gol do Sport em um amistoso no Recife (1x1). Pelo Botafogo, foram alguns confrontos, por Taça Brasil e Robertão. E em 1970 o Colorado bateu o Nacional de Manga por 2x0, acabando com 44 partidas de invencibilidade do clube uruguaio. Foi a primeira partida de Manga no Beira-Rio.

Pelo Colorado, Manga estreou no Quadrangular Final do campeonato brasileiro de 1974, em 24 de julho, quando perdemos por 2x1 para o Santos, no Morumbi. No jogo seguinte, falhou nos dois gols do empate com o Vasco, no Maracanã (2x2). Mas depois desses tropeços iniciais, conquistou a torcida com defesas incríveis e jogando mesmo lesionado. Várias vezes ele provocava os atacantes adversários, desafiando-os a chutarem em gol.

E Manga também foi o primeiro goleiro colorado a marcar um gol.

Era 6 de outubro de 1974 (há 39 anos). O Internacional enfrentava o Gaúcho, de Passo Fundo, no Beira-Rio, pelo 2º turno do campeonato estadual. Esse foi o campeonato em que o Colorado venceu todas as 18 partidas. Era o novo Rolo Compressor, esmagando todos os adversários. E o Gaúcho não foi diferente.

O time de Passo Fundo conseguiu resistir por 40 minutos. Mas aos 41' do 1º tempo, Escurinho abriu o placar, e dois minutos depois, fez o 2º gol. No 2º tempo, Sérgio Lima ampliou, aos 25'. A partida encaminhava-se para o final, quando o juiz José Cavalheiro de Morais marcou pênalti para o Colorado. Lula já preparava para bater o pênalti, quando alguém gritou, no meio da massa: "Manga!". O grito foi repetido por alguns, e logo todo o estádio pedia: "Manga!, Manga!". O goleiro olhou para o técnico Rubens Minelli, que autorizou a cobrança.

Mas enquanto Manga corria para a área adversária, aconteceu algo curioso. Na época, gol de goleiro era incomum. E o goleiro Carlos Alberto, do Gaúcho, achou que seria humilhação sofrer um gol de outro goleiro. Primeiro, ele recorreu ao juiz, que disse que não havia nada na regra que impedisse um goleiro de cobrar pênalti. Depois, junto com seus companheiros, tentaram impedir a cobrança. Carlos Alberto, chorando, pediu a Manga que não humilhasse um colega de profissão. A resposta veio no melhor estilo Manga: "seja homem, rapaz!". Depois de muita confusão, o pênalti foi cobrado, e mal cobrado. Manga chutou fraco, no meio do gol. Mas Carlos Alberto, ainda chorando, nem tentou defender, estava caminhando sobre a linha do gol. Ao perceber a cobrança fraca, levou o pé para trás, e quase defende de calcanhar. Mas era tarde: Internacional 4x0! Gol de Manga!

Mas a carreira de artilheiro de Manga não foi muito longe. Dias depois, em um amistoso contra o Guarany de Garibaldi, Manga cobrou outro pênalti, chutando para fora, e desistiu de se arriscar em novas cobranças.

Técnicos Colorados em Brasileiros

Desempenho dos técnicos que treinaram o Internacional em campeonatos brasileiros. Para tornar justa a comparação, todas as vitórias foram consideradas valendo três pontos, independente do regulamento da época.

Dino Sani 1971/1972/1973 e 1983/1984
98 partidas
40 vitórias
42 empates
16 derrotas
55,10% de aproveitamento

Rubens Minelli 1973/1974/1975/1976
92 partidas
55 vitórias
23 empates
14 derrotas
68,11% de aproveitamento

Carlos Gainete 1977
13 partidas
7 vitórias
3 empates
3 derrotas
61,53% de aproveitamento

Cláudio Duarte 1979, 1981, 1982, 1994 e 2002
75 partidas
35 vitórias
20 empates
20 derrotas
55,55% de aproveitamento

Ênio Andrade 1979/1980, 1987 e 1990/1991
91 partidas
44 vitórias
27 empates
20 derrotas
58,24% de aproveitamento

Mário Juliato 1981
9 partidas
3 vitórias
4 empates
2 derrotas
48,14% de aproveitamento

Ernesto Guedes 1983
11 partidas
3 vitórias
3 empates
5 derrotas
36,36% de aproveitamento

Otacílio Gonçalves 1984/1985 e 1998
30 partidas
11 vitórias
10 empates
9 derrotas
47,77% de aproveitamento

Homero Cavalheiro 1986
26 partidas
12 vitórias
8 empates
6 derrotas
56,41% de aproveitamento

Chiquinho 1988
5 partidas
1 vitória
3 empates
1 derrota
40% de aproveitamento

Abel Braga 1988, 1995, 2006 e 2007/2008
108 partidas
48 vitórias
34 empates
26 derrotas
54,93% de aproveitamento

Paulo César Carpegiani 1989
4 partidas
2 vitórias
1 empate
1 derrota
58,33% de aproveitamento

Bráulio 1989
6 partidas
1 vitória
2 empates
3 derrotas
27,77% de aproveitamento

Carbone 1989
8 partidas
1 vitória
2 empates
5 derrotas
20,83% de aproveitamento

Orlando Bianchini 1990
8 partidas
0 vitória
4 empates
4 derrotas
16,66% de aproveitamento

Antônio Lopes 1992
19 partidas
7 vitórias
6 empates
6 derrotas
47,36% de aproveitamento

Paulo Roberto Falcão 1993 e 2011
25 partidas
9 vitórias
7 empates
9 derrotas
45,33% de aproveitamento

Procópio Cardoso 1994
9 partidas
3 vitórias
2 empates
4 derrotas
44,44% de aproveitamento

Nelsinho Baptista 1996
10 partidas
3 vitórias
3 empates
4 derrotas
40% de aproveitamento

Elias Figueroa 1996
13 partidas
7 vitórias
2 empates
4 derrotas
58,97% de aproveitamento

Celso Roth 1997, 2002 e 2010
78 partidas
36 vitórias
20 empates
22 derrotas
54,70% de aproveitamento

Cassiá 1998
20 partidas
9 vitórias
3 empates
8 derrotas
50% de aproveitamento

Paulo Autuori 1999
2 partidas
0 vitória
0 empate
2 derrotas
0% de aproveitamento

Walmir Louruz 1999
12 partidas
4 vitórias
2 empates
6 derrotas
38,88% de aproveitamento

Emerson Leão 1999
7 partidas
2 vitórias
2 empates
3 derrotas
38,09% de aproveitamento

Zé Mário 2000
28 partidas
11 vitórias
10 empates
7 derrotas
51,19% de aproveitamento

Carlos Alberto Parreira 2001
27 partidas
12 vitórias
4 empates
11 derrotas
49,38% de aproveitamento

Guto Ferreira 2002 e 2008
6 partidas
1 vitória
2 empates
3 derrotas
27,77% de aproveitamento

Lori Sandri 2004
11 partidas
5 vitórias
2 empates
4 derrotas
51,51% de aproveitamento

Leandro Machado 2004
1 partida
1 vitória
0 empate
0 derrota
100% de aproveitamento

Joel Santana 2004
16 partidas
4 vitórias
3 empates
9 derrotas
31,25% de aproveitamento

Muriciy Ramalho 2003 e 2004/2005
106 partidas
53 vitórias
21 empates
32 derrotas
56,60% de aproveitamento

Leomir 2006
1 partida
1 vitória
0 empate
0 derrota
100% de aproveitamento

Alexandre Gallo 2007
18 partidas
7 vitórias
3 empates
8 derrotas
44,44% de aproveitamento

Tite 2008/2009
61 partidas
27 vitórias
14 empates
20 derrotas
51,91% de aproveitamento

Mário Sérgio 2009
11 partidas
6 empates
3 empates
2 derrotas
63,63% de aproveitamento

Jorge Fossati 2010
4 partidas
1 vitória
0 empate
3 derrotas
25% de aproveitamento

Enderson Moreira 2010
3 partidas
1 vitória
1 empate
1 derrota
44,44% de aproveitamento

Osmar Loss 2011 e 2012
7 partidas
2 vitórias
3 empates
2 derrotas
42,85% de aproveitamento

Dorival Júnior 2011/2012
32 partidas
14 partidas
11 empates
7 derrotas
55,20% de aproveitamento

Fernandão 2012
26 partidas
9 vitórias
8 empates
9 derrotas
44,87% de aproveitamento

Dunga 2013
25 partidas
8 vitórias
10 empates
7 derrotas
45,33% de aproveitamento

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A grande decisão de 1914

A temporada de 1914 estava sendo muito boa para o Internacional. O clube conquistou o campeonato municipal com 100% de aproveitamento, distribuindo algumas goleadas, como 15x2 Americano, 9x0 Frisch Auf (clubes que abandonaram o campeonato no meio, para fundar outra liga, com o Grêmio), 7x0 Cruzeiro e 6x1 Colombo.

Nos amistoso, o desempenho também era espetacular. Em 4 amistosos disputados na capital, 4 vitórias, incluindo um 10x2 Cruzeiro e um 5x1 no vovô Rio Grande, maior derrota que o clube já havia sofrido para um time gaúcho, até então.

O Colorado também realizou uma excursão pelo interior, jogando em Bagé e Pelotas. Em 6 partidas, somou 5 vitórias e uma única derrota, na revanche frente ao Guarany de Bagé. No mesmo período o Grêmio realizara uma excursão pelo interior, colhendo péssimos resultados: jogou três partidas em Pelotas e perdeu as três.

Mas um clube do interior decidiu desafiar o Internacional. O 14 de Julho, de Santana do Livramento, que estava invicto a mais de um ano, incluindo aí um empate com o poderoso Peñarol, apresentou-se para disputar com o Colorado a condição de melhor equipe do estado. Feito o desafio, a partida foi marcada para 1º de outubro de 1914, em Porto Alegre.

O jornal "O Diário", da capital, assim apresentou a partida, na sua edição de 1º de outubro:

"É chegado afinal o dia de se encontrarem no campo da lucta, onde disputarão o título honroso de campeão, as afamadas equipes do Sport Club 14 de Julho, de Sant'Anna do Livramento, e Sport Club Internacional, desta capital. Após a memoravel excursão que o Internacional emprehendeu pelo Estado, transformada em marcha triumphal, conquistou definitivamente o honroso titulo de campeão porto alegrense que ninguem, absolutamente ninguem poderá contestar. De outro lado o S. C. 14 de Julho igualmente victorioso em todas as excursões que emprehendeu a S. Gabriel, Santa Maria e Rosario, no Brazil, e Rivera, na Republica do Uruguay é também o glorioso campeão fronteiriço."

Esse confronto, que atraiu grande público, terminou empatado em 0x0. O Internacional jogou desfalcado de seu goleiro, Silla, atuando no gol o zagueiro Simão. Além disso, o uniforme dos dois clubes, predominantemente vermelhos, causaram confusão aos atletas.

Então, no dia 4 de outubro de 1914, os dois clubes voltaram a enfrentarem-se, na Chácara dos Eucaliptos, para o tira-teima. O Colorado continuava sem seu goleiro, mas decidiu jogar com uma camisa listrada de vermelho e branco, para diminuir a confusão entre os atletas. E quando a bola rolou, o Rio Grande do Sul soube definitivamente quem era o melhor time do estado.

Logo aos 4', Godinho fez 1x0. Ary ampliou aos 18', Godinho fez mais um aos 21', e Miller marcou o 4º gol aos 24' do 1º tempo. Em menos de 25 minutos o Internacional havia aniquilado o 14 de Julho, tirando sua longa invencibilidade. No 2º tempo, Miller ainda fez mais um, aos 11' do 2º tempo, sacramentando a goleada: Internacional 5x0 14 de Julho. Ribas ainda desperdiçaria um pênalti, chutando para fora.

Escalações:
IN: Simão; Ary e Satyro; Bitú, Kluwe e Darsis; Túlio, Godinho, Ribas, Miller e Vares
14: Contente; Tito Arreguy e Castelhano; Clementino Cunha, Martins e Acosta; Garragorry, Ferrer, Viola, Alberto e Barão
O zagueiro Tito Arreguy atuaria no Internacional entre 1924 e o início de 1927, quando tornou-se técnico do próprio Colorado.

Por essa vitória, os jogadores colorados conquistaram medalhas oferecidas pelo Tiro Brasileiro nº 4, e o clube conquistou dois troféus. Um, oferecido por Antônio Costa, em nome da seguradora Amparadora, era um bronze em forma de uma águia, no dorso da qual estava a Vitória, representada por uma mulher em posição de coroar. Foi denominado "Bronze Amparadora". Outro, oferecido pelos caixeiros de Porto Alegre, era uma taça de prata, denominada "Copa Caixeiral".

Abatendo seu oponente à condição de melhor clube gaúcho, o Internacional foi chamado informalmente pela imprensa de "campeão estadual".

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Daltro x Bráulio? Daltro x Torcida!

Bráulio, o "Garoto de Ouro" estreou no time principal do Internacional em 1965, aos 16 anos. Jogador de grande qualidade técnica e passe certeiro, logo caiu no agrado da torcida. Mas os anos 1960 não foram bons para o Colorado. Vários jogadores habilidosos eram revelados pelas categorias de base, mas não conquistavam títulos. Logo começaram a ser considerados pouco competitivos e fisicamente mais fracos que os adversários.

Em 1968 o Internacional havia contratado o ex-técnico gremista Oswaldo Rolla, o Foguinho, considerado um adepto do futebol-força. Mas seu trabalho não rendeu os frutos esperados, e em 17 de setembro de 1968, três dias depois de bater o São Paulo no Morumbi, Foguinho demitiu-se. No mesmo dia o Internacional contratou Daltro Menezes, técnico do Juventude. Falastrão, mas adepto de um futebol de marcação forte, Daltro caiu nas graças dos Mandarins, grupo que pretendia mudar o perfil do Internacional, priorizando a força na formação da equipe. Com Daltro, o Internacional foi vice-campeão do Robertão em 1968, e bicampeão gaúcho em 1969 e 1970.

Apesar dos título, entretanto, Daltro não caiu nas graças da torcida. Seu futebol de forte marcação e pouca preocupação ofensiva não entusiasmava os torcedores. Além disso, Bráulio, o ídolo da torcida, começou a ser sacado do time. Os títulos e o apoio do Mandarins conseguiam contrabalançar a pressão da torcida. Mas no final de 1970 a situação de Daltro começou a piorar rapidamente. No final de novembro de 1970, faltando três rodadas para encerrar a fase classificatória, o Internacional estava muito próximo do Quadrangular Final. O clube precisava de duas vitórias nos três jogos (ou dois empates e uma vitória). Os dois primeiros jogos foram no Rio de Janeiro, contra América e Flamengo. O Colorado perdeu os dois por 1x0, ficando fora da disputa antes da última rodada. E Daltro sequer levou Bráulio como reserva para o Rio. Na volta, a demissão do técnico era certa, mas os Mandarins conseguiram mantê-lo no poder.

O ano de 1971 não começou nada bem para Daltro. O time fracassou no Torneio do Povo. Pouco depois, o presidente Carlos Stechmann decide afastar o Mandarins do futebol, passando Aldo Dias Rosa para as finanças e aceitando a demissão de Ibsen Pinheiro e Cláudio Cabral, entre outros. A saída de Daltro parecia certa, mas ele continuou. Porém, foi avisado de que jogadores considerados de qualidade deveriam receber mais chances no time. Ao mesmo tempo, voltou ao clube um desafeto do técnico, Hugo Amorim, ex-Mandarim, para exercer a função de assessor de futebol.

No dia 15 de março de 1971 começa a agonia final de Daltro. Nesse dia, no Beira-Rio, o Colorado apenas empatou com o São José (1x1). No dia 20, novo empate em casa, com o Novo Hamburgo (0x0). Bráulio jogou, mas foi substituído. Em 24 de março, novamente no Beira-Rio, o Gre-Nal que decidia o Torneio Internacional de Porto Alegre. O Internacional perdeu por 2x0, sem Bráulio. Após a partida, o diretor de futebol Gildo Russowsky declarou à imprensa: "temos que tomar uma atitude. Esta situação não pode continuar". Daltro recebeu um ultimato, teria 15 dias para mostrar uma evolução do time. Isso incluía três partidas: um amistoso contra o Atlético de Carazinho, o Inter-Cruz pelo campeonato gaúcho, e o amistoso comemorativo do aniversário do clube, contra o Flamengo do Rio.

No dia 28 de março o Internacional bateu o Atlético por 4x1, em Carazinho. No dia 4 de abril, a partida contra o Cruzeiro foi preparada para ser uma grande festa de comemoração dos 62 anos do clube. Dirigentes históricos e ex-jogadores estavam presentes ao evento, e esperavam uma boa vitória. Mas o Colorado jogava pouco. Mesmo assim, aos 44' do 1º tempo, Dorinho, jogador de confiança de Daltro, fez 1x0. Entretanto, aos 10' do 2º tempo o veterano Ortunho empatou, 1x1. O Internacional apresentava dificuldades de criar novas chances de gol, e aos 20' Daltro resolveu mexer no time. E o fez da pior maneira possível: tirou Bráulio para colocar Jangada. Durante dois minutos o Beira-Rio tornou-se uma única voz, bradando "burro, burro, burro!". O Internacional ainda teria um gol legítimo mal anulado pelo juiz, mas nada desviou o foco da raiva dos torcedores. E aí vieram as entrevistas de fim de jogo...

Daltro (que treinou o time usando uma camisa azul), talvez sem perceber que estava cavando a própria sepultura, declarou aos repórteres: "a nossa torcida é espetacular. Acho que em matéria de vibração e de incentivo não existe outra. Acontece que ultimamente ela tem prejudicado muito o time. Resolveram endeusar o Bráulio. Isso não pode acontecer. Ele não é nenhum perna-de-pau, mas também não é fenômeno. É apenas um grande jogador, pode ser substituído".

Em outro ponto do estádio, Hugo Amorim declarava aos repórteres: "todas as manifestações da torcida são justas. Não podemos proibi-la de manifestar descontentamento, quando este é justo. Se ela acha que Bráulio é um grande jogador, tem razão. Ele não pode sobrar no plantel colorado. E, quando for substituído, só quando for por um grade jogador. Daltro deu o troco pelas rádios: "pode cair a casa inteira em cima de mim que eu tiro o Bráulio quando achar necessário." Na mesma noite começam as especulações sobre possíveis substitutos de Daltro: Didi, Sylvio Pirillo, Aimoré Moreira, Telê Santana, entre outros.

Na manhã de 6 de abril, após reunião da direção, Daltro Menezes foi demitido, e saiu disparando: "o Internacional voltou a priscar eras. A torcida pediu a cabeça do treinador e a diretoria atendeu". Gilberto Tim assumiu o comando do Internacional interinamente, e começou a busca por um novo técnico. Otto Pedro Bumbel (Sevilla ESP) e Sylvio Pirillo (Guarany PAR) foram descartados porque não seriam liberados por seus clubes. O nome preferido da direção era Didi, que estava no River Plate ARG, mas o valor da multa com o clube argentino era elevada demais. Também não foi possível tirar Telê Santana do Atlético MG. Assim, em 14 de abril o clube anunciava Dino Sani, que já havia feito um bom trabalho no Corinthians.

Em São Paulo, no dia 20 de abril, Daltro declarou à imprensa: "a torcida do Inter queria Bráulio no time, que jogava para ela. Mas ele não tinha condições de entrar no meu time. Por isso afastei-o." A bronca do ex-técnico também voltava-se para a torcida. "É preciso mudar a mentalidade daquela torcida. Eu não consegui, apesar de ter sido bicampeão do estado e quase tri." No dia seguinte, na estreia de Dino Sani, mesmo sem jogar bem o Internacional bateu o Riograndense, em Santa Maria, por 3x0. Ao final do jogo o presidente Carlos Stechmann respondeu a Daltro: "o time é o mesmo, você viu. Só que este time, agora, faz três a zero."

Assim terminava a saga da passagem de Daltro Menezes pelo Internacional. Em 1985 o "Gordo" voltaria ao clube, sem sucesso. Já o "Garoto de Ouro" jogou no Internacional até 1973, jogando depois no Coritiba, América RJ, Botafogo e Universidad de Chile.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

Torcida Colorada - O jeito do povão de torcer

Desde os primeiros tempos, a torcida colorada inovava no jeito de torcer. Muito antes da festa de confetes, serpentinas e fogos de artifício de Vicente Rao e da faixa "Imitando o crioulo, hem?", a torcida já se mostrava diferente das demais.

Em 4 de junho de 1911 o Internacional enfrentava o Nacional, na Redenção, pelo campeonato municipal. A imprensa da cidade, acostumada com as torcidas "elegantes" e "bem nascidas" dos demais clubes, que aplaudiam jogadas dos adversários, e onde mocinhas desmaiavam ao suspirarem por seus ídolos, estranhou o comportamento dos colorados. O Correio do Povo criticou o hábito de vaiarem os jogadores adversários. No final, Colorado 6x0.

Em 16 de agosto de 1913, outro exemplo do comportamento da torcida colorada. O Internacional enfrentava o Pelotas, em um confronto de 2ºs quadros (times B) que atraiu um bom público à Chácara dos Eucaliptos. O Pelotas venceu por 3x1, mas a torcida colorada foi o ponto alto do jogo. O tempo todo os colorados vaiaram os adversários. Os pelotenses ficaram tão atordoados que a direção do clube decidiu em nota nunca mais enfrentar o Internacional. A decisão se manteria por 14 anos.

Nos dois casos, fica claro o caráter participativo da torcida colorada, que não se limitava a assistir o jogo, mas queria ajudar o clube a conquistas as vitórias.

domingo, 29 de setembro de 2013

Jogador preso em campo

Em 29 de setembro de 1940, há 73 anos, o Internacional enfrentava o Cruzeiro, no estádio da Timbaúva, pelo campeonato municipal. Era o início do Rolo Compressor, e o Colorado vencia com certa facilidade. Castillo, de pênalti, havia marcado aos 35' do 1º tempo, e o mesmo jogador ampliou aos 37'. A torcida colorada, que já era famosa por sua ativa participação nos jogos, aplaudia os atletas colorados e vaiava os cruzeiristas.

Na volta do intervalo, a torcida colorada recebeu o time do Cruzeiro com mais vaias. O lateral-esquerdo Vinícius, irritado, fez gestos ofensivos para os torcedores. O ato foi flagrado por um inspetor de polícia, que comunicou o ocorrido ao delegado Renato Souza. Imediatamente o delegado deu voz de prisão ao atleta, dando início a uma confusão que paralisou a partida por 30 minutos. O Cruzeiro até aceitava perder Vinícius, mas queria o direito de substituí-lo por outro atleta, já que ele estava sendo punido pela polícia, e não pelo juiz. Mas a partida afinal recomeçou com o Cruzeiro com dez em campo.

Na 2ª etapa, o Colorado ampliou a vantagem. Aos 7', Álvaro fez 3x0. Ordovás ainda descontou aos 16', mas Carlitos (25') e Tesourinha (28') fecharam o placar: Internacional 5x1.

Essa situação não chegava a ser novidade no futebol da capital. No início da temporada de 1936 a polícia gaúcha havia decidido considerar faltas violentas como agressão, e os atletas agressores seriam presos em flagrante. Em 1º de maio de 1936, em outro Internacional x Cruzeiro, antes do início da partida o delegado responsável pelo policiamento do jogo, Amantino Fagundes, ingressou no gramado e, em frente ao juiz, alertou os jogadores do risco de prisão em caso de faltas violentas. A AMGEA (Associação Metropolitana Gaúcha de Esportes Atléticos), que organizava o campeonato da cidade, reagiu, dias depois, alegando que a polícia não tinha o direito de estender sua jurisdição para dentro do campo. Somente após um acordo entre a AMGEA e o chefe de Polícia do estado, delegado Poty Medeiros, a situação normalizou-se e os juízes voltaram a ser a autoridade máxima dentro do jogo.

Mas retornando ao Internacional x Cruzeiro de 1940...

No final do jogo, mais confusão. O zagueiro colorado Alfeu denunciou que havia sofrido tentativa de suborno por parte de dirigentes gremistas, e que mais três atletas colorados (Marcelo, Magno e Assis) haviam sido procurados para "facilitarem o jogo" no clássico da rodada seguinte. No dia do Gre-Nal, apenas o goleiro Marcelo não jogou, pois o titular Júlio, fora das últimas três partidas, voltou ao time. E o Colorado venceu por 4x3.

sábado, 28 de setembro de 2013

José Pinheiro Borda, o Coração do Gigante


Em 28 de setembro de 1897, nasceu em Portugal o menino José Pinheiro Borda. Em 1929 Pinheiro Borda mudou-se para o Brasil. Chegou a Porto Alegre como representante comercial de uma firma carioca, e acabou se estabelecendo na cidade, onde abriu uma casa de fazendas no antigo Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria). Logo tornou-se um apaixonado torcedor colorado, e ferrenho antigremista. Costumava declarar publicamente: "Jamais entrarei no estádio deles". Era daqueles torcedores que não perdia treino, e era amigo da maioria dos jogadores. Também costumava auxiliar famílias de torcedores pobres, no legítimo espírito do Clube do Povo.

Sócio do clube, acabou por ser eleito conselheiro. Na década de 1950 chegou à presidência do Conselho Deliberativo do clube. Várias vezes foi convidado para concorrer à presidência do clube, mas jamais aceitou. Para ele, bastava ser colorado. O próprio Borda definia esse sentimento: "Eu me sinto orgulhoso de ser colorado. Apenas isso. Para mim, ser colorado é a maior coisa do mundo. Maior ainda porque eu posso falar e falando eu posso dizer isso." Mesmo depois de tornar-se dirigente, continuou sem frequentar o estádio gremista. Em dia de Gre-Nal no Olímpico, ficava com os jogadores, na concentração, até a hora da partida para o estádio. Aí ele se dirigia para a colina dos cemitérios da cidade, e de dentro de um deles, conseguia vislumbrar, ao longe, alguns lances da partida.

Borda também era um conhecido turfista. Foi um dos responsáveis pela construção do Hipódromo do Cristal, inaugurado em 1959, e foi presidente do Jockey Club de Porto Alegre em 1960 e 1961. Era chamado pela imprensa o "incansável José Pinheiro Borda". Em seu mandato enfrentou tempos difíceis com o decreto antiturfe de Jânio Quadros, que quase levou a falência a maioria dos Jockeys Clubs do país. Também negociou com a prefeitura e Câmara Municipal a questão do terreno dos Moinhos de Vento, onde se localizou o antigo hipódromo. Mas em dezembro de 1961 perdeu as eleições onde buscava a reeleição para Indemburgo de Lima e Silva, por 468 a 433 votos.

Em 1962 o Internacional pretendia tirar o Beira-Rio dos sonhos e transformá-lo em realidade. José Pinheiro Borda foi o nome lembrado para ser presidente da Comissão de Obras, pela sua experiência na construção do Hipódromo do Cristal. Mesmo assim, foi necessário um grande esforço para convencê-lo de assumir esse cargo, pois se achava velho demais para a função. Somente após uma longa sessão do Conselho Deliberativo, com discursos emocionados de tradicionais colorados, Borda aceitou a missão, em junho de 1962.

Em pouco tempo, Pinheiro Borda organizou a Comissão do Estádio, e começou a lutar para conseguir fundos para a obra. Enfrentava com orgulho e confiança as provocações gremistas de que estava vendendo boias cativas, quando lançou a venda de cadeiras cativas e títulos patrimoniais do futuro estádio. Borda percorreu boa parte do interior do estado, conclamando todos os colorados a colaborarem com a construção do Gigante. Também era presença constante na imprensa, divulgando o estádio e pedindo colaborações. Após o lançamento da pedra fundamental do estádio, em julho de 1963, Borda costumava passar várias horas por dia junto ao gigante que nascia.
Origem da foto: http://memoriadointer.blogspot.com/

Nome respeitado por todos os colorados, em outubro de 1963 chegou a ser cogitado como candidato de consenso à presidência do clube, evitando a disputa entre Manoel Tavares e Salvador Lopumo, mas preferiu continuar chefiando as obras do estádio. Em 12 de dezembro de 1963 recebeu o título de "Cidadão de Porto Alegre" da Câmara Municipal. Dias depois, ficou em 2º lugar como desportista do ano na escolha do jornal Diário de Notícias, perdendo por um voto para Rudi Petry, diretor gremista.

Dedicado integralmente às obras do estádio, seguia os princípios que declarou em entrevista: "Esse estádio vai ficar pronto muito breve. Os colorados estão ajudando e o dinheiro entrando. E é dinheiro sagrado, no qual diretoria nenhuma colocará a mão".

Infelizmente, esse grande colorado não conseguiu realizar seu maior sonho: ver o estádio inaugurado. A sua última entrevista parecia antever o que aconteceria, quando Borda declarou: "Eu tenho três coisas que amo profundamente, a minha esposa, o Internacional e o Gigante da Beira-Rio. Nunca cometi pecados graves. Por isso, peço a Deus que me dê a graça de ver construído o Gigante". Mas uma doença surgida repentinamente derrubou rapidamente o grande colorado. Em 25 de abril de 1965 falecia José Pinheiro Borda. Internado desde o dia 10 no Hospital Moinhos de Vento, o coração do Gigante parou de bater as 8 horas da manhã. Velado nos Eucaliptos, seu enterro atraiu uma grande multidão. Após o corpo sair dos Eucaliptos, foi levado até às obras do Beira-Rio, para a triste despedida, antes de ser levado para o sepultamento no cemitério da Santa Casa. Em seu funeral discursaram Manoel Braga Gastal (presidente do Internacional), Fernando Jorge Schneider (presidente do Joquei Clube) e Renato Souza (prefeito em exercício da Capital). O Internacional declarou luto oficial de três dias, cancelando o amistoso com o Cerro de Montevidéu, marcado para 28 de abril.

Em 4 de maio de 1965, a diretoria do Internacional, presidida por Manoel Braga Gastal e tendo José Asmuz como vice-presidente de patrimônio – ad referendum do Conselho Deliberativo, conforme permitia o estatuto – nomeou ao novo estádio do clube como José Pinheiro Borda. Mas nunca houve a oficialização do nome, que segundo o próprio Braga Gastal, “não pegou”. Mas conhecendo a simplicidade e humildade de Pinheiro Borda, ele próprio certamente preferiria Gigante da Beira-Rio como nome do estádio.

Apesar de nunca ter sido oficializado, José Pinheiro Borda foi citado como nome do estádio no discurso do presidente José Alexandre Záchia, no jantar comemorativo ao 59º aniversário do clube.

Também em anúncios comerciais no dia da inauguração do estádio o nome de Pinheiro Borda foi citado.

Em homenagem a esse grande colorado, sem o qual dificilmente teríamos o Gigante, foi erguido um busto, na entrada do estádio, próximo ao Portão 1. O busto foi inaugurado em 24 de abril de 1966, antes mesmo da inauguração do estádio. O presidente do clube na época, Ephraim Pinheiro Cabral, assim se referiu a Pinheiro Borda: "Não resta a menor dúvida que Pinheiro Borda foi um dos maiores colorados de todos os tempos. Foi um dos artífices da grandeza do Internacional em todos os setores e em todos os sentidos".

As homenagens seguiram adiante. O Departamento de Excursões do Internacional, que organizava as excursões dos torcedores para os jogos fora de Porto Alegre, recebeu o nome de José Pinheiro Borda. O Jockey Club passou a realizar regularmente o Grande Prêmio José Pinheiro Borda. E em março de 1967 a Avenida Guaíba passou a se chamar rua José Pinheiro Borda. 

No dia da inauguração do Beira-Rio, houve um evento oficial junto ao busto de Pinheiro Borda, pela manhã. Durante o dia, inúmeros foram os colorados que ajoelharam-se e rezaram junto ao busto, agradecendo ao abnegado colorado que deu a vida pelo estádio. Em 6 de abril de 2009, quando o estádio completou 40 anos, o busto de José Pinheiro Borda foi "reinaugurado". No local, além do busto do dirigente colorado, estavam placas de cimento com os nomes escritos à mão dos jogadores de Benfica, Peñarol e Seleções do Brasil, Hungria e Peru, que participaram do festival de inauguração do estádio (atualmente essas placas estão dentro do estádio, protegidas das oscilações do clima).
                                     

 Em 2019, nas celebrações dos 110 anos do clube e dos 50 anos do Beira-Rio, o Internacional inaugurou a Praça José Pinheiro Borda, com a reinstalação do busto do ex-dirigente, entre o ginásio Gigantinho e o Centro de Eventos Arthur Dallegrave. Também foi enterrada no local a Cápsula do Tempo, uma urna acrílica com inúmeros documentos do Centenário colorado e da reforma do Beira-Rio (fotos, revistas, jornais, livros, etc), que ficarão lá até o bicentenário, em 4 de abril de 2109.