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domingo, 31 de janeiro de 2021

Ênio Andrade

Origem das fotos:
Ênio Andrade técnico: jornal O Pioneiro
Ênio Andrade jogador: https://1909emcores.blogspot.com/

Em 31 de janeiro de 1929 nascia em Porto Alegre o menino Ênio Vargas de Andrade.

Ênio Andrade começou a jogar futebol no Marquês de Alegrete, clube da várzea da capital, em 1945. No ano seguinte ingressou no São José, onde seria titular da equipe principal nas temporadas de 1948 e 1949.

As boas atuações do jovem Ênio (como era então conhecido) o levaram ao Internacional. Sua estreia ocorreu em 19 de março de 1950. O Internacional enfrentava o Renner, pelo Torneio Triangular de Porto Alegre, na Baixada. O jogo terminou 1x1 e Ênio Andrade entrou no time durante a partida, substituindo Herculano. Seu primeiro jogo como titular ocorreria dias depois, em 26 de março. O Internacional empatou em 2x2 com o Cruzeiro, na Montanha, em partida amistosa. Embora sua maior função fosse construir jogadas, Ênio também fazia seus gols, e marcou o primeiro pelo Colorado em 29 de abril. O Internacional venceu o Cruzeiro por 2x0, pelo Torneio Extra, e Ênio fez o 2º gol colorado. Em 27 de agosto o Internacional conquistou o título do Torneio Extra vencendo o Grêmio por 1x0, com Ênio em campo. Em 30 de dezembro viria o título municipal, novamente batendo o Grêmio por 1x0.

Na estreia do campeonato gaúcho de 1950, em 10 de janeiro de 1951, o Internacional bateu o Floriano por 4x1 e Ênio Andrade marcou dois gols. Em 17 de janeiro o Colorado bateu o Brasil por 1x0, com gol de Ênio Andrade, e conquistou o título gaúcho. Mas o ano de 1951 não seria tão positivo para Ênio Andrade. Em abril o técnico José Francisco Duarte Júnior (Teté) assumiu o comando da equipe, substituindo o argentino Alfredo González. Ênio manteria a posição de titular até junho, mas depois Teté mudou a linha de frente, chegando a testar até mesmo Oreco na função de meia. Até agosto participou de algumas partidas, participando da campanha do título municipal. Mas nos últimos meses do ano ficou atuando apenas na equipe de aspirantes. Ênio ainda voltaria a campo pelo time principal em um amistoso contra o Grêmio, em 8 de fevereiro de 1952, quando entrou no time substituindo Oreco (que novamente atuava na meia). Pouco depois, porém, foi negociado com o Renner. Na equipe dos industriários, que já tinha um zagueiro chamado Ênio, o meia tornou-se Ênio Andrade.

No Renner, Ênio Andrade atuou até 1958, sendo campeão metropolitano e gaúcho em 1954 e do Torneio ACEPA em 1956. Também foi campeão pan-americano com a Seleção Brasileira em 1956. Em 19 de abril de 1958 foi contratado pelo Palmeiras. Pelo Verdão, foi campeão paulista em 1959 e da Taça Brasil em 1960. Em janeiro de 1961, porém, foi considerado dispensável e negociado com o Náutico, onde atuou como jogador e treinador. Em 1962 retornou ao Rio Grande do Sul para jogar no São José, onde em julho voltou a exercer a função de jogador e técnico. No final de agosto ele já cogitava a possibilidade de encerrar a carreira de jogador e ficar apenas como técnico, mas se manteve na função até o Torneio da Morte, que definiu o rebaixamento do São José, em março de 1963.

Ênio Andrade começaria sua carreira exclusivamente de técnico no Juventude, ainda em 1963. Em seus primeiros anos treinou vários clubes do interior: Guarany de Bagé, Farroupilha, Floriano, Pelotas, Esportivo. Em 1975 recebe sua primeira chance em um clube grande, treinando o Grêmio. No ano seguinte vai para o Nordeste, treinando Santa Cruz e Sport. Em 1976 foi campeão pernambucano pelo Santa Cruz. Em 1978 treinou o Juventude e começou a temporada de 1979 treinando o Coritiba.

O ano de 1979 não tinha sido bom para o Colorado, em seus oito primeiros meses. Cláudio Duarte e Zé Duarte treinaram o time, sem sucesso. E em 23 de setembro de 1979 Ênio Andrade estreava no comando do Internacional. Também era a estreia do clube no campeonato brasileiro, jogando em Curitiba, e o Internacional não fez uma boa apresentação, empatando em 0x0 com o Athlético. Mas qualquer desconfiança da torcida logo se dissipou, pois o time enfileirou cinco vitórias seguidas, incluindo o clássico Gre-Nal. Colecionando vitórias e empates, o Internacional foi avançando no campeonato. Na 3ª fase, o Internacional caiu em um grupo com Cruzeiro, Atlético MG e Goiás, onde apenas um time avançaria. Na 1ª rodada os mineiros empataram o clássico, enquanto o Colorado bateu o Goiás por 1x0, no Beira-Rio. Na rodada seguinte, o Atlético brigou com a CBD, reclamando que o único jogo em que teria mando de campo era o clássico no Mineirão, e recusou-se a jogar as partidas restantes. Em campo, em partida espetacular, o Internacional bateu o Cruzeiro no Mineirão, por 3x2. Na última rodada, com o WO do Galo, o Internacional classificou-se para a semifinal. A seguir, em uma apresentação magistral de Falcão, o Colorado bateu o forte Palmeiras por 3x2, em São Paulo, empatando em 1x1 no jogo de volta. E na final, contra o Vasco, a consagração: duas vitórias, por 2x0 e 2x1. O Internacional era tricampeão brasileiro e conquistava o título de forma invicta.

A temporada de 1980 começou com o colorado avançando firme rumo ao tetra brasileiro. Na semifinal, contra o Atlético MG, empate em 1x1 no Mineirão. Bastava outro empate em Porto Alegre e o Internacional estaria na final. Mas minutos antes da partida começar vem a notícia: Falcão, lesionado, está fora do jogo. Tranquilamente, o Atlético vence por 3x0 e classifica-se para a final. A luta continuava na Taça Libertadores. A falta de um artilheiro, após a lesão de Bira, entretanto, deixava o time sem poder ofensivo. Na final, contra o Nacional, faltaram os gols: 0x0 em Porto Alegre e 0x1 em Montevidéu. Outro título que a torcida lamentou perder. No Gauchão, apesar de ficar invicto nos Gre-Nais, viu o Grêmio ser bicampeão. Seu último jogo ocorreu em 23 de novembro de 1980 (0x0 Grêmio). Assim, José Asmuz cometeu um de seus piores erros, não renovando o contrato de Ênio e contratando Mário Juliato. Enquanto Juliato era demitido em meio ao Brasileiro, o Grêmio contratou Ênio Andrade e conquistou seu primeiro título brasileiro.

No Grêmio, Ênio Andrade seria vice-campeão brasileiro em 1982, mas fracassaria no campeonato gaúcho (um fantasma na sua carreira). Foi demitido do Grêmio em setembro de 1982, durante o Gauchão. Em dezembro de 1982, Ênio foi anunciado pela imprensa como acertado com Internacional e depois Atlético MG, mas não fechou com nenhum dos dois clubes. Acabou acertando com o Guarani de Campinas. A seguir treinou o Náutico (campeão pernambucano em 1984), Coritiba (campeão brasileiro em 1985) e Sport.

Em maio de 1987, Ênio Andrade foi novamente contratado pelo Internacional, substituindo Homero Cavalheiro durante o campeonato gaúcho. Em sua estreia, no dia 6 de maio, empatou em 0x0 com o Brasil de Pelotas, no Beira-Rio. Não conseguiu o título estadual, mas levou o time do Internacional ao vice-campeonato brasileiro. Na final, contra o Flamengo, empatou em 1x1 em Porto Alegre e perdeu por 1x0 no Rio. Um começou ruim no campeonato gaúcho de 1988, porém, levou à sua demissão em 14 de março, substituído por Carlos Gainete. Sua última partida ocorreu em 12 de março (0x1 Grêmio).

Depois de sair do Internacional, Ênio Andrade passou por Palmeiras, Corinthians e Cruzeiro. Em Minas, foi campeão mineiro em 1990. No mesmo ano, seria recontratado pelo Internacional, com a dura missão de evitar o rebaixamento do clube. O clube havia disputado 8 partidas no Brasileiro e não havia vencido nenhuma. Sua estreia deveria ocorrer em 4 de outubro, contra a Internacional de Limeira. O Colorado perdia por 1x0, mas a partida foi cancelada aos 38' do 1º tempo, devido a fortes chuvas. Quando a partida foi novamente disputada, o Colorado venceu por 2x1. A estreia para valer de Ênio Andrade, na sua 3ª passagem pelo clube, ocorreu em 7 de outubro (1x1 São José SP) no Beira-Rio. Nessa passagem pelo clube, Ênio ficaria até o fim do campeonato brasileiro de 1991. Sua despedida ocorreu em 18 de maio de 1991, na vitória de 1x0 sobre o São Paulo, no Beira-Rio. Para o campeonato gaúcho foi contratado Abel Braga.

Saindo do Internacional, Ênio Andrade voltou ao Cruzeiro, foi campeão da Copa dos Campeões Mineiros e da Supercopa Libertadores em 1991. Em 1992 começou no Cruzeiro, mas acabou se transferindo para o Bragantino. Em março de 1993, com a péssima campanha na Taça Libertadores, Antônio Lopes, campeão da Copa do Brasil de 1992, foi demitido. E Ênio Andrade mais uma vez contratado. Sua estreia ocorreu em 16 de março de 1993, na derrota frente ao Atlético Nacional por 1x0, no Beira-Rio, em partida válida pela Taça Libertadores. O elenco colorado era fraco, e Ênio Andrade não conseguiu ter sucesso no Gauchão. Sua última partida ocorreu em 21 de julho de 1993, na vitória colorada por 3x1 sobre o Santanense. Nessa mesma partida o zagueiro Célio Silva, negociado com o futebol francês, se despediu do Colorado. Para o campeonato brasileiro Paulo Roberto Falcão assumiu o comando da equipe.

Saindo do Internacional, Ênio Andrade retornou ao Cruzeiro, onde trabalharia em 1994 e 1995. Foi campeão mineiro em 1994, campeão da Copa Ouro e da Copa Master da Supercopa em 1995.

Seu último trabalho foi comandando o Cruzeiro. Em 22 de janeiro de 1997, poucos dias antes de completar 69 anos, Ênio Andrade faleceu no Hospital Moinhos de Vento, às 15:30, vítima de um câncer de pulmão.

Técnico de ótimo relacionamento com os atletas, sua filosofia de trabalho se resumia em uma frase: "Eu perdi, nós empatamos, vocês ganharam".

Suas ideias sobre futebol podem ser vistas em uma entrevista que deu à Folha de São Paulo, ainda no Beira-Rio, após a conquista do tricampeonato brasileiro:

"Desde o começo sabíamos que a possibilidade de êxito estava na força de um meio-campo que sabe defender e atacar com a mesma eficiência. Tanto é assim que a maioria dos gols marcados pelo Internacional teve a participação direta dos jogadores de meio-campo."

"O Inter é uma equipe sem segredos porque o futebol é um esporte sem segredos. Basta saber que o objetivo é sempre o gol. Meu esquema é simples, porque não ignora a necessidade de se marcar mais gols que sofrer. Se o Inter toma dois gols, ele faz três. Se podemos ganhar de cinco, por que vamos fazer só dois?"

"Quando me perguntavam, nessas últimas partidas contra Palmeiras e Vasco, se mandaria o time jogar defensivamente, respondia que isso seria loucura, porque só sabemos jogar para frente, buscando gols."

No campeonato brasileiro, com exceção de 1990, quando assumiu o clube na 9ª rodada, nas outras temporadas (1979, 1980, 1987 e 1991) dirigiu o Internacional em todo o campeonato. Nunca foi demitido do Internacional durante um campeonato brasileiro.

Charge publicada no jornal O Pioneiro em 23/01/1997, mostra um colorado e um gremista chorando a perda de Ênio Andrade.

sábado, 30 de janeiro de 2021

Jogadores do passado: Paulo Vecchio


Em 30 de janeiro de 1943 nasceu em Porto Alegre Paulo Roberto Freitas Vecchio.

Paulo Vecchio começou a jogar futebol na base colorada, na função de meia. Estreou no time principal em 19 de junho de 1959, em um empate em 0x0 com o Peñarol, no estádio Centenário. Se na estreia seu futebol não mereceu destaque, dois dias depois a situação foi diferente. Vecchio, que foi chamado pela imprensa de "a grande esperança rubra", entrou na 2ª etapa e marcou dois gols no empate em 4x4 com o Bagé, na Pedro Moura. Mas em 1959 Paulo Vecchio disputaria apenas três partidas. No final do ano, chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Pré-Olímpico, mas acabou dispensado.

Em 1960 Paulo Vecchio ganhou a titularidade, com 17 anos. Disputou 34 partidas, chamando a atenção de vários clubes. Em março de 1961, o campeão argentino, Independiente, e o campeão da Taça Brasil, Palmeiras, tentaram contratar a jovem revelação, mas o Internacional nãoo negociou.  Em maio de 1961, quando o Internacional trouxe Jonas do São Paulo, Paulo Vecchio foi emprestado ao Tricolor Paulista. Mas Paulo Vecchio não se adaptou à capital paulista. Em setembro o Juventude quase o contratou por empréstimo, em outubro o Siderúrgica demonstrou interesse em contratá-lo em definitivo. Mas em novembro Paulo Vecchio voltou a jogar pelo Internacional, disputando as três últimas partidas do campeonato gaúcho daquela temporada, inclusive o jogo do título, contra o Pelotas. Foram 9 partidas em 1961.

Em 1962 Paulo Vecchio disputou três partidas no início do ano. Em seguida, o Bologna se interessa pelo atleta colorado. A direção colorada aceita a oferta inicial de 6 mil dólares, mas na hora de assinar o contrato, subiu a pedida para 20 mil, inviabilizando o negócio. Paulo Vecchio ficou irritado, e passou a não ser utilizado. Em maio o Internacional tentou trocá-lo por Idésio, destaque do Marcílio Dias, mas o negócionão foi adiante. Em julho o São José tentou contratá-lo por empréstimo, mas ele acabou emprestado ao Londrina.

No início de 1963 Paulo Vecchio retornou ao Internacional, mas em 15 de fevereiro foi contratado em definitivo pelo Londrina, por 1,5 milhão de cruzeiros. No dia 21 de abril, a consagração de Paulo Vecchio: o Londrina vence o Coritiba por 4x2 e conquista o título paranaense de 1962. Paulo Vecchio foi o grande nome da partida e marcou um dos gols. 

Em 1º de maio de 1963, em uma entrevista ao jornal Diário do Paraná, justificou assim o fato de não ter emplacado no Internacional:
"Excesso de responsabilidade. Saí do juvenil, taxado pela crônica como um craque consumado. Sentia muito peso em cima de mim. Além disso não sei jogar debaixo de gritos e ordens de técnicos simplesmente autoritários."

A imprensa paranaense o considerava craque, mas também displicente, "jogando quando quer", como o mesmo Diário do Paraná o definiria.

Em setembro de 1963 Paulo Vecchio foi para o Rio de Janeiro, treinar no Botafogo, desagradando a direção do clube paranaense. Chegou a ser noticiado que seu contrato seria rescindido, mas ele foi apenas multado. Botafogo e Metropol tentaram contratá-lo, mas não chegaram aos valores pedidos pelo Londrina (5 milhões de cruzeiros). Mas em abril de 1964 o jogador foi negociado com o Ferroviário de Curitiba por 3,5 milhões. Pelo Ferroviário ele foi campeão paranaense em 1965 e 1966. No Robertão, em 1967, Paulo Vecchio enfrentou o Internacional, em 19 de março, em Curitiba. O Internacional venceu por 1x0 e Paulo Vecchio foi substituído, após ser vaiado pela sua torcida. Mesmo sendo criticado, foi o melhor jogador do Ferroviário no torneio. Em 3 de dezembro de 1967 ele reforçou o Coritiba, em um amistoso contra a Seleção da Hungria e começou a jogada do único gol da partida.

No final de dezembro de 1967 Paulo Vecchio foi negociado com o Metropol, mas sua mulher não se adaptou a Criciúma, e um mês depois Paulo Vecchio se noticiava que ele retornaria a Curitiba, contratado pelo Coritiba. Mas o jorgador ficou em Santa Catarina. Porém, em maio de 1968 Paulo Vecchio volta ao noticiário esportivo paranaense. Em uma semana os jornais o davam como contratado pelo Atlético, mas na outra ele fechou com o Coritiba.

No Coxa Paulo Vecchio faria história, sagrando-se campeão paranaense em 1968, 1969, 1971 e 1972. No campeonato de 1968, Paulo Vecchio fez o gol do título no último minuto de um Atle-Tiba, acabando com um jejum de oito anos sem título.

Em 1973, já em fim de carreira, Paulo Vecchio retornou ao Londrina, onde pendurou as chuteiras. Passou a viver no Paraná, depois de encerrar a carreira. Faleceu em Curitiba, em 17 de fevereiro de 2023.

Seus números pelo Internacional:
49 partidas
27 vitórias
6 empates
16 derrotas
38 gols marcados
campeão gaúcho em 1961

Suas vítimas:
6 gols
Veronese
5 gols
Montenegro
4 gols
Aimoré e Floriano
2 gols
Bagé, Taquarense, Gaúcho, Torrense, Guarany de Bagé e Juventude
1 gol
São José, Cruzeiro RS, Pelotas e Flamengo de Caxias do Sul

sexta-feira, 29 de janeiro de 2021

Da Várzea da Redenção à Chácara dos Eucaliptos


O Internacional, quando foi fundado, realizou seus primeiros treinos no "ground" da Rua Arlindo. Mas o local alagava com facilidade e ficava, na época, distante do centro. Assim, ainda em 1909 o clube mudou-se para o campo da Várzea ou da Redenção, que também era utilizado pelo Militar, fundado pouco depois do Colorado.

O Militar era formado por alunos da Escola de Guerra e foi o primeiro campeão da cidade, em 1910. Mas no início de 1911 a Escola de Guerra foi transferida para o Rio de Janeiro, e o Internacional tornou-se o único responsável pelo campo. O Internacional jogou no campo da Várzea três amistosos em 1909 e mais duas partidas pelo campeonato municipal de 1910.

O Internacional jogaria mais três partidas pelo campeonato de 1911. Para essa temporada foram realizadas melhorias no "ground", que agora exclusivo do Colorado.

“O amplo ground do Campo da Redenção passou por importantes reformas; alem de ter sido completamente cercado, foram collocados em redor do mesmo bancos para as exmas famílias, convidados, representantes da imprensa e para a commissão da Liga de Foot-Ball.”[1]

As reformas parecem não terem sido suficientes, pois em 4 de junho de 1911, na primeira partida da temporada, o Internacional bateu o Nacional por 6x0, mas a imprensa destacou que as linhas do campo não estavam bem marcadas e havia cascas de frutas no gramado. No dia 9 de julho de 1911 o Colorado bateu o 7 de Setembro por 4x1. O campo estava mal marcado e apenas parcialmente cercado. Os torcedores faziam a linha lateral. Um torcedor teve que invadir o campo para mostrar onde era a marca do pênalti, devido à má sinalização do campo. [2]

O Internacional já trabalhava com a ideia de sair do campo da Redenção ainda em 1911. Em outubro, era noticiada a possibilidade do clube transferir-se para um “amplo ground”, no arrabalde de São João.[3]

Mas a temporada de 1912 começou com a Várzea sendo a casa colorada. Em 4 de abril de 1912 o Internacional inaugurou chalé e pavilhão para sócios no campo da Várzea. No dia 10 de abril de 1912, o clube abriu oficialmente sua temporada, com um churrasco para sócios, jogadores e familiares.

Enquanto isso, um outro clube da capital, o Grêmio Cachoeirense, inaugurava sua sedes esportiva.


No dia 28 de abril de 1912, chegou a ocorrer uma partida de futebol na Chácara dos Eucaliptos.


Voltando à Redenção, as benfeitorias do "ground" da Várzea, porém, não seriam aproveitadas em partidas do Colorado. O primeiro jogo do clube na temporada ocorreu em 5 de maio de 1912, vitória por 7x0 sobre o Nacional, na Baixada. O jogo seguinte, contra o Fussball, seria na Várzea, em 2 de junho. Mas no dia 18 de maio começou a chover forte. Se a enchente de 1941 foi a maior que Porto Alegre enfrentou, que causou mais estragos e levou à realização de obras de contenção, a enchente de 1912 duraria mais tempo. Foram três enchentes sucessivas, em maio, agosto e setembro. O Campo da Várzea da Redenção era um dos locais que costumavam alagar frequentemente. A partida contra o Fussball foi realizada no Turner Bund, campo do Frisch Auf. Quando a região começava a voltar à normalidade, fortes chuvas caíram na cidade, entre 10 e 14 de agosto. E no início de setembro, novo dilúvio. Em 1983, em uma matéria sobre as enchentes históricas de Porto Alegre, o Correio do Povo assim se referiu à enchente de 1912:

“As outras zonas clássicas de alagamento achavam-se também inundadas: os Navegantes, o Campo da Redenção, ‘transformado em vários e longos lençóis d’água’, as zonas próximas ao Riachinho, no Partenon e Azenha.” [6]

O Internacional jogaria todas as demais partidas do campeonato na Baixada, campo do Grêmio. Ficava claro a necessidade de um novo campo para o clube, mais protegido das ações do tempo. O Grêmio Cachoeirense parece ter tido vida curta. Ele aparece na imprensa entre março e junho de 1912. O Asilo Providência, proprietário da Chácara dos Eucaliptos negocia com o Internacional, que aluga o terreno. Em 17 de maio de 1913 ocorreu a inauguração oficial, mas apenas um evento social, sem partidas de futebol.

A primeira partida ocorreu apenas em 8 de junho de 1913, na abertura do campeonato municipal. Internacional e Grêmio se enfrentariam. Ás 13:30 horas entraram no gramado as equipes de 2ºs quadros. E logo aos 8' de jogo, o centroavante colorado Bendionda, em rápida escapada, driblou o zagueiro Corrêa e o goleiro Teichmann, chutando para as redes e marcando o primeiro gol do novo "ground". Bendionda ainda marcaria mais dois gols e perderia um pênalti, tudo na 1ª etapa. O Colorado venceu o clássico por 4x1. Ás 15:30 enfrentaram-se as equipes principais, tendo o Grêmio vencido por 2x1.

Foto do Campo da Redenção, em partida do campeonato municipal de 1910.

A Chácara dos Eucaliptos seria a casa colorada de 1913 a 1930. Na foto, Internacional x Cruzeiro, em 1918.

[1] O Diário, 17 de junho de 1911, p. 2.
[2] Informações do Correio do Povo.
[3] O Diário, 22 de outubro de 1911.
[4] A Federação, 23 de março de 1912, p. 4.
[5] A Federação, 29 de abril de 1912, p. 2.
[6] Correio do Povo, 17 de setembro de 1983, Caderno Letras & Livros p. 9.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

Os 50 maiores craques da Placar


Em junho de 2000 a revista Placar publicou uma edição Quem é Quem: 581 Craques do Brasil. A redação da revista escolheu os 50 maiores jogadores de cada um dos tradicionais 12 grandes brasileiros, e mais os 10 melhores jogadores de América RJ, Athlético PR, Bahia, Coritiba, Guarani, Náutico, Ponte Preta, Portuguesa, Santa Cruz, Sport e Vitória.

A lista dos 50 maiores atletas colorados ficou assim:
1º Falcão
2º Tesourinha
3º Figueroa
4º Manga
5º Oreco
6º Carpegiani
7º Taffarel
8º Claudiomiro
9º Bodinho
10º Gamarra
11º Chinesinho
12º Batista
13º Larry
14º Valdomiro
15º Nena
16º Mauro Galvão
17º Paulinho
18º Sylvio Pirillo
19º Carlitos
20º Salvador
21º Lula
22º Benítez
23º Jair
24º Alpheu
25º Mário Sérgio
26º Flávio
27º Florindo
28º Caçapava
29º Dunga
30º Nílson
31º Pinga
32º Scala
33º Dario
34º Rubén Paz
35º Cláudio Duarte
36º Carlos Kluwe
37º Christian
38º Ávila
39º Aloísio
40º Escurinho
41º Marinho Peres
42º Bráulio
43º Adãozinho
44º Carbone
45º Russinho
46º Risada
47º Fabiano
48º Luiz Carlos Winck
49º Jorge Andrade
50º André

Os vencedores dos demais clubes e entre parênteses ex-colorados:
Atlético MG: Reinaldo
Botafogo: Nílton Santos
Corinthians: Sócrates
Cruzeiro: Tostão
Flamengo: Zico
Fluminense: Rivelino
Grêmio: Renato
Palmeiras: Ademir da Guia
Santos: Pelé
São Paulo: Raí
Vasco da Gama: Roberto Dinamite
América RJ: Luisinho
Athlético PR: Sicupira
Bahia: Bobô
Coritiba: Fedato
Guarani: Careca
Náutico: Bita
Ponte Preta: Dicá
Portuguesa: Djalma Santos
Santa Cruz: Tará
Sport: Raúl Bettancourt
Vitória: Mário Sérgio

Ex-atletas colorados em listas de outros clubes:
Atlético MG: Taffarel 23º, Moacir 35º e Gérson 37º
Botafogo: Manga 13º, Maurício 14º, Paulinho Criciúma 23º, Mauro Galvão 24º, Patesko 31º, Sylvio Pirillo 35º e Gonçalves 38º
Corinthians: Dida 15º, Gamarra 22º, Flávio 35º e Oreco 40º
Cruzeiro: Joãozinho 7º e Elivélton 50º
Flamengo: Sylvio Pirillo 28º, Tita 29º e Carpegiani 30º
Grêmio: Adílson 12º, Élton 21º, Volmir 30º, Mauro Galvão 34º, Sérgio Lopes 42º, Luiz Luz 48º e Lima 50º
Fluminense: Washington e Assis 3º, Flávio 20º, Branco 21º, Lula 37º, Jandir 45º e Tato 49º
Palmeiras: Chinesinho 21º
Santos: Edu 9º, Marinho Peres 40º, Sérgio 47º e Tato 48º
São Paulo: Mário Sérgio 34º e Silas 40º
Vasco da Gama: Mauro Galvão 12º, Brito 20º, Tesourinha 30º, Dunga 36º, Tita 44º e Paulinho 45º
América RJ: Luisinho 1º
Athlético PR: Assis e Washington 5º, Oséas 6º e Roberto Costa 9º
Bahia: Bobô 1º e Uéslei 10º
Coritiba: nenhum
Guarani: nenhum
Náutico: Vasconcelos 4º
Ponte Preta: nenhum
Portuguesa: nenhum
Santa Cruz: nenhum
Sport: Jackson 2º, Dario 3º e Manga 6º
Vitória: Mário Sérgio 1º e Dida 4º



Os Grandes Esquadrões da Placar (1970/2005)


Nos 35 anos da revista Placar, em 2005, ocorreram várias edições especiais. Em uma delas, um colégio eleitoral de 35 pessoas ligadas ao futebol escolheu os melhores times da história da revista (1970/2005).

Cada eleitor escolheu 10 times, por ordem de importância, que receberam a seguinte pontuação:
1º 20 pontos
2º 15 pontos
3º 12 pontos
4º 9 pontos
5º 7 pontos
6º 5 pontos
7º 4 pontos
8º 3 pontos
9º 2 pontos
10º 1 ponto

O Internacional teve duas equipes citadas pelos eleitores: o time de 1975/1976 e o de 1979/1980. Nosso maior rival foi lembrado pelo time de 1983 e de 1995/1996. No total, 35 equipes foram lembradas. Os 15 times mais votados foram:

1º Flamengo 1980/1983 - 559
2º São Paulo 1991/1993 - 369
3º Internacional 1975/1976 - 344
4º Palmeiras 1993/1994 - 168
5º Corinthians 1998/2000 - 156
6º Palmeiras 1996 - 143
7º Cruzeiro 1975/1976 - 134
8º Santos 2002/2004 - 119
9º Palmeiras 1972/1974 - 102
10º Grêmio 1983 - 74
11º Santos 1970 - 69
12º Fluminense 1975/1976 - 68
13º Vasco da Gama 1997/1998 - 56
14º Internacional 1979/1980 - 43
15º São Paulo 1985/1987 - 42

Os votos de cada eleitor (seu 1º colocado e as posições em que votou no Internacional e no Grêmio):

Alberto Helena Júnior (colunista do Diário de São Paulo)
1º Internacional 1975/1976

Álvaro Almeida (editor contribuinte da Placar)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976
8º Internacional 1979/1980
10º Grêmio 1995/1996

André Fontenelle (editor da Veja)
1º Palmeiras 1996
5º Internacional 1979/1980
9º Grêmio 1995/1996

Arnaldo Ribeiro (editor da Placar)
1º Flamengo 1980/1983
não votou em equipes gaúchas

Carlos Eugênio Simon (árbitro da FIFA)
1º Santos 1970
3º Internacional 1975/1976
5º Grêmio 1983

Celso Kinjô (diretor de redação do Jornal da Tarde)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1983

Celso Unzelte (autor dos Almanaques do Corinthians e do Palmeiras)
1º Flamengo 1980/1983
3º Grêmio 1983
4º Internacional 1975/1976

Cláudio Arreguy (editor do Estado de Minas)
1º Flamengo 1980/1983
4º Internacional 1975/1976

Djalma (motorista da Placar)
1º Corinthians 1998/2000
6º Grêmio 1995/1996

Eduardo Zerbine (diretor de esportes da TV Record)
1º São Paulo 1991/1993
4º Grêmio 1983

Fábio Sormani (comentarista da Rádio Bandeirantes)
1º Flamengo 1980/1983
4º Grêmio 1995/1996
7º Grêmio 1983
8º Internacional 1975/1976

Falcão (comentarista da TV Globo)
1º Atlético MG 1980
4º Internacional 1975/1976
5º Internacional 1979/1980
10º Grêmio 1995/1996

Flávio Prado (comentarista da Rádio Jovem Pan)
1º São Paulo 1991/1993
4º Internacional 1975/1976

Jorge Luiz Rodrigues (colunista de O Globo)
1º Flamengo 1980/1983
4º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1983

José Geraldo Couto (colunista da Folha de São Paulo)
1º Flamengo 1980/1983
4º Internacional 1975/1976

Juca Kfouri (apresentador da Rádio CBN)
1º Palmeiras 1996
5º Internacional 1975/1976

Lemyr Martins (colunista da Quatro Rodas)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1979/1980
4º Grêmio 1983

Luís Roberto (narrador da TV Globo)
1º Flamengo 1980/1983
4º Internacional 1975/1976

Marcelo Duarte (apresentador da ESPN Brasil)
1º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1983

Mário Andrada e Silva (diretor da Reuters)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1983

Mauro Beting (comentarista da TV Bandeirantes)
1º Flamengo 1980/1983
4º Internacional 1975/1976
10º Grêmio 1995/1996

Max Gehringer (escritor e colunista)
1º Internacional 1975/1976
4º Internacional 1979/1980
8º Grêmio 1983

Michel Laurence (chefe de redação da TV Record)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976

Mílton Neves (apresentador da TV Record)
1º Internacional 1975/1976
10º Grêmio 1995/1996

Paulo César Vasconcelos (chefe de redação do Sportv)
1º Santos 1970
6º Internacional 1975/1976

Paulo Nogueira (diretor da Editora Abril)
1º Santos 1970
3º Internacional 1975/1976

Paulo Vinícius Coelho (comentarista da ESPN Brasil)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1995/1996

Renato Maurício Prado (comentarista da Sportv)
1º São Paulo 1991/1993
3º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1983

Roberto Assaf (comentarista da Sportv)
1º Fluminense 1975/1976
2º Internacional 1975/1976
8º Grêmio 1995/1996

Roberto Avallone (apresentador da TV Bandeirantes)
1º Flamengo 1980/1983
6º Grêmio 1983
10º Internacional 1975/1976

Sérgio Xavier Filho (diretor de redação da Placar)
1º Palmeiras 1996
3º Internacional 1975/1976
6º Internacional 1979/1980

Sidney Garambone (editor do Globo Esporte)
1º Flamengo 1980/1983
5º Internacional 1975/1976
7º Grêmio 1995/1996

Soninha Francine (apresentadora da ESPN Brasil)
1º Palmeiras 1996
4º Internacional 1975/1976

Walter Mattos Júnior (presidente do Lance!)
1º Flamengo 1980/1983
5º Internacional 1975/1976
8º Grêmio 1983

Wilson Baldini Júnior (repórter do Estado de São Paulo)
1º Flamengo 1980/1983
2º Internacional 1975/1976
9º Grêmio 1983

Considerando a visão "eixocêntrica" da maioria dos jornalistas, o desempenho do Internacional foi espetacular. O Internacional foi lembrado por 32 dos 35 eleitores (o Grêmio por apenas 23) e foi apontado como melhor time por 4 deles (a melhor colocação gremista foi um 3º lugar). O Intrnacional também foi o 1º clube fora do Eixo em 24 listas, o único clube fora do Eixo entre os cinco primeiros colocados em 17 listas e o único clube fora do Eixo em uma lista.

O voto do Falcão pode causar estranheza, mas é compreensível. Único ex-jogador entre os 35 eleitores, atuou em e das equipes citadas na eleição: Internacional 1975/1976, Internacional 1979/1980 e São Paulo 1985/1987. Isso talvez o tenha constrangido a não votar no Internacional 1975/1976 como o melhor time do período. Por outro lado, foi o único a apontar um clube fora do Eixo, além do Internacional, em 1º. Em sua lista, 4 esquadrões entre os 5 primeiros são de fora do Eixo, assim como metade dos 10.

Por fim, algumas considerações sobre alguns esquadrões votados (por ordem de classificação). O Santos 1970 (69 pontos) não conquistou nada, provavelmente foi uma concessão da revista à equipe de Pelé, que viveu seu auge antes da existência da revista. O Fluminense 1975/1976 (68 pontos), a Máquina Tricolor, aparece muito bem votada para uma equipe que venceu apenas estadual. E o Botafogo 1970/1972 (24 pontos) não ganhou nenhum título, sua melhor campanha foi um vice-campeonato brasileiro. O Internacional, entre 1987 e 1989, por exemplo, teve um desempenho muito melhor, com dois vices brasileiros e uma semifinal de Libertadores. Por fim, o Guarani 1978 (10 pontos) foi subestimado. Uma equipe do interior que chegou ao título brasileiro, e detém até hoje o recorde de vitórias consecutivas do Brasileirão (11 jogos) merecia um destaque maior.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2021

Seleção Placar 2006


Em 2006 a revista Placar lançou uma edição especial, chamada "Meu Time dos Sonhos". Um colégio eleitoral formado por 20 jornalistas, dirigentes e personalidades escolheram a seleção de todos os tempos dos 12 grandes clubes brasileiros.

Os eleitores da seleção colorada (nem todos colorados), e como votaram:

Álvaro Almeida - jornalista - 42 anos
Taffarel; Luiz Carlos Winck, Figueroa, Gamarra e Rodrigues Neto; Batista, Tinga e Falcão; Valdomiro, Rafael Sobis e Daniel Carvalho. Técnico: Rubens Minelli

Arthur Dallegrave - vice-presidente do Internacional - 80 anos
Manga; Paulinho, Figueroa, Gamarra e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Tesourinha, Claudiomiro e Carlitos. Técnico: Rubens Minelli

Cláudio Dienstmann - jornalista - 63 anos
Taffarel, Cláudio Duarte, Figueroa, Florindo e Oreco; Falcão, Dunga e Carpegiani; Valdomiro, Claudiomiro e Tesourinha. Técnico: Rubens Minelli

David Coimbra - jornalista - 43 anos
Manga; Paulinho, Figueroa, Mauro Galvão e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Valdomiro, Claudiomiro e Tesourinha. Técnico: Ênio Andrade

Divino Fonseca - jornalista - 64 anos
Manga; Zangão, Figueroa, Gamarra e Oreco; Falcão, Carpegiani e Chinesinho; Valdomiro, Fernandão e Claudiomiro. Técnico: Rubens Minelli

Neto Fagundes - músico - 38 anos
Taffarel; Ceará, Figueroa, Fabiano Eller e Jorge Wagner; Edinho, Tinga e Falcão; Alex, Fernandão e Rafael Sobis. Técnico: Abel Braga

Fernando Carvalho - presidente do Internacional - 53 anos
Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Gamarra e Vacaria; Falcão, Carpegiani e Jair; Valdomiro, Fernandão e Lula. Técnico: Rubens Minelli

Hugo Amorim - ex-dirigente e jornalista - 68 anos
Manga; Paulinho, Figueroa, Nena e Oreco; Salvador, Carpegiani e Jair; Tesourinha, Claudiomiro e Lula. Técnico: Teté

Ibsen Pinheiro - ex-dirigente e deputado federal - 71 anos
Manga; Paulinho, Figueroa, Florindo e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Valdomiro, Larry e Tesourinha. Técnico: Teté

Kenny Braga - jornalista - 62 anos
Manga; Luiz Carlos Winck, Figueroa, Nena e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Tesourinha, Larry e Carlitos. Técnico: Rubens Minelli

Leandro Silvello - produtor musical - 31 anos
Manga; Luiz Carlos Winck, Figueroa, Gamarra e Jorge Wagner; Falcão, Tinga e Carpegiani; Valdomiro, Fernandão e Tesourinha. Técnico: Ênio Andrade

Luciano Potter - jornalista - 27 anos
Taffarel; Alpheu, Figueroa, Gamarra e Abigail; Falcão, Dunga e Carpegiani; Valdomiro, Fernandão e Carlitos. Técnico: Rubens Minelli

Mário Marcos de Souza - jornalista - 58 anos
Taffarel; Paulinho, Figueroa, Florindo e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Valdomiro, Carlitos e Tesourinha. Técnico: Rubens Minelli

Markus Vitorino - radialista e historiador - 37 anos
Manga; Luiz Carlos Wink, Figueroa, Gamarra e Mauro Galvão; Batista, Falcão e Jair; Valdomiro, Fernandão e Mário Sérgio. Técnico: Abel Braga

Nico Noronha - jornalista - 47 anos
Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Pinga e Jorge Wagner; Falcão, Tinga e Carpegiani; Valdomiro, Claudiomiro e Lula. Técnico: Ênio Andrade

Nobrinho - assessor de imprensa do Internacional - 46 anos
Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Mauro Galvão e Jorge Wagner; Falcão, Carpegiani e Fernandão; Valdomiro, Claudiomiro e Rafael Sobis. Técnico: Rubens Minelli

Renato Alexandrino - jornalista - 31 anos
Taffarel; Luiz Carlos Winck, Figueroa, Gamarra e Oreco; Falcão, Tinga e Ruben Paz; Tesourinha, Fernandão e Carlitos. Técnico: Abel Braga

Ricardo Stefanelli - jornalista - 44 anos
Manga; Gamarra, Figueroa, Scala e Oreco; Falcão, Carpegiani e Fernandão; Valdomiro, Carlitos e Tesourinha. Técnico: Rubens Minelli

Ruy Carlos Ostermann - jornalista - 72 anos
Manga; Paulinho, Figueroa, Nena e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Tesourinha, Sylvio Pirillo e Chinesinho. Técnico: Rubens Minelli

Sérgio Kapustan - jornalista - 45 anos
Manga; Cláudio Duarte, Figueroa, Bolívar e Jorge Wagner; Falcão, Carpegiani e Jair; Rafael Sobis, Fernandão e Lula. Técnico: Abel Braga

A seleção final ficou assim composta:
Manga; Paulinho, Figueroa, Gamarra e Oreco; Salvador, Falcão e Carpegiani; Valdomiro, Fernandão e Tesourinha. Técnico: Rubens Minelli

O time ficou um pouco torto, com a eleição de dois ponteiros-direitos para o ataque, embora Tesourinha, em suas origens na várzea, fosse ponteiro-esquerdo. E apenas Figueroa foi unanimidade, pois Hugo Amorim não votou em Falcão.

Por curiosidade, como ficaria a "seleção reserva":

Taffarel; Cláudio Duarte (Luiz Carlos Winck), Florindo, Nena e Jorge Wagner; Tinga, Batista (Dunga) e Jair; Carlitos, Claudiomiro e Lula. Técnico: Abel Braga

Ocorreu empate na lateral direita e nos meias. E assim como o time titular, o reserva ficou "torto" para um lado, dessa vez o esquerdo.




segunda-feira, 25 de janeiro de 2021

Jogadores do passado: Nílson Dias


Nílson Severino Dias nasceu em 25/01/1952, no Rio de Janeiro.

Torcedor rubro-negro, Nílson Dias tentou ingressar nas categorias de base do Flamengo em 1967, mas não teve êxito. No ano seguinte ingressou nos juvenis do Botafogo. No time principal, o centroavante estreou em abril de 1970.

Em março de 1971 Nílson Dias foi convocado para a Seleção Brasileira que disputaria o Torneio da Juventude (atual Campeonato Sul-Americano de Juniores), no Paraguai. O Brasil foi eliminado na 1ª fase, com duas vitórias e duas derrotas. Em abril, disputou o Torneio de Cannes, onde o Brasil foi campeão tendo Abel Braga como capitão da equipe. Em novembro foi novamente convocado para disputar o Torneio Pré-Olímpico, na Colômbia. O Brasil foi campeão e Nílson Dias marcou três gols. Em 1972 chegou a disputar dois amistosos pela seleção olímpica em junho. Em 13/06 um empate em 0x0 com o Atlético, no Mineirão, e em 17/06 uma vitória por 4x1 sobre o Hamburgo (ALE) no Beira-Rio, em jogo que o colorado Falcão marcou dois gols.

Mas Nílson Dias não foi convocado para os Jogos Olímpicos, sendo emprestado, no mesmo mês de junho, para o Deportivo Cali. Lá conquistou o Torneio Finalización, equivalente ao 2º turno. No Triangular Final, entretanto, o Deportivo Cali ficou com o vice-campeonato.

Em fevereiro de 1973 Nílson Dias retornou ao Botafogo, assumindo a titularidade e sendo o responsável pela maioria dos gols do clube. Em 13/11/1975 Nílson Dias rompeu os ligamentos do tornozelo direito e fraturou a fíbula, em uma dividida com Zé Maria, do Corinthians. Ele retornaria aos gramados em 06/06/1976, em um amistoso com o Grêmio, no Olímpico. A partida terminou 1x1 e Nílson Dias fez o gol do Botafogo.

No início de 1977 Nílson Dias foi convocado para a Seleção Brasileira, disputando cinco amistosos (Bulgária, Seleção Paulista, Combinado Flamengo/Fluminense, Millonarios e Combinado Vasco/Botafogo). Marcou seu único gol na vitória por 6x1 sobre o Combinado Vasco/Botafogo. Entre setembro de 1977 e julho de 1978 participou da sequência de 52 partidas invictas do Botafogo, recorde nacional. Nílson Dias tornou-se um dos maiores artilheiros do alvi-negro carioca, com 127 gols marcados. Em setembro de 1978, sofrendo grave crise financeira, o Botafogo negociou Nílson Dias com o Universidad Guadalajara, do México. Em sua primeira temporada em terras mexicanas marcou 17 gols, sendo o 8º artilheiro do campeonato. Nas duas temporadas seguintes, porém, lesões e poucas sequências de jogos o levaram a marcar apenas três gols.

Em março de 1981 o Internacional enfrentava problemas no comando do ataque. Bira, um dos heróis do título brasileiro de 1979 enfrentou lesões e más atuações em 1980 e já não contava com a confiança da torcida. E Internacional e Universidad Guadalajara acertaram as trocas por empréstimo de seus centroavantes, por quatro meses. Bira saiu magoado, dizendo que preferia jogar no Rio ou em São Paulo, na volta. Nílson Dias chegou esperançoso, falando em voltar à Seleção Brasileira.

A estreia de Nílson Dias no Colorado ocorreu em 08/03/1981. O Internacional enfrentava o Goiás, no Beira-Rio. Nílson Dias entrou no time substituindo Cléo e marcou o único gol do jogo, aos 34'. Em 15/03, outra vez saindo do banco de reservas, substituiu Jones e marcou dois gols contra o Sport. Mas os pernambucanos reagiram e empataram a partida em 2x2. Em 21/03 ele seria titular pela primeira vez, no Serra Dourada, em partida que terminou 0x0, contra o Goiás. Na histórica goleada de 6x0 sobre o Palmeiras, em 28/03, Nílson Dias marcou o 5º gol colorado, após assistência de Batista. Em 05/04, na partida contra o Sport, Nílson Dias foi expulso, ficando de fora da 1ª partida das oitavas-de-final, contra o Atlético MG, no Mineirão. Mas voltou para o jogo no Beira-Rio, onde fez o gol salvador do empate em 1x1, que classificou o Colorado. Nas quartas-de-final o Internacional foi batido nos dois jogos pelo São Paulo, sem marcar gols. Nílson Dias disputou 9 partidas no campeonato brasileiro, marcando 5 gols.

Nílson Dias disputou os 4 amistosos realizados entre o campeonato brasileiro e o campeonato gaúcho, marcando um gol contra o Mixto. No Gauchão, o primeiro gol colorado foi de Nílson Dias, na vitória de 2x1 sobre o São Gabriel, em 07/06. Mas começava também um momento de angústia para a torcida e jogador. Seu empréstimo se encerrava em 30/06. Apesar do centroavante cair nas graças da torcida e do técnico Cláudio Duarte, o presidente José Asmuz não se mostrava disposto a pagar os 23 milhões de cruzeiros pedidos pelos mexicanos para negociá-lo em definitivo. Apesar de uma enquete realizada pela rádio Gaúcha indicar que 65% dos torcedores ouvidos queriam a contratação do atacante o negócio não se concretizou. Em 28/06, dois dias antes do fim do contrato, Nílson Dias entrou em campo pela última vez com o manto colorado. O Internacional enfrentava o Brasil de Pelotas, no Beira-Rio, e penava em um empate em 1x1, quando Nílson Dias, aos 40' do 2º tempo, como presente de despedida, fez o gol da vitória.

O contrato com o Internacional encerrou-se, mas Nílson Dias não voltou ao México, sendo negociado com o Santos. Sua carreira, a seguir, foi esta: Santos (1981/1982), Santa Cruz (1982), São Cristóvão (1983), Santos (1983), Acadêmica Coimbra POR (1983/1985), Olaria (1985), Al Riffa BAR (1985/1987), Central RJ (1988) e Sobradinho (1989). No seu último clube, chegou em maio de 1989, para um contrato de 4 meses. Em sua estreia marcou dois gols na vitória sobre o Taguatinga, por 3x1. Nílson Dias jogou mais três partidas e pediu a rescisão do contrato, alegando problemas particulares e falta de campo de treinamento.

Seus números pelo Internacional:
19 partidas
8 vitórias
7 empates
4 derrotas
8 gols marcados
campeão gaúcho em 1981 (participou dos seis primeiros jogos)

domingo, 24 de janeiro de 2021

Abelão, o predestinado

Foto: Ricardo Duarte (site oficial do clube)

No final da década de 1980, Abel Braga era a grande revelação dos técnicos brasileiros. Começou a treinar em 1985, e após comandar Goytacaz, Rio Ave, Vitória, Galícia e ter uma breve passagem pelo Botafogo, estava fazendo um bom trabalho no Santa Cruz, ganhando o estadual em 1987. Em outubro de 1988 foi contratado pelo Internacional.

A chegada de Abel mudou bastante a forma de jogar. O Colorado passou a ser mais ofensivo (desagradando alguns nomes da imprensa esportiva da aldeia) e a avançar nas competições. No Brasileiro de 1988, após vencer o dramático "Gre-Nal do Século" acabou tropeçando contra o Bahia, na final, quando era apontado como favorito. Na Libertadores de 1989, após um começo confuso, o time avançou firmemente em direção ao título, mas no jogo de volta da semifinal, quando ninguém acreditava em uma eliminação, após a vitória sobre o Olimpia no Paraguai, o Colorado caiu fora. Pouco depois, Abel também deixaria o Internacional, com a sensação de duas obras incompletas.

Mas veio o ano de 2006, e Abel mais uma vez comandava o Internacional. Recebia dos céus uma segunda chance de conquistar a América. Pela Libertadores, novamente o clube chegou na semifinal contra uma equipe paraguaia (Olimpia em 1989, Libertad em 2006). Exorcizamos o fantasma daquela semifinal trágica, empatando no Defensores del Chaco e vencendo no Beira-Rio, os dois palcos da tragédia de 1989. Resultado? Conquistamos a Libertadores e o Mundial.

Uma fase de conquistas se abriu para o Colorado, mesmo com outros técnicos. Conquistamos mais uma Libertadores, uma Sul-Americana e duas Recopas. Mas faltava um título brasileiro. Clubes que nunca haviam vencido o Brasileiro chegavam ao título, mas o Colorado no máximo chegava perto. Após os tempos sombrios da década de 1990 e início do século XXI, o Internacional iniciou vários campeonatos brasileiros apontado como o favorito ao título, mas não confirmava em campo. O próprio Abel, em 2006, foi vice-campeão, mas em uma temporada que o clube abriu mão de disputar o título para focar no Mundial.

E veio 2020, e veio a pandemia de COVID-19. O Internacional começou o ano com grandes expectativas, mas sofreu com lesões (Guerrero, Saravia, Boschillia), com crises políticas internas e com a perda do técnico que liderava o campeonato brasileiro. Abel chegou desacreditado, e seus primeiros resultados não mudaram esse cenário. Mas...

Parece que novamente os deuses do futebol preparam uma redenção. Assim como em 2006 expurgamos o fantasma de 1989, parece que em 2020 será a vez do fantasma de 1988. A torcida colorada expiou qualquer pecado que tivesse em anos e anos de tropeços no campeonato brasileiro. Hoje, a maior parte da torcida colorada não sabe o que é comemorar um título brasileiro. Na primeira década do século, chegamos perto em 2005, 2006 e 2009. Mas na última década sofremos inclusive um inédito rebaixamento.

E a volta por cima trás vários detalhes interessantes. O Internacional, sob o comando de Abel, igualou seu recorde de vitórias consecutivas no campeonato brasileiro (8) estabelecido lá no distante ano de 1978, por Cláudio Duarte. E tem boas chances de ampliar esse recorde. Assim como em 1988, o campeonato brasileiro de 2020 avançou pelo ano seguinte. E assim como em 1988, o confronto com o Grêmio surgiu em um momento decisivo do campeonato. E como no campeonato de 1988, o rival estava invicto a vários clássicos (12 em 1988/1989, 11 em 2020/2021). Novamente como naquele ano fatídico, saímos perdendo o clássico e viramos o jogo quando ninguém mais acreditava. Em 1989 (campeonato de 1988), com um jogador a menos. Em 2021 (campeonato de 2020) nos minutos finais.

Mais alguns detalhes derrubam qualquer cético em relação ao que os deuses do futebol prepararam. Será um resgate incrível de todo esse tempo sem títulos brasileiros. Abel vai se redimir do título de 1988, nos vingaremos de 2009 e comemoraremos o título contra o Corinthians. Alguém esqueceu 2005? Eu não.

Em 2009 o Grêmio entregou para o Flamengo. Esse ano vai entregar novamente, mas não vai adiantar. Como dizia aquele grande pensador, a história se repete, a primeira vez como tragédia, a segunda como farsa.

Vai lá, Abel! Segue os planos elaborados pelos deuses do futebol e cumpre teu destino!

Jogadores do passado: Guilherme Noé


Em 5 de abril de 1992 nascia em São Paulo Guilherme Afonso Noé.

Guilherme Noé, que jogaria como volante e meia, começou a jogar futebol nas categorias de base do Corinthians, em 2010. No ano seguinte transferiu-se para o Osasco e ainda em 2011 foi emprestado ao Internacional, para jogar na equipe sub-23. Defendendo o Rolinho disputou, entre outras competições, a Copa Pantanal e a Copa FGF. No final do ano foi contratado em definitivo.

No time principal colorado, porém, Guilherme Noé atuaria apenas uma vez, em 26/01/2012, no Beira-Rio. O Internacional havia atuado contra o Once Caldas, pela Taça Libertadores, no dia anterior, e pelo Gauchão, contra o Cerâmica, escalou a equipe sub-23, sob o comando de Osmar Loss. Guilherme Noé foi a campo ao lado de Agenor, Cláudio Winck, Fred e Eduardo Sasha. O Colorado perdeu por 2x1 e Guilherme Noé foi substituído por Rodrigo Dourado. Apesar do mau resultado, Guilherme Noé inscreveu seu nome entre os campeões gaúchos de 2012.

A partir de 2013, Guilherme começaria uma peregrinação por vários clubes brasileiros: Audax Rio (2013), Tombense (2014), Nacional de Muriaé (2014), Tupi MG (2015), Tombense (2015), Mirassol (2015), Batatais (2016), Caldense (2016), Rio Preto (2017), São Bernardo (2017/2018), Ipatinga (2019), Palmas (2019), Nacional SP (2020), Democrata GV (2020) e Palmas (2020/2021).

No dia 24/01/2021 pela manhã, um avião partiu de Palmas, no Tocantins, tendo a bordo o piloto, comandante Wagner, o presidente do Palmas, Lucas Meiras, e quatro atletas da equipe: Guilherme Noé, Lucas Praxedes, Ranule e Marcus Molinari. O destino era a cidade de Goiânia, onde o Palmas enfrentaria o Vila Nova no dia seguinte, pela Copa Verde. Mas logo após decolar o avião caiu, sem deixar sobreviventes.

 

sábado, 23 de janeiro de 2021

Um clássico - Internacional 2x0 Grêmio - 05/03/1967


Em 1967 as federações carioca e paulista decidiram ampliar o Torneio Rio-São Paulo para os estados do Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Paraná. A competição, que oficialmente se chamava Torneio Roberto Gomes Pedrosa, caiu no gosto popular como "Robertão". E logo na primeira rodada estava marcado o clássico Gre-Nal, no estádio Olímpico, em 05/03/1967.

A organização do torneio decidiu que todos torcedores deveriam pagar ingresso nas partidas, inclusive os sócios, o que afetou a torcida gremista principalmente, pois o jogo seria disputado no estádio Olímpico. Mesmo assim, a partida entusiasmou a cidade e havia o temor de que não houvesse espaço para todos os torcedores interessados em assistir o jogo.

O regulamento do torneio determinava que torcedores que jogassem saquinhos de urina ou dirigissem gracejos inconvenientes às mulheres fossem retirados do estádio.

As duas equipes organizaram-se com poucos desfalques. O Grêmio não contaria com Ortunho, mas o jovem Everaldo o substituiria. No Internacional, Joaquim desfalcaria o time, entrando em seu lugar David.

Mais de 30 mil torcedores compareceram ao Olímpico, para assistir o clássico, o primeiro Gre-Nal válido por uma competição nacional. O Grêmio começou a partida pressionando o Internacional, tentando resolver o jogo logo. O Colorado começou com uma postura mais defensiva. Elton apoiava os quatro defensores. Lambaria cobria o meio campo, ao lado de Dorinho, e Bráulio recuava para fazer a ligação. Apenas Carlitos e David ficavam no ataque. Para conter a força ofensiva gremista, o Internacional recorria a faltas, algumas próximas à área, onde as cobranças de Alcindo assustavam a torcida. Como reação, o Colorado contra-ataque pela direita, com Carlitos, mas Everaldo anulava o esforço alvi-rubro.

Buscando modificar o quadro da partida, o técnico colorado Sérgio Moacir Torres decidiu atacar pela esquerda. David recuava e lançava Bráulio nas costas de Áureo. Esse lance levou perigo duas vezes ao setor defensivo gremista. E aos 22', um ataque parecido começou a mudar a história do jogo. Carlitos lançou David, que avançou, driblou Aírton e Áureo e atrasou para Bráulio chutar de pé direito, à meia altura, no canto direito. Internacional 1x0! O gol abalou o Grêmio, que não conseguia reagir. A jogada clássica do Tricolor, os lançamentos para Alcindo, foi anulada quando Sérgio Moacir determinou que o zagueiro colorado Scala se antecipasse na jogada. O outro atacante perigoso gremista, Volmir, era marcado de perto por Laurício, apoiado por Elton ou Lambari. O lateral direito gremista Altemir ficou livre, pois o ponteiro-esquerdo colorado Dorinho jogou toda a partida recuado. Mas por falta de orientação do técnico gremista Carlos Froner, não aproveitou a liberade para apoiar.

No 2º tempo o Grêmio voltou novamente propondo o jogo, mas sem levar perigo ao gol colorado. Os gremistas imaginavam que esse seria o cenário da partida, e que com o passar do tempo chegariam ao empate. Mas depois dos 30' a situação se inverteu. Sérgio Moacir Torres mudou a atitude do time, que passou a pressionar o Grêmio em busca do segundo gol. E aos 35' Carlitos desceu pela direita, cruzou para Bráulio, que serviu a Carlinhos (que havia substituído David). O atacante chutou da intermediária, fraco, sem muitas pretensões, mas Alberto pulou tarde, a bola passou por baixo de seu corpo, em um "frango". Internacional 2x0!

Depois do 2º gol do Internacional, os jogadores gremistas começaram a cometer erros sucesssivos, nas tentativas de atacar, enquanto os colorados limitavam-se a prender a bola e deixar o tempo passar. Ao final da partida, o Internacional venceu o clássico com méritos, assumindo a liderança do Robertão.

Equipes:
IN: Gainete; Laurício, Scala, Luiz Carlos e Sadi; Lambari e Elton; Carlitos, Bráulio (Wanderley), David (Carlinhos) e Dorinho
Técnico: Sérgio Moacyr Torres Nunes
GR: Alberto; Altemir, Aírton, Áureo e Everaldo; Cléo e Sérgio Lopes; Babá (Paulo Lumumba), Joãozinho, Alcindo e Volmir
Técnico: Carlos Benevenuto Froner

sexta-feira, 22 de janeiro de 2021

TORNEIOS - Copa Cidade de Bogotá


O Internacional foi convidado para disputar, no início de 1972, o Torneio Quadrangular Copa Alcadía de Bogotá, ou simplesmente, Copa Cidade de Bogotá. Além do Internacional, participariam os colombianos Independiente Santa Fé e Millonarios, e o iugoslavo Estrela Vermelha.


A equipe iugoslava era a grande sensação para a imprensa colombiana, principalmente devido a Dragan Dzajic, melhor jogador do país e quarto melhor da Europa. Entretanto, o craque iugoslavo, lesionado em um amistoso contra o Sevilla, não jogou na Colômbia. O Colorado era considerado um representante do veloz futebol brasileiro. A primeira rodada estava marcada para o dia 16 de janeiro de 1972, em El Campín. O Internmacional recém havia voltado das férias, e o time de Dino Sani só havia disputado um amistoso (2x0 Novo Hamburgo).

Na primeira rodada, na preliminar, o Estrela Vermelha bateu o Millonarios por 4x3. Na partida de fundo o Colorado enfrentou o Independiente Santa Fé. Chovia muito em Bogotá, atrapalhando a qualidade do jogo. Claudiomiro e Árlem foram os melhores atacantes colorados no 1º tempo, mas a chuva e a falta de preparo físico adequado impediram uma boa atuação do Internacional. No início do 2º tempo o Internacional, alternando toques longos e curtos, tentou levar perigo ao gol colombiano, destacando-se Carbone. Mas o esforço não durou muito tempo. Depois de um período de domínio colombiano, onde o goleiro Schneider destacou-se, a partida parecia encaminhar-se ao empate. Mas aos 44' do 2º tempo, o lateral Vazques cruzou para a área, Ernesto Díaz dominou e chutou no canto esquerdo de Schneider, marcando o único gol da partida.



O tempo ruim continuou sobre Bogotá. A segunda rodada, marcada para o dia 20, foi transferida para o dia 21 e novamente para o dia 22, devido à chuva. No dia 22 a bola rolou, mesmo abaixo de mau tempo. A imprensa colombiana considerou que o gramado estava impraticável. Independiente Santa Fé e Estrela Vermelha ficaram no 0x0. No jogo de fundo, o Internacional começou melhor, dominando o Millonarios, apesar do campo pesado. Jogando pelas pontas, o Colorado levava pânico à defensiva adversária, com Valdomiro e Árlem, mas pecava na hora de finalizar. Nos minutos finais do 1º tempo, Claudiomiro foi derrubado na área. O próprio centroavante cobrou o pênalti, mas o goleiro Cañón, adiantado, defendeu. Na sequência, Edison Scott cometeu pênalti em Brand. Vilano cobrou, mas Schneider espalmou para escanteio. No 2º tempo, a partida ficou parelha, com as duas equipes lutando bravamente contra as condições do gramado. Aos 21', após uma confusão na área colorada, a bola sobrou para Ortiz, que chutou para marcar. Depois do gol, praticamente não teve mais jogo, devido às condições do gramado, embora o Internacional fosse mais agressivo que seu adversário.


No dia 23 ocorreria a última rodada, tendo na preliminar o clássico colombiano e no jogo de fundo o confronto entre Internacional e Estrela Vermelha. Aos 10 minutos de jogo da partida preliminar começou a chover, de início fraco, mas l,ogo em seguida um temporal. No início do 2º tempo, com a partida ainda 0x0, o árbitro Mário Canessa advertiu os jogadores da falta de condições de jogo, mas os atletas preferiram continuar jogando. Porém, aos 2' o juiz paralisou a partida, que não voltou a ser realizada. No horário da partida de fundo a chuva havia parado, mas o árbitro Guillermo Velázquez considerou que não havia condições de jogo e cancelou a partida, embora os dirigentes brasileiros e iugoslavos quisessem jogar. Mais tarde, as direções dos quatro clubes, os organizadores do torneio e a liga colombiana se reuniram para decidir o futuro da competição. A chuva estava afastando o público dos jogos e os organizadores estavam tendo prejuízo. A proposta de realizar a rodada em outra data obrigaria os organizadores a terem mais despesas com a estadia dos clubes estrangeiros e o tempo continuava instável. Com isso, foi decidido pelo encerramento do torneio, sem a realização da última rodada.