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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Campeonato Gaúcho - Estreias Coloradas

Foto: Ricardo Duarte/site oficial do Internacional - Internacional 2x2 Juventude (2023)

Todas as estreias coloradas em campeonato gaúchos e os artilheiros:
Obs: Entre 1919 e 1960 apenas os campeões municipais disputavam o campeonato estadual.

1927 4x1 Nacional (São Leopoldo) - C - Veiga (2), Ross e Nenê
1934 4x2 Uruguaiana - C - Sylvio Pirillo (3), Salvador (3), Artigas (2) e Castillo
1936 9x0 Juventude - C - Sylvio Pirillo (3), Salvador (3), Artigas (2) e Castillo
1940 6x3 Juventude - C - Castillo (2), Tesourinha (2), Magno e Marques
1941 6x2 Novo Hamburgo - C - Russinho (2), Villalba (2) e Carlitos (2)
1942 8x1 Internacional SM - C - Russinho (2), Villalba (2), Tesourinha e Abigail
1943 2x1 Floriano - C - Joane e Carlitos
1944 1x3 Bagé - F - Tesourinha
1945 4x2 Pelotas - F - Carlitos (2) e Tesourinha (2)
1947 3x2 Floriano - F - Tesourinha, Villalba e Carlitos
1948 7x2 Riograndense RG - C - Ghizzoni (4), Tesourinha (2) e Carlitos
1950 4x1 Floriano - C - Ênio Andrade (2), Mujica e Solis
1951 2x2 Pelotas - C - Huguinho e Solis
1952 2x1 Floriano - C - Bodinho e Solis
1953 2x1 Brasil - F - Bodinho e Canhotinho
1955 1x0 Brasil - F - Chinesinho
1961 7x1 Juventude - C - Alfeu (4), Sérgio Lopes, Flávio e Gilberto Andrade
1962 0x0 Flamengo - C
1963 3x0 Juventude - F - Parobé, Flávio e Mauro (contra)
1964 2x1 Pelotas - C - Wanderley e Gaspar
1965 2x1 Farroupilha - C - Davi e Sadi
1966 0x0 Aimoré - F
1967 0x0 Guarany BA - C
1968 1x0 Ypiranga - C - Dorinho
1969 5x0 São Paulo - C - Sérgio Galocha (3), Dorinho e Valdomiro
1970 1x0 Santa Cruz - F - Valdomiro
1971 1x0 Tamoio - F - Sérgio Galocha
1972 2x0 Cruzeiro - C - Tovar (2)
1973 1x0 Bagé - F - Djair
1974 1x0 Atlético - F - Lula
1975 6x0 Ypiranga - C - Lula, Escurinho, Valdomiro, Paulo César Carpegiani, Borjão e Falcão
1976 5x1 São Luiz - C - Falcão (3), Ramón e Escurinho
1977 4x1 Estrela - F - Valdomiro, Cláudio Duarte, Falcão e Jair
1978 3x0 Guarany BA - C - Alcione, Chico Espina e Vilmar (contra)
1979 1x1 Esportivo - C - Valdomiro
1980 2x0 Gaúcho - C - Jair e Cléo
1981 2x1 São Gabriel - F - Nílson Dias e André Luiz
1982 2x0 Brasil - C - Roberto e Valdomiro
1983 3x1 Aimoré - C - Geraldão (3)
1984 1x1 São Borja - C - Mílton Cruz
1985 2x0 Aimoré - F - Ademir Alcântara e Marcelo Vita
1986 0x0 Santa Cruz - F
1987 2x0 Passo Fundo - C - Amarildo e Bandeira
1988 1x0 Passo Fundo - F - Amarildo
1989 1x0 Passo Fundo - F - Nílson
1990 2x1 Guarany CA - F - Zé Cláudio e Zé Carlos
1991 3x1 Ta-Guá - F - Luís Fernando Gomes, Marquinhos e Helcinho
1992 2x0 Aimoré - F - Christian e Caíco
1993 3x0 Santa Cruz - F - Demétrios (2) e Marquinhos
1994 0x0 Brasil FA - F
1995 2x1 Brasil - F - Nando e Leandro Machado
1996 1x0 Ypiranga - N (Cidreira) - Anderson
1997 0x0 Brasil - F
1998 2x1 Santo Ângelo - C - Marcelo e Christian
1999 1x0 São Luiz - F - Christian
2000 2x0 15 de Novembro - C - Márcio Goiano e Fabiano
2001 3x2 Pelotas - F - Fábio Rochemback, Lê e Luiz Cláudio
2002 1x0 Juventude - F - Fabiano Costa
2003 1x1 Juventude - C - Flávio
2004 2x0 15 de Novembro - F - Tiago Saletti e Kauê
2005 1x1 Farroupilha - F - Galego
2006 3x1 Gaúcho - F - Bolívar, Léo e Luiz Adriano
2007 0x0 Novo Hamburgo - N (Cidreira)
2008 2x2 Internacional SM - F - Wellington Monteiro e Iarley
2009 0x0 Santa Cruz - C
2010 4x2 Ypiranga - C - Leandro Damião (2), Ytalo e Walter
2011 0x1 Cruzeiro POA - F
2012 1x0 Novo Hamburgo - F - Oscar
2013 1x1 Passo Fundo - N (Canoas) - Cassiano
2014 2x0 São Luiz - N (Novo Hamburgo) - Cláudio Winck e Aylon
2015 1x1 Lajeadense - F - Ernando
2016 0x0 São José - F
2017 1x1 Veranópolis - F - Rodrigo Dourado
2018 1x0 Veranópolis - C - William Pottker
2019 1x0 São Luiz - F - Emerson Santos
2020 1x0 Juventude - F - Thiago Galhardo
2021 1x0 Juventude - C - Guilherme Pato
2022 2x1 Juventude - F - Maurício e Yuri Alberto
2023 2x2 Juventude - C - Carlos de Pena e Pedro Henrique
2024 1x0 Avenida - C - Wanderson

Resumo:
80 partidas
59 vitórias
19 empates
2 derrotas

Adversários:
Juventude - 10 vezes

Novo Hamburgo - 7 vezes

Brasil - 5 vezes

Pelotas, Ypiranga, Santa Cruz, Aimoré, São Luiz e Passo Fundo - 4 vezes

Internacional SM, Bagé, Farroupilha, Guarany BA, Cruzeiro, Gaúcho, 15 de Novembro e Veranópolis - 2 vezes

Nacional (São Leopoldo), Uruguaiana, Riograndense RG, Flamengo, São Paulo, Tamoio, Atlético, Estrela, Esportivo, São Gabriel, São Borja, Guarany CA, Ta-Guá, Brasil FA, Santo Ângelo, Lajeadense, São José e Avenida - 1 vez

C - Casa
F - Fora
N - Neutro

Os jogos em casa, entre 1927 e 1953, não eram necessariamente no estádio do Internacional. A maioria dessas partidas foi disputada em Porto Alegre, mas em outros estádios.

sábado, 27 de fevereiro de 2021

HISTÓRIA - Start, o time da fábrica de pão que enfrentou o nazismo.


O Dinamo de Kiev, fundado em 13 de maio de 1927, era o principal clube da Ucrânia e um dos principais da União Soviética, nos anos 1930. Em 1935, as associações de trabalhadores da Bélgica e da França convidaram a Seleção da Ucrânia para enfrentar clubes locais. E essa seleção foi formada com sete jogadores do Dinamo. O principal confronto foi contra o Red Star de Paris, que diferente dos demais adversários era um clube profissional, que disputava o campeonato francês. Apesar da expectativa de uma goleada francesa, a Seleção Ucraniana venceu por 6x1.


Em 1936, no primeiro campeonato soviético, o Dinamo Kiev estreou em casa contra o poderoso Dinamo Moscou. A derrota por 5x1 atrapalhou os planos do clube ucraniano, que terminaria a temporada como vice-campeão, perdendo o título exatamente para o clube moscovita. Já no campeonato ucraniano, classificatóriopara o campeonato soviético, o Dinamo Kiev levantou a taça, batendo o Dinamo Odessa por 6x0, na final. Nos primeiros anos de campeonato o clube não chegou ao título, embora mais tarde se tornasse o maior vencedor do campeonato soviético.

Na temporada de 1941 o Dinamo Kiev não teve um bom começo. Em 22 de junho de 1941, quando começou a Operação Barbarossa (a invasão alemã à União Soviética), o clube ocupava a 8ª colocação, com dois jogos a menos que vários adversários. Seu último jogo ocorreu em 16 de junho, derrota por 2x0 para o Spartak Kharkov, fora de casa. O campeonato soviético ainda teria duas partidas no dia 24, dois dias depois de começado o conflito.

Vários jogadores ucranianos se apresentaram como voluntários nos postos de recrutamento do exército, entre eles o goleiro Nikolai Trusevich, ídolo do Dinamo Kiev. Nos primeiros dias não foram aceitos voluntários, Mas à medida em que as forças nazistas avançaram vários atletas foram convocados. Um deles, Alexei Dubovsky, morreu nos combates em defesa da cidade. Trusevich foi ferido na perna, em uma das várias operações que fez inflitrando-se nas linhas inimigas e trazendo consigo um prisioneiro.

Os jogadores que não foram convocados para o Exército Vermelho ficaram executando outras funções na cidade. Com os alemães às portas da cidade, alguns deles se uniram a grupos de guerrilheiros que resistiam ferozmente aos nazistas. O grupo de Nicolai Makhinya era pequeno, mas causou inúmeras baixas aos invasores. Mas apesar da resistência, Kiev caiu em 19 de setembro de 1941.

Entre 29 e 30 de setembro, os nazistas massacrariam mais de 30 mil judeus ucranianos na ravina de Babi Yar. Entre eles, Lazar Kogen, jogador do Dinamo, e Lev Chernobylsky, árbitro de futebol e ex-treinador do Dinamo.

Aos sobreviventes, restava recomeçar a vida. E um tcheco nascido na Morávia, Josef Kordik, recebeu a direção da Padaria nº 3. Kordik havia lutado no exército austro-húngaro durante a I Guerra Mundial. Ferido e feito prisioneiro, acabou criando raízes em Kiev. Falando alemão fluentemente, ele apresentou-se às autoridades nazistas como austríaco que ficara em Kiev contra a vontade. Torcedor do Dinamo, Kordik descobriu alguns jogadores entre os prisioneiros de guerra e começou a empregá-los na fábrica de pão. Além dos jogadores do Dinamo, outros três atletas do rival Lokomotiv também foram empregados.

Na primavera de 1942, Georgi Shvetsov, um ex-jogador do Lokomotiv, que no início da guerra desertou do Exército Vermelho e depois passou a colaborar com os nazistas, criou um clube de futebol chamado Rukh, vinculado ao nacionalismo de extrema-direita ucraniano. O Rukh passou a mandar seus jogos no Estádio do Dinamo, rebatizado Estádio Ucraniano. Shvetsov tentou atrair os jogadores da Fábrica de Pão nº 3, em troca de melhorias significativas de vida, mas nenhum dos ex-atletas do Dinamo ou do Lokomotiv aceitaram o convite. Apenas dois desconhecidos jogadores da Fábrica de Pão, Nikolai Golembiovsky e Lev Gundarev aceitaram a proposta. Os dois se destacariam mais tarde na repressão aos resistentes ao nazismo. Gundarev comandou expedições contra apartamentos de familiares de jogadores do Dinamo que ainda estavam resistindo, na guerrilha ou no Exército Vermelho, e Golembiovsky colaborou com os nazistas em interrogatórios da população local. Quando Shvetsov conseguiu autorização dos nazistas para organizar uma temporada de futebol, os rapazes da Padaria nº 3 deram um nome ao seu time: FC Start.

A partida inicial foi marcada para 7 de junho de 1942, entre Rukh e Start. Trusevich e Putistin haviam encontrado entre os escombros de uma casa um jogo de uniformes vermelho e branco. Trusevich discursou frente aos seus companheiros: "Não temos armas, mas podemos batalhar pela nossa própria vitória no gramado. Desta vez, os membros do Dinamo e Lokomotiv vão jogar com a mesma cor, a cor da nossa bandeira. Os fascistas vão ver que essa cor não pode ser derrotada".

Os jogadores do Rukh estavam melhor alimentados, tinham folga para treinar e uniforme completo. Já no Start, tirando as camisetas, o resto eram improvisado. Os calções eram feitos com calças cortadas, e tirando um jogador que tinha chuteiras, os outros usavam botas de trabalho ou sapatos comuns. Mesmo assim o Start venceu por 7x2.

Humilhado, Shvetsov conseguiu que as autoridades nazistas proibissem o Start de usar o Estádio Ucraniano. Assim o time não poderia mais treinar ou jogar. Mas Kordik conseguiu das mesmas autoridades uma licença para usar o pequeno Estádio Zenit. Foi nesse local que, em 21 de junho, o Start bateu o time da guarnição húngara por 6x2. Dias depois, no mesmo Zenit, o Start bateu a guarnição romena por 11x0. A cada vitória, o Start se tornava mais popular na cidade.

Os alemães não se preocupavam com o Start, pois suas vitórias haviam ocorrido sobre os "inferiores" ucranianos, húngaros e romenos. Mas no dia 17 de julho o adversário era o PSG, equipe de uma unidade militar alemã. E o Start venceu novamente, 6x0. O jornal Nova Ukrainski Slovo, ligado à extrema-direita ucraniana pró-nazista, e apoiador do Rukh, assim descreveu o jogo: "O Start, como todos sabem, é composto por jogadores do antigo Dinamo, um time profissional, e por esta razão deveríamos exigir e esperar de sua parte muito mais do que eles mostraram em campo."

A vitória do Start acendeu a luz amarela entre os alemães. A população da cidade se unia em torno dos atletas, vendo neles uma vitória sobre os opressores do Eixo. Para piorar, até a guarnição romena foi "contaminada" pelo bom futebol do Start e torcia abertamente pelo time. Mas os alemães esperavam que o forte MSG Wal, equipe do exército húngaro, batesse o Start e acabasse com sua popularidade. No dia 19 os dois times se enfrentaram. O MSG teve um jogador lesionado logo no início da partida, e não existiam substituições na época. Assim, o Start venceu por 5x1. Esse deveria ser o último jogo da temporada do Start, mas os húngaros pediram uma revanche e as autoridades nazistas, confiando em uma vitória, concordaram.

No dia 26 de julho, um grande público compareceu ao Estádio Zenit. Com onze atletas em campo, o MSG era um adversário forte, mas ainda no 1º tempo o Start abriu 3x0. Na 2ª etapa, porém, os atletas da fábrica de pão, vindo de um turno de trabalho de 24 horas, sentiram o cansaço e sofreram dois gols, mas seguraram a vitória por 3x2. No mesmo dia, no Estádio Ucraniano, que recebia um público formado quase exclusivamente por militares de folga, o Flakelf, time composto por pilotos e membros das guarnições anti-aéreas da Luftwaffe, goleou o Rukh.

O Flakelf era considerado o melhor time das unidades militares alemãs e o favorito para vencer o Start. E assim, no dia 6 de agosto foi marcado um confronto entre o Flakelf e o Start. A partida foi marcada para uma quinta-feira, impedindo que a maioria dos ucranianos comparecesse, formando uma maioria de torcedores alemães. Mas em campo o Start teve um de seus jogos mais fáceis e venceu por 5x1, apesar da violência dos jogadores alemães.

As autoridades nazistas não ficaram nada contentes com o resultado e marcaram uma nova partida, para o dia 9 de agosto, domigo. Milhares de panfletos foram distribuídos, divulgando a partida. O comando alemão queria uma vitória definitiva, diante da torcida ucraniana. Alguns reforços foram trazidos às pressas para a equipe da Flakelf e o árbitro da partida, que até então vinha sendo indicado pelos romenos, seria alemão. Outra novidade foi a presença maciça de soldados alemães com cães fazendo a "segurança" do jogo. O estádio recebeu o maior público da temporada de jogos, e logo ficou claro que mais uma vitória do Start desencadearia uma onda de repressão.

No vestiário, os jogadores do Start receberam a visita do juiz da partida, um oficial da SS que falava russo fluente. Além de se apresentar, solicitou que os ucranianos saudassem os alemães com um "Heil Hitler". Soldados romenos também foram ao vestiário levar comida e desejar boa sorte. Torcedores recomendavam cautela diante dos alemães, e um grupo de jogadores do Rukh, com Gundarev à frente, sugeriram que o Start perdesse o jogo, já havia feito sua parte e não deveria provocar os alemães.

Ao entrarem em campo, as equipes encontraram um ar tenso. Como afirma o jornalista Andy Dougan, que pesquisou a fundo esses acontecimentos: "A competição era entre o Flakelf e o Start, mas aos olhos dos dois grupos de espectadores era também entre a Alemanha e a União Soviética, entre o fascismo e o bolchevismo."

Os alemães formaram em frente às autoridades e bradaram o "Heil Hitler". Os jogadores do Start foram à frente do palanque. A multidão em silêncio, esperando se eles fariam a saudação nazista. Lado a lado, os jogadores erguem o braço, mas quando parecia que iam fazer a saudação nazista, os dobraram sobre o peito e gritaram "Fizculthura!", o brado dos esportistas soviéticos.

Com a bola rolando, ficou claro que tudo estava organizado para a vitória dos nazistas. Trusevich, em cada saída na bola, era atingido pelos alemães, sem que o juiz marcasse falta. Em um lance, um jogador alemão chutou sua cabeça, deixando-o incosnciente por alguns instantes. Sem reserva, ele voltou ao jogo, mesmo tonto, e no lance seguinte o Flakelf abriu o placar. Os alemães batiam mais que no jogo anterior, sem serem molestados pelo juiz. Qualquer tentativa de ataque ucraniano era parada com violência, sem que o juiz marcasse falta. Foi então que Kuzmenko agiu. Acostumado a treinar com bolas três vezes mais pesadas que o normal, recebeu um passe no círculo central, avançou uns metros e, antes que fosse atingido desferiu um chute forte para empatar o jogo. Com os alemães ainda traumatizados com o gol, o ponteiro Goncharenko avançou a dribles, passando pelos marcadores sem ser derrubado e entrando no gol com a bola. Ainda no 1º tempo, Kuzmenko cruzou para Goncharenko. Com medo que o juiz marcasse impedimento, ele recuou dois passos antes de ir na bola e chutar para fazer 3x1.

A torcida ucraniana, eufórica, cantava e zombava dos dirigentes nazistas. Soldados com cães avançaram sobre os torcedores, enquanto soldados de folga atacavam os ucranianos em outro setor do estádio. No vestiário do Start, Georgi Shvetsov, dono do Rukh, compareceu e solicitou que eles deixassem os alemães vencerem, como forma de garantir a segurança de todos. Em seguida, um outro oficial da SS que dominava o russo foi no vestário, disse que eles haviam feito um grande primeiro tempo, que haviam impressionado os alemães, mas que não podiam esperar vencer, e pediu que avaliassem as consequências, sozinhos, antes de retornarem ao campo. 

Ao voltarem a campo, não existia mais grade de proteção separando a torcida. Os soldados alemães, agrupados, faziam o isolamento do campo. A tensão era grande e os próprios alemães temiam uma revolta da torcida. Os dois times marcaram dois gols, mas em nenhum momento o Flakelf ameaçou a vitória do Start. Perto do final do jogo, o jovem Klimenko, empolgado, esqueceu o pacto de não provocarem os alemães. Ele driblou a defesa, o goleiro, e parou a bola em cima da linha. Em seguida, ele entrou no gol, virou-se e deu um balão, recolocando a bola em jogo. O juiz imediatamente encerrou a partida, antes do tempo, irritado com a humilhação. Na saída de campo os alemães soltaram os cães na torcida e fizeram disparos para o ar.

Apesar do temor, nada aconteceu com os jogadores do Start, que voltaram ao trabalho e aos treinos. Pouco depois, souberam que haveriam uma nova partida, dia 16 de agosto, contra o Rukh. Sem o mesmo público e a mesma empolgação, o Start venceu por 8x0. E aí começaram os problemas. Os alemães estavam preocupados com a popularidade do Start, cujos atletas viraram herois da população. Seus aliados romenos e húngaros haviam torcido abertamente para o Start no jogo contra o Flakelf. E Shvetsov colcou agota que faltava para entornar o copo. Disse aos alemães que cada dia que os atletas caminhavam na rua era a propaganda comunista avançando. Assim, foi resolvido que os jogadores seriam presos e levados para a sede da Gestapo, na rua Korolenko.

Korotkykh, oficial da NKVD, após ser preso, foi separado dos demais companheiros. Tendo um posto alto dentro do Partido Comunista e do Exército Vermelho, tornou-se o principal alvo das torturas dos nazistas. Foi morto após 20 dias de tortura. Dois dias depois, os outros jogadores foram transferidos para o campo de concentração de Siretz.

Em 23 de fevereiro de 1943, guerrilheiros soviéticos incendiaram uma fábrica de trenós motorizados do exército nazista, em Kiev. Como represália, o comandante do campo de Siretz decidiu, no dia seguinte, matar um a cada três homens prisioneiros no campo. Levados até a ravina de Babi Yar, onde milhares de judeus foram assassinados, os prisioneiros começaram a ser mortos, entre eles três jogadores do Start. Enfileirados, lado a lado, eles percebiam os guardas caminhando em suas costas e contando. Quando chegavam a três, matavam o prisioneiro.

Kuzmenko, ex-capitão do Dínamo de Kiev e do Start, recebeu um golpe com o cano de um fuzil, nas costas, mas não caiu. Os alemães começaram a golpeá-lo seguidamente, até cair inconsciente. Então um oficial atirou em sua nuca.

A seguir, Klimenko, zagueiro que era a grande revelação do futebol soviético. Recebeu um golpe na espinha dorsal e caiu no chão, sendo imediatamente atingido po um tiro no ouvido.

Trusevich, o melhor goleiro soviético de antes da guerra, tb foi escolhido. Golpeado com um fuzil nas costas, caiu no chão mas imediatamente pulou de pé novamente, gritando "o esporte vermelho nunca morrerá!" Imediatamente fuzilado pelo soldado às suas costas, morreu com seu uniforme de goleiro, que usava todos os dias no campo de concentração.

E como em toda história heroica, há um traidor: Komarov, um dos goleadores da equipe, tornou-se informante dos nazistas. Acredita-se que tenha sido ele que entregou aos alemães a condição de oficial do NKVD de Korotkykh. Outros acham que ele tornou-se traidor apenas em Siretz, e que a própria irmã de Korotkykh, tentando salvar o restante da família da repressão, o tenha denunciado. Seja como for, depois que os nazistas foram expulsos de Kiev, Komarov nunca mais foi encontrado.

Por fim, a memória viva dos fatos foi Makar Goncharenko, o único jogador do Start a ter chuteiras e autor de dois gols contra o Flakelf, sobreviveu à guerra, falecendo apenas em 1996. Goncharenko escapou de ser morto pouco depois de seus companheiros. Ele estava fora do campo de concentração, junto com outro atleta, Sviridovsky, consertando botas em um posto policial. Fyodor Tyutchev, outro jogador do Start, foi mandado para a colheita, e ao passar pelo posto policial avisou Goncharenko do fuzilamento dos companheiros e que ele estava sendo procurado. Goncharenko e Sviridovsky fugiram, ficando escondidos até a libertação da cidade, em 6 de novembro de 1943.

Em 1981, no estádio do Dinamo foi construída uma escultura em homenagem aos jogadores do Start. E até hoje os possuidores de ingressos da partida de revanche contra o Flakelf tem entrada gratuíta no estádio.





quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Colorado em plagas distantes


Partidas do Internacional fora do continente americano:

1973 Europa
09.08.1973 0x2 Sporting POR - Atenas GRE - Torneio Quadrangular de Verão
13.08.1973 0x1 Peñarol URU - Atenas GRE - Torneio Quadrangular de Verão
16.08.1973 1x1 Olympiakos GRE - Atenas GRE - Torneio Quadrangular de Verão

1975 Europa
23.02.1975 1x0 Ostende BEL - Ostende BEL - Amistoso
25.02.1975 1x0 Oldham Athletic ING - Oldham ING - Amistoso
04.03.1975 12x0 Combinado de Olbia e Arzachena ITA - Olbia ITA - Amistoso
06.03.1975 1x0 Cesena ITA - Cesena ITA - Amistoso
08.03.1975 3x0 Newcastle ING - Newcastle ING - Amistoso
11.03.1975 2x2 Stuttgart ALE - Stuttgart ALE - Amistoso
13.03.1975 2x0 Seleção de Pescara ITA - Pescara ITA - Amistoso
16.03.1975 1x1 Benevento ITA - Benevento ITA - Amistoso
19.03.1975 6x0 Tharros ITA - Oristano ITA - Amistoso
23.03.1975 7x0 Arzachena ITA - Arzachena ITA - Jogo-Treino
25.03.1975 9x0 Calangianus ITA - Calangianus ITA - Jogo-Treino
26.03.1975 3x0 Torres ITA - Sassari ITA - Amistoso
29.03.1975 2x0 Besiktas TUR - Istambul TUR - Amistoso
30.03.1975 1x0 Fenerbahçe TUR - Istambul TUR - Amistoso

1980 Europa, África e Ásia
19.08.1980 1x3 Ajax HOL - Madri ESP - Torneio Villa de Madrid
20.08.1980 2x2 CSKA BUL - Madri ESP - Torneio Villa de Madrid
23.08.1980 7x0 MAS MAR - Casablanca MAR - Torneio Mohammed V
24.08.1980 1x1 Atlético de Madri ESP - Casablanca MAR - Torneio Mohammed V
27.08.1980 1x1 Seleção do Catar - Doha CAT - Amistoso
30.08.1980 2x2 Roma ITA - Roma ITA - Amistoso
01.09.1980 2x2 Barcelona ESP - Barcelona ESP - Amistoso

1981 Europa
29.08.1981 2x2 Roma ITA - Roma ITA - Amistoso

1982 Europa
13.08.1982 0x1 Barcelona ESP - La Coruña ESP - Torneio Teresa Herrera
15.08.1982 0x4 Bayern Munique ALE - La Coruña ESP - Torneio Teresa Herrera
20.08.1982 1x2 Elche ESP - Elche ESP - Troféu Festa D'Elx
22.08.1982 3x1 Logroñéz ESP - Logroño ESP - Amistoso
24.08.1982 0x0 Barcelona ESP - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper
25.08.1982 3x1 Manchester City ING - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper

1983 Europa
16.08.1983 1x1 Valencia ESP - Valência ESP - Troféu Naranja
17.08.1983 1x1 Peñarol URU - Valência ESP - Troféu Naranja
24.08.1983 1x2 Valladolid ESP - Valladolid ESP - Amistoso
26.08.1983 2x2 Zaragoza ESP - Málaga ESP - Torneio Costa do Sol
27.08.1983 2x0 América MEX - Málaga ESP - Torneio Costa do Sol
29.08.1983 0x0 Murcia ESP - Múrcia ESP - Amistoso
31.08.1983 1x0 Chaves POR - Chaves POR - Amistoso

1984 Ásia
30.05.1984 3x0 Seleção Universitária do Japão - Kobe JAP - Copa Kirin
01.06.1984 0x0 Seleção da Irlanda - Nagoya JAP - Copa Kirin
03.06.1984 4x1 Toulouse FRA - Yokohama JAP - Copa Kirin
05.06.1984 2x1 Seleção da Irlanda - Tóquio JAP - Copa Kirin
09.06.1984 3x0 1º de Agosto CHN - Pequim CHN - Amistoso
11.06.1984 1x0 Seleção da China - Pequim CHN - Amistoso
13.06.1984 5x0 Seleção de Hong Kong - Hong Kong CHN - Amistoso

1987 Europa
01.08.1987 2x1 Ajax HOL - Glasgow ESC - Torneio Internacional de Glasgow
02.08.1987 1x1 Rangers ESC - Glasgow ESC - Torneio Internacional de Glasgow
04.08.1987 3x2 Newport County ING - Newport ING - Amistoso
09.08.1987 2x2 Belenenses POR - Lisboa POR - Amistoso
15.08.1987 2x1 Figueres ESP - Figueras ESP - Amistoso
19.08.1987 2x2 Seleção do Marrocos - Vigo ESP - Torneio Cidade de Vigo
20.08.1987 2x1 Celta ESP - Vigo ESP - Torneio Cidade de Vigo
22.08.1987 0x1 Mallorca ESP - Palma de Mallorca ESP - Torneio Cidade de Palma

1989 Europa e África
22.08.1989 1x3 Mechelen BEL - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper
23.08.1989 0x1 Barcelona ESP - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper
26.08.1989 2x0 Murcia ESP - Ceuta ESP - Torneio de Ceuta *
27.08.1989 1x0 Ceuta ESP - Ceuta ESP - Torneio de Ceuta *
29.08.1989 2x2 Sevilla ESP - Sevilha ESP - Amistoso
* Ceuta é uma cidade espanhola que se localiza no norte da África.

1991 Europa
20.08.1991 1x2 Olympique Marseille FRA - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper
21.08.1991 2x0 Rapid Viena AUS - Barcelona ESP - Taça Joan Gamper
24.08.1991 2x2 Valladolid ESP - Valladolid ESP - Taça Cidade de Valladolid

1992 Ásia
22.08.1992 5x2 Gamba Osaka JAP - Osaka JAP - Copa Waki Denki
26.08.1992 4x1 Yomiuri JAP - Kunamoto JAP - Amistoso

1994 Ásia
20.02.1994 2x3 Yokohama Marinos JAP - Yokohama JAP - Amistoso
22.02.1994 6x0 Gamba Osaka JAP - Osaka JAP - Copa Sumitomo Bank
26.02.1994 1x0 JPM Futures JAP - Hamamatsu JAP - Amistoso
05.03.1994 0x0 Nagoya Grampus Eight JAP - Miyazaki JAP - Amistoso
12.05.1994 2x2 Seleção da Coreia do Sul - Seul CRS - Amistoso
14.05.1994 1x0 Seleção da Coreia do Sul - Seul CRS - Amistoso

1995 Ásia
01.03.1995 1x1 Kashima Antlers JAP - Gifu JAP - Amistoso
05.03.1995 5x3 Bellmare Hiratsuka - Yamagushi JAP - Amistoso

2006 Ásia
13.12.2006 2x1 Al Ahly EGI - Tóquio JAP - Campeonato Mundial
17.12.2006 1x0 Barcelona ESP - Yokohama JAP - Campeonato Mundial
 
2008 Ásia
05.01.2008 1x0 Stuttgart ALE - Dubai EAU - Copa Dubai
07.01.2008 2x1 Internazionale ITA - Dubai EAU - Copa Dubai
12.01.2008 1x0 Al-Jazira EAU - Abu Dhabi EAU - Amistoso

2010 Ásia
14.12.2010 0x2 TP Mazembe CON - Abu Dhabi EAU - Campeonato Mundial
18.12.2006 4x2 Seongnam Ilhwa - Abu Dhabi EAU - Campeonato Mundial

2011 Europa
26.07.2011 2x2 Barcelona ESP - Munique ALE - Copa Audi
27.07.2011 2x2 Milan ITA - Munique ALE - Copa Audi



Jogadores do passado: Heyder


Heyder Abas Palheta nasceu em Belém, em 1º de dezembro de 1959.

Torcedor do Remo, foi no rival Paysandu que o ponteiro-direito começou sua carreira. Ele tentou um teste no Remo, em 1972, mas foi reprovado. No ano seguinte ingressou nas categorias de base do Paysandu. Em 1980, já no time profissional, foi campeão estadual. Na temporada seguinte era o artilheiro do Paysandu quando foi negociado com o Sport. Mesmo sem conseguir se firmar como titular, foi campeão pernambucano.

Em 1982 Heyder trocou de lado e foi para o Náutico, onde trabalharia pela primeira vez com um técnico importante em sua carreira: Ênio Andrade. No Timbu, Heyder voltaria a ser campeão pernambucano em 1984. Suas boas atuações levaram o Flamengo a trocá-lo por Nunes e Heitor. Heyder chegou na Gávea com a função de substituir Tita. No campeonato brasileiro, em 25 de março, o Flamengo goleou o Botafogo por 6x1 e Heyder fez um dos gols. Em setembro do mesmo ano, porém, com a renovação do contrato de Tita, Heyder pediu para ser negociado, em busca de espaço. Foi para o Vitória, a tempo de ser campeão baiano de 1985. Em 1987, trocou o Vitória pelo Bahia. Estava fazendo boa campanha no estadual (o Bahia seria o campeão), quando chamou a atenção do Internacional.

Heyder foi contratado pelo Internacional em 20 de abril de 1987, estreando no dia 26, contra o Santa Cruz, no Beira-Rio, pelo campeonato gaúcho. Ele entrou durante o jogo, no lugar de Bandeira, e marcou o 4º gol da vitória por 4x0.

Após três partidas, Homero Cavalheiro foi demitido e Ênio Andradre assumiu o comando do Internacional. No campeonato gaúcho Heyder ainda marcaria mais um gol contra o Internacional SM, mas não jogou o Gre-Nal que deu o título ao Grêmio. Na excursão à Europa, porém, já no primeiro jogo deixou sua marca. O Internacional enfrentou o Ajax de Rijkaard e Bergkamp, pelo Torneio de Glasgow, e venceu por 2x1. Heyder fez o segundo gol colorado. Na decisão contra o Rangers, depois do empate em 1x1 o Internacional venceu nos pênaltis e Heyder converteu uma das cobranças. Na mesma excursão o Internacional foi campeão do Torneio Cidade de Vigo, ao derrotar o Celta do centroavante brasileiro Baltazar, por 2x1. No campeonato brasileiro, Heyder começou como titular, mas chegou a perder a posição por alguns jogos para Paulinho Gaúcho. Foi titular nas duas partidas decisivas contra o Flamengo.

Em 1988 Heyder começou a temporada como titular. Novamente o título gaúcho não veio, mas Heyder marcou um gol no último Gre-Nal, que terminou 3x3. No campeonato brasileiro ele começou como titular, mas perdeu o posto com a contratação de Maurício. Mesmo assim, entrou em várias partidas, inclusive nos dois jogos finais, contra o Bahia, já em 1989.

Com o retorno de Maurício ao Botafogo, Heyder recuperou a titularidade em março de 1989. E no dia 5 de abril de 1989 ele teve seu grande momento no Internacional, enfrentando o Peñarol pela Taça Libertadores. O Colorado venceu por 6x2 e Heyder marcou dois gols. Em Montevidéu Heyder voltou a jogar bem, na vitória colorada por 2x1, levando a imprensa uruguaia a compará-lo a Garrincha.

Mas a eliminação para o Olimpia, na semifinal da Taça Libertadores, diminuiu o prestígio do atacante. Depois da derrota por 3x1 para o Grêmio, em 25 de maio, Heyder perdeu a posição para Claudinho. Heyder recuperou a posição em julho, mas seu último jogo pelo Colorado ocorreu em 29 de julho de 1989, derrota para o Goiás por 4x0 e eliminação da Copa do Brasil.

Em baixa no Internacional, Ênio Andrade pediu sua contratação e Heyder foi para o Cruzeiro. No clube mineiro foi campeão estadual em 1990. Pela sua velocidade, foi apelidado pelo cruzeirenses de "Flecha Azul". Em 1991 sofreu uma lesão séria no calcanhar. Mesmo assim, se transferiu para o Fortaleza, onde sagrou-se campeão estadual. Mas nova cirurgia no calcanhar o tirou dos gramados. Em 1993, voltou a jogar, defendendo o Remo em um amistoso e encerrando a carreira em definitivo.

Em 23 de fevereiro de 2021 Heyder faleceu vítima de COVID-19.

Seus números no Internacional:
123 partidas
59 vitórias
44 empates
20 derrotas
18 gols
campeão do Torneio Internacional de Glasgow em 1987
campeão do Torneio Cidade de Vigo em 1987
vice-campeão brasileiro em 1987 e 1988
semifinalista da Taça Libertadores em 1989

terça-feira, 23 de fevereiro de 2021

Excursões - Europa 1975


Em 1975 o Internacional realizaria sua segunda excursão à Europa. Seria a maior excursão do clube ao Velho Mundo.

Em janeiro de 1975 foi definida a excursão do Internacional. O empresário belga Willian de Vuyat arranjou jogos para o clube. Inicialmente estavam previstos os seguintes jogos:

20.02.1975 Porto POR
23.02.1975 Ostende BEL
26.02.1975 Stoke City ING
28.02.1975 Olympiakos GRE
04.03.1975 Roma ITA
06.03.1975 Seleção de Albio (Sardenha) ITA
08.03.1975 Seleção de Nuoro (Sardenha) ITA
11.03.1975 Ternana ITA
13.03.1975 Fiorentina ITA
15.03.1975 Modena ITA
18.03.1975 Napoli ITA
20.03.1975 Seleção de Olistano ITA
22.03.1975 Cagliari ITA
25.03.1975 San Benedetto ITA
29.03.1975 Fenerbahçe TUR
07.04.1975 Sevilla ESP
09.04.1975 Atlético de Madrid ESP

Ainda estava sendo estudada a possibilidade de serem jogados mais dois amistosos, com Ajax HOL e Bayern Munique ALE.

Mas na época, por problemas de deslocamento, calendário e cotas, era comum que nem sempre o calendário previsto inicialmente se cumprisse plenamente. Jogos eram cancelados e outros marcados.

A estreia colorada acabou ocorrendo contra o Ostende, da Bélgica. O Internacional dominou o 1º tempo e desperdiçou chances de golear. Aos 16', Winjngaard cometeu falta em Valdomiro, próximo da área. Lula cobrou e marcou. No 2º tempo o Ostende se arriscou mais e chegou a acertar um chute na trave com Ellis, aos 25'. Ao final do jogo, vitória colorada por 1x0.

O segundo jogo foi contra o Oldham Athletic, da Inglaterra. Tovar marcou o único gol da partida, garantindo mais uma vitória colorada. A ida à Grécia não se confirmou e o Internacional foi a campo novamente apenas uma semana depois, contra o Combinado de Olbia e Arzachena, na Itália. Nessa partida, com gols de Claudiomiro (4), João Ribeiro (3), Lula (2), Figueroa, Falcão e Tovar, o Colorado conquistou sua maior vitória em jogos internacionais: 12x0.

Dois dias depois, ainda na Itália, o Internacional bateu o Cesena, com gol de Jair aos 44' do 2º tempo. A seguir, retornou à Inglaterra, onde bateu o Newcastle por 3x0. O resultado só não foi maior devido à atuação do juiz Patrick Patridge. Logo aos 10' de jogo, Valdomiro chutou, o goleiro defendeu parcialmente e Tadeu aproveitou o rebote para marcar. Aos 36', Vacaria recebeu a bola na linha intermediária, driblou um adversário e a 20 metros de distância do arco mandou uma bomba para as redes. Internacional 2x0. Aí o juiz começou a aplicar. Ainda no 1º tempo, anulou um gol legal de Borjão, alegando impedimento de um jogador que não participou do lance. Depois deixou de marcar um pênalti quando Falcão, na frente do goleiro, foi derrubado. No 2º tempo, o Internacional controlou o jogo e aos 35', em uma jogada que surpreendeu o adversário, o centroavante Claudiomiro lançou o centromédio Tovar, que invadiu a área e marcou o 3º gol colorado.

A partida seguinte foi contra o Stuttgart. Os alemães chegaram a abrir 2x0, mas com gols de Falcão e João Ribeiro o Internacional empatou a partida. O local da partida, Neckarstadion (atual Mercedes-Benz Arena), teve o sinistro nome de Adolf-Hitler-Kampfbahn entre 1933 e 1945.

A violência dos europeus começava a cobrar seu preço. Após a partida contra o Stuttgart, dois jogadores foram enviados de volta ao Brasil: Pontes, que saiu lesionado logo na primeira partida, e João Ribeiro, lesionado no jogo contra os alemães. Edson, zagueiro da base, foi enviado para a Europa, para reforçar o grupo. O excesso de jogos também levou o empresário a recusar convites de clubes italianos e espanhóis para amistosos.

Dois depois, o Internacional enfrentava a Seleção de Pescara. O Combinado era formado por jogadores do Pescara, Vastese, Chieti e Real Giulianova, sendo uma verdadeira seleção da região de Abruzzo, e não só da cidade de Pescara. Com gols de Falcão e Lula o Colorado venceu por 2x0. Depois o Internacional empatou com o Benevento em 1x1, com gol de Valdomiro. Figueroa, outra vítima da violência europeia, não jogou, substituído por Caçapava, improvisado na zaga.

A seguir, o Internacional participou da festa de 70 anos do Tharros, clube de Oristano. O Colorado goleou o aniversariante por 6x0, gols de Borjão, Tadeu, Valdomiro, Caçapava, Claudiomiro e Tovar. Em seguida o Internacional fez dois jogos-treinos contra equipes italianas. Contra o Arzachena, vitória por 7x0, gols de Valdomiro (2), Tadeu (2), Lula, Falcão e Claudiomiro. O jogo foi interrompido aos 10' do 2º tempo, devido a uma forte chuva de granizo. Pelo jogo-treino o clube recebeu o valor referente ao bicho dos jogadores. Dois dias depois, o Calangianus caiu por 9x0, gols de Claudiomiro (3), Borjão (2), Cláudio Duarte, Falcão, Tadeu e Caçapava. Hermínio lesionou-se aos 10' do 2º tempo, e como seu reserva, Edson, já havia entrado no lugar de Vacaria, Minelli decidiu manter o time com 10 jogadores.

Voltando a disputar partidas normais, o Internacional bateu o Torres, de Sassari, por 3x0, três gols de Lula. O jogo esteve interrompido por 15 minutos, no 2º tempo, por falta de luz. Após o retorno da luz, o jogo teve outros 11 minutos de duração e aos 36 minutos foi definitivamente encerrada a partida, por nova falta de luz.

A seguir o clube tinha pela frente dois amistosos na Turquia e confrontos contra o Oxford City, Manchester City e Hertha Berlin. O Arsenal tentou marcar um amistoso, oferecendo metade da renda, mas o Colorado pediu 10 mil dólares e não houve acerto.

 No dia 29 de março, diante de 15 mil torcedores, o Internacional bateu o Besiktas por 2x0, gols de Cláudio Duarte e Claudiomiro.

No dia 30, 20 mil pessoas compareceram ao estádio para acompanhar Internacional x Fenerbahçe. O adversário era o campeão turco, e tinha Didi como técnico. Nos primeiros minutos o Fenerbahçe pressionou, mas aos 12' Valdomiro deu um violento chute no travessão. Falcão pegou o rebote, de fora da área, e de primeira mandou um outro chute violento, para o fundo das redes. Os torcedores turcos aplaudiram a beleza do gol. Depois do gol colorado o clube turco foi completamente dominado. O Internacional desperdiçou boas chances de ampliar o placar. No intervalo da partida Didi foi ao vestiário colorado pedir que o clube gaúcho não goleasse os donos da casa. Sentindo o cansaço da excursão, o Internacional limitou-se a controlar a partida.

Após os jogos na Turquia, o Internacional voltou à Europa Ocidental, esperando jogar amistosos na Inglaterra e na Alemanha. Mas a dificuldade de fechar as datas e a necessidade de preparar o time para lutar pelo inédito hexa gaúcho fez a direção decidir retornar ao Brasil de 3 de abril. No total foram 12 amistosos e 2 jogos-treinos, com 12 vitórias e 2 empates.

Relação das partidas disputadas:
23.02.1975 1x0 Ostende BEL - Ostende - Amistoso
25.02.1975 1x0 Oldham Athletic ING - Oldham - Amistoso
04.03.1975 12x0 Combinado de Olbia e Arzachena ITA - Olbia - Amistoso
06.03.1975 1x0 Cesena ITA - Cesena - Amistoso
08.03.1975 3x0 Newcastle ING - Newcastle - Amistoso
11.03.1975 2x2 Stuttgart ALE - Stuttgart - Amistoso
13.03.1975 2x0 Seleção de Pescara ITA - Pescara - Amistoso
16.03.1975 1x1 Benevento ITA - Benevento - Amistoso
19.03.1975 6x0 Tharros ITA - Oristano - Amistoso
23.03.1975 7x0 Arzachena ITA - Arzachena - Jogo-Treino
25.03.1975 9x0 Calangianus ITA - Calangianus - Jogo-Treino
26.03.1975 3x0 Torres ITA - Sassari - Amistoso
29.03.1975 2x0 Besiktas TUR - Istambul - Amistoso
30.03.1975 1x0 Fenerbahçe TUR - Istambul - Amistoso

Jogadores do passado - Risada


Guilherme Schroeder, o Risada, nasceu em 21 de fevereiro de 1904, em Cruz Alta.

No começo da carreira, no Guarany de Cruz Alta, era conhecido como Risadinha, e atuava como centromédio. Jogou no clube de sua cidade natal de 1920 a 1927. Foi convocado para a seleção gaúcha em 1927, chamando a atenção dos clubes da capital. Em 1928 o Porto Alegre pretendia montar um grande time e chegou a sonhar com Araken, craque do Santos. O atacante paulista não veio, mas o Porto Alegre contratou, entre outros, o goleiro Eurico Lara e Risada. Pelo clube alvi-verde Risada enfrentou o Internacional em 9 de setembro de 1928, em dia terrível para os colorados: vitória do Porto Alegre por 5x0.

Risada era um jogador polivalente, que sabia sair jogando com categoria de sua grande área. E o Internacional decidiu contar com ele para 1929. Sua estreia ocorreu em 28 de abril de 1929, em um amistoso nos Taquarais, em Novo Hamburgo. O Colorado empatou em 5x5 com o Novo Hamburgo. Em sua primeira partida atuou como lateral direito, mas no jogo seguinte já estava na zaga. Em 11 de agosto marcou seu primeiro gol, cobrando pênalti, contra o Bancário. Era uma partida do campeonato municipal e o Colorado venceu por 4x2. O Internacional disputava o título contra seu tradicional adversário e contra o Americano, campeão da cidade em 1929. No dia 10 de novembro ocorreu o Gre-Nal do 2º turno, na Baixada. O Grêmio vencia por 1x0 quando Nenê cobrou escanteio e Risada cabeceou para as redes, empatando a partida. Depois, em um gol irregular o Grêmio venceria a partida por 2x1, dando o bicampeonato ao Americano. Na última rodada o Internacional bateria o campeão por 6x4, mas não tinha mais chances de conquistar a taça.

Em 1930 o campeonato municipal sequer chegou ao fim, pois suas últimas rodadas não foram realizadas, devido à revolução que levou Getúlio Vargas ao poder. Muitos atletas pertenciam à Brigada Militar ou ao exército e foram mobilizados. O último jogo do clube no ano ocorreu em 14 de setembro, o Gre-Nal do 2º turno que terminou empatado em 1x1.

A temporada de 1931 começou com um grande jogo, a inauguração do estádio dos Eucaliptos, em 15 de março. O Internacional venceu o Grêmio por 3x0 e Risada estava em campo. No campeonato, o Internacional começou bem, e Risada marcou um gol importante no dia 10 de maio. O Colorado enfrentava o Bancário e saiu na frente, abrindo 2x0, mas o adversário reagiu e empatou. Quando parecia que o jogo ia complicar, mais uma vez em cobrança de escanteio Risada marcou. O Colorado ainda faria mais dois gols no jogo. O 1º turno colorado foi arrasador. Das 8 partidas, venceu 7 (incluindo o Gre-Nal) e empatou com o Cruzeiro. No 2º turno o clube venceu as duas primeiras partidas, mas perdeu o clássico, por 2x1. O Internacional se recuperou batendo o Ruy Barbosa e foi enfrentar o Força e Luz, em jogo considerado fácil. O time entrou em campo desconcentrado e sofreu uma virada. Depois do jogo estar 3x2 para o Força e Luz, o Internacional teve um gol anulado e um pênalti não marcado. Após a não marcação do pênalti o time colorado abandonou o campo. No dia seguinte a direção colorada, descontente com a arbitragem, anunciou que não disputaria os jogos restantes (Bancário, Americano e Cruzeiro), abandonando o campeonato.

Em 1932 novamente o Internacional começou bem o campeonato, com Risada atuando de centromédio e a zaga formada por Álvaro e Miro. No 1º turno o Internacional venceu 4 das 5 partidas, mas perdeu o clássico, situação que se repetiu no 2º turno. Risada, depois do campeonato, ainda excursionou com o Internacional ao Paraná.

Em 1933, com Risada de volta à zaga, o tropeço ocorre logo na estreia do campeonato, derrota de 5x3 para o Grêmio. A seguir o time vence as outras 4 partidas. Na estreia do 2º turno, novamente Gre-Nal. Em 25 minutos o Grêmio abriu uma vantagem de 3x0. Ainda no 1º tempo, Risada começou a reação, marcando um gol de falta. Venenoso diminuiu mais ainda o prejuízo, um minuto depois. Ainda no 1º tempo, Venenoso empatou o jogo, mas o juiz anulou o gol. No 2º tempo foi um massacre colorado, mas nada de gol. Faltando dois minutos para o fim da partida, o juiz marcou pênalti para o Colorado. Risada cobrou fortte, à meia altura, mas Lara defendeu. Depois o Internacional ainda perderia para o Cruzeiro, vencendo os demais jogos.

Em 1934 o Internacional começou vencendo as duas primeiras partidas do campeonato, contra Porto Alegre (5x0) e Americano (3x0). Mas tropeçou contra o Cruzeiro, perdendo por 1x0. Parecia a repetição de anos anteriores. O Colorado se recuperou contra o Força e Luz (4x1), mas essa partida foi a despedida do companheiro de zaga de Risada, Wanderlino, que se transferiu para o Flamengo. O centromédio Poroto passou a jogar na zaga, e o time bateu o São José (2x1). Para fechar o turno, o adversário foi o Grêmio, nos Eucaliptos. Aos 15', pênalti para o Internacional. Darcy Encarnação cobrou e Lara defendeu, mas o juiz anulou a cobrança por invasão. Risada se apresentou para cobrar e marcou, mas novamente o juiz anulou por invasão. Na 3ª cobrança, Risada marcou e valeu, abrindo caminho para a vitória em um jogo duro, que terminou 4x3. No returno, o Colorado foi atropelando os adversários (5x0 Porto Alegre, 2x0 Americano, 4x2 Cruzeiro), até empatar com o Força e Luz (2x2). Contra o São José Darcy Encarnação ficou fora do time, Poroto foi para o meio e entrou na zaga o jovem Natal, que nos anos seguintes ficaria conhecido como o "Domingos da Guia do Sul". O Internacional venceu por 1x0. E no Gre-Nal, novamente Risada tendo a companhia de Poroto, vitória por 2x1 e o título municipal. A seguir, Risada disputou as duas partidas do campeonato estadual, mais duas vitória coloradas e novo título.
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Em 1935, no 1º turno, o Internacional venceu 4 partidas e empatou duas (Força e Luz e Grêmio). Poroto foi o companheiro de zaga de Risada nas duas primeiras partidas, ma se transferiu para o Vasco da Gama. Natal assumiu a vaga, jogando todas as demais partidas. No returno, com vitórias sobre Porto Alegre (8x0), Força e Luz (2x1) e Americano (7x2), o Colorado encaminhava o bicampeonato. Mas aí veio o tropeço contra o Cruzeiro (0x1). O time bateu o São José (3x0) e chegou no Gre-Nal jogando pelo empate. O Internacional dominou a partida, mas dois contra-ataques, aos 37' e 39' do 2º tempo, liquidaram o jogo a favor do Grêmio.

Em 1936 o Internacional se reforçou com vários jogadores: Castillo, Alpheu, Sylvio Pirillo e Tom Mix. Alpheu passou a formar a zaga ao lado de Natal, e Risada voltou a atuar de centromédio. No campeonato, o time amassou os adversários no primeiro turno (3x0 Cruzeiro, 4x1 Americano, 3x2 Grêmio, 3x0 São José, 1x0 Força e Luz e 6x1 Porto Alegre). No Gre-Nal, o primeiro gol foi de Risada. Tom Mix cobrou escanteio e ele cabeceou para as redes. O campeonato foi disputado pela Fórmula Fraga (o primeiro no Rio Grande do Sul), onde os campeões de turno se enfrentam na final. Mas essa decisão não ocorreu, pois o Colorado venceu o 2º turno, com 100% de aproveitamento: 3x0 Cruzeiro, 5x3 Americano, 2x0 Grêmio, 3x1 São José e 6x2 Força e Luz. Mais um título conquistado por Risada.
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A temporada de 1937 começou com a decisão do campeonato gaúcho de 1936, quando o Colorado de Risada foi derrotado pelo Rio Grande. O campeonato municipal, mal começado, foi cancelado, com a divisão entre amadores e profissionais. No primeiro campeonato profissional o Internacional começou batendo o Força e Luz (5x2), mas a seguir perdeu para Cruzeiro, São José e Grêmio. O Zequinha, para surpresa de todos, conquistou o turno. No returno, novamente o Colorado venceu o Força e Luz e perdeu para os demais. O Grêmio venceu o 2º turno e em uma final polêmica conquistou o título. Risada jogou na zaga, ao lado de Berto. No meio do campeonato o Internacional fez uma excursão ao Rio de Janeiro.

Em 1938, novamente o Colorado não foi bem no campeonato municipal, vencendo 4 partidas e perdendo outras 4. Mas disputando troféus contra outros clubes da cidade, o Internacional levou vantagem. Em melhor de duas partidas, o Colorado conquistou o Troféu Sociedade Engenho Riograndense, contra o São José, a Taça Oscar Fontoura, contra o Cruzeiro, e a Taça Martel, contra o Grêmio.

Em 1939 ocorreu a unificação das duas ligas da cidade, que somando os filiados somavam dez clubes. Para definir quem formaria a 1ª divisão e a 2ª divisão, foi disputado o Torneio Relâmpago, em turno único, que classificaria os cinco melhores para a Série A. O Internacional conquistou o título, novamente com Risada de capitão. No campeonato municipal, apesar de ter aplicado um sonoro 6x1 no Grêmio, o Colorado deixou escapar a taça.
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O campeonato municipal de 1940 tinha uma novidade, seria disputado em três turnos. O Internacional estreou empatando em 4x4 com o Cruzeiro, mas depois venceu Grêmio (3x2), Força e Luz (7x1) e São José (5x2). No 2º turno a campanha não foi boa, com empates com Cruzeiro e São José e derrota para o Grêmio. Mas no 3º turno o Internacional venceu Cruzeiro (5x1), Grêmio (4x3) e Força e Luz (5x1). Nessa última partida conquistou o título, com uma rodada de antecipação. No campeonato gaúcho Risada lesionou-se na 1ª partida da final, contra o Bagé, e não jogou a 2ª partida. 
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Risada, em 12 temporadas nunca havia sido reserva e raras vezes deixou de atuar. Da sua estreia até o final de 1940 o Internacional havia disputado 259 partidas, e Risada esteve presente em 246. Começou todas as partidas como titular, sendo substituído apenas três vezes. Mas a temporada de 1941 seria diferente. Risada disputaria apenas 9 partidas, sendo 7 delas amistosas. A 10ª partida da temporada ocorreria apenas em 11 de janeiro de 1942. Na Timbaúva o Internacional empatou em 1x1 com o Grêmio e sagrou-se campeão municipal. Foi a última partida de Risada pelo Internacional, que encerrou sua carreira.

Risada continuaria ligado ao futebol, trabalhando como árbitro, agora conhecido como Guilherme Schroeder. O antigo capitão colorado faleceu em Porto Alegre, em 22 de maio de 1972.

Seus números pelo Internacional:
256 partidas
161 vitórias
34 empates
61 derrotas
20 gols marcados
Títulos:
campeão gaúcho em 1934 e 1940
campeão municipal em 1934, 1936, 1940 e 1941
campeão do Torneio Relâmpago em 1939

Suas vítimas:
Grêmio - 5 gols
São José - 3 gols
Cruzeiro, Americano, Bancário, Porto Alegre e Novo Hamburgo - 2 gols
Taquarense e Combinado Athlético/Britânia PR - 1 gol

Foram 7 gols de falta e 3 de pênalti. 

sábado, 20 de fevereiro de 2021

EXCURSÕES - Japão 1994

Origem da imagem: http://anotandofutbol.blogspot.com/

Em fevereiro de 1994 o Internacional partiu para o Japão, para uma excursão de quatro partidas.

A primeira partida ocorreu em 20 de fevereiro de 1994, contra o Nissan FC (atual Yokohama Marinos). O Internacional saiu perdendo por 2x0, empatou a partida com gols de Mazinho Loyola e Junji Koizumi (contra), mas aos 46' do 2º tempo sofreu o 3º gol. Foi a primeira derrota do Internacional na Ásia. Placar final: Nissan FC 3x2 Internacional. O Colorado de Antônio Lopes jogou com Sérgio; Jorge Antônio, Argel, Bernardo e Renatinho; Daniel Frasson, Élson, Caíco e Mazinho Oliveira; Alexandre Gaúcho e Paulinho Mclaren. Mazinho Loyola, Admílson, Ruben Dario, Denílson e Ricardo Costa entaram no time durante a partida.

No dia 22 a partida foi contra o Panasonic Gamba (atual Gamba Osaka), e tinha uma taça em disputa: a Copa Sumitomo Bank. O banco que dava nome ao troféu tinha sua sede em Osaka. O Colorado venceu por 6x0, gols de Caíco (2), Mazinho Oliveira (2), Paulinho Mclaren (pênalti) e Takahiro Shimada (contra). O Internacional jogou com Sérgio; Denílson, Jorge Antônio, Argel e Admílson; Bernardo, Élson, Caíco e Mazinho Oliveira; Alexandre Gaúcho e Paulinho Mclaren. Mazinho Oliveira, Fábio, Ruben Dario, Daniel Frasson e Renatinho entraram no time durante a partida.

O próximo jogo, em 26 de fevereiro, foi contra o PJM Futures (clube extinto em 1997). A vitória veio com um gol de Mazinho Loyola, o único da partida. O Colorado foi a campo com Sérgio; Daniel Frasson, Denílson, Argel e Admílson; Bernardo, Élson, Caíco e Mazinho Oliveira; Alexandre Gaúcho e Paulinho Mclaren. Mazinho Loyola e Fábio entraram no time durante a partida.

Enquanto esperava a última partida, o técnico colorado pediu à direção um zagueiro. Foi oferecido ao clube o zagueiro paraguaio Gamarra, do Cerro Porteño, mas Antônio Lopes vetou o nome! Gamarra seria negociado com o Independiente e no ano seguinte viria para o Internacional.

Na última partida, em 5 de março, o Internacional empatou em 0x0 com o Nagoya Grampus Eight. O time jogou com Sérgio; Daniel Frasson, Argel, Ricardo Costa e Admílson; Bernardo, Élson, Caíco e Mazinho Oliveira; Alexandre Gaúcho e Mazinho Loyola. Paulinho Mclaren e Jorge Antônio entraram no time durante a partida.

No mesmo período que o Internacional jogava no Japão, o Grêmio também excursionou ao país do sol nascente, tendo os seguintes resultados:
27/02 0x1 Sanfrecce Hiroshima
04/03 1x0 Panasonic Gamba
06/03 1x0 JEF United Ichihara

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

A voz da torcida


No início de agosto de 1967 a situação do Internacional não era nada boa. O último título havia sido o campeonato gaúcho de 1961. E o Grêmio avançava rumo ao hexa, tentando igualar o feito do Rolo Compressor (o Tricolor chegaria ao hepta, em 1968).

O time havia sido vice-campeão do Robertão, mas o futebol apresentado pela equipe não agradava a a torcida. Na estreia do Gauchão, dois empates em 0x0 irritaram os torcedores. No dia 23 de julho, na 3ª rodada, o Colorado bateu o Rio Grande por 1x0, mas perdeu o técnico, Sérgio Moacyr Torres, que se demitiu reclamando da pressão da torcida.

Florindo assumiu o time interinamnte, conquistando uma vitória e um empate. Nas mesmas cinco rodadas o Grêmio havia vencido quatro e empatado uma, abrindo dois pontos de vantagem (na época o campeonato era disputado em pontos corridos e vitória valia dois pontos). O presidente colorado Ephraim Pinheiro Cabral se esforçava para contratar o técnico Foguinho, do Aimoré, mas teve que se contentar com Pedro Ário Figueiró, que assumiria o clube na 6ª rodada e levaria até o fim do campeonato.

Para descobrir o que a torcida colorada pensava do momento do clube, o jornal Diário de Notícias foi às ruas ouvir os torcedores, escolhendo cinco deles: um engraxate, um comerciante de livros, um funcionário da CEEE, uma bancária e um estudante universitário. Eis os depoimentos:

Valdomiro Barreto dos Santos
engraxate na Praça da Alfândega
"O Robertão foi uma folguinha, mas já começou mal o campeonato. Parece que o time não se acerta mesmo. Vem técnico, vai técnico e a coisa continua na mesma. Acho que Sérgio deveria ter ficado no time. De qualquer maneira foi com ele que o Internacional conquistou o vice do Robertão".

Arnaldo Campos
sócio da Livraria Coletânea, na rua da Praia
"Acho que a solução para o Colorado é deixar de lado as simpatias e antipatias e dar maiores condições para o trabalho do técnico. Onde há paz, há união e só da união poderá sair a vitória. A gente sempre tem esperança no time e ainda há tempo para o Internacional impedir que o Grêmio tire o hexa. E se o Colorado não puder fazê-lo, ninguém mais o fará".

Assis Gonçalves de Souza
funcionário da CEEE
"Acho que o que acontece, atualmente, com o Internacional é uma coisa a que eu chamo de 'complexo de hexa'. O time entra em campo com todas as responsabilidades comuns a todos os times e, mais ainda, com a respoonsabilidade de continuar a ser o único [hexa] do Brasil. Isso é mau. Mas tem mais. Há o problema do técnico. Como é que um time vai poder enfrentar seus adversários se não tem uma direção técnica firme em que se possa confiar? Acho que o Sérgio deveria ter continuado como técnico. Afinal, nem sei por que ele saiu. O Florindo podia ser um bom técnico, mas acho que lhe falta experiência".

Marlene Terezinha Ribeiro
funcionária do Banco Agrícola Mercantil
"Acho que o Internacional tem tido pouca sorte, ultimamente, mas espero que ainda consiga se reabilitar. Além do problema de técnico, parece que a imprensa tem endeusado certos jogadores colorados, o que se torna contraproducente para o time. De qualquer maneira, tenho a impressão que ainda há esperanças em 1967. Se não, paciência, lá se vai o título e o hexa."

Carlos Alberto Pozo Raymundo
aluno de jornalismo da PUC
"Falta orientação segura por parte da direção e parece que a política e as pressões são os principais causadores da atual situação. Não há entrosamento entre técnicos e jogadores. Mendes Ribeiro desenvolveu um bom trabalho dando um futebol bonito ao Colorado. Acho que esse seria o ponto de partida para o futebol-gol, que é o que interessa ao time. Fazendo gols é que se ganha campeonatos. Depois veio Sérgio e o time ganhou o vice do Robertão. Mas algo houve e o Sérgio saiu. Agora, novamente o problema é técnico. É oportuno lembrar que aqui em Porto Alegre existe um homem honesto, inteligente e que, acredito, resolveria o problema. Chama-se Selviro Rodrigues".

Algumas curiosidades sobre o texto: Assis, Carlos e Marlene se declararam colorados desde a tenra infância. Valdomiro disse ser colorado "há uns quinze anos", sem maiores detalhes. Já Arnaldo, carioca, torcia pelo Internacional há 11 anos, desde que viera para Porto Alegre. No Rio era flamenguista.

Os técnicos citados pelos torcedores são:
Sérgio Moacyr Torres Nunes - treinou o Internacional em 1961, 1964/1965, 1967 e novamente em 1977. Foi campeão gaúcho em 1961, pelo Colorado, e em 1962, 1963 e 1968 pelo Grêmio.
Antônio Carlos Mendes Ribeiro - treinou o Internacional em 1963 e 1966.
Selviro Rodrigues da Silva - treinou o Internacional em 1959. Foi campeão metropolitano e gaúcho com o Renner, em 1954.