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domingo, 31 de outubro de 2021

Um clássico - Internacional 4x1 Grêmio - 31/10/1915


Em setembro de 1915 as duas ligas em que se dividiam os clubes de Porto Alegre, a Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, da qual fazia parte o Internacional, e a dissidente Associação de Foot-Ball Porto Alegrense, fundada pelo Grêmio, chegaram a um acordo para unificarem-se. Estava nascendo uma nova liga, a Federação Sportiva Rio-Grandense. Em 26 de setembro de 1915 ocorreu um amistoso comemorativo da fusão das ligas, onde o Internacional goleou o Porto Alegre por 10x2. Em 31 de outubro de 1915 foi marcado novo amistoso comemorativo, entre Internacional e Grêmio. A partida seria disputada na Baixada, "ground" gremista. Era a sétima vez que os dois clubes se enfrentariam, mas a rivalidade já era a maior da cidade, atraindo o interesse dos esportistas da capital e do interior. O Grêmio, que havia vencido os seis clássicos anteriores, contava vencer mais um. O Internacional buscava sua primeira vitória. E o fato dos dois clubes estarem há mais de dois anos sem se enfrentarem aumentava a expectativa.

No dia do jogo, cerca de quatro mil pessoas compareceram à Baixada. Na preliminar, os segundos quadros dos dois clubes se enfrentaram, empatando em 1x1. Em seguida, os times principais entraram no gramado. Os jogadores entraram lado a lado, de braços dados, ovacionados pelas torcidas.

Os dois quadros estavam assim formados:
INT: Baes; Simão e Fidélis; Bitú, Kluwe e Lucídio; Túlio, Oswaldo, Bendionda, Miller e Vares.
GRE: Schuback; Dias e Mohrdieck; Hanssen, Alencastro e Chiquinho; Dorival, Sisson, Gertum, Scalco e Lúcio Assumpção

O Internacional estava desfalcado do goleiro Silla e do zagueiro Satyro, enquanto Kluwe, dúvida até antes do jogo, ainda não estava plenamente recuperado da lesão que havia sofrido no amistoso contra o São Paulo de Rio Grande. O Grêmio apresentava uma novidade: Schuback passou a atuar como goleiro, enquanto Dias ingressava em seu lugar, na zaga.

Desde os minutos iniciais ficou clara a superioridade colorada. A zaga gremista, formada por Dias e Mohrdieck, passou trabalho para segurar o ataque colorado. O goleiro Schuback também foi muito exigido. A 1ª etapa encaminhava-se para terminar com placar zerado quando, aos 44', após uma confusão na área gremista, Miller aproveitou uma sobra de bola para chutar para as redes. Internacional 1x0! Os torcedores colorados invadiram o campo e carregaram o jogador nos braços.

No intervalo, a direção gremista ofereceu ao presidente colorado, Felipe Silla, um bouquet de flores.

No 2º tempo a situação do jogo não mudou em relação ao domínio colorado. Mas os gols começaram a aparecer. Logo aos 4', após um cruzamento, Bendionda cabeceou para as redes, marcando o segundo gol colorado. O Internacional dominava a partida, com Carlos Kluwe distribuindo o jogo, no meio. Aos 30', Túlio chutou cruzado, a bola bateu na trave e entrou no gol. Internacional 3x0! Aos 38', o atacante gremista Sisson chutou forte a gol. Baes, goleiro colorado, ainda tocou na bola, mas ela chocou-se na trave e entrou no gol. Entretanto, aos 42', Bendionda mandou uma bomba para fechar o placar: Internacional 4x1!

Após o fim do jogo a torcida colorada entrou no gramado e carregou os atletas vencedores até o pavilhão gremista, onde as torcedoras tricolores lançaram pétalas de rosas sobre os jogadores. Os atletas colorados receberam onze medalhas de ouro, oferecidas pela empresa "A Amparadora" aos vencedores da partida.


sábado, 30 de outubro de 2021

Sport Club Tabajara


Em 12 de outubro de 1918 foi fundado em Porto Alegre o Sport Club Tabajara.

O clube, em seus primeiros passos, inscreveu-se na Associação Porto Alegrense de Desportos, que organizava o campeonato da cidade. Já em 1919 o clube disputava o campeonato, ao lado de Internacional, Grêmio, Porto Alegre, São José e Cruzeiro. O clube tinha seu "ground" no arrabalde de São João. No 1º turno o clube perdeu por 11x0 para o Internacional e entregou os pontos no 2º turno.

Em 19 de fevereiro de 1920 o Tabajara comprou um terreno pertencente a Nicolau Scalzilli, que ficava na Estrada do Mato Grosso (atual Avenida Bento Gonçalves), ao lado do "ground" do Cruzeiro, a Vila Cruzeiro. O novo "ground" ficou conhecido como Taba do Partenon. Contra o Internacional, no campeonato, duas derrotas: 2x1 e 12x0.

Na temporada de 1921, no 1º turno o Internacional venceu por 3x1. Mas no 2º turno ocorreu a grande surpresa. Aos 23' Rômulo abriu o placar para os índios. Isso não chegava a ser surpresa, uma equipe pequena sair na frente, mas depois sofrer a virada. Porém, aos 28' Grigollo ampliou para 2x0, resultado do 1º tempo. Na 2ª etapa, aos 17' Jean Ryff diminuiu o prejuízo. Seria o início da virada colorada? Não, e aos 31' Heitor fechou o placar com um 3x1 favorável ao Tabajara. Seria a única vitória do clube sobre o Internacional.

Em 1922 o Tabajara perdeu por 5x0 para o Internacional, no 1º turno, entregando os pontos no 2º turno.

Em 1923 o Tabajara mudou-se para um campo na Rua Luciana de Abreu, nos Moinhos de Ventos. No 1º turno perdeu para o Colorado por 3x1, e no 2º turno por 7x1.

Em 1924, com a fusão da Associação Porto Alegrense de Desportos (APAD) e Associação Porto Alegrense de Futebol (APAF), o Tabajara foi colocado na 2ª divisão. Ao final da temporada uma crise no futebol da capital levou os clubes da 2ª divisão a abandonarem a APAD, fundando uma nova APAF, mas o Tabajara não os seguiu, fechando as portas nesse mesmo ano.

Confrontos Internacional x Tabajara:
13/07/1919 Internacional 11x0 - Chácara dos Eucaliptos - Campeonato Municipal
05/10/1919 Internacional 3x0 - Baixada - Taça Sete de Setembro
18/04/1920 Internacional 2x1 - Taba do Partenon  - Campeonato Municipal
18/07/1920 Internacional 12x0 - Chácara dos Eucaliptos - Campeonato Municipal
26/06/1921 Internacional 3x1 - Caminho do Meio - Campeonato Municipal
30/10/1921 Tabajara 3x1 - Chácara dos Eucaliptos - Campeonato Municipal
21/05/1922 Internacional 5x0 - Chácara dos Eucaliptos - Campeonato Municipal
18/06/1922 Internacional 6x0 - Chácara dos Eucaliptos - Amistoso
17/06/1923 Internacional 7x2 - Chácara dos Eucaliptos - Campeonato Municipal
04/11/1923 Internacional 7x1 - Rua Luciana de Abreu - Campeonato Municipal



Jogadores do passado - Thomas Scabillon


Em 1912 chegou a Porto Alegre o zagueiro uruguaio Thomas Scabillon, que logo acertou-se com o Internacional.

Sua estreia ocorreu em 11 de agosto de 1912. O Internacional enfrentou o Nacional, pelo campeonato municipal, na Baixada. O Colorado venceu por 16x0, a maior goleada de sua história, e Scabillon marcou o 13º gol da partida.
A Federação 12/08/1912 - equivocadamente seu nome aparece como Cavillone

A partida seguinte foi o clássico Gre-Nal, também disputado na Baixada, campo do Grêmio. Nos primeiros dez minutos de partida ocorreram todos os gols do jogo, que terminou 2x1 para o tricolor. No 2º tempo o Internacional exerceu forte pressão, mas o goleiro gremista Teichmann e os zagueiros Schuback e Mohrdieck garantiram o resultado. do lado colorado, Scabillon foi um dos jogadores mais destacados.
A Federação 16/09/1912 - equivocadamente seu nome aparece como Cabellau

O Gre-Nal foi a última partida do Internacional na temporada. No ano seguinte, em junho, o clube voltou a jogar, novamente um Gre-Nal, mas Scabillon não atuou. Ele estaria em campo na partida seguinte, em 22 de junho de 1913, vitória por 6x0 sobre o Colombo, também, na Baixada. O zagueiro uruguaio marcaria o terceiro gol colorado. Foi sua última partida pelo Internacional.
A Federação - 24/06/1913

Thomas Scabillon mudou-se para Bagé, indo atuar em uma das equipes da cidade. E lá encerraria sua vida de forma trágica. No dia 29 de outubro de 1913 jogavam o "Combinado" contra o Internacional, duas equipes locais, no campo do Rio Branco. Thomas Scabillon atuava como juiz de linha (assistente). À tardinha, a partida encaminhava-se para o final quando Scabillon irritou-se com alguns torcedores.

Scabillon pensou que eles riam do fato dele ter sido atingido por uma bola na cabeça (ou no peito, dependendo da versão), momentos antes. Furioso, xingou um dos espectadores, Satyro Bitencourt, que era atleta do Guarany. Após as ofensas verbais, Scabillon sacou do revólver e disparou contra Satyro, errando os tiros.

Se um bandeirinha armado em um campo de futebol pode parecer estranho hoje, mais estranho seria o fato de que Satyro Bittencourt também estava armado. O jogador do Guarany reagiu, disparando contra Scabillon e o matando.

Satyro, que tinha 18 anos na época, não chegou a ser preso, pois sua ação foi considerada legítima defesa. Satyro, que também era zagueiro, jogaria no Internacional em 1914 e 1915.

A Federação - 31/10/1913

Correio da Manhã - 02/11/1913

Seus números no Internacional:
3 partidas
2 vitórias
1 derrota
2 gols marcados




sexta-feira, 29 de outubro de 2021

Nossos títulos - Copa Viña del Mar 1978


Em fevereiro de 1978 o Internacional foi convidado para disputar a Copa Viña del Mar, no Chile. O torneio havia sido criado pelo Everton, clube da cidade, e já havia sido disputado em 1976, quando o Fluminense ficou com a taça.

A competição era um torneio triangular, envolvendo Internacional, Everton e Colo Colo. Na primeira partida do torneio, em 11 de fevereiro, o Colorado bateu o Colo Colo, de virada, por 2x1. Orellana abriu o marcador no 1º tempo mas Vasconcelos e Alcione viraram o jogo na 2ª etapa.

No dia 14 de fevereiro o Internacional enfrentava o Everton. Os donos da casa eram vice-campeões chilenos, tinham um bom time e queriam o título do torneio. Com a vitória do Colorado no 1º jogo, a 2ª partida adquiriu um caráter importante. Uma nova vitória e os brasileiros seriam campeões. O 3º jogo, entre Everton e Colo Colo, não valeria nada.

O estádio Sausalito, apesar de não estar lotado, era um verdadeiro caldeirão. mais de 8 mil chilenos estavam presentes, empurrando seu time. Mas logo aos 5' do 1º tempo, Valdomiro cruzou forte, da direita, à meia altura, e Luisinho concluiu para as redes. Internacional 1x0!

O Everton precisava pelo menos empatar, para manter a esperança de título. A direção do clube também temia um fracasso de renda na 3ª partida, se não valesse mais nada. Os chilenos logo começaram a apelar para a violência, sob a complacência do também chileno juiz Juan Silvagno. O Internacional, por sua vez, recuou, tentando explorar os contra-ataques. A melhor chance chilena ocorreu aos 30', quando o centroavante Pedro Gallina, livre, chutou para fora.

Na 2ª etapa a violência piorou e o juiz começou a ser cada vez mais localista nas suas decisões. mesmo assim, aos 15', quando José Ceballos chutou para as redes, o juiz anulou corretamente o gol, pois a bola cruzada por Sergio González descreveu uma visível curva fora de campo.

A cada minuto a situação piorava. A torcida chilena ameaçava invadir o campo a cada instante, e os carabineros de Pinochet, em vez de garantirem a segurança dos colorados, a cada confusão em campo (e foram muitas), invadiam o campo e agrediam os jogadores colorados.

A pressão aumentava, mas o Colorado resistia. Aos 33' o juiz decidiu dar um apoio definitivo aos chilenos e marcou um pênalti inexistente, alegando que o zagueiro Carlão havia tocado com a mão na bola dentro da área. Nova confusão e conflito entre jogadores e carabineros. O centroavante colorado Luisinho acabou expulso. Mário Salinas cobrou o pênalti, mas Gasperin defendeu. Aí o tempo fechou de vez. Os atletas colorados dessa vez reagiram às agressões dos carabineros. Após a confusão, o juiz expulsou Gasperin e Beliato. O Colorado estava com 3 jogadores a menos, tinha 11 adversários, a torcida, o juiz e a polícia contra. O goleiro reserva Schneider entrou no lugar de Valdomiro.

O juiz levou a partida até os 56' do 2º tempo. Os 8 heróis colorados em campo fizeram uma verdadeira parede de escudos na frente da área colorada e seguraram a pressão adversária. No final, o título foi colorado, diante do ódio dos chilenos. A imprensa do país atacou os brasileiros, acusando-os de bárbaros, violentos, etc, mas a taça voltava com os brasileiros. No dia 18 de fevereiro Everton e Colo Colo empataram em 1x1, em uma partida que não valia nada.

quarta-feira, 27 de outubro de 2021

Craques - Figueroa


Elias Ricardo Figueroa Brander nasceu em Valparaíso, em 25 de outubro de 1946.

O zagueiro Elias Figueroa começou a jogar futebol nas categorias de base do Santiago Wanderers, em 1962. Durante a Copa do Mundo, os juvenis do Santiago Wanderers chegaram a treinar com a Seleção Brasileira, e o jovem Figueroa, então com 15 anos, chamou a atenção pela sua qualidade na marcação dos atacantes brasileiros.

Em 1963 Figueroa chegou ao time principal do Santiago Wanderers, mas sem muitas chances na equipe principal, foi emprestado ao Unión La Calera na temporada seguinte. No dia 26 de abril de 1964 o Unión La Calera venceu o Colo Colo por 2x1, em partida válida pelo campeonato, em Santiago. Figueroa teve uma grande atuação, fazendo o narrador Hernán Solís Valenzuela chamá-lo "Don Elias", apelido que o seguiria por toda a carreira.

Em 1965 estava de volta a Valparaíso. Em 1966, Figueroa defendeu a Seleção Chilena na Copa do Mundo. Com apenas 19 anos, foi titular nos três jogos que o país disputou, sendo o mais jovem jogador da equipe. No campeonato chileno, o Santiago Wanderers fez grande campanha, chegando em 3º lugar. No início de 1967, voltou a defender a Seleção Chilena no Campeonato Sul-Americano, onde o Chile ficou em 3º lugar, atrás apenas de Uruguai e Argentina. Independiente e Peñarol demonstraram interesse pelo jovem zagueiro, que acabou indo jogar no Uruguai.

No Peñarol, Figueroa venceu o campeonato uruguaio em 1967 e 1968. No início de 1969 surgiu a notícia de que o San Lorenzo queria trocar Figueroa por Albrecht, mas o negócio não se concretizou. Em 13 de abril de 1969, no festival de inauguração do Beira-Rio o Internacional enfrentou o Peñarol. Mesmo com Figueroa em campo, os uruguaios foram goleados por 4x0. Na temporada de 1969 Figueroa conquistou o título da Recopa dos Campeões Intercontinentais. Figueroa seria escolhido o melhor jogador do campeonato uruguaio, ao lado de Artime, do Nacional. Mas nas temporadas de 1970 e 1971 os títulos não vieram e a situação financeira do Peñarol ficou insustentável. Em fevereiro de 1970 o Estudiantes ofereceu Manera e Aguirre Suárez em troca de Figueroa, mas o Peñarol não aceitou.

Em 1971 muitos clubes se interessaram por Figueroa. No Brasil, o São Paulo chegou a cogitar sua contratação. No início de novembro de 1971 o Internacional voltou-se para o mercado do Prata, demonstrando interesse no goleiro Mazurkiewicz (Peñarol), no zagueiro Figueroa (Peñarol) e no ponteiro-esquerdo Bezerra (Newell's Old Boys). No dia 15 de novembro Figueroa foi contratado. O Real Madrid também pretendia contratar Figueroa, mas o zagueiro preferiu jogar no Brasil, onde atuavam os jogadores campeões mundiais. Quando foi anunciada sua venda, a torcida do Peñarol ficou revoltada, e vários torcedores se reuniram em frente à sede do clube, rasgando suas carteiras de sócio em sinal de protesto.

O Internacional vinha de resultados ruins. No quadrangular que classificaria um clube para o triangular final do campeonato brasileiro, o Colorado empatou em 1x1 com o Santos em casa, perdeu por 2x0 para o Vasco da Gama fora e por 4x1 para o Atlético MG em casa. Figueroa estreou contra o Vasco da Gama, no Beira-Rio. O time começou a partida vaiado pela torcida, mas aos 24' do 1º tempo o Colorado abriu o placar. Pouco depois, Figueroa evitou o empate ao salvar, de bicicleta, uma cabeçada de Ferreti. O Internacional venceu por 3x0 e os colorados Árlem e Figueroa foram escolhidos os melhores da partida pelo Jornal do Brasil. No dia 5, em São Paulo, Figueroa anulou Pelé e o Internacional venceu o Santos por 1x0. E na última rodada, nova vitória, 1x0 no Galo em pleno Mineirão. O Colorado só não chegou no Triangular Final por causa do saldo de gols.

Em 26 de março de 1972 ocorreu um Gre-Nal amistoso comemorativo dos 200 anos de Porto Alegre. Estava em disputa a Taça Bicentenário da Fundação de Porto Alegre. A partida terminou 0x0. Na prorrogação se manteve o 0x0. Na primeira decisão por pênaltis da história colorada, o Internacional venceu por 5x4, e Figueroa marcou o seu gol. No campeonato gaúcho, Figueroa foi uma das grandes lideranças coloradas. Seu primeiro gol ocorreu em 11 de maio, cobrando pênalti, na vitória por 2x0 sobre o Aimoré. Na rodada seguinte garantiu o empate no Gre-Nal, ao marcar o 2º gol colorado (a partida terminou 2x2), novamente cobrando pênalti. Pouco depois, em duas partidas consecutivas (Novo Hamburgo e Cruzeiro), Figueroa perdeu pênaltis, mas o Colorado goleou nas duas partidas. Em 30 de julho o Internacional venceu o Esportivo e conquistou o tetracampeonato gaúcho. A seguir, o clube conquistou o Torneio Cidade de Porto Alegre, um quadrangular com Grêmio, Cruzeiro e São José. No Gre-Nal do campeonato brasileiro, em 20 de setembro, Figueroa garantiu a vitória colorada por 1x0. Seu futebol encantava a América, e na escolha do melhor jogador do continente, pelo jornal El Mundo, Figueroa fica em 7º lugar.

Na temporada de 1973, uma polêmica: em 18 de abril, o chargista Marco Aurélio publicou fotos do zagueiro Figueroa nu no vestiário colorado, no jornal "Zero Hora". As fotos foram tiradas sem autorização, através de uma janela basculante da concentração colorada no Estádio dos Eucaliptos. Inúmeras cartas de protestos de "mães e pais" chegaram ao jornal e ao clube. O Internacional lançou uma nota condenando as fotos clandestinas e o presidente da Federação Gaúcha de Futebol, Rubens Hofmaister, adiou a rodada do campeonato gaúcho, alegando "mínimos princípios éticos e morais" em relação "a um homem de exemplar conduta". Luís Fernando Veríssimo saiu em defesa do ídolo e amigo, dizendo que Figueroa sofria preconceito por declaram Pablo Neruda e ter criado uma imagem de intelectual em torno de si. Segundo o escritor, “aqui há aquela coisa gaúcha – esta, sim, provinciana – de tentar preservar a sobriedade em tudo, uma certa aversão ao brilho pessoal e à extravagância. Figueroa está vencendo este preconceito também, o que me parece muito saudável.” Em campo, no 29 de julho o Internacional venceu o Gaúcho por 1x0 e conquistou o pentacampeonato gaúcho. Em 16 de agosto, no empate em 1x1 com o Olympiakos, Figueroa marcou o primeiro gol colorado na Europa. No campeonato brasileiro, em 17 de outubro o Internacional enfrentava o Moto Clube, em São Luís. Aos 14' do 2º tempo o Internacional vencia por 1x0, quando o goleiro colorado Rafael foi expulso depois do time já ter feito as suas duas substituições. Figueroa foi para o arco, não sofreu gol e o Colorado ainda marcou mais um. O Internacional chegaria ao Quadrangular Final do campeonato brasileiro. Na escolha do melhor jogador da América, Figueroa ficou em 6º.

A temporada de 1974 começou com o campeonato brasileiro. Em 13 de abril, o Internacional enfrentava o Flamengo no Beira-Rio. No início da partida Figueroa chocou-se com Dario (na época no Flamengo) e jogou tonto por mais de 30 minutos. No intervalo ele ficou sabendo que o Internacional estava vencendo por 1x0. A partida terminaria 1x1. O Colorado chegaria novamente no Quadrangular Final do campeonato brasileiro. Em junho Figueroa defendeu a Seleção Chilena na Copa do Mundo da Alemanha, sendo titular nas três partidas que a equipe disputou. No campeonato gaúcho o clube teve uma campanha fenomenal, vencendo as 18 partidas disputadas e conquistando o hexacampeonato. E acabou escolhido o melhor jogador da América.

Em 1975 a temporada começou com o campeonato gaúcho. No Gre-Nal decisivo do 2º turno do Quadrangular Decisivo. Figueroa marcou o gol de empate colorado (1x1), obrigando a realização de um clássico extra. No jogo-extra, em 10 de agosto de 1975, a vitória colorada por 1x0 garantiu a conquista do hepta. No campeonato brasileiro o Colorado avançava passando por todos seus adversários. No Mineirão, Figueroa marcou o 2º gol da vitória de 2x0 sobre o Galo. Valdomiro cruzou e Figueroa marcou, contra um mineiro. Uma previsão do que aconteceria na final. Contra o Fluminense, no Beira-Rio, Figueroa colocou o Colorado na frente, quando o jogo estava 1x1 (a partida terminou 3x1). E no dia 14 de dezembro, contra o Cruzeiro, Figueroa foi espetacular. Além de anular Palhinha, aos 11' do 2º tempo ele subiu, iluminado por um raio de sol, e aparou um cruzamento de Valdomiro, mandando a bola para as redes. O Internacional venceu por 1x0 e conquistou seu primeiro título brasileiro. Pela segunda vez foi escolhido o melhor jogador da América.

Na temporada de 1976 o Internacional disputou pela primeira vez a Taça Libertadores da América. Em seu primeiro jogo, em 7 de março, o Colorado perdeu por 5x4 para o Cruzeiro, no Mineirão. Figueroa teve sua pior atuação pelo clube, falhando em dois gols. Mesmo assim acertou uma bola na trave e cavou a expulsão de Palhinha. Em uma época que apenas o campeão do grupo se classificava, o Internacional foi eliminado na 1ª fase. Mas logo veio o campeonato gaúcho, onde o Internacional conseguiria sua consagração. No dia 8 de abril o Internacional venceu o Sá Viana por 4x0, em partida que Figueroa marcou dois gols. Em um deles, o goleiro Arlindo tentou repor a bola rapidamente e acertou a cabeça de Figueroa que, de costas, já retornava ao seu campo. Quando Figueroa virou-se de frente para o lance, a bola já estava no fundo das redes. Contra outra equipe de Uruguaiana, o Ferrocarril, Figueroa apanhou um rebote, na intermediária, e chutou com força, aproveitando-se que o goleiro Orlando estava fora da goleira. O zagueiro Alemão ainda tentou salvar, cabeceando, mas não conseguiu evitar o gol, o 9º de uma partida que o Colorado venceria por 14x0. No dia 22 de agosto o Internacional venceria o Grêmio por 2x0 e conquistaria o octacampeonato, a maior sequência que um clube gaúcho já conseguiu. No campeonato brasileiro, mais uma campanha extraordinária, que acabaria com o bicampeonato da competição, ao vencer o Corinthians por 2x0, em 12 de dezembro. Seria escolhido pela terceira vez consecutiva o melhor jogador da América.

No início de 1977 uma bomba caiu sobre a torcida colorada: Figueroa queria ir embora. Algumas versões dizem que a proposta do Palestino era muito boa, outras dizem que sua esposa, cansada das "escapulidas" do zagueiro na capital gaúcha, queria voltar ao Chile. O fato é que o clube o negociou com o Palestino. Em 26 de janeiro de 1977 Figueroa despediu-se do Internacional, jogando um amistoso contra seu futuro clube, o Palestino. Emocionado, Figueroa cometeu muitos erros e despediu-se, com lágrimas, do clube que defendeu por cinco anos. No intervalo ele foi substituído por Marião. Os dirigentes do Palestino queriam que ele atuasse a 2ª etapa pelo clube, mas Figueroa declarou: "não aguentaria jogar contra o Inter". A partida terminou 2x2.

Curiosamente, a primeira partida de Figueroa após sair do Colorado foi contra seu ex-clube. No dia 15 de fevereiro o Internacional enfrentou a Seleção do Chile, no estádio Nacional. O Colorado havia viajado apenas com um jogo de camisas vermelhas e a Seleção Chilena não aceitou jogar com seu uniforme reserva, obrigando o Internacional a jogar com um uniforme azul e branco. Mesmo assim, o Colorado venceu por 2x1.

Pelo Palestino, Figueroa venceu a Copa Chile em 1977 e o campeonato chileno em 1978. Na temporada de 1979 foi vice-campeão da Copa América com a Seleção Chilena. Na escolha de melhor jogador da América, ficou em 3º lugar em 1977 e 6º lugar em 1978. 

Em 1980 o zagueiro transferiu-se para o Fort Lauderdale Strikers, dos Estados Unidos, onde jogou até 1982. Na escolha de melhor jogador da América, voltou a aparecer na lista em 1981, ficando na 9ª colocação.

Na Espanha, voltou a defender o Chile em uma Copa do Mundo.

Após o Mundial, Figueroa retornou ao Chile, atuando no Colo Colo até janeiro de 1983, sendo vice-campeão chileno. Em 8 de março de 1983 Figueroa abandonou o futebol oficialmente, no amistoso Combinado Chileno 2x2 Combinado do Resto do Mundo, diante de 70 mil pessoas, no estádio Nacional.

Mais tarde, em 1996, Elias Figueroa assumiu como técnico do Internacional. O ídolo era gerente de futebol do clube, e quando Nelsinho Baptista trocou o Internacional pelo Corinthians, Figueroa assumiu como técnico interino. O chileno já havia treinado o Santiago Wanderers em 1993, quando pegou o clube correndo risco de cair para a 3ª divisão e o salvou, terminando o campeonato em 7º lugar. No ano seguinte tirou o Palestino da última colocação da 1ª divisão, terminando o campeonato em 11º. O Colorado estava em 18º quando Figueroa assumiu, e com duas vitórias seguidas sobre Santos e Vasco da Gama, foi efetivado como técnico, quase classificando o clube para a 2ª fase da competição. Na última rodada o time precisava apenas empatar com o Bragantino, mas foi derrotado por 1x0, com direito a perder um pênalti. Encerrou a competição em 9º lugar.

Seus números pelo Internacional como jogador:
320 partidas
205 vitórias
76 empates
39 derrotas
26 gols
campeão brasileiro em 1975 e 1976
campeão gaúcho em 1972, 1973, 1974, 1975 e 1976
campeão do Torneio Cidade de Porto Alegre em 1972

Suas vítimas:
4 gols
Grêmio
2 gols
Sá Viana
1 gol
São José, Juventude, Ferrocarril, Atlântico, Internacional SB, Aimoré, AESA, Ypiranga, Esportivo, Novo Hamburgo, Atlético MG, Rio Branco, Fluminense, Cruzeiro, Guarani, Palmeiras, Portuguesa de Desportos, Sport, Combinado Olbia-Arzachena ITA e Olympiakos GRE

Números em Gre-Nais:
23 partidas
12 vitórias
9 empates
2 derrotas
4 gols

Seus números pelo Internacional como técnico:
13 partidas
7 vitórias
2 empates
4 derrotas

Em 19 de fevereiro de 2014, o antigo Estádio Valparaíso, construído em 1931, foi reinaugurado após ampla reforma, e rebatizado como Estádio Elias Figueroa Brander. O Internacional enfrentou o Santiago Wanderers, clube que manda os jogos no estádio. O Colorado venceu por 2x1 e o atacante colorado Caio fez o primeiro gol do novo estádio.


domingo, 24 de outubro de 2021

Internacional x Pelé


As partidas em que o Rei do Futebol enfrentou o Clube do Povo:

25/09/1958 Internacional 5x1 Santos
Eucaliptos (Porto Alegre)
Amistoso
O Santos tinha três jogadores campeões mundiais poucos meses antes. Pelé havia encantado o mundo na Suécia. No campeonato paulista, a equipe santista liderava com folga e Pelé empilhava gols. Faria 58, recorde até hoje. Mas naquela quinta-feira à noite o Santos foi completamente dominado. O Colorado marcou cinco gols e ainda teve um anulado.

15/06/1967 Internacional 1x5 Santos
Pacaembu (São Paulo)
Torneio Robertão
O Rei Pelé precisou esperar quase dez anos para ter sua vingança. O Internacional começou a partida desfalcado de Sadi, que estava fortemente gripado, e de Bráulio, por opção do técnico. O Colorado começou jogando de igual para igual para o Santos, sem tomar nenhuma preocupação defensiva maior, tomando dois gols em 11 minutos. No 1º gol o goleiro Gainete se lesionou, sendo substituído por Guaporé. A 1ª etapa terminou 3x1. No 2º tempo, com as mudanças ocorridas nas equipes, o Internacional criou três ou quatro chances de gols, desperdiçando-as. No final da partida, o Santos ampliou a vantagem, marcando mais dois gols. Pelé marcou o último gol. Laurício derrubou Toninho Guerreiro na área. Pelé cobrou o pênalti no canto esquerdo enquanto Guaporé pulou no canto direito. O gol colorado foi marcado por Davi, que mais tarde casaria com a irmã de Pelé.

23/10/1968 Internacional 1x3 Santos
Olímpico (Porto Alegre)
Torneio Robertão
Com o Beira-Rio em construção e o Eucaliptos tendo uma capacidade menor de público, o Internacional mandou seus jogos no Robertão de 1967 e 1968 no estádio Olímpico. Era aniversário de Pelé, e o público cantou "Parabéns a Você" para o Rei. No 1º tempo o Internacional conseguiu equilibrar as ações, com Tovar marcando Pelé, e a etapa terminou 1x1. No 2º tempo, Pelé passou a jogar mais avançado, obrigando Tovar a jogar quase na linha de zaga. Além disso, o Internacional não conseguiu manter o ritmo intenso da 1ª etapa e a maior qualidade do Santos apareceu. Aos 14', Pelé avançou para a área colorada, ganhou de Scala e frente a frente com Schneider, chutou para as redes, marcando o 2º gol santista.

04/12/1968 Internacional 1x2 Santos

Olímpico (Porto Alegre)
Torneio Robertão
A partida abriu o Quadrangular Final do Robertão (O Santos terminaria como campeão e o Internacional como vice). O Colorado jogou uma grande partida, especialmente no 1º tempo, quando teve o domínio territorial da partida. A velocidade colorada surpreendeu o Santos. Mesmo assim, os dois clubes concluíram a gol o mesmo número de vezes: quatro. Na 2ª etapa, a maior qualidade técnica da equipe santista fez a diferença, tendo o time de Pelé concluído nove vezes a gol, contra duas conclusões coloradas. Entretanto, a vitória santista só veio no final, em um lance infeliz de Jorge Andrade, que, aos 43', ao tentar interceptar um cruzamento santista, de cabeça acabou entregando a bola para Toninho, que foi derrubado por Tovar, dentro da área, quando ia concluir a gol. Carlos Alberto cobrou o pênalti e marcou. Pelé havia feito o 1º gol santista. No final da partida, Daltro Menezes, em entrevista para os repórteres, chamou o juiz argentino Roberto Goycochea (que trabalhava para a Federação Paulista) de "filho da puta, cretino e ladrão".

26/10/1971 Internacional 1x1 Santos

Beira-Rio (Porto Alegre)
Campeonato Brasileiro
Partida marcada por jogadas rápidas e objetivas. Um Internacional em ritmo de campeão (segundo o Jornal dos Sports) dominou completamente o Santos nos primeiros 30 minutos, obrigando Pelé a recuar e auxiliar na destruição de jogadas. No 2º tempo, o Santos foi superior nos primeiros 20 minutos, quando chegou ao seu gol. Depois o Internacional voltou a ser superior, buscando o empate, com a entrada de Bráulio no time. Paulo César Carpegiani acertou dois chutes na trave, aos 25' e 28'. Finalmente, aos 44' Bráulio empatou, fazendo a torcida explodir em festa no estádio.

20/11/1971 Internacional 1x1 Santos

Beira-Rio (Porto Alegre)
Campeonato Brasileiro
O Internacional começou arrasador, com Claudiomiro marcando um gol na saída de jogo. Mas depois dos 20' o Colorado recuou, entregando a iniciativa ao Santos e esperando atuar nos contra-ataques. O Santos passou a dominar o jogo, mas só conseguiu empatar no início da 2ª etapa. Após o gol santista o Internacional voltou a tomar a iniciativa. Pelé, que fez a assistência para o gol santista, ainda salvou o clube da derrota. Aos 14', Valdomiro cobrou falta, Cejas rebateu e quando Claudiomiro ia marcar, Pelé jogou para escanteio. Pouco depois Rildo salvou em cima da linha um chute de Árlem. Nos minutos finais o Internacional voltou a recuar e o Santos pressionou, mas não conseguiu alterar o placar.

05/12/1971 Internacional 1x0 Santos

Morumbi (São Paulo)
Campeonato Brasileiro
Esse jogo decidiu as eleições do Internacional e eliminou o Santos da possibilidade de chegar ao Triangular Final do campeonato brasileiro. Carlos Stchemann concorria à reeleição, mas estava em desvantagem. Bráulio era um dos pontos de discórdia, pois representava o futebol técnico, criticado pela oposição, que defendia o futebol-força e queria o jogador fora da equipe. Apesar de estar abalado pela morte recente de seu avô, Bráulio pediu para jogar. Figueroa, recém contratado, tranquilizou o Garoto de Ouro: "Te quedes tranquilo, que Pelé no vai jugar. Faça a tua parte e ganha o jogo para nós.". Confiante, Bráulio jogou uma grande partida, enquanto o chileno barrou as investidas do Rei. Aos 25' do 1º tempo, Édson Scott, na ponta-esquerda, cruzou para a área, Oberdan cortou de cabeça e a bola caiu nos pés de Bráulio, que a dominou, deixou dois marcadores sentados (Rildo e Paulo), e de perna esquerda (ele era destro), desviou de Cejas, para fazer o único gol do jogo. A melhor chance do Santos ocorreu aos 36' do 1º tempo, quando Douglas cabeceou na trave e na sequência do lance Pelé chutou também na trave. O gol garantiu a vitória de Carlos Stechmann nas eleições, e o fim da influência dos Mandarins na política colorada. O Internacional ainda surpreenderia o Brasil ao derrotar o Atlético no Mineirão, só não se classificando para a final pelo saldo de gols (precisava vencer por 6x0).

28/11/1973 Internacional 0x2 Santos

Beira-Rio (Porto Alegre)
Campeonato Brasileiro
Foi um jogo de pouca qualidade. No início do 2º tempo o Santos abriu o marcador, e o Internacional passou a pressionar pelo empate. Em um contra-ataque, o Santos chegou ao 2º gol, com Pelé. A torcida colorada reclamou de impedimento no 2º gol santista e alguns torcedores chegaram a agredir o assistente Abel Santos. Segundo o Jornal dos Sports, a atuação do juiz foi muito ruim, prejudicando sempre o Internacional (mas diferente do que aparece na matéria, o juiz não era Agomar Martins, e sim Sebastião Rufino).

24/07/1974 Internacional 1x2 Santos

Beira-Rio (Porto Alegre)
Campeonato Brasileiro
A partida valia pela penúltima rodada do Quadrangular Final do campeonato brasileiro. Foi um grande jogo com as duas equipes procurando a vitória, único resultado que as manteriam na luta pelo título. O duelo Pelé x Figueroa encantou a torcida presente no Morumbi. O jogo foi muito equilibrado no 1º tempo, mas aos 32' Brecha abriu o placar para o Santos. Após o gol santista o Internacional jogou-se ao ataque, criando duas grandes chances. Em uma delas Claudiomiro foi derrubado na área, mas o juiz Saul Mendes nada marcou. No 2º tempo, Claudiomiro empatou logo aos 5', aparando cruzamento de Valdomiro. Após o gol colorado o jogo ganhou em movimentação, com as duas equipes buscando a vitória. Nos últimos 10 minutos de jogo o Santos tomou conta do jogo, na base da empolgação, e chegou à vitória. Em uma confusão na área colorada, após o estreante Manga fazer três defesas parciais, a bola sobrou para Fernandinho marcar.

Resumo:
9 partidas
2 vitórias do Internacional
2 empates
5 vitórias do Santos de Pelé
12 gols marcados pelo Internacional
17 gols marcados pelo Santos de Pelé
4 gols marcados por Pelé


sábado, 23 de outubro de 2021

Jogadores do passado - Simão


Reinaldo Vicente Simão nasceu em Barretos (SP), em 23 de outubro de 1968.

O volante Simão começou jogando futebol no Nacional de São Paulo, em 1988. Na temporada seguinte veio para o Rio Grande do Sul, atuar pelo Juventude. Pela equipe de Caxias do Sul enfrentou o Colorado três vezes, no campeonato estadual de 1990.

Simão foi contratado pelo Internacional em 31 de julho de 1990, após ser considerado o melhor jogador do Juventude no campeonato gaúcho. Custou Cr$ 10 milhões, mais os passes dos laterais Júlio César e Paulo Afonso e o empréstimo do meia Jorjão.

Simão estreou no Internacional em 11 de agosto de 1990, em um amistoso contra o Araranguá, no interior de Santa Catarina. A partida, na qual também estreava o técnico Orlando Bianchini, terminou 1x1. No campeonato brasileiro, Simão formou o meio-campo com Caçapava, Alberto e Luís Fernando Gomes, em uma temporada que o clube quase foi rebaixado.

Em 1991 a temporada começou com o campeonato brasileiro. Simão disputaria apenas 9 das 19 partidas do clube pela competição, mas todas como titular. A seguir, na disputa da Copa Governador, Simão marcaria seu primeiro gol pelo Colorado logo na decisão. Em 4 de agosto de 1991 o Internacional bateu o São Luiz por 2x0, ficando com a taça, e Simão abriu o caminho do título ao fazer o primeiro gol do jogo.

Em seguida veio o campeonato gaúcho e logo na segunda rodada Simão voltou a marcar, na vitória de 6x1 sobre o Passo Fundo. Na excursão à Europa, Simão teve uma participação importante no gol que encaminhou a vitória sobre o Rapid Viena, na Copa Joan Gamper. O volante tabelou com Luís Carlos Winck, até o lateral ficar em condições de chutar e abrir o placar do jogo, vencido por 2x0.

Com a queda de Abel Braga e a chegada de Cláudio Duarte, Simão ficou de fora de algumas partidas, mas na reta final do campeonato estadual de 1991 Simão estava no time, participando dos três clássicos decisivos que deram o título ao Colorado.

A temporada de 1992 começou com o campeonato brasileiro. No início, o técnico Antônio Lopes preferiu montar o meio-campo com Júlio, Élson e Marquinhos. Mas Simão atuou em algumas partidas, quando Júlio ou Élson não podiam atuar. Foi de Simão o gol da vitória sobre o São Paulo em 11 de março de 1992 (1x0). A seguir, no campeonato gaúcho e na Copa do Brasil, costumava entrar no time na 2ª etapa. Na campanha do título da Copa do Brasil jogou cinco partidas, contra Muniz Freire, Corinthians, Grêmio (duas vezes) e Palmeiras, sempre saindo do banco. Mas fez parte do elenco campeão.

No campeonato gaúcho Simão também esteve a maior parte do tempo no banco, mas fez valer a Lei do Ex, ao marcar um gol na vitória sobre o Juventude, no Alfredo Jaconi, em 4 de outubro (2x0). Simão não disputou os jogos finais contra o Grêmio.

Em 1993, com a chegada de Ênio Andrade para substituir Antônio Lopes, em emio a primeira fase da Taça Libertadores, Simão voltou a ser titular, jogando as três últimas partidas do torneio continental. Na Copa do Brasil, marcou um gol em 2 de abril de 1993, na vitória de 6x0 sobre o Ji-Paraná. Mas depois dessa partida voltou a figurar no banco de reservas.

Em 14 de julho de 1993 o Internacional venceu o Internacional de Santa Maria por 3x0, no Beira-Rio. Simão entrou no time substituindo Ricardo. Foi sua última partida pelo Colorado. Pouco depois foi negociado com o Corinthians.

Depois do Corinthians, Simão jogou na Portuguesa de Desportos (1994/1995), Shonan Bellmare JAP (1995/1997), Portuguesa de Desportos (1998/2000), São Caetano (2001/2002), Ankaraguçu TUR (2002/2003) e Goiás (2003/2004). Enfrentou o Internacional pelo Corinthians, pela Portuguesa (5 vezes), pelo São Caetano e pelo Goiás. Pela Lusa, em 30 de outubro de 1994 fez o único gol da partida.

Seus números pelo Internacional:
126 partidas
57 vitórias
44 empates
25 derrotas
5 gols marcados
campeão da Copa do Brasil em 1992
campeão gaúcho em 1991 e 1992
campeão da Copa Governador em 1991

sexta-feira, 22 de outubro de 2021

Jogadores do passado - André Luís



André Luís dos Santos Ferreira nasceu em Porto Alegre, em 21 de outubro de 1959.

Sua estreia na equipe profissional do Internacional ocorreu em 24 de maio de 1978. O Internacional disputou um amistoso com o Novo Hamburgo, no Santa Rosa. O Colorado enviou sua equipe reserva, pois no dia seguinte os titulares jogariam pela seleção gaúcha, contra a brasileira. O jogo terminou 0x0 e André Luís, que era zagueiro mas também atuava na lateral-esquerda, entrou no time substituindo Vanderlei.

A partir de agosto, André Luís torna-se presença constante no time, formando a zaga com Paulo Marcos, Beliato ou Larri. A companhia mudava, mas André Luís permanecia. No Gre-Nal da última rodada do hexagonal final do campeonato gaúcho, o Internacional vencia por 2x0, conquistando o título, quando o Grêmio empatou em 2x2, o que provocaria um jogo-extra.  André Catimba, centroavante gremista, já suspenso do jogo seguinte pelo cartão amarelo que havia recebido, agrediu André Luís a socos, provocando a reação do colorado. Os dois foram expulsos. André Luís ficou fora do clássico decisivo, vencido pelo Internacional por 2x1. Mas conquistou seu primeiro título pelo Colorado.

Na temporada de 1979, novamente André Luís começou como titular, jogando ao lado de João Carlos, Beliato ou Bob. Novamente a companhia mudava, mas André Luís permanecia. Porém, em 8 de abril de 1979, na vitória por 2x1 sobre o Caxias, André Luís sofreu uma grave lesão que o afastaria dos gramados por dez meses.

Enquanto André Luís lutava para voltar a jogar futebol, o Internacional contratava Mauro Pastor e revelava Mauro Galvão. Somente em 3 de fevereiro de 1980, em um amistoso contra o Cascavel, André Luís voltaria a jogar, entrando no time durante a partida, substituindo Beliato. Em fevereiro de 1980, com Mauro Galvão fora do time, André Luís foi titular ao lado de Mauro Pastor. Mas com a volta de Galvão, André foi para o banco. Mas em junho, com a lesão de Cláudio Mineiro, André Luís assumiu a lateral-esquerda. Pela Taça Libertadores, enfrentou o América de Cali, na Colômbia, e jogou a primeira partida da decisão. Na excursão à Europa, foi titular da zaga ao lado de Mauro Pastor. Manteve a posição no Gauchão até outubro. Mas a temporada de 1980 terminou sem títulos.

Na temporada de 1981 André Luís foi titular em várias partidas, pois Mauro Galvão foi improvisado como meia. No campeonato brasileiro a campanha foi regular. E no campeonato gaúcho, André Luís estava em campo no dia 29 de novembro, quando o Colorado empatou em 1x1 com o Grêmio e conquistou o título gaúcho. Foi o maior público em Gre-Nal no Olímpico (73.183 pessoas).

Em 1982, com a volta de Mauro Galvão para a zaga, ao lado de Mauro Pastor, e com Rodrigues Neto na lateral-esquerda, André Luís retornou ao banco. Mas mesmo assim foi notícia na imprensa nacional, com sua paixão pelo carnaval.

Em março, durante o campeonato brasileiro, Mauro Galvão voltou ao meio-campo e André Luís ao time titular. Depois do campeonato nacional, voltou ao banco, mas entrando na maioria das partidas, atuando em amistosos e no Torneio dos Campeões. E no campeonato gaúcho, com a saída de Rodrigues Neto, alternou-se com Mauro Galvão na zaga e lateral-esquerda. Na excursão à Europa, André Luís marcou um gol na decisão por pênaltis que eliminou o Barcelona. E em 25 de agosto de 1982 André Luís ergueu a taça de campeão do torneio, após o Colorado bater o Manchester City por 3x1.

No campeonato gaúcho, André Luís chegou a ficar no banco em algumas partidas. Mas no Gre-Nal decisivo de 28 de novembro ele foi titular na lateral-esquerda e o principal responsável para que Renato Portaluppi fosse expulso por reclamação aos 27' do 1º tempo. O ponteiro não conseguia levar a melhor sobre o lateral. O Internacional venceu o clássico por 2x0 e foi bicampeão gaúcho.
Em 1983 André Luís foi titular, as vezes na zaga, as vezes na lateral-esquerda. Foi campeão dos torneios Costa do Pacífico e Costa do Sol. E no dia 23 de novembro, no Beira-Rio, o Colorado bateu o São Borja por 2x0 e conquistou o tricampeonato gaúcho, com André Luís no time.

Em 1984, como lateral-esquerdo, André Luís foi titular no campeonato brasileiro. A seguir, após umas partidas de folga, disputou as três últimas partidas do Torneio Heleno Nunes, vencido pelo Internacional. No Japão, conquistaria a Copa Kirin. O título colorado no Torneio Heleno Nunes levou o Internacional a ser convidado para ser a base da Seleção Olímpica Brasileira. E André Luís estava entre os convocados. Titular da seleção, André Luís jogou contra a Arábia Saudita (3x1) e Alemanha Ocidental (1x0). Suspenso pelos cartões amarelos, não jogou contra o Marrocos, mas voltou ao time contra o Canadá. O empate em 1x1 levou a decisão por pênaltis, e André Luís fez o gol da classificação brasileira. Na semifinal o Brasil bateu a Itália (2x1), mas perdeu a decisão para a França (0x2). Mesmo assim foi um resultado histórico, pela primeira vez o Brasil conquistava uma medalha olímpica no futebol.

De volta ao Brasil, conquistaria o tetracampeonato gaúcho.

Na temporada de 1985, André Luís disputou o campeonato brasileiro, onde o Colorado não chegou às semifinais ao perder para o Bangu, no Beira-Rio, por 2x1. André Luís fez o gol colorado. Sua última partida pelo clube ocorreu em 1º de agosto de 1985, um amistoso em que o Internacional foi derrotado pelo Santa Cruz, nos Plátanos, por 1x0.

Depois do Colorado, André Luís jogou no Bahia (1986), Coritiba (1986), São José SP (1987/1988), Bangu (1988), São José SP (1989), Sport (1989/1991), Taubaté (1991), Bandeirante (1992), Ypiranga (1993), Palmeirense (1994) e Catanduvense (1995/1996).

Entre 1997 e 2002 André Luís trabalhou como auxiliar técnico do Internacional, seguindo a carreira depois em outros clubes.

Seus números pelo Internacional:
351 partidas
187 vitórias
111 empates
53 derrotas
29 gols
campeão gaúcho em 1978, 1981, 1982, 1983 e 1984
campeão do Torneio Heleno Nunes em 1984
campeão da Copa Joan Gamper em 1982
campeão do Torneio Costa do Pacífico em 1983
campeão do Torneio Costa do Sol em 1983
campeão da Copa Kirin em 1984

Suas vítimas:
3 gols
Juventude
2 gols
Internacional SM, Novo Hamburgo, São Borja, Guarany BA, Santa Cruz RS, Anapolina e Atlético MG
1 gol
São Gabriel, Armour, Caxias, Bagé, São Paulo RG, Aimoré, Operário MT, Bangu, Corinthians, Seleção Universitária do Japão, Independiente ARG e Roma ITA

quarta-feira, 20 de outubro de 2021

Jogadores do passado - Mauro Pastor


Mauro Rodrigues dos Santos nasceu em Pradópolis (SP) em 20 de outubro de 1952.

O zagueiro Mauro começou a carreira no ESAU, clube formado por funcionários de uma empreiteira, que jogava na várzea de Pradópolis. Pouco depois foi atuar no Juventus de Guariba, clube que começaria a disputar a 3ª divisão paulista em 1974. Mas nesse mesmo ano Mauro foi contratado pela Ferroviária de Araraquara, que disputava a 1ª divisão.

Seu futebol técnico o levou a ser convocado para a Seleção Paulista que enfrentaria o Brasil, em 1977. Na época o Internacional fez sua primeira tentativa de contratá-lo, assim como o São Paulo, que chegou a levá-lo para fazer exames médicos no Morumbi. Continuando na Ferroviária, no final do ano ele conquistaria o título do Torneio Incentivo.

Mauro defenderia a equipe do interior paulista até o início de 1979. Em 11 de abril de 1979 ele foi contratado pelo Internacional por Cr$ 2 milhões. A origem do seu apelido tem duas versões: em uma delas ele o teria recebido dos seus colegas de Ferroviária, por ser evangélico. Segundo outra versão, Mauro seria católico, mas um empresário paulista, tentando "melar" a negociação do jogador com o Internacional, teria dito aos dirigentes colorados que Mauro era pastor evangélico em Araraquara e não iria ficar distante da cidade. O fato é que o apelido só apareceu quando o jogador passou a atuar no Internacional, como forma de diferenciar do jovem zagueiro Mauro Galvão, que logo subiu da base para o time principal.

A estreia de Mauro Pastor ocorreu em 2 de maio de 1979, na vitória colorada por 2x0 sobre o Guarany de Bagé. A partida ocorreu no Beira-Rio e era válida pelo campeonato gaúcho. Nas cinco partidas seguintes Mauro Pastor não jogou, mas depois entrou no time e não saiu mais. No campeonato gaúcho de 1979 o Internacional teve um desempenho ruim, ficando em 3º lugar. Mas no campeonato brasileiro a história seria diferente. O Colorado sagraria-se tricampeão brasileiro, de forma invicta. E Mauro Pastor teve papel importante, sendo um dos grandes responsáveis pela segurança da zaga. Também fez um gol, contra o Goytacaz, no Beira-Rio, em 7 de novembro. O Internacional venceu por 1x0, em partida disputada sob forte chuva.

A temporada de 1980 começou muito bem para Mauro Pastor. O Colorado fazia grande campanha no campeonato brasileiro e na Taça Libertadores. Em várias partidas Mauro Pastor era escolhido o melhor jogador em campo. Em uma delas, em 14 de maio, o Internacional bateu o Palmeiras por 2x1, com Mauro Pastor marcando o gol da vitória. Em junho o zagueiro colorado foi convocado para a Seleção Brasileira, disputando três amistosos (2x0 México, 1x2 União Soviética e 1x1 Polônia). Mas depois vieram os tropeços do ano. Sem Falcão, o Colorado perdeu a semifinal do Brasileiro para o Atlético Mineiro. Na Libertadores, o time perdeu a final para o Nacional. E no final do ano, na véspera da convocação para o Mundialito, Mauro Pastor lesionou-se e ficou de fora do torneio, não recebendo mais chances na Seleção Brasileira.

Em 1981 o Internacional começou a temporada fazendo boa campanha no campeonato brasileiro. Novamente contra o Palmeiras, Mauro Pastor marcaria duas vezes, na vitória colorada por 6x0. Mas a lesão de Batista atrapalharia os sonhos de título e o Colorado caiu nas quartas-de-final, diante do São Paulo. No campeonato gaúcho, porém, a história seria diferente e Mauro Pastor sagrou-se campeão gaúcho com o Internacional.

Em 1982 o Colorado teve participação discreta no campeonato brasileiro e no Torneio dos Campeões. Mas no meio do ano Mauro Pastor foi campeão da Copa Joan Gamper. No campeonato gaúcho, marcou um gol no Gre-Nal de 10 de outubro, que terminou empatado em 2x2. Foi seu último gol com a camiseta colorada. Na reta final do campeonato chegou a ficar sete partidas fora da equipe, por lesão, mas voltou exatamente no Gre-Nal decisivo, vencido pelo Internacional por 2x0.

O Internacional novamente não foi bem no campeonato brasileiro de 1983. Mas nas excursões à América do Norte e Europa Mauro pastor ajudaria a equipe a conquistar algumas taças. Nos Estados Unidos e Canadá o clube conquistou o Torneio Costa do Pacífico, e na Espanha venceu o Torneio Costa do Sol. E no campeonato gaúcho o clube chegou ao tricampeonato.

Em 1984 o Internacional fez uma campanha regular no campeonato brasileiro, ficando de fora das semifinais ao perder para o Bangu. Pouco depois, no aniversário do clube, em 4 de abril, o Internacional venceu a Udinese por 1x0. Foi a última partida de Mauro Pastor pelo Internacional. Embora sempre fosse titular em todas as temporadas que atuou no Internacional, o zagueiro já tinha 31 anos (que era uma idade elevada na época) e o Colorado tinha, além de Mauro Galvão, Pinga e Aloísio vindos da base e pedindo passagem. Assim, ainda em abril de 1984 Mauro Pastor foi negociado com o Colorado de Curitiba. Depois, entre 1985 e 1988 voltaria a atuar na Ferroviária, clube no qual é considerado um dos maiores zagueiros da história. Mauro Pastor ainda jogaria no Comercial de Ribeirão Preto (1989/1990) e Independente de Limeira (1990/1993).

Atualmente Mauro Pastor vive em Araraquara.

Seus números no Internacional:
322 partidas
172 vitórias
96 empates
54 derrotas
13 gols marcados
campeão brasileiro em 1979
campeão gaúcho em 1981, 1982 e 1983
campeão da Copa Joan Gamper em 1982
campeão do Torneio Costa do Pacífico em 1983
campeão do Torneio Costa do Sol em 1983

Suas vítimas:
3 gols
Palmeiras
2 gols
Internacional SM
1 gol
Grêmio, Brasil de Pelotas, São Borja, Lajeadense, Estrela, Farroupilha, Goytacaz e Flamengo