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quarta-feira, 30 de setembro de 2020

Escândalo: denúncia de tentativa de suborno as vésperas de um Gre-Nal



Em 30 de setembro de 1940, uma segunda-feira, a comunidade esportiva da capital gaúcha foi surpreendida com a denúncia de tentativa de suborno de quatro atletas colorados por parte de um dirigente do Grêmio.

A história começou a vazar no final de semana. Ao chegar no estádio da Timbaúva, o delegado Renato Souza (presidente do Grêmio em 1963 e 1964), onde comandaria a segurança de Internacional x Cruzeiro, foi informado por João Martins Rangel sobre a denúncia. Mas o que havia acontecido?

Na segunda-feira, 30 de setembro, compareceram no gabinete do delegado Renato Souza, na rua Duque de Caxias, o presidente colorado, Hoche de Almeida Barros, o técnico colorado, Orlando Cavedine e o zagueiro Alpheu Cachapuz Batista. O craque colorado acusou o secretário geral gremista Cecílio Gomes de tentar suborná-lo. Em troca de facilitar a vitória gremista, o zagueiro colorado receberia 500$000 e uma indicação para jogar no Rio de Janeiro. A reunião teria ocorrido na casa do dirigente tricolor, na rua Farias Santos, no bairro Petrópolis. Após a conversa, o dirigente entregou metade de uma nota de 500$000, que o jogador entregou ao delegado, prometendo a outra metade após o clássico. Alpheu imediatamente procurou a direção colorada e contou a história. Logo se descobriu que mais três jogadores haviam sido assediados.

A justificativa da presença de Alpheu em sua casa, apresentada por Cecílio, é de que o jogador namorava uma de suas empregadas, chamada Odete. O zagueiro confirmou o namoro, mas declarou que já terminara a relação fazia dois meses, quando foi chamado por Cecílio para uma conversa. A imprensa, favorável ao dirigente, tratou com desprezo e preconceito o romance.
Apesar de tentar menosprezar a declaração de Alpheu, e dos outros atletas colorados, o Diário de Notícias chegou a publicar uma edição extraordinária na segunda-feira, dia que o jornal não circulava, com o depoimento do jogador. Infelizmente, essa edição não está disponível no acervo online da Biblioteca Nacional.

O outro técnico colorado (o clube tinha dois técnicos), Carlos De Lorenzi, declarou que mais três atletas do clube haviam sido procurados pelos subornadores: os médios Assis e Magno, e o goleiro Marcelo. Ao goleiro foi oferecido 2:000$000, caso jogasse (era goleiro do 2º quadro, mas havia atuado nos dois jogos anteriores, substituindo o titular Júlio). Para o centromédio Magno, foi oferecido 1:000$000. Marcelo se negou a fornecer o nome do emissário gremista à imprensa, mas disse tratar-se de pessoa conhecida e influente no clube. Já Magno disse não conhecer a pessoa que o procurou. Quanto a Assis, que morava na Pensão São Rafael, os dois emissários gremistas não o encontraram, pois ele estava tomando chimarrão fora do quarto.

Assis e Magno foram igualmente desqualificados pela imprensa, que referia-se a Assis como um jogador que estava ganhando fama com o caso, e a Magno, de forma indireta, criticando o fato de ter sido um jogador profissional mesmo antes da adoção oficial do regime.
A referência a Pimenta é que o técnico da seleção brasileira, Ademar Pimenta, havia convocado Assis, ao lado de Tesourinha, Carlitos e Alpheu, para disputar o Campeonato Sul-Americano na Bolívia, que acabou cancelado.

Alpheu também foi desdenhado, como profissional, que ainda era considerado um termo pejorativo.
A "fuga" do Santos era uma referência maldosa ao fato de que Alpheu havia assinado contrato com o Santos, no início de 1938, época que a dupla Gre-Nal estava fora da CBD. Mas pouco depois a dupla acertou-se com a entidade principal do futebol, e o Internacional exigiu que seu contrato com Alpheu fosse reconhecido. Assim, os dois clubes chegaram a um acerto: Alpheu jogou a temporada de 1938 no Santos e depois voltou ao Colorado. Sem fuga, sem ilegalidade.

Marcelo foi tratado de forma menos desdenhosa:

Cecílio Gomes, no dia seguinte, prometia ingressar com uma queixa-crime por calúnia contra Alpheu. O presidente e técnico do Grêmio, Telêmaco Frazão de Lima, disse não acreditar nas denúncias, mas deixou uma porta aberta para uma possível punição do dirigente, caso fosse confirmada a denúncia.

Na quarta-feira, ao dar espaço para Cecílio Gomes se manifestar, o jornal Diário de Notícias começou exaltando a carreira do mesmo, promotor público de 1920 a 1924 e professor da Escola Superior de Comércio. Mas o dirigente gremista limitou-se a dizer que se defenderia oportunamente e que buscava um "desagravo sem ódio". Aos mesmo tempo, surgiam boatos de que ele renunciaria ou pediria licença do cargo na direção gremista. Além disso, ele havia convidado o dirigente colorado Pery Azambuja Soares para uma conversa, buscando uma forma de pacificação. No mesmo dia, o Internacional anunciou que abriria uma caixa de subscrição, cujo valor arrecadado seria repassado a Alpheu, como prêmio por sua lealdade ao clube.

Na quinta-feira, os presidentes de Internacional e Grêmio reuniram-se, para discutir a situação. Mas o caso some da imprensa. No domingo noticia-se que estava para ser assinado um Pacto Gre-Nal, onde nenhum clube assinaria contrato com jogador pertencente ao rival. Os dias passam e a história desaparece por completo.

No dia 20 de outubro, domingo, os dois rivais se enfrentam na Timbaúva, na maior renda já obtida em Porto Alegre, até então: 31:857$000. O Internacional, com Alpheu, Assis e Magno em campo, venceu por 4x3 e encaminhou a conquista do título.

terça-feira, 29 de setembro de 2020

Internacional na Colômbia


Os jogos do Internacional na Colômbia:

16.01.1972 0x1 Independiente Santa Fé - Bogotá - Copa Cidade de Bogotá
22.01.1972 0x1 Millonarios - Bogotá - Copa Cidade de Bogotá
02.07.1980 0x0 América - Cali - Taça Libertadores
29.05.1983 4x1 Atlético Bucaramanga - Bucaramanga - Amistoso
02.06.1983 0x0 Atlético Nacional - Medellín - Amistoso
05.06.1983 1x1 Once Caldas - Manizales - Amistoso
23.03.1993 2x4 América - Cali - Taça Libertadores
26.03.1993 0x0 Atlético Nacional - Medellín - Taça Libertadores
08.02.1996 1x1 Once Caldas - Manizales - Amistoso
10.09.1996 1x1 Deportivo Cali - Cali - Amistoso
12.09.1996 0x0 Millonarios - Bogotá - Amistoso
11.11.2004 1x1 Junior - Barranquilla - Copa Sul-Americana
01.02.2012 2x2 Once Caldas - Manizales - Taça Libertadores
20.05.2015 0x1 Independiente Santa Fé - Bogotá - Taça Libertadores
19.02.2020 0x0 Deportes Tolima - Ibagué - Taça Libertadores
29.09.2020 0x0 América - Cali - Taça Libertadores

16 partidas
1 vitória
11 empates
4 derrotas
12 gols marcados
14 gols sofridos
2 gols de saldo negativo

Artilheiros colorados:
2 gols
Ruben Paz
Sílvio
Élson
1 gol
Edevaldo
Rudinei
Leandro Machado
Edinho
D'Alessandro
Tinga

Um jogo - Internacional 5x1 Cruzeiro - 29/09/1940


A tabela marcava para o dia 29 de setembro de 1940 o confronto entre Internacional e Cruzeiro, pelo turno neutro do campeonato municipal. Por isso a partida seria realizada no estádio da Timbaúva, do Força e Luz.

A torcida colorada estava desconfiada com o time, depois de um fraco 2º turno, quando venceu apenas o Força e Luz, empatou com Cruzeiro e São José e perdeu o Gre-Nal. Não fosse o excelente 1º turno, quando venceu três partidas e empatou uma, o campeonato já estaria perdido. E o adversário estava invicto contra o Colorado, tendo empatado as duas partidas anteriores (4x4 e 2x2).

Na partida preliminar, pelo campeonato de 2ºs quadros, o resultado não foi animador. O Cruzeiro venceu por 5x2, abrindo sete pontos de vantagem sobre o vice-líder, o São José, praticamente garantindo a taça.

Os times foram assim a campo:
IN: Marcelo; Álvaro e Alpheu; Risada, Magno e Assis; Tesourinha, Russinho, Carlitos, Rui e Castillo
CR: Marne; Espir e Marazita; Ferrari, Raffini e Vinícius; Cascão, Wílson, Ordovás, Rui e Plá

Comandavam o Internacional uma dupla de técnicos: Orlando Jerônymo Cavedini e Carlos De Lorenzi.

Quando a bola começou a rolar pela partida principal, o Internacional mostrou que estava disposto a mudar a situação. Logo aos 5', Carlitos lançou Tesourinha, que marcou um gol. Mas o juiz Alfredo Cesaro anulou, sob alegação de impedimento. Aos 9', Carlitos marcou, mas seu gol também foi anulado por impedimento.

Aos 26', Carlitos invadiu a área do Cruzeiro e foi derrubado por Espir. Álvaro cobrou e marcou. Internacional 1x0!

Aos 44', Magno passou para Rui, que lançou até Castillo. O ponteiro dominou e chutou para as redes. Internacional 2x0!

Passados os 10 minutos de intervalo (na época eram apenas 10), os times voltaram a campo. Momentos antes do início da partida, o lateral-esquerdo Vinícius, irritado com as vaias da torcida colorada, devido a seu jogo violento, dirigiu gestos ofensivos para os torcedores, sendo flagrado por um inspetor de polícia, que comunicou o fato ao delegado Renato Souza, que deu voz de prisão ao atleta.  A partida ficou paralisada por 30 minutos, devido aos protestos do Cruzeiro. O capitão colorado Russinho também solidarizou-se com o jogador. Ao perceber que a prisão não teria volta, o Cruzeiro exigiu poder substituir o jogador, já que ele havia sido punido por atos extra-campo. Mas a partida recomeçou com o Cruzeiro com dez jogadores em campo.
E logo aos 6', Alpheu avançou e passou para Carlitos chutar para as redes. Internacional 3x0!

O Cruzeiro descontou aos 11'. Wílson cruzou para a área, Alpheu afastou de cabeça e Ordovás apanhou o rebote e chutou para as redes.

Aos 18', Magno passou para Rui, que passou para Castillo marcar. Internacional 4x1!

E aos 26',  Castillo cruzou alto para a área e Tesourinha chutou forte para as redes. Internacional 5x1!

 Após o 5º gol colorado, Carlitos marcou mais um, anulado por toque de mão. Em seguida, as duas equipes trataram de administrar o jogo, esperando o tempo passar.

A vitória colorada por 5x1 abriu caminho para a conquista do campeonato municipal pelo Internacional, o primeiro título do Rolo Compressor. Mas antes do título, uma polêmica agitaria o clássico Gre-Nal, uma história que contarei em outro texto.

Curiosidades do futebol nesse 29 de setembro de 1940:
* Em Porto Alegre, o Porto Alegre fez 3x1 no Renner, na primeira partida da decisão da 2ª divisão.
* Em Pelotas, o Bancário venceu o Fiateci por 6x0 e sagrou-se campeão municipal.
* Em Garibaldi, o recém fundado Guarany venceu o Gaúcho de Alfredo Chaves (atual cidade de Veranópolis) por 5x0, em sua primeira partida.

domingo, 27 de setembro de 2020

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Municipal de 1942


O ano de 1942 começou como uma extensão da temporada anterior, com o Colorado chegando ao bicampeonato municipal e estadual. Aos mesmo tempo, a imprensa noticiava o desmanche do plantel colorado. Em janeiro, foi noticiado que Carlitos havia sido contratado pelo Vasco da Gama. Em fevereiro, pulicava-se o interesse do Vasco por Tesourinha e Carlitos. Em março, a notícia era de que o Internacional tentava negociar Tesourinha, e que Flamengo, Fluminense e Peñarol eram os interessados. No final, os dois craques ficaram no clube. Também em março, o Departamento de Cooperação e Propaganda, comandado por Vicente Rao, lançava a "Campanha Dez Mil Sócios."  

O início da temporada de 1942 ocorreria apenas em 7 de abril, em um amistoso contra o Cruzeiro. O Internacional venceu por 2x1 e a partida marcou a estreia do goleiro Ciscador, que veio do Sport, do zagueiro Nena, oriundo da várzea da capital, e do técnico uruguaio Ricardo Díez, que também veio do Sport. Também estreavam no time o ponteiro Sebinho e o meia Galhardo. O resto da equipe, Alpheu, Assis, Ávila, Ruy, Villalba, Moacir e Carlitos, já estava presente na temporada anterior. Abigail, contratado ao Força e Luz, havia estreado em fevereiro. Russinho era o único craque que desfalcava o time.

Ricardo Díez provocou uma revolução no Internacional. Organizou a primeira pré-temporada colorada, com treinos específicos e exames médicos. Por iniciativa dele, o Internacional montou o primeiro departamento médico do futebol gaúcho. Mas apesar dessas mudanças provarem a capacidade do técnico, foram o motivo da crise que levaria à sua saída precoce do clube. O motivo estava relacionado a Russinho.

Russinho era um meia extremamente habilidoso e ídolo da torcida colorada. De família de posses, era um remanescente do amadorismo. Dividia seu salário com companheiros menos favorecidos e com funcionários do clube. Mas quando Ricardo Díez chegou ao clube, ele estava no Rio de Janeiro, participando dos Jogos Universitários. Assim, não participou da pré-temporada nem fez os exames médicos.

O campeonato de 1942 teria seis participantes: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, São José, Nacional e Força e Luz. Sua fórmula era simples: pontos corridos em três turnos.

No dia 12 de abril, o Internacional estreou no campeonato, na Timbaúva, batendo o São José por 5x2. O Colorado foi a campo com: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Dárcio e Abigail; Sebinho, Ruy, Villalba, Moacir e Carlitos. Dárcio, centromédio buscado no Palmeira, da várzea de Novo Hamburgo, estreou no time. No 2º gol colorado, o goleiro Di Lorenzi, do São José, deu um balão para a frente. No meio do campo Nena rebateu o balão e acertou as redes. Villaba fez três gols e Carlitos marcou um. Ivo, escolhido o melhor goleiro do campeonato de 1941, defendendo o São José, estreava no Internacional.

No dia 19, ainda na Timbaúva, o Internacional enfrentaria o Grêmio. Antes do jogo, sob aplausos da torcida, os jogadores colorados percorreram o gramado com uma grande bandeira do Brasil e um dístico de Getúlio Vargas, que faria aniversário no dia seguinte. Na partida, o ponteiro Chico abriu o placar para o Grêmio, mas Carlitos empatou, fechando o placar em 1x1. Equipe que foi a campo: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Dárcio e Abigail; Tesourinha, Ruy, Villalba, Moacir e Carlitos.

O empate no Gre-Nal abriu uma crise no clube. Preocupados com o fraco poder ofensivo do time, um grupo de sócios entrou em contato com Russinho, que estava no Rio de Janeiro, pedindo que ele regressasse logo. Ricardo Díez já havia anunciado que não utilizaria jogadores que não participaram da pré-temporada, e Russinho havia até sinalizado com a possibilidade de encerrar a carreira. Aceitando o convite dos sócios, Russinho chegou a Porto Alegre um dia antes da partida seguinte do Internacional, no dia 29 de abril, contra o Nacional, na Montanha. Ricardo Díez recusou-se a escalar um jogador que não havia treinado nenhuma vez, mas a direção pressionou para ele ser escalado. Diante da decisão da direção de escalar Russinho, à tarde Ricardo Díez comunicou que já não se considerava técnico do clube, decisão confirmada à noite, após o jogo. Em campo, o Internacional apresentou-se com Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Era a primeira vez que a escalação clássica do Rolo Compressor se apresentava. O Internacional venceu por 6x0, gols de Carlitos (2), Villalba (2), Russinho e Ávila.

No dia 10 de maio, comandado por Mário de Abreu (que havia treinado o time em 1934/1935), o Internacional bateu o Cruzeiro por 7x1, na Timbaúva, com gols de Carlitos (3), Villalba (3) e Tesourinha. A equipe colorada formou com: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos.

No encerramento do turno neutro, em 7 de junho, o Internacional bateu o Força e Luz, na Baixada, por 4x2, gols de Russinho (2), Ruy e Villalba. A equipe foi: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos.

Na abertura do 2º turno, em 28 de junho, no Passo da Areia, o Colorado foi com força máxima: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Mesmo assim, ficou no 0x0 com o São José.

No dia 12 de julho, o adversário era o Grêmio, na Baixada. E Ricardo Díez estava no comando do Tricolor, pois um mês após sair do Internacional assumiu o time da Baixada. O Colorado foi a campo com: Júlio; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Ivo, o goleiro titular, desfalcava o time, sendo substituído por Júlio. Russinho abriu o placar aos 7', mas Medina empatou no minuto seguinte, e aos 9', Villaba fez 2x1. Uma sequência incrível de 3 gols em 3 minutos. Aos 18', Carlitos ampliou para 3x1. No segundo tempo, Russinho fez 4x1 aos 18' e Chico descontou aos 32'. O Colorado venceu por 4x2. Um dos gols de Russinho foi de bicicleta. Mais tarde foi impresso e distribuído um panfleto colorido sobre o gol. Russinho recebeu uma placa com uma bicicleta de ouro de torcedores e dirigentes.

No dia 2 de agosto, na Rua Arlindo, o Colorado enfrentou o Nacional, jogando desfalcado de Russinho. O time atuou com: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Galhardo, Villalba, Ruy e Carlitos. E aos 43' do 2º tempo Tesourinha salvou a invencibilidade colorada, ao marcar o gol de empate na partida que terminou 1x1.

A recuperação veio em 9 de agosto, quando o Internacional massacrou o Cruzeiro por 8x2, nos Eucaliptos. O time titular foi a campo: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Gols de Villalba (3), Carlitos (2), Russinho (2) e Tesourinha.

No dia 16 de agosto, a vítima foi o Força e Luz, na Timbaúva. Com Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos, o Internacional venceu por 4x0, gols de Ruy (2), Carlitos e Russinho. Hugo e Villalba foram expulsos.

Mas o Colorado não é Colorado se não tiver uma crisezinha, mesmo nos bons momentos. A direção decidiu liberar os jogadores da concentração para a partida contra o São José, no dia 23 de agosto. Mário de Abreu não concordou com a decisão e pediu demissão no dia 21. Com Orlando Cavedini comandando a equipe, o Internacional entrou no gramado dos Eucaliptos com sua força máxima: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Apesar de sair perdendo por 1x0, no segundo tempo o Internacional marcou com Russinho (2) e Villalba, vencendo por 3x1. O novo técnico havia treinado o clube em 1939 e 1940, ao lado de Carlos de Lorenzi, e em abril de 1941, de forma interina. Começava o 3º e último turno.

No dia 30 de agosto, novamente time completo: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. O adversário era o Grêmio de Ricardo Díez, nos Eucaliptos. O Colorado abriu o placar, aos 19', mas o Grêmio virou com Ivo Aguiar, aos 27', e Malachias aos 37'. No segundo tempo, Carlitos, aos 12' e 29' e Tesourinha, aos 40', liquidaram o Grêmio: Internacional 4x2.

Em 13 de setembro, o Internacional enfrentou o Nacional, nos Eucaliptos, desfalcado de Assis e Villalba. O time foi a campo com a seguinte escalação: Ivo; Alpheu e Nena; Arno, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Castillo, Ruy e Carlitos. Com gols de Carlitos (2), Tesourinha (2), Russinho, Ruy e Castillo, o Colorado venceu por 7x0.

No dia 20 de setembro, na Montanha, o Internacional venceu o Cruzeiro por 2x0. Carlitos marcou os dois gols e ainda perdeu um pênalti. Assis e Villalba voltaram, mas Russinho desfalcou o time. A equipe que atuou: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Castillo, Villalba, Ruy e Carlitos.

Em 27 de setembro de 1942, o Internacional empatou em 2x2 com o Força e Luz, nos Eucaliptos. Carlitos abriu o marcador, o Força e Luz virou o jogo no 1º tempo, mas na 2ª etapa Tesourinha empatou o jogo. A equipe colorada nessa partida foi: Ivo; Alpheu e Nena; Assis, Ávila e Abigail; Tesourinha, Russinho, Villalba, Ruy e Carlitos. Encerrava-se o campeonato com o Internacional conquistando o tricampeonato.



sábado, 26 de setembro de 2020

Um Clássico - Internacional 6x2 Grêmio - 26/09/1954



Em setembro de 1954 o Grêmio inaugurava o estádio Olímpico. A partida inaugural ocorreu em 19 de setembro de 1954, na vitória de 2x0 sobre o Nacional de Montevidéu, com dois gols de Vítor. Mais tarde ele jogaria no Internacional.

No dia 20, começou o Torneio Internacional de Inauguração do Olímpico, ou Torneio Relógios Eska. Na primeira partida, o Internacional bateu o Liverpool de Montevidéu por 4x0. No dia 22, o Grêmio também venceu o Liverpool por 4x0. Os dois clubes chegavam ao Gre-Nal decisivo em condições de igualdade.

No dia 26, tudo estava pronto para o primeiro Gre-Nal do estádio Olímpico, valendo taça. Para comandar a partida foi convidado o juiz uruguaio Carlos Alberto Vigorito. Seus assistentes seriam Júlio Petersen e Romeu Cruz.

Na preliminar, o Floriano (atual Novo Hamburgo) bateu o veterano Rio Grande por 7x1, também em uma partida com grande número de gols.

Iniciada a partida principal, logo aos 7' de jogo Sarará cobrou falta e colocou o Grêmio em vantagem, para delírio da torcida tricolor. Porém o gol não assustou o Internacional, que continuou jogando tranquilo. O empate chegou naturalmente, aos 31', através de Jerônimo, também cobrando falta, de longa distância. Aos 43', Larry. que seria o craque da partida, virou o jogo. Após uma tabela com Bodinho, Larry ficou frente a frente com Sérgio, pisou na bola e tranquilamente escolheu o canto onde colocá-la.

Se no 1º tempo o Grêmio conseguiu oferecer alguma resistência, o 2º tempo foi de amplo domínio colorado. Aos 15', Luizinho avançou em diagonal e invadiu a área perseguido por Ênio Rodrigues. Na marca do pênalti deixou a bola para trás, continuando a corrida. Seu marcador o seguiu e a bola ficou livre para Canhotinho, que mandou uma bomba, quase acertando a cabeça do goleiro Sérgio. Internacional 3x1!

Aos 33', Larry avançou a dribles, perseguido por Ênio Rodrigues. Dentro da área, Larry ameaçou chutar, deixou Ênio Rodrigues no chão e tocou para as redes. Internacional 4x1! Esse gol provocou duas reações: os torcedores gremistas começaram a abandonar o estádio, e o goleiro Sérgio, chorando, também começou a abandonar o gramado. Alguns jogadores gremistas, mais os colorados Larry e Jerônimo, tentaram convencer o goleiro a retornar a campo. Mas Bodinho foi quem o convenceu, com "volta, covarde! Volta para tomar mais quatro!"

Larry ainda marcaria mais dois gols, aos 35' e 40', enquanto Zunino descontou para o Grêmio aos 43' do 2º tempo. A partida terminou com o placar de Internacional 6x2 Grêmio.

Segundo um jornalista da época, aquele que era para ter sido o "Torneio Internacional" do Grêmio, tornou-se o "Torneio Grêmio" do Internacional.

Sérgio, goleiro gremista, apesar dos seis gols sofridos e da tentativa de abandonar o campo, foi um dos melhores da partida, segundo o "Jornal do Dia".


Sérgio fazendo uma defesa difícil em um chute de Bodinho, nesse Gre-Nal.
Larry, o craque colorado da partida, com 4 gols.
O ataque colorado, em foto-montagem de José A. Alves.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Um jogo - Internacional 5x1 Santos - 25/09/1958


Em setembro de 1958 o Santos excursionou ao Rio Grande do Sul, com o cartaz de ser a melhor equipe brasileira, liderar o campeonato paulista e contar com Pelé. O Santos seria o campeão paulista de 1958, e Pelé marcaria 58 gols, recorde até hoje.



A estreia do Santos seria contra o Internacional. A partida estava marcada para quarta-feira, 24 de setembro, mas o mau tempo levou ao adiamento para o dia seguinte.

O Santos estava completo, o Internacional estava desfalcado de Bodinho e Joaquinzinho. Canhotinho e Ivo Diogo seriam os substitutos. As 21:30 horas os times entraram no gramado do Estádio dos Eucaliptos. O argentino Miguel Comesaña apitaria a partida.


O Santos começa melhor. Aos 8', Jair e Pelé avançam tabelando, e a zaga colorada só consegue cortar o lance quase dentro da área. Aos 15', porém, Larry invadiu a área e acertou um chute na trave direita. Era o sinal de que aquela partida seria diferente do que se esperava.

Aos 23', Larry cobrou falta da intermediária, lançando a bola na área. Canhotinho entrou na corrida, dominou a bola, avançou alguns passos e fuzilou o goleiro Manga com uma bomba. Internacional 1x0!

Aos 27', Florindo e Dorval chocaram-se. O atacante santista bateu a boca na cabeça do zagueiro colorado. Florindo foi temporariamente substituído por Barradinhas (o que era permitido, na época) e Dorval não voltou a campo. Aos 30', Ivo Diogo marcou novamente, mas o juiz anulou, alegando impedimento. Aos 37', Pelé mostra sua habilidade ao invadir a área e driblar Verardi e Florindo. Mas quando se preparava para chutar o goleiro Sérgio pulou aos seus pés, ficando com a bola.

Aos 42', o ataque colorado chegou tabelando, envolvendo a defesa santista. Larry driblou Álvaro e tocou para Ivo Diogo, que chutou cruzado. A bola ainda tocou no poste esquerdo, antes de entrar. Internacional 2x0!

No intervalo, Pepe, sentindo uma lesão, foi substituído. No Internacional, saíram Sérgio e Irajá e entraram Paulinho e Cacaio.

O Santos começou a 2ª etapa melhor. Logo aos 5', Pelé cruzou para a área, mas Florindo afastou antes da conclusão de Guerra. A bola sobrou para o goleiro Paulinho, que falhou, perdendo o controle da bola, que sobrou para Zito. O centromédio chutou por cobertura, aproveitando que Paulinho estava no solo, mas o goleiro tentou ainda a defesa, atrapalhando Florindo, que sobre a linha preparava-se para salvar o gol. Diminuiu o Santos, que parecia ensaiar uma reação.

Mas a alegria santista durou pouco. Aos 10', Pagão tentou recuar para Getúlio, mas Cacaio antecipou-se, dominou a bola, invadiu a área e frente a frente com Manga, colocou a bola no canto esquerdo, fora do alcance do goleiro. Internacional 3x1!

Aos 22', Verardi roubou a bola de Jair Rosa Pinto, avançou pelo centro do campo e dividiu com Álvaro. A bola sobrou para Canhotinho, que lançou Larry. O centroavante dominou a bola, invadiu a área, e na saída de Manga tocou para as redes. Internacional 4x1!

Aos 30', Paulinho saiu fora da área com a bola nas mãos. Pelé reclamou ao juiz, que marcou a infração. A falta foi cobrada e a bola chegou a Jair, que mandou uma bomba na trave esquerda.

Aos 44', após um chute desviado de Pelé, Paulinho defendeu a bola e entregou-a a Larry. O atacante, vendo a defesa santista aberta, lançou Ivo Diogo em profundidade. O colorado venceu Getúlio na corrida, invadiu a área e, na frente de Manga, chutou no canto esquerdo. Internacional 5x1!

Um minuto depois, a partida chegou ao fim. E restou ao Santos de Pelé reconhecer a superioridade colorada. E aos colorados, festejarem a vitória.



Equipes:
INT: Sérgio (Paulinho); Florindo (Barradinhas, depois Florindo) e Joel; Zangão, Verardi e Brito; Canhotinho, Ivo Diogo, Larry, Tati e Irajá (Cacaio)
Técnico: Luiz Engelke

SAN: Manga; Getúlio e Dalmo (Pinduca); Fioti, Álvaro e Zito; Dorval (Hélio), Jair Rosa Pinto, Pagão, Pelé e Pepe (Guerra)
Técnico: Lula

O goleiro do Santos não era o Manga que depois jogou no Internacional, e sim Agenor Gomes, que atuou quase toda carreira na equipe santista. Segundo o jornal "O Estado de São Paulo", o gol de Canhotinho teria sido contra, de Getúlio. Outras fontes apontam esse gol para Ivo Diogo. Os jornais gaúchos "Diário de Notícias" e "Jornal do Dia" apontam o gol para Canhotinho.




quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Vasconcelos



Em 24 de setembro de 1951 nascia em Recife o menino Severino Vasconcelos Barbosa.

Vasconcelos, como ficaria conhecido no mundo do futebol, era meio-campista. Começou a carreira no Íbis, em 1970. No ano seguinte foi para o futebol potiguar, onde jogou no Riachuelo e no Alecrim. Em 1972 foi contratado pelo Náutico, onde formaria uma dupla de destaque com Jorge Mendonça, sendo campeão pernambucano em 1974.

Em 1976 Vasconcelos transferiu-se para o Palmeiras, ao lado de Jorge Mendonça. Foi campeão paulista em 1976, mas não conseguiu se firmar na equipe titular, pois disputava posição com Ademir da Guia. Em outubro de 1977, o Internacional decidiu apostar em seu futebol, contratando-o em troca de Marinho Peres e Vacaria. No Colorado ele reencontraria seus ex-companheiros de Náutico Beliato e, mais tarde, Adílson.

Vasconcelos estreou no Colorado em 30 de outubro de 1977, na vitória de 5x0 sobre o Joinville, no Beira-Rio, pelo campeonato brasileiro. Ele entrou no time durante a partida, substituindo Tonho, e marcou o último gol colorado. Embora tenha sido titular na maioria dos jogos do campeonato brasileiro de 1977 e nos torneios amistosos do início de 1978, a disputa por uma vaga no meio campo colorado era acirrada. Em 18 de março de 1978 Vasconcelos atuou no amistoso em que o Colorado perdeu por 2x0 para o Palmeiras, nas estreias de Escurinho e Benítez no Verdão. Foi sua despedida na primeira passagem pelo clube, sendo logo emprestado ao América carioca.

No América, o desejo de jogar causou problemas. Ao ser barrado do time momentos antes da partida contra o Grêmio, em Porto Alegre, Vasconcelos reclamou publicamente e foi afastado do grupo americano no dia 12 de julho de 1978. No dia 19 o América rescindiu o contrato do jogador e o devolveu ao Colorado.

Vasconcelos só voltaria a atuar pelo Internacional em 2 de março de 1979, na vitória por 2x1 sobre o São Borja, em um amistoso na fronteira. No jogo seguinte, contra o Ferrocarril de Uruguaiana, o Colorado venceu por 2x0, mas Vasconcelos perdeu um pênalti. No dia 21 de março, em Estrela, o Colorado bateu o Estrela por 2x0 e Vasconcelos marcou os dois gols, seus últimos pelo clube. Em 25 de março de 1979 o Internacional empatou em 0x0 com o 14 de Julho, em Passo Fundo, pelo campeonato gaúcho. Foi a última partida de Vasconcelos pelo Internacional.

Pelo Colorado foram:
26 partidas
15 vitórias
3 empates
8 derrotas
8 gols
Suas vítimas:
Ipiranga de Frederico Westphalen e Estrela - 2 gols
Joinville, Caxias, Brasil de Pelotas e Colo Colo CHI - 1 gol

Em fevereiro de 1978 o Internacional conquistou o Torneio de Viña del Mar, no Chile, e Vasconcelos deixou boa impressão nos chilenos, em especial na torcida do Colo Colo. E em abril de 1979 ele foi emprestado ao clube chileno. Vasconcelos viraria ídolo do Colo Colo, onde atuou por vários anos, jogando com Figueroa e Caszely. Acabaria naturalizando-se chileno. Em 1985 Vasconcelos foi jogar no Barcelona de Guayaquil, mas retornou ao Chile em 1987, para jogar no La Serena. Também passou pelo Universidad de Chile e Palestino, onde encerrou a carreira em 1992.

Seus títulos:
campeão chileno em 1979, 1981 e 1983 (Colo Colo)
campeão equatoriano em 1985 (Barcelona)
campeão da Copa Chile em 1981 e 1982 (Colo Colo)
campeão chileno da 2ª divisão em 1989 (Universidad de Chile)
campeão paulista em 1976 (Palmeiras)
campeão pernambucano em 1974 (Náutico)
campeão do Torneio Triangular de Viña del Mar em 1978 (Internacional)
campeão do Torneio Governador Cortez Pereira em 1975 (Náutico)

Atualmente, cidadão chileno, reside naquele país.




quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Gerson


 

Em 23 de setembro de 1965 nascia em Santos o menino Gérson da Silva.

Gérson começou a jogar futebol nas categorias de base do Santos, em 1983. No ano seguinte, foi artilheiro da Copa São Paulo de Juniores, no primeiro título do Peixe na competição. Na final, Gérson fez o primeiro gol da vitória de 2x1 sobre o Corinthians.

Em 1985 Gérson estreou no time principal santista, mas seu maior feito ocorreu com as cores da Seleção Brasileira. Gérson foi campeão e artilheiro da Copa do Mundo Sub-20, disputada na União Soviética.

Apesar dos gols pelas categorias de base, Gérson acabou indo para o Guarani, ainda em 1985. Depois, foi para o Paulista de Jundiaí, onde atuaria de 1986 a 1988. Na 2ª divisão paulista de 1988, o Paulista não conseguiu o acesso, mas Gérson foi o artilheiro da competição.

Seus gols pelo Galo de Jundiaí chamaram a atenção do Galo Mineiro, e em 1989 Gérson mudou-se para Belo Horizonte. Em sua primeira temporada no Atlético, foi campeão mineiro e artilheiro do campeonato mineiro (19 gols) e da primeira Copa do Brasil (7 gols). A temporada de 1990 não teve conquistas, mas em 1991 Gérson voltaria ser campeão mineiro e artilheiro da Copa do Brasil, com 6 gols, cinco deles marcados em Atlético MG 11x0 Caiçara PI, maior goleada da história da competição.

No 2º semestre de 1991, apesar de já ter o centroavante Lima no grupo, o Internacional decidiu contratar Gérson. Sua estreia ocorreu em 2 de outubro de 1991, no empate em 1x1 com o Ypiranga no Beira-Rio, pelo Campeonato Gaúcho. Ele substituiu Lima. Seu primeiro gol ocorreria em 23 de outubro, na vitória de 4x1 sobre o São Luiz. Gérson marcou o 4º gol, cobrando pênalti. Em 1991 Gérson seria campeão gaúcho, mas marcaria apenas dois gols na competição.

A temporada de 1992 não começou bem. Em sua primeira partida, o Colorado perdeu para a Seleção de Capão da Canoa, formada por atletas do Campeonato Praiano, por 2x0. A estreia no Brasileiro também não foi boa, com derrota para o Bragantino. Mas no segundo jogo pela competição nacional, o Internacional venceu o Palmeiras e Gérson teve papel de destaque: primeiro, por levar dois cartões amarelos e não ser expulso, em uma confusão do juiz Luís Carlos Abreu, e depois por marcar os dois últimos gols colorados.

A participação colorada no campeonato brasileiro não empolgou a torcida, mas Gérson fez seus golzinhos contra Náutico, Atlético MG, Cruzeiro e Bahia, além do Palmeiras. Para piorar, durante o campeonato foi divulgada a notícia de que o teste de AIDS do jogador, realizado na pré-temporada, havia dado resultado positivo. Gérson chegou a ficar duas partidas do Brasileiro fora do time, após a notícia, que ele sempre negou. Na Copa do Brasil, porém, Gérson começou marcando o primeiro gol colorado, na vitória por 3x1 sobre o Muniz Freire, no jogo de ida. Na partida de volta, marcou os dois primeiros gols na vitória de 5x0. E jogou os minutos finais no gol, após a expulsão de Fernandez, já tendo o Colorado feito todas as substituições possíveis. Em agosto o Internacional fez uma excursão pela Ásia, e na disputa da Copa Wako Denki o clube bateu o Gamba Osaka por 5x3, com três gols de Gérson.

Em outubro o Internacional retomou a disputa da Copa do Brasil. Em São Paulo, o Colorado bateu o Corinthians de Ronaldo e Neto por 4x0, com dois gols de Gérson. Na volta, o empate em 0x0 classificou o Internacional. O adversário seguinte era o Grêmio. E na partida de ida, no Olímpico, empate em 1x1, com Gérson marcando. Na partida de volta, novamente 1x1, com de Gérson. Na decisão por pênaltis o Internacional venceu por 3x0, e Gérson abriu a série colorada convertendo sua cobrança.

Na semifinal da Copa do Brasil, no Parque Antártica, o Internacional bateu o Palmeiras por 2x0, e Gérson fez o 2º gol colorado. Na partida de volta, o Internacional venceu por 2x1, e Gérson marcou mais um. Gérson também disputou as duas finais partidas contra o Fluminense. Em 13 de dezembro de 1992, com a vitória de 1x0 sobre o Tricolor carioca, o Internacional sagrou-se campeão da Copa do Brasil e Gérson, com 9 gols marcados, foi o artilheiro. Dias depois, o Colorado sagrava-se bicampeão gaúcho.

Na temporada de 1993 Gérson jogaria pouco. Em 27 de fevereiro de 1993, ele marcou seu último gol, quando o Colorado bateu a Seleção de Capão da Canoa por 4x1. Gérson ainda jogaria mais três partidas pela Taça Libertadores. Em 16 de março de 1993, na derrota por 1x0 para o Atlético Nacional, no Beira-Rio, Gérson foi substituído por Nando e nunca mais jogaria futebol.

Com problemas de saúde, Gérson foi para o Departamento Médico e depois deixou Porto Alegre. Foi morar em Guarujá, onde faleceu em 17 de maio de 1994, de toxoplasmose, provavelmente agravada pela AIDS. O jogador sempre negou, a vida toda, que tivesse a doença.

Pelo Internacional, os números de Gérson:
74 jogos
36 vitórias
22 empates
16 derrotas
37 gols

Campeão da Copa do Brasil em 1992
Campeão Gaúcho em 1991 e 1992
Campeão da Copa Wako Denki em 1992

Suas vítimas:
Palmeiras - 4 gols
Gamba Osaka JAP e Muniz Freire - 3 gols
Chapecoense, Caxias, Corinthians, Glória e Grêmio - 2 gols
São Luiz, Guarani VA, Náutico, Atlético MG, Cruzeiro, Bahia, Seleção da Liga Gramadense, Atlético de Carazinho, Internacional SM, Santa Cruz, São Paulo RG, Yomiuri JAP, Pelotas, Ta-Guá, Juventude, Esportivo e Seleção de Capão da Canoa - 1 gol

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Brasileiro de 1979


 

O ano de 1979 não havia começado bem para o Internacional. No Gauchão, o Colorado terminou em 3º lugar, atrás de Grêmio e Esportivo. O clube começou o ano comandado por Cláudio Duarte, técnico que foi campeão gaúcho e 3º lugar no Brasileirão, no ano anterior. Mas Claudião não resistiu aos maus resultados no estadual e foi demitido em julho, às vésperas de um Gre-Nal. Otacílio Gonçalves assumiu a bronca, como interino, e empatou o clássico em 1x1. Na rodada seguinte Zé Duarte assumiu o time. Mas também o novo técnico sucumbiu aos resultados e foi demitido ás vésperas do último clássico, com o campeonato já decidido. Novamente Otacílio assumiu o time interinamente, empatando outra vez o Gre-Nal em 1x1.

Para o campeonato brasileiro, foi contratado o técnico Ênio Andrade, ex-atleta colorado, e que estava no Coritiba. Para o time, a única contratação foi Bira, centroavante artilheiro do Remo. Não parecia muito para a torcida se entusiasmar.

Na 1ª fase, sem os grandes do Rio e São Paulo, os clubes foram divididos em grupos de 10 equipes. Classificavam-se 5 para a fase seguinte, com exceção dos grupos dos grandes gaúchos e mineiros, que classificavam 8. O Internacional ficou no Grupo G, ao lado de Grêmio, Figueirense, Atlético PR, Coritiba, Operário MS, América RJ, Rio Branco ES, Santa Cruz e Sport.

A estreia ocorreu em 23 de setembro de 1979, três dias depois do clássico que encerrou o campeonato estadual. A partida marcava a estreia de Ênio Andrade no comando do Internacional. O Internacional jogou desfalcado de Mário Sérgio, expulso no Gre-Nal do Gauchão (na época cumpria-se a suspensão em oura competição, se fosse preciso). Assim, o empate em 0x0 com o Atlético PR, no Couto Pereira, foi considerado um bom resultado. Na rodada seguinte, o adversário era o Santa Cruz, no Arruda. Na estreia de Bira, o centroavante marcou, mas saiu lesionado. Seu substituto, Adílson, garantiu a vitória por 2x1, aos 42' do 2º tempo. Em seguida, no Beira-Rio, o Internacional enfrentou o Figueirense, desfalcado de Batista e Bira. Jair cobrou falta e garantiu a vitória por 1x0.

Na quarta partida, o Internacional enfrentava o Grêmio, no Beira-Rio. O Tricolor já tinha 4 partidas no torneio, com 3 vitórias por goleada. E estava sendo comandado por Ithon Fritzen, interinamente, pois havia dado férias a Orlando Fantôni, depois do título gaúcho. A partida se encaminhava para um empate quando, aos 43' do 2º tempo, Falcão foi cobrar uma falta perto da área. O craque colorado ameaçou bater direto, mas apenas rolou para o lado, onde Jair, aproveitando o movimento da barreira, mandou uma bomba, vencendo o veterano goleiro Manga. Internacional 1x0!

Na sequência, o Internacional fez 3x0 no Sport, no Arruda, gols de Jair (2) e Adílson. No Couto Pereira, 3x0 no Coritiba, com os mesmos artilheiros. Nessa partida, Falcão foi expulso, ao revidar uma falta maldosa de Duílio. Sem Falcão, Batista. Valdomiro e Bira, o Internacional apenas empatou com o América, no Beira-Rio, gol de Chico Espina. Na partida seguinte, Falcão e Bira voltaram ao time, e o Rio Branco pagou o pato. O Colorado venceu por 5x1, com gols de Falcão (2), Bira (2) e Jair. O primeiro gol colorado, de Falcão, foi de sem-pulo, de fora da área. O juiz ainda anularia um gol de Bira. No encerramento da 1ª fase, o Colorado recebeu o Operário, no Beira-Rio. Um empate bastaria para dar o 1º lugar do grupo ao time. E foi o que aconteceu. Novamente sem Bira, o time não jogou bem e empatou em 2x2, gols de João Carlos e Mário. No grupo colorado, Rio Branco e Sport foram eliminados.

Na 2ª fase, os clubes foram divididos em grupos de 8, classificando-se apenas os dois primeiros. O Internacional ficou no grupo K, com Anapolina, Atlético PR, Caldense, Desportiva, Goytacaz, Internacional SP e São Paulo RG. A estreia ocorreu contra o Goytacaz, no Beira-Rio. O Colorado foi a campo ainda sem Batista, Valdomiro e Bira. Com um temporal caindo na cidade, Mauro Pastor marcou logo no início e garantiu a vitória por 1x0. No jogo seguinte, também no Beira-Rio, o Internacional venceu o bom time do São Paulo de Rio Grande por 3x1, gols de Jair, Mário Sérgio e Bira, que voltava ao time. O jogo seguinte era em Poços de Caldas. O Internacional chegou na cidade as 4 horas da manhã do dia do jogo. Cansado, o time teve péssima atuação, e perdia a partida até os 42' do 2º tempo, quando João Carlos empatou e garantiu a invencibilidade: 1x1. Na volta, outra atuação fraca, contra o retrancado Anapolina, terminou em 0x0, no Beira-Rio, e a surpreendente Desportiva assumiu a liderança do grupo.

No Couto Pereira, novo 0x0, contra o Atlético PR, na partida que marcou a volta de Valdomiro. A Caldense venceu a Desportiva, e o Colorado, o clube capixaba e a Internacional de Limeira passaram a liderar, com 7 pontos. Contra a Desportiva, no Beira-Rio, o Colorado atuaria a primeira vez com seu time completo, pois Batista voltava depois de longo tempo de lesão. O Internacional venceu por 4x0, com gols de Bira (3) e Batista. O lance dramático da partida ocorreu logo no início. Aos 3' de jogo, Bira cabeceou com força, mandando a bola para as redes e acertando também a cabeça do lateral Zé Rios. O defensor da Desportiva teve convulsões no campo, foi levado às pressas ao hospital, onde passou por uma cirurgia de emergência e ficou vários dias entre a vida e a morte. Recuperou-se, mas jamais voltou a jogar futebol e ficou com várias sequelas. Na última rodada da 2ª fase o adversário era a Internacional de Limeira, no interior de São Paulo. A equipe paulista contava com o veterano Escurinho e ainda sonhava com a classificação, mas o Colorado venceu por 1x0, gol de Valdomiro. O Internacional encerrava a fase como líder do grupo.

Na 3ª fase os clubes foram divididos em quadrangulares, onde apenas o campeão passaria à semifinal. O Internacional ficou no Grupo R, com Atlético MG, Cruzeiro e Goiás. Na estreia, no Beira-Rio, o Internacional fez 1x0 no Goiás, gol de Mário Sérgio, enquanto o mineiros empataram o clássico em 0x0. Mas logo depois começaram as confusões extra-campo. O Galo sentiu-se prejudicado, pois o único jogo que disputaria no Mineirão seria o clássico. Pediu para a CBD mudar o mando de campo da partida contra o Goiás e ao não ser atendido ameaçou abandonar o campeonato.

Na 2ª rodada, o Colorado enfrentava o forte Cruzeiro de Nelinho e Joãozinho, no Mineirão. O jovem João Carlos, um zagueiro improvisado na lateral-direita, anulou o endiabrado Joãozinho. Aos 28' do 1º tempo, Falcão abriu o placar. Aos 33', na única jogada que levou vantagem sobre João Carlos, Joãozinho empatou. Mas aos 33' Zezinho Figueroa marcou contra, e aos 43' Valdomiro fez 3x1. Alexandre descontou aos 43' do 2º tempo, mas era tarde demais. Colorado 3x2. No outro jogo do grupo, o Atlético cumpriu a ameaça e não compareceu a Goiânia, perdendo por WO para o Goiás.

Na última rodada, bastaria um empate contra o Galo para classificar-se. Mas já se sabia que o time mineiro não compareceria e o Colorado já estava na semifinal. Os atletas colorados fardaram-se e, com a arbitragem, ficaram 20 minutos em campo, para formalizar o WO. No Serra Dourada, Goiás e Cruzeiro ficaram no 1x1.

Na semifinal, o adversário era o Palmeiras de Telê Santana. Na fase anterior, havia massacrado o Comercial SP (5x1), o São Bento (4x0) e o Flamengo de Zico, em pleno Maracanã (4x1). Na véspera do jogo de ida, o Atlético MG ainda conseguiu uma liminar na 20ª Vara Cível do Rio de Janeiro suspendendo a partida, mas a CBD rapidamente a cassou. No dia da partida, no Morumbi, o Jornal da Tarde perguntou, em manchete: "Mococa ou Falcão?" Mas em campo, o que se assistiu foi um show de Falcão. Aos 34' do 1º tempo, Baroninho, no campo do Palmeiras, lançou Jorge Mendonça, na ponta direita. O meia cruzou para a área, Benítez cortou com um soco e a bola sobrou novamente para Baroninho, de fora da área, chutar. Benítez ainda tocou nela mas não conseguiu evitar o gol. Aos 44' do 1º tempo, porém, Falcão já demonstrou quem comandaria a partida. Mário Sérgio passou para Falcão, dentro da área. A bola passou pelo craque, que girou o corpo e deu uma bicicleta, quase marcando o gol de empate. Aos 5' do 2º tempo, Mário Sérgio livrou-se da marcação de Rosemiro e passou para Jair, que chutou de fora da área. O chute foi fraco, mas a bola bateu no terreno, subiu e enganou o goleiro Gilmar, passando por sobre seu corpo. Estava empatado o jogo. O Palmeiras passou novamente à frente aos 10', quando Pires fez um longo lançamento para Jorge Mendonça, já dentro da área colorada. O meia girou o corpo, livrando-se da marcação de Mauro Galvão, e chutou livre para as redes. O Colorado empatou outra vez aos 19', quando Jair cruzou da direita, Falcão subiu mais que a defesa e cabeceou para as redes. Finalmente, aos 25', Cláudio Mineiro roubou a bola no meio campo e passou para Mário Sérgio, que devolveu para Cláudio Mineiro ao lado da área. O lateral cruzou para a área, Bira disputou de cabeça, a bola sobrou para Valdomiro em outra disputa, e caiu para Falcão chutar e recolher a perna, escapando da solada de Mococa. Internacional 3x2. No dia seguinte, o próprio Jornal da Tarde respondeu sua pergunta, em outra manchete: "Falcão, é claro."

No jogo de volta, o Internacional começou administrando a partida, enquanto o Palmeiras precisava da vitória. A melhor chance paulista do 1º tempo foi uma cobrança de falta de Jorge Mendonça que acertou a trave. No 2º tempo, logo aos 5',  Cláudio Mineiro, quase no meio de campo, cruzou para a entrada da área, onde Adílson ajeitou de cabeça para Bira. De costas para o gol, o centroavante atrasou para Jair, que da entrada da área fuzilou para as redes. Mas aos 7', Rosemiro passou para Jorginho, que lançou para a área. A bola passou por todo mundo e chegou a Mococa, livre, na frente de Benítez, desviar para as redes. Com o empate, o Palmeiras deveria crescer em campo, mas não foi o que ocorreu. Apenas uma chance foi criada pelos visitantes, logo após o empate. No restante do jogo, o Internacional foi mais perigoso e classificou-se para a final com o empate em 1x1.

O adversário colorado na final era o Vasco da Gama. E no jogo de ida, no Maracanã, o Internacional tinha desfalques importantes: Falcão e Valdomiro. Seus reservas eram Valdir Lima e Chico Espina. Para tranquilizá-los, o dirigente colorado Frederico Arnaldo Ballvé renovou seus contratos na véspera do jogo. E aos 28' do 1º tempo os reservas provaram seu valor. Mário Sérgio passou para Valdir Lima, que lançou Chico Espina. O atacante driblou Paulo César e chutou na saída de Leão. Internacional 1x0. Aos 10' do 2º tempo, a zaga colorada afastou um ataque vascaíno e a bola sobrou com Chico Espina, que tocou para Bira, iniciando um contra-ataque. Bira devolveu para Chico Espina, que venceu seu marcador na velocidade, invadiu a área e chutou para as redes. Internacional 2x0 e o campeonato praticamente decidido.

A partida final ocorreu no Beira-Rio, em 23 de dezembro de 1979. O Vasco da Gama precisava vencer por três gols de diferença para conquistar o título. Santana, massagista do Vasco e pai-de-santo, recomendou que o time entrasse com o uniforme de mangas compridas, preto com a faixa branca, apesar do calor da tarde de verão gaúcha. O Internacional começou a partida cauteloso, o que permitiu ao Vasco manter uma partida equilibrada nos primeiros minutos de jogo. Mas a partir dos 25', o Colorado tomou conta do jogo. Aos 41', Mário Sérgio lançou a bola para o ataque, Bira ganhou na cabeça de Gaúcho e Ivã, tocando para Jair, que entrou por trás da defesa vascaína, saindo na frente de Leão. Tranquilamente, o meia colorado driblou Leão e chutou para as redes. Internacional 1x0. Aos 7' do 2º tempo, Valdomiro cobrou falta, acertando o poste esquerdo. Aos 13', Mário Sérgio lançou Cláudio Mineiro, que cruzou rasteiro para a área. Bira disputou a bola com Leão e o rebote sobrou para Falcão, que chutou forte, de primeira, no canto. O Vasco começou a perder a cabeça, depois do 2º gol colorado. Aos 20', após sofrer uma série de dribles de Mário Sérgio, o lateral Xaxá agrediu o atleta colorado com um pontapé, recebendo apenas cartão amarelo. Aos 39', quando a torcida já festejava o título, Wilsinho chutou de longa distância, a bola pegou efeito e enganou Benítez, que falhou no lance. Pouco depois, o juiz José Favilli Neto apitou o fim da partida, O goleiro Benítez entregou a bola ao juiz e, emocionado, deu-lhe um abraço. Aproveitando  a confusão, Bira deu um "peteleco" na bola, roubando-a do juiz e correndo para o vestiário colorado, escondendo-a em um armário.

O Internacional sagrava-se tricampeão brasileiro invicto, feito que nenhum outro clube jamais conseguiu! 

terça-feira, 22 de setembro de 2020

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Gaúcho de 1971




O campeonato gaúcho unificado começou a ser disputado em 1961. Antes, o título gaúcho era disputado pelos campeões municipais. E de 1961 a 1967, o campeonato teve 12 participantes. A partir de 1968 o torneio começou a inchar. Foram 18 participantes de 1968 a 1970, e na temporada de 1971 pulou para 25 clubes.

As equipes que disputaram o campeonato:
Internacional
Grêmio
Cruzeiro
São José
Novo Hamburgo
Aimoré
Flamengo
Juventude
14 de Julho PF
Gaúcho
Brasil
Pelotas
Farroupilha
Internacional SM
Riograndense SM
Santa Cruz
Avenida
São Paulo
Rio Grande
Guarany de Bagé
Bagé
Ypiranga
Atlântico
Esportivo
Tamoio

Na 1ª Fase os clubes foram divididos em dois grupos, de 13 e 12 clubes, classificando os 4 primeiros para o Octogonal Final. As equipes jogariam todas contra todas, em turno único.

A estreia colorada foi em Santo Ângelo, contra o Tamoio, uma vitória apertada por 1x0, gol de Sérgio Galocha, cobrando pênalti. No 2º jogo, ainda fora de casa, goleou o Ypiranga por 4x0, com gols de Claudiomiro (2), Didi e Mosquito. Em meio ao início do Campeonato Gaúcho o Internacional também disputava o Torneio do Povo e o Torneio Internacional de Porto Alegre.

Na 3ª rodada, ainda fora de casa, um empate em 0x0 com o Guarany. No jogo seguinte, outro 0x0, contra o Flamengo, no Beira-Rio. A recuperação veio contra o Internacional de Santa Maria, em casa, com vitória por 3x0, gols de Tovar (2) e Rubens. Também no Beira-Rio, aos 38' do 2º tempo, Valdomiro garantiu o 1x0 sobre o Brasil.

Ainda em casa, o Internacional empatou com o São José (1x1), gol de Sérgio Galocha. Também em casa, um novo 0x0 contra o Novo Hamburgo, em uma partida que os dois laterais colorados, Edson Madureira e Jorge Andrade, foram expulsos. No jogo seguinte, ainda em casa, outro empate, 1x1 contra o Cruzeiro, gol de Dorinho. O técnico colorado, Daltro Menezes, foi demitido dois dias depois desse jogo.

Nos dois jogos seguintes, no interior do estado, o Internacional foi comandado por Gilberto Tim, interinamente. Contra o Farroupilha, Valdomiro marcou dois gols e comandou a vitória de virada (2x1). Contra o Santa Cruz, 1x1, gol de Jangada.

Na estreia de Dino Sani, em Santa Maria, o Internacional bateu o Riograndense por 3x0, gols de Dorinho, Sérgio Galocha e Valdomiro. Na Boca do Lobo, 4x2 no Pelotas, gols de Claudiomiro (2), Tovar e Valdomiro. No Beira-Rio, 1x0 no Esportivo, gol de Claudiomiro. Também no Beira-Rio, 1x0 Gaúcho, gol de Valdomiro.

A sequência de vitórias de Dino continuou no Cristo-Rei, contra o Aimoré: 2x1, dois gols de Didi. Na volta ao Beira-Rio, o Internacional massacrou o São Paulo por 6x0, gols de Marciano (3), Bráulio, Tovar e Didi. Em Rio Grande, o Vovô Rio Grande perdeu por 3x0, gols de Marciano (2) e Dorinho. Mais uma vez em casa, o Internacional fez 4x0 no Atlântico, gols de Valdomiro, Dorinho, Edson Madureira e Noé (contra).

No dia 30 de maio de 1917, com 85.072 pessoas no Beira-Rio. o Internacional empatou com o Grêmio em 1x1, com gols de Canhoto para o Colorado e Loivo para os tricolores. Na sequência, o Internacional fez 2x0 no Bagé em casa, gols de Marciano e Valdomiro e empatou em 0x0 com o Juventude, no Jaconi.

Na penúltima rodada da 1ª fase, o Internacional perdeu para o 14 de Julho, no Vermelhão da Serra. Foi a primeira derrota no campeonato, na 23ª rodada. Encerrando a 1ª fase, no Beira-Rio, o Colorado fez 4x1 no Avenida, gols de Marciano (2), Dorinho e Valdomiro.

O longo campeonato teve três partidas canceladas por não influírem na classificação:
Farroupilha x Atlântico
São Paulo x Esportivo
14 de Julho x Farroupilha

Classificaram-se para o octogonal Internacional, Grêmio, Cruzeiro, São José, Novo Hamburgo, Flamengo, Esportivo e Gaúcho.

A estreia no Octogonal foi contra o Grêmio, no Olímpico, em partida que terminou 0x0. Esportivo e Novo Hamburgo, com dois pontos, começaram liderando a fase final. Na 2ª rodada, no Beira-Rio, o Colorado bateu o Novo Hamburgo por 2x0, gols de Benê e Dorinho. Benê ainda teve dois gols anulados. O Esportivo, com 4 pontos, liderava o campeonato.

O jogo seguinte foi no Volmar Salton, contra o Gaúcho. Em campo, os três irmãos Pontes: Bibiano no Internacional e João e Daison (recordista brasileiro de expulsões) no Gaúcho. Os dois times tiveram um jogador expulso, mas curiosamente nenhum dos Pontes foi para a rua. O Colorado venceu com um gol de falta de Valdomiro, aos 35' do 2º tempo. Com as derrotas de Esportivo (0x3 São José) e Grêmio (0x1 Cruzeiro), o Internacional assumiu a liderança isolada, com 5 pontos.

Na rodada seguinte, o Internacional fez 2x0 no Zequinha, gols de Tovar e Valdomiro. O Internacional liderava com 7 pontos, seguido de Grêmio e Cruzeiro, com 5. Na Baixada Rubra, contra o Flamengo, lanterna do campeonato, o Internacional ficou no 0x0, sendo vaiado pela torcida. O Colorado continuava liderando, com 8 pontos, mas Grêmio e Cruzeiro estavam com 7.

No Beira-Rio, com gols de Benê e Marciano, o Internacional bateu o Esportivo por 2x1. O Colorado somava 10 pontos, seguido pelo Grêmio, com 9. No encerramento do turno, contra o bom time do Cruzeiro, no Beira-Rio, o Internacional venceu por 2x0, gols de Benê e Marciano. Aos 45' do 2º tempo, vendo o goleiro cruzeirista adiantado, Bráulio chutou por cobertura, quase do meio do campo. Seria um golaço, se o juiz Luís Torres não apitasse o final do jogo enquanto a bola viajava para as redes. Irritado, Bráulio declarou na saída de campo: "Não adianta prejudicarem o Internacional que nós vamos chegar ao tricampeonato, custe o que custar". Na classificação, o Colorado liderava com 12 pontos, seguido pelo Grêmio com 11, e Cruzeiro e Esportivo com 8.

Na abertura do returno, novo tropeço do Internacional diante do lanterna Flamengo. Em pleno Beira-Rio o Colorado empatou em 1x1, em um jogo cheio de polêmicas. Aos 22' do 1º tempo Bráulio marcou, mas o juiz Roque José Gallas anulou, alegando impedimento. Aos 26', Edson Madureira chutou com violência, a bola bateu na rede, pelo lado de fora, atravessou-a e ficou enrolada junto ao ferro da trave, mas o juiz deu gol. Aos 4' do 2º tempo, os caxienses reclamaram de um pênalti. E aos 44' do 2º tempo, Marino empatou. O Colorado, entretanto, manteve a liderança, pois o Grêmio ficou no 0x0 com o Novo Hamburgo.

Na rodada seguinte o Internacional foi ao Santa Rosa e bateu o Novo Hamburgo por 2x0, gols de Valdomiro e Décio (contra). Na mesma rodada o Grêmio perdeu para o São José por 1x0. O Internacional ficou com 15 pontos e o Grêmio com 12. A seguir, no Beira-Rio, o Colorado goleou o Gaúcho por 3x0, gols de Edson Madureira, Valmir e Valdomiro. A diferença se mantinha em 3 pontos (17x14). Contra o São José, vitória por 2x1, dois gols de Benê. E a diferença se manteve: 19x16.

No dia 4 de agosto de 1971 ocorreria o Gre-Nal do returno, no Beira-Rio. Com uma vitória o Internacional abriria 5 pontos de vantagem e conquistaria o título com duas rodadas de antecipação. Mas aos 8' de jogo Caio abriu o placar para os tricolores. Aos 20', Claudiomiro acossou Everaldo, que atrasou mal para o goleiro Jair, marcando contra. Mas aos 37' o juiz marcou pênalti para o Grêmio, que Scotta converteu. No 2º tempo o Colorado foi para o ataque, tendo 17 conclusões a gol contra 6 do Grêmio. Mas novamente Caio, de cabeça, marcou aos 36', decretando a vitória gremista por 3x1.

A diferença caiu para um ponto, faltando duas rodadas. Mas o campeonato gaúcho deu uma pausa, para o início do campeonato brasileiro. As duas rodadas finais do estadual seriam disputadas na segunda metade de setembro.

Após nove rodadas do campeonato brasileiro, o Internacional voltava a disputar o campeonato gaúcho em 16 de setembro, contra o Cruzeiro. A vitória por 2x0 (gols de Claudiomiro e Valdomiro) manteve o Colorado na liderança. O título não veio nessa rodada, pois o Grêmio bateu o Gaúcho.

No dia 22 de setembro de 1971, após mais uma rodada do campeonato brasileiro, o Internacional foi a Bento Gonçalves, enfrentar o Esportivo, 3º colocado no campeonato. Em Caxias do Sul, o Grêmio enfrentava o lanterna Flamengo. O Colorado, com uma vitória simples, seria campeão. O Grêmio precisava vencer e torcer por uma derrota colorada. Mas as esperanças gremistas começaram a desvanecer-se aos 46' do 1º tempo, quando Valdomiro marcou, cobrando falta. Aos 34' do 2º tempo, Sérgio Galocha fez 2x0, consolidando o tricampeonato. Com o apito final veio o título. Em Caxias, o rival sequer conseguiu fazer sua parte, perdendo por 1x0 para o Flamengo.

Equipe colorada campeã:
Gainete; Édson Madureira, Pontes, Hermínio e Jorge Andrade; Carbone e Paulo César Carpegiani; Valdomiro, Sérgio Galocha, Claudiomiro e Benê (Tovar, depois Bráulio)

segunda-feira, 21 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Sérgio

Origem da foto: https://tardesdepacaembu.wordpress.com
 

Em 21 de setembro de 1923 nascia em Taquara o menino Sérgio Moacir Torres Nunes.

Sérgio começaria a jogar futebol no Juvenil, da várzea da capital gaúcha. Demonstrando ser um bom goleiro, profissionalizou-se no Floriano (atual Novo Hamburgo) em 1946. Suas boas atuações o levaram ao Grêmio em 1947, atuando inicialmente no 2º quadro. Mais tarde, como titular, se tornaria um dos grandes goleiros do futebol gaúcho, recebendo o apelido de "Majestade do Arco". Mais tarde, jogou no Internacional, em 1957 e 1958, quando encerrou a carreira. Com 1,68 metros, seria considerado baixo para a posição, atualmente.

Sérgio, embora tenha jogado no Grêmio por 10 temporadas, ganhou apenas os campeonatos gaúchos de 1949 e 1956, o campeonato municipal de 1949 e o metropolitano de 1956. Mas em sua passagem pelo Grêmio, esteve presente em dois grandes momentos da história do Internacional:

17/10/1948 Internacional 7x0 Grêmio
Baixada
Sem chances de chegar ao título, o Grêmio escalou um time reserva para o clássico. E Sérgio foi o goleiro gremista que levou 7 gols, na maior vitória colorada no clássico Gre-Nal, e maior goleada da era profissional.

26/09/1954 Internacional 6x2 Grêmio
Olímpico
O primeiro Gre-Nal do Olímpico decidia o Torneio de Inauguração do estádio. Quando o Internacional fez seu 4º gol, Sérgio ameaçou abandonar o campo, chorando. Segundo a tradição, entre os jogadores que foram convencê-lo a continuar em campo estava Bodinho, que teria dito: "volta para tomar mais quatro!"

Em 1956, Sérgio foi convocado para a Seleção Brasileira, representada pelo Rio Grande do Sul, que disputou o Campeonato Pan-Americano, no México. Sérgio foi titular nas três primeiras partidas, sendo substituído nas duas últimas por Waldir de Morais, goleiro do Renner.

Sérgio começou o ano de 1957 defendendo a seleção gaúcha, no Campeonato Brasileiro de Seleções. No dia 8 fevereiro, a imprensa noticia o interesse do Santos e do Internacional no goleiro gremista. No dia 9, o presidente colorado Ítalo José Michelin nega o interesse no arqueiro. No dia 13 de fevereiro, Abrão Bruno Pinheiro, representante do Santos em Porto Alegre, anunciou que a negociação estava concretizada. Entretanto, em 22 de fevereiro Sérgio ainda era jogador do Grêmio, e só não disputaria um amistoso com o Pelotas por estar lesionado. No início do mês, porém, a crise explodiu. Na imprensa o técnico gremista, Foguinho, declarou que Sérgio podia seguir seu caminho (fora do Grêmio). Sérgio rebateu chamando o técnico de mentiroso e recalcado, e que uma de suas cláusulas para renovação de contrato com o Tricolor era a venda de Sérgio. Logo a vida do jogador é exposta na imprensa. Jornalistas simpatizantes do lado azul atacam Sérgio, dizendo que o jogador tinha a fama de ser amador, mas que em uma de suas renovações ganhou um emprego público, e que na renovação de 1956 passou a receber 25 mil cruzeiros por mês. E por isso foi chamado de "jogador problema". Os textos de Mário Moreira, no Diário de Notícias, atacavam ferozmente o jogador. Pouco depois, chegou a ser noticiado que Sérgio estaria se acertando com o Cruzeiro de Porto Alegre, e o jogador chegou a treinar no clube. Mas em 17 de março foi anunciado o acerto do goleiro com o Internacional. Mário Moreira escreveu um texto chamado "Sérgio deixou cair a máscara da face".  

Sérgio estreou no Internacional em 24 de março de 1957, na vitória de 2x1 sobre o América Mineiro, nos Eucaliptos. Ele estava em campo na vitória de 4x2 sobre o Boca Juniors, em 1º de maio de 1957. Sua primeira derrota no gol colorado só ocorreria em 30 de junho, por 2x0 para o Cruzeiro, na sua 15ª partida no gol colorado.

Em agosto de 1958, após a queda de Teté e a chegada de Gastão Leal no comando técnico colorado, Sérgio passou alguns jogos na reserva de La Paz, recuperando a titularidade em seguida. Mas no início de 1958 ele perdeu a posição novamente, ficando oito meses sem atuar. Depois do empate em 0x0 com o Gimnasia y Esgrima, em 21 de janeiro de 1958, Sérgio só voltaria a jogar na vitória de 4x1 sobre o Força Luz, em 21 de setembro, curiosamente no dia em que completava 32 anos. No jogo seguinte, ele foi titular na vitória de 5x1 sobre o poderoso Santos de Zito, Pagão, Pelé e Pepe. Ele jogou a 1ª etapa, que terminou 2x0 para o Colorado. A partir daí, Sérgio foi titular quase até o fim da temporada. Sua última partida pelo Internacional ocorreu em 5 de janeiro de 1959, na vitória de 2x1 sobre o Flamengo de Caxias do Sul, pelo Campeonato Metropolitano, que avançou pelo ano seguinte. La Paz foi o titular nas três últimas partidas do campeonato.

Pelo Internacional, esses foram os números de Sérgio:
48 partidas
34 vitórias
8 empates
6 derrotas

Ainda fazendo parte do grupo colorado, Sérgio estreou como técnico em 15 de fevereiro de 1959, na derrota de 4x1 para o Aimoré, em um amistoso. O técnico colorado Sylvio Pirillo teve que viajar para o Rio de Janeiro e Sérgio assumiu interinamente. Em maio de 1959, quando Sylvio Pirillo trocou o Internacional pelo Corinthians, novamente Sérgio comandou o time interinamente em dois amistosos: derrota de 4x0 para o Floriano e vitória de 3x1 sobre o Flamengo carioca.

Em 1961, Sérgio (a essa altura já Sérgio Moacir Torres) não estava mais vinculado ao Internacional. Mas em maio foi chamado para assumir o comando técnico do time. Sua estreia ocorreu em 21 de maio de 1961, na vitória de 3x1 sobre o São José. Em 3 de dezembro de 1961, após a vitória de 2x1 sobre o Pelotas, o Internacional sagrava-se campeão gaúcho. O primeiro título unificado, e que colocava fim a uma série de cinco títulos gaúchos.

Para a temporada seguinte, não houve acerto entre Internacional e Sérgio Moacir. O Colorado contratou Carlos Froner, que estava no Aimoré, e Sérgio Moacir foi para o Grêmio, onde foi novamente campeão gaúcho.

Em 1964, Sérgio Moacir Torres voltou ao Internacional. Perdeu o Campeonato Gaúcho, mas conquistou o Torneio Jornal do Brasil, um quadrangular envolvendo as duplas Gre-Nal e Bra-Pel. Ele continuou treinando o Internacional, mas foi demitido no início de maio, devido aos fracos resultados nos amistosos de pré-temporada.

Em 1967 novamente Sérgio Moacir Torres foi contratado pelo Internacional. Sob seu comando, o Colorado foi vice-campeão do Torneio Robertão, ao bater o Corinthians por 3x0, em 7 de junho de 1967. Mas em 25 de julho, durante o Campeonato Gaúcho, Sérgio Moacir pediu demissão, alegando pressão da torcida. No estadual, Sérgio Moacir havia empatado em 0x0 com o Guarany e Brasil, e vencido por 1x0 o Rio Grande. Em 1968, Sérgio Moacir Torres seria novamente campeão gaúcho, treinando o Grêmio. Em 1969, Sérgio Moacir Torres treinava o Grêmio quando o Internacional reconquistou a hegemonia do futebol gaúcho.

Em 1970, comandando o Cruzeiro, Sérgio Moacir Torres sagrou-se campeão da Taça Governador do Estado. Em 1974, ele comandava o Grêmio no estadual que o Internacional venceu com 100% de aproveitamento.

Em 1977, Sérgio Moacir Torres assumiria o comando do Internacional pela última vez, substituindo Carlos Castilho. Sua contratação gerou muita insatisfação na torcida colorada. Ar rádios tiveram seus telefones congestionados com reclamações, além de telegramas de colocados descontentes. O técnico era considerado ultrapasso, autoritário e excessivamente identificado com o rival. Sua estreia ocorreu em 10 de julho de 1977, na derrota de 3x0 sobre a Portuguesa da Venezuela, pela Taça Libertadores da América. Ele foi demitido em 18 de setembro de 1977, após perder para o Grêmio por 2x0.

Em 1984 Sérgio Moacir Torre4 ainda treinaria o Avaí. Em 24 de junho de 2007, a Majestade do Arco faleceu em Viamão, vítima de infarto.