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domingo, 28 de agosto de 2022

Jogadores do passado - Tonho


Antônio José Gil, o Tonho, nasceu em Criciúma (SC) em 28 de agosto de 1957.

Tonho começou a carreira nas categorias de base do Figueirense, transferindo-se para o Internacional em 1976, ainda na condição de juvenil.

Sua estreia na equipe principal ocorreu em 25 de maio de 1977. Para enfrentar o Internacional de Santa Maria, no Beira-Rio, pelo campeonato gaúcho. O técnico Carlos Castilhos decidiu enviar uma equipe reserva a campo. O Internacional venceu por 3x0 e Tonho foi o titular, formando o meio campo com Bolinha e Escurinho. No mês de agosto, Tonho jogaria mais três partidas pelo estadual, duas como titular e uma entrando durante o jogo: Esportivo (0x0), Cruzeiro (4x0) e Santa Cruz (1x1).

O Internacional perdeu o título estadual, e Tonho só voltou ao time em outubro, pelo campeonato brasileiro. Desfalcado de Falcão, o Internacional jogou com Tonho contra o Coritiba, no Couto Pereira. O Colorado venceu por 3x1 e Tonho marcou o primeiro gol do jogo. No jogo seguinte, contra o Joinville, no Beira-Rio, o Internacional venceu por 5x0. Mas com a volta de Falcão, Tonho saiu do time.

No início da temporada de 1978 Tonho disputou a Taça São Paulo pela equipe de juniores. Titular, jogou em todas as partidas da campanha do título. Em seguida se tornou uma figura constante nos jogos do campeonato brasileiro. Mesmo reserva, entrou em várias partidas. Das 41 partidas que o Internacional disputou no campeonato, Tonho jogou 11, sendo 9 consecutivas. Marcou gols contra o Figueirense (1x1) e Goytacaz (2x1). No campeonato gaúcho, Tonho atuou em 15 das 39 partidas. Em 15 de setembro de 1978, no Beira-Rio, o Internacional venceu o Grêmio por 1x0, gol de Tonho, classificando-se para a final do 1º turno. Foi o único gol dele no estadual. Tonho estava em campo no clássico de 13 de dezembro, onde o Internacional vencia por 2x0 e cedeu o empate, obrigando a realização de um clássico extra para decidir o título. No dia 17 o Internacional venceu por 2x1 e conquistou o título, mas Tonho não jogou.

Em 1979, Tonho foi titular ne excursão colorada à Argentina, em fevereiro. Também começou o campeonato gaúcho como titular, sempre por desfalque de Caçapava, falcão ou jair (o trio titular). Mas entre abril e junho, Tonho jogaria apenas três partidas. Em julho, porém, novamente por causa de desfalques, Tonho voltou a ser figura comum no time. Das últimas 21 partidas do estadual, Tonho disputou 19, marcando gols contra Brasil de Pelotas (3x0) e Novo Hamburgo (5x0). O Internacional ficaria em 3º lugar na competição. No campeonato brasileiro de 1979, Tonho atuou em 4 partidas: Santa Cruz (2x1), Figueirense (1x0) e São Paulo de Rio Grande (3x1). Assim, participou da campanha do tricampeonato brasileiro invicto.

Na temporada de 1980, Tonho jogou três partidas pelo campeonato brasileiro, em fevereiro e março: Mixto (3x1), Flamengo (0x1) e Ferroviário (3x2). Mas só voltaria ao time em junho. E na sua segunda partida de retorno, uma parada difícil: substituir Falcão, lesionado, na partida contra o Vélez Sarsfield. No dia 13 de junho de 1980, o Colorado enfrentava a equipe argentina no estádio José Amalfitani, pela Taça Libertadores. O Internacional venceu por 1x0, gol de Tonho, aos 36' do 2º tempo. O Colorado tornou-se o terceiro brasileiro a vencer um jogo de Taça Libertadores na Argentina. Tonho chegou a disputar a primeira partida da final da Taça Libertadores, em 31 de julho, mas não jogou em Montevidéu, no dia 6 de agosto. Quando o Internacional foi excursionar à Europa, logo depois da Libertadores, Tonho ficou com os reservas, disputando o campeonato gaúcho. Em setembro e outubro ainda jogaria mais cinco partidas pelo estadual. Neste campeonato marcou contra São Paulo de Rio Grande e Esportivo, mas o título não veio.

Em 1981, Tonho disputou 9 das 19 partidas do Internacional no campeonato brasileiro. Depois do fim do campeonato, Tonho jogaria apenas mais uma, um amistoso contra o Joinville, em 10 de maio de 1981. O Internacional perdia por 4x1, quando Tonho foi expulso, aos 20' do 2º tempo. Com dois jogadores a menos (Mário Sérgio havia sido expulso no início do jogo), Cláudio Duarte ordenou o cai-cai para os jogadores. Sem o número mínimo de atletas, o juiz decretou o fim da partida. Dias depois, Tonho foi negociado com o Operário de Campo Grande, como parte do pagamento de Arturzinho. Apesar de um começo promissor, Tonho não confirmou as grandes expectativas depositadas em seu futebol. No início da carreira chegou a ser considerado um novo Falcão por parte da imprensa esportiva gaúcha.

Em 1982 Tonho retornou a Porto Alegre, para jogar no Grêmio, participando da campanha da Taça Libertadores de 1983 e ficando no banco de reservas na Copa Toyota.

Em 1984 Tonho foi emprestado ao Aimoré e quando jogava no clube foi convocado para a Seleção que disputaria as Olimpíadas de Los Angeles. Tonho jogou todas as seis partidas da campanha da medalha de prata.

A seguir, Tonho jogou no Figueirense (1985), Internacional SP (1986), São José SP (1987/1989), Ponte Preta (1989/1990), São Paulo RG (1991) e São José CS (1993). Em Cachoeira do Sul encerrou a carreira de jogador e começou a carreira de técnico.

Seus números no Internacional:
115 partidas
60 vitórias
34 empates
21 derrotas
9 gols
Campeão brasileiro em 1979
Campeão gaúcho em 1978
Campeão da Taça São Paulo em 1978


sábado, 27 de agosto de 2022

Nossos títulos: Torneio Extra de 1950


Em 1950 a primeira competição oficial foi o Torneio Extra.

Logo na estreia, o Internacional teve pela frente o seu maior rival, o Grêmio. O clássico foi disputado no estádio da Montanha, em 1º de abril de 1950. A Camisaria Big-Extra ofereceu como prêmio uma camisa para os autores do 1º e último gol do clássico. O Grêmio era apontado como favorito, pois o Internacional estava desfalcado de Adãozinho e Nena, que estavam na seleção brasileira. E aos 35' do 1º tempo o Grêmio começava a confirmar o favoritismo, com um gol de Apis. Mas aos 40' do 2º tempo Ghizzoni empatou a partida.


O Internacional ficaria vários dias disputando apenas amistosos, até que em 22 de abril voltou a jogar pelo Torneio Extra. Ainda na Montanha, o Colorado enfrentou o Corinthians (ex-Força e Luz). Julinho Só colocou o Corinthians em vantagem, mas ainda no 1º tempo Ruaro e Ghizzoni viraram o jogo. Na 2ª etapa, Mujica confirmou a vitória colorada por 3x1.

No dia 29 de abril o adversário colorado era o Cruzeiro, na Timbaúva. Era novamente um sábado, assim como as duas partidas anteriores. A partida esteve igualada por 80 minutos. Mas aos 36' do 2º tempo Mujica abriu o placar para o Internacional, e Ênio Andrade ampliou aos 42'. Internacional 2x0.

A competição ficou paralisada por várias semanas, com os preparativos para a Copa do Mundo, que teria jogos em Porto Alegre. A bola só voltou a rolar pelo Torneio Extra após a primeira fase da Copa do Mundo. Em 9 de julho de 1950, no mesmo dia em que o Brasil vencia a Suécia por 7x1, pelo Mundial, no estádio Tiradentes o Internacional derrotava o São José por 5x2. E o Zequinha até tentou dar trabalho. Mujica abriu o placar para o Internacional, mas Rubinho empatou. Ainda no 1º tempo, porém, Herculano, cobtrando pênalti, colocou o Internacional na frente. Mas logo aos 5' do 2º tempo, Aldeia, também de pênalti, voltou a empatar o jogo. No minuto seguinte, entretanto, Herculano voltou a marcar. Um terceiro pênalti resultou em mais um gol de Herculano, e Mujica completou os 5x2.


Em 13 de agosto o adversário foi o Nacional, na Montanha. No 1º tempo o Internacional saiu na frente com gol de Adãozinho. Mas em um chute de Valdir, que desviou em Nena, o Nacional chegou ao empate, ainda no 1º tempo. Aos 20' do 2º tempo, Carlitos cobrou escanteio e Camargo segurou Ruaro dentro da área, impedindo que ele saltasse para cabecear. O juiz marcou pênalti, cobrado e convertido por Herculano. Final: Internacional 2x1.

Em 24 de agosto, o Internacional enfrentava o Renner, na Baixada. Em caso de empate ou vitória rennista, o Grêmio seria campeão do Torneio Extra. Em caso de vitória colorada, seria necessário realizar um clássico extra para decidir o torneio. Comandado por Herculano, o Internacional tomou conta da partida. O atacante marcou dois gols no 1º tempo. Sabiá descontoiu para o Renner na 2ª etapa, e logo depois Cabano foi expulso, deixando os "industriários" com 10 homens. Sem forças para reagir, o Renner ainda sofreu um terceiro gol de Herculano.

No dia 27 de agosto, na Montanha, ocorreu o Gre-Nal extra para decidir o Torneio Extra. Na preliminar, pelo campeonato da 2ª categoria (amadores), o Farroupilha venceu o Sarandi por 1x0. No jogo principal, a partida foi equilibrada, com leve preponderância do Internacional até os 22' do 2º tempo. Nesse minuto, Adãozinho passou para Mujica, que levantou a bola na área. Herculano entrou na jogada e de peito tocou para Carlitos. O veterano ponteiro, com um toque de leve, enganou Joni (zagueiro) e Sérgio (goleiro), sobrando a bola para Herculano, que de meia-virada mandou-a para as redes. Internacional 1x0! O Grêmio jogou-se desesperadamente ao ataque, buscando o empate, mas não conseguiu alterar o placar.



Nossos títulos - Torneio Costa do Sol 1983


O Troféo Costa del Sol era um tradicional torneio de pré-temporada, disputado em Málaga, desde 1961. A prefeitura local e o Club Deportivo Málaga organizavam a competição, com o apoio da Real Federação Espanhola de Futebol.

A competição deixou de ser realizada em 1981 e 1982 devido às obras no estádio La Rosaleda, visando à Copa do Mundo de 1982, realizada na Espanha. Mas em 1983 voltou a ser organizado. Além dos donos da casa, o Málaga, foram convidados o Zaragoza, também da Espanha, o mexicano América e o Internacional.

No dia 26 de agosto de 1983 o Málaga enfrentou o América. Após um empate em 1x1, o América venceu nos pênaltis: 3x2.

No dia 27 de agosto de 1983, 8 mil pessoas compareceram a La Rosaleda para assistir Internacional x Zaragoza. O clube espanhol contava com o paraguaio Raúl Amarilla e com o argentino Valdano. Havia ficado em 6º lugar no campeonato espanhol de 1983 e ficaria em 7º no campeonato de 1984. No 1º tempo os espanhóis foram superiores, mas contaram com a ajuda do juiz Socorro González. Aos 15' o juiz marcou um pênalti inexistente para o Zaragoza. Senor cobrou e converteu, Zaragoza 1x0. Aos 38' Herrera ampliou para os espanhóis. O juiz ainda anularia um gol de Raúl Amarilla. No 2º tempo, o Zaragoza começou melhor, mas o Colorado começou a igualar o jogo. Mesmo assim, aos 27' do 2º tempo o juiz marcou novo pênalti inexistente para o Zaragoza. (1) Tudo indicava uma vitória tranquila dos espanhóis, mas Valdano cobrou o pênalti e Benítez defendeu. E logo começou a reação colorada, comandada por Edevaldo. Aos 29' o juiz marcou pênalti para o Internacional. Edevaldo cobrou e converteu. Aos 35', cobrando falta, Edevaldo empatou o jogo. A vaga para a final seria decidida nos pênaltis.

Na 1ª série de pênaltis, Edevaldo converteu, Garcia Cortez converteu, André Luiz converteu, Juan Morgado converteu e Ruben Paz converteu. Juan Barbas cobrou o terceiro pênalti espanhol, mas Benítez defendeu. Porém, na sequência, Dunga cobrou e Vitalier também defendeu. Juan Señor converteu seu pênalti, empatando a decisão. Vitalier defendeu a cobrança de Ademir. e ficou tudo nos pés de Raúl Amarilla. Mas Benítez defendeu e manteve o Colorado vivo. Na 2ª série, Beretta chutou na trave e novamente o Zaragoza ficou a uma cobrança da final. Mas Benítez defendeu a cobrança de Pedro Herrera. Na 3ª série, Tarcísio e Valdano marcaram, ocorrendo o mesmo com Mauro Galvão e Salva Navarro na 4ª série. Na 5ª série, Geraldão marcou e Benítez defendeu a cobrança de Casuco, classificando o Internacional.

No dia 27 de agosto, O Zaragoza bateu o Málaga por 1x0 na decisão do 3º lugar. Na grande final, o Internacional entrou em campo com uma motivação extra: em 31 de julho, em um amistoso na Cidade do México, o Colorado havia perdido por 5x2 para o mesmo adversário. E desde o início os colorados dominaram o jogo. Aos 15' do 1º tempo Ruben Paz fez uma jogada pessoal magistral e abriu o placar. O jornal Mundo Deportivo, de Barcelona, assim definiu o lance: "A los 15 minutos, el uruguayo Ruben Paz realizó una brillantísima jugada individual, similar a la de Maradona en el Gamper." Aos 34', Ruben Paz cobrou falta cruzando a bola para a área e Sílvio completou, de cabeça. Internacional 2x0. O Colorado ainda teve chances de ampliar o placar, mas o resultado ficou no 2x0. No 2º tempo o Internacional administrou o jogo, principalmente após a expulsão de Silvinho.


Equipe colorada no jogo do título: Benítez; Edevaldo, Mauro Pastor, Mauro Galvão e André Luís; Ademir, Dunga (Renê) e Ruben Paz; Sílvio (Gérson), Geraldão e Silvinho. Técnico: Dino Sani.

Ruben Paz foi escolhido o melhor jogador do torneio.

(1)A avaliação de que os pênaltis foram inexistentes é do jornal espanhol Mundo Deportivo, que também considerou o pênalti colorado inexistente.

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Jogadores do passado - Barros


Hélio di Primio Beck nasceu em 23 de agosto de 1904, em Santa Maria. Seu pai, Oswaldo Frederico Beck, era criador de gado em Cruz Alta e membro do Partido Republicano. Em 1909 Oswaldo foi nomeado vice-intendente de Cruz Alta. Mas em 8 de abril de 1911 o pai de Hélio faleceu, quando o menino tinha apenas 6 anos. A partilha dos bens gerou uma disputa judicial e talvez por isso a família tenha se mudado para Porto Alegre, onde Hélio começou a estudar.

Em sua primeira passagem por Porto Alegre, Hélio teria chegado a atuar nos filhotes do Internacional, em 1915 (informação a ser comprovada). Pouco depois mudou-se para Santa Maria, onde jogou no Colégio Marista. Em 1922 atuou no Tamandaré de Santa Maria, como zagueiro. Retornou a Porto Alegre em 1923, para cursar a Faculdade de Agronomia, ingressando no Internacional.

O nome Barros veio de seu apelido, "João de Barro". No Colorado, Barros atuaria de ponteiro-direito. Sua estreia ocorreu em 17 de junho de 1923. Na Chácara dos Eucaliptos o Internacional enfrentava o Tabajara, pelo campeonato municipal. Barros tinha a difícil tarefa de substituir Rosário. O Colorado venceu por 7x2 e Barros marcou dois gols. Barros tomou conta da posição e disputou todas as partidas restantes do ano. Em seu primeiro Gre-Nal, em 23 de setembro, o Colorado perdeu por 3x2, mas Barros abriu o placar do jogo.

Na temporada, Barros ainda marcaria contra o São José (5), Americano (2), Tabajara (2) e Ypiranga. Por sua excelente qualidade de finalização, Barros ficou conhecido como o "Terror dos goleiros". Na temporada de 1924 Barros ficou de fora apenas de um amistoso com o Ruy Barbosa. Balançou as redes contra Juvenil (2), Porto Alegre, Cruzeiro e São José.

Em 1925 Barros atuou em todas as partidas da temporada. E continou marcando gols. Em 10 de maio de 1925, pelo camponato municipal, o Internacional venceu o São José por 5x0 e Barros marcou quatro gols. Em 24 de maio, em um clássico que valia a liderança do campeonato, Internacional e Grêmio ficaram no 3x3 (primeiro empate da história do clássico). O juiz anulou dois gols do Internacional, mas Barros deixou sua marca duas vezes, empatando a partida em 1x1 e 3x3.


Em 30 de agosto de 1925, o Internacional venceu, na Chácara dos Eucaliptos, a Seleção de Santana do Livramento. A partida terminou 2x0 e Barros fez o segundo gol. Com esse resultado o Internacional conquistou o bronze "Joalheria Foernges".
Foto: Guilherme Mallet

No Gre-Nal de 11 de outubro de 1925, a partida terminou 2x2 e Barros marcou os dois gols colorados. Na temporada, Barros também marcou gols contra o Cruzeiro (5) e Novo Hamburgo.

Em 1926 novamente Barros jogou todas as partidas da temporada. No Gre-Nal de 27 de junho, o Internacional foi derrotado por 4x1, mas Barros deixou sua marca mais uma vez.

No Gre-Nal do 2º turno, em 14 de novembro, o Internacional foi derrotado por 4x3, mas Barros marcou seu gol. Na temporada também marcou contra Cruzeiro (3), Porto Alegre (3), Americano (2), São José e Rio Grande.

Na temporada de 1927 Barros não jogou o primeiro amistoso. Era a primeira partida do Internacional, desde 15 de agosto de 1924, sem Barros na equipe. Mas no retorno ao time, já pelo campeonato municipal, Barros marcou dois gols na vitória por 6x1 sobre o Americano. No Gre-Nal do 1º turno Barros não marcou, mas o Internacional venceu por 3x2. Barros não jogou as duas partidas seguidas em maio, mas voltou ao time no Gre-Nal do returno, em 12 de junho, na Baixada. O Internacional venceu por 3x1 e Barros marcou duas vezes.


No final da temporada Barros sagrou-se campeão municipal. Em seguida viria o título gaúcho. Na partida final o Internacional venceu o Bagé por 3x1 e Barros marcou dois gols.

Na temporada de 1927 Barros também marcou contra Pelotas, São José, Novo Hamburgo, Porto Alegre e Itapuí.

A temporada de 1928 seria uma das mais complicadas da vida do clube. O Internacional sequer realizou amistosos preparatórios, começando a jogar direto no campeonato municipal, após quase sete meses de inatividade. Na estreia, vitória por 2x0 sobre o São José, com Barros marcando o primeiro gol. Depois o atacante ficou de fora de duas partidas, voltando em um desastroso amistoso com o Americano, quando o Internacional perdeu por 7x2. Mais uma partida fora e Barros voltou no Gre-Nal do 1º turno, em 10 de junho de 1928. O Grêmio vencia um jogo nervoso por 3x2, quando aos 28' do 2º tempo, Maysonave (zagueiro gremista) cometeu dois pênaltis consecutivos, não marcados pelo árbitro Carlos Froelich. A partida ficou paralisada, com a reclamação de jogadores e torcedores colorados. No meio da confusão, o torcedor Farias Ortiz invadiu o campo e esbofeteou o juiz e a partida foi suspensa. Em 12 de junho de 1928, a APAD (Associação Porto Alegrense de Desportos) decidiu confirmar a vitória gremista, punindo os colorados Lampinha com 8 jogos de suspensão por agredir o juiz, e Ribeiro e Barros com 4 jogos, por ofenderem o árbitro. A punição gerou revolta nos meios esportivos da capital, especialmente nos casos de Ribeiro e Barros. Dias depois a própria APAD diminuiu a punição pela metade e em seguida anistiou os atletas. Mas Barros, profundamente ofendido com a liga, decidiu encerrar a carreira.

Em dezembro de 1928 Barros formou-se em agronomia e mudou-se para o interior, indo viver na Estância São Felipe, em Júlio de Castilhos, com sua esposa Isabel Machado Beck. A mesma fazia parte das terras da Estãncia do Ivaí, que havia pertencido a seu avô. Em 1935 Hélio di Primio Beck reaparece na imprensa, em meio aos festejos do Centenário Farroupilha, tendo apresentado um potrilho crioulo para a exposição, recebendo a medalha de bronze. Barros faleceu em 12 de julho de 1974, em Cruz Alta.

Seus números no Internacional:
71 partidas
43 vitórias
9 empates
19 derrotas
56 gols
Campeão Gaúcho em 1927
Campeão Municipal em 1927

segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Internacional x Avaí


Todos os jogos Internacional x Avaí:

28/03/1943 Internacional 5x3 - Amistoso - F
01/03/1973 Internacional 3x0 - Amistoso - C
13/03/1974 Internacional 2x1 - Campeonato Brasileiro - F
19/09/1974 Internacional 4x0 - Campeonato Brasileiro - F
21/11/1977 empate 0x0 - Campeonato Brasileiro - F
14/02/1987 empate 0x0 - Amistoso - F
25/07/1997 Avaí 2x1 - Amistoso - F
27/01/2000 Internacional 1x0 - Copa Sul-Americana - F
09/02/2000 Internacional 3x1 - Copa Sul-Americana - C
13/01/2001 Internacional 3x2 - Amistoso - F
06/07/2006 Avaí 1x0 - Amistoso - F
31/05/2009 Internacional 2x1 - Campeonato Brasileiro - C
06/09/2009 Internacional 2x0 - Campeonato Brasileiro - F
25/10/2010 Internacional 1x0 - Campeonato Brasileiro - F
14/11/2010 Avaí 3x2 - Campeonato Brasileiro - C
21/07/2011 Internacional 3x1 - Campeonato Brasileiro - F
16/10/2011 Internacional 4x2 - Campeonato Brasileiro - C
17/05/2015 Internacional 1x0 - Campeonato Brasileiro - C
30/08/2015 Avaí 3x0 - Campeonato Brasileiro - F
17/02/2016 Internacional 3x0 - Campeonato da Primeira Liga - C
02/06/2016 Internacional 2x0 - Campeonato Brasileiro - C
17/10/2016 Internacional 2x0 - Campeonato Brasileiro - F
01/05/2022 empate 0x0 - Campeonato Brasileiro - C

Resumo:
23 partidas
16 vitórias do Internacional
3 empates
4 vitórias do Avaí
44 gols do Internacional
20 gols do Avaí

domingo, 21 de agosto de 2022

Um jogo - Internacional 2x1 Palmeiras - 21/08/1971


Em 1971 a Confederação Brasileira de Desportos (CBD) decidiu organizar o primeiro campeonato brasileiro.

O regulamento previa que os 20 clubes fossem divididos em dois grupos de 10. Todos os 20 se enfrentariam em turno único, classificando-se para a 2ª fase os 6 melhores de cada grupo. Os 12 classificados seriam divididos em três quadrangulares, saindo o campeão de cada um deles para o Triangular Final.

O Internacional não teve um bom começo. Empatou em casa com o Fluminense (0x0) e perdeu para o Cruzeiro (0x2) no Mineirão. Na terceira rodada enfrentava, em casa, a forte equipe do Palmeiras. O adversário tinha, entre outros jogadores, Leão, Luís Pereira, Ademir da Guia e Leivinha.

Um grande público compareceu ao estádio Beira-Rio no dia 21 de agosto de 1971, às 15 horas e 30 minutos de um sábado, para empurrar a equipe. Foram 49.430 torcedores (43.350 pagantes). Quando a bola rola, o Palmeiras tenta impor seu ritmo de jogo mais cadenciado, baseado na dupla de meio campo Dudu e Ademir da Guia. Mas desde o início o Internacional impôs um ritmo forte, veloz, de pressão, encurralando o Palmeiras em seu campo. O meio campo colorado, formado por Carbone, Bráulio e Dorinho, jogava avançado. Os laterais Edson Madureira e Jorge Andrade subiam no apoio. E os atacantes Valdomiro, Claudiomiro e Benê enlouqueciam o goleiro Leão com seus chutes.

Logo aos 15 minutos, Jorge Andrade lançou Valdomiro, que avançou pela direita. Ao chegar na altura da grande área, o ponteiro cruzou. Benê subiu alto e cabeceou para as redes. Internacional 1x0.

O Colorado manteve o ritmo forte. Leão brigava com Dudu, Nelson e Dé, que sem conseguir vencer a marcação alta colorada, trocavam passes perigosos dentro da área. Mas o tempo foi passando e o ritmo colorado foi naturalmente diminuindo um pouco. Mesmo assim, aos 44 minutos, Bráulio pegou a bola na intermediária e avançou, sem sofrer combate. Ao invadir a área, Bráulio driblou Nelson, Luís Pereira e o goleiro Leão. Quando ia marcar o gol, foi derrubado por Luís Pereira. O juiz José Aldo Pereira não teve dúvidas em marcar o pênalti. Claudiomiro cobrou forte, rasteiro, no canto direito de Leão, e ampliou. Internacional 2x0.

No segundo tempo, as mudanças deram um novo caráter ao jogo. O Palmeiras trocou os ponteiros, saindo Edu Bala e Pio e entrando Paulo Borges e Fedato. O time melhorou ofensivamente, obrigando Carbone e Dorinho a recuarem, para ajudar a defesa. No Internacional, Valmir substituiu Pontes na zaga, sem manter a mesma qualidade defensiva. Apesar de tomar a iniciativa, o Palmeiras não conseguia levar perigo ao gol colorado. Apenas aos 30 minutos o clube paulista consegue diminuir o prejuízo. Luís Pereira apanhou a bola no meio campo e foi avançando. Ao chegar perto da área, quando todos esperavam um cruzamento, ele chutou forte, acertando o ângulo esquerdo de Gainete.

Mesmo com o gol do Palmeiras, o Internacional manteve a calma. Bráulio, a grande figura da partida, controlava o meio campo, jogando á frente de Carbone e Dorinho. Para controlar melhor o adversário, Árlem substituiu Claudiomiro. No apito final, o Internacional vencia sua pimeira partida na história dos campeonatos brasileiros, derrubando a invencibilidade do Palmeiras.

INT: Gainete; Édson Madureira, Pontes (Valmir), Hermínio e Jorge Andrade; Carbone e Dorinho; Valdomiro, Bráulio, Claudiomiro (Árlem) e Benê
Técnico: Dino Sani

PAL: Leão; Eurico, Luís Pereira, Nélson e Dé; Dudu e Ademir da Guia; Edu Bala (Paulo Borges), Leivinha, César Maluco e Pio (Fedato)
Técnico: Mário Travaglini



Jogadores do passado: Luciano Souza


Luciano Nunes de Souza nasceu em 21 de agosto de 1972, em Volta Redonda (RJ).

O meia começaria sua carreira no São José paulista, em 1990. No início de 1992 foi contratado pelo Corinthians, onde jogou o primeiro semestre do ano. Mas em julho Luciano Souza foi contratado pelo Internacional. Sua estreia ocorreu em 2 de agosto de 1992. O Internacional enfrentava o Santa Cruz, no Beira-Rio, pelo campeonato gaúcho. Luciano Souza foi titular e o Colorado venceu por 3x1, com o estreante marcando o último gol. Luciano Souza foi titular nas duas partidas seguintes do campeonato gaúcho, em que o Internacional foi derrotado por Santanense (0x1) e Novo Hamburgo (0x1). Na partida de volta da Copa do Brasil, contra o Muniz Freire, ele ficou no banco de reservas, para o meio campo formado por Elson, Marquinhos e Caíco. O Internacional venceu por 5x0 e Luciano Souza entrou no time no lugar de Caíco.

De volta ao campeonato gaúcho, Luciano Souza continuou no banco, pois o meio passou a ser Márcio, Elson e Marquinhos. Mas Luciano Souza entrava no time com frequência, no meio ou no ataque. Ele fez parte da delegação que excursionou ao Extremo Oriente. No dia 22 de agosto estava em campo na vitória por 5x2 sobre o Gamba Osaka, que deu ao Internacional o título da Copa Wako Denki.

Mas no retorno do exterior, Luciano Souza ficaria mais de dois meses fora da equipe. Após a derrota para o Brasil de Pelotas (0x2), em 6 de setembro, só voltaria a jogar contra o Esportivo (1x1), em 14 de novembro. No dia 17 de novembro foi titular contra o Grêmio, na Copa do Brasil, jogo que classificou o Colorado para a semifinal do torneio. Voltaria a jogar pela Copa do Brasil em 10 de dezembro, no jogo de ida da final do torneio, quando o Internacional sofreu sua única derrota, 1x2 para o Fluminense. Também jogaria no dia 13 de dezembro, quando o Internacional venceu o Fluminense por 1x0 e sagrou-se campeão da Copa do Brasil. Mas não jogaria a decisão do campeonato gaúcho, dias depois.

Luciano Souza atuou no primeiro jogo de 1993, um amistoso com o Guarani de Venâncio Aires, que terminou 2x2. Na temporada de 1993 o campeonato gaúcho só começaria na segunda metade de maio e o campeonato brasileiro seria no segundo semestre. Assim o Internacional teria os primeiros meses do ano para se dedicar apenas à Taça Libertadores da América e Copa do Brasil. Mas quando a lista da Taça Libertadores foi enviada, Luciano Souza ficou de fora. Assim, o meia passou a atuar pelo Rolinho, em amistosos pelo interior. Pela equipe principal sua última partida ocorreu em 26 de abril de 1993, em Montenegro. Em um amistoso, o Internacional venceu o Combinado Montenegro-Taquarense por 9x1, e Luciano Souza marcou o último gol do jogo. Sem chances na equipe principal, em julho de 1993 foi negociado com a Portuguesa de Desportos.

Depois da Portuguesa, Luciano Souza jogou no Santos, em 1994 e 1995. Nesse ano começaria sua aventura grega. Ainda em 1995 Luciano Souza foi jogar no Xanthi. A seguir, continuaria no futebol grego, atuando no Kastoria (1996), Xanthi (1996/1998), Olympiakos (1998/2001) e PAOK (2001/2002). No Olympiakos foi tricampeão grego, em 1999, 2000 e 2001. Depois do PAOK foi jogar no AEL Limassol, do Chipre (2002/2004). Após um rápido regresso ao Brasil, em 2004, para atuar na Portuguesa de Desportos, voltou à Grécia. Jogou no Xanthi (2005), Panonios (2006), Atromitos (2006/2008), PAS Giannina (2008/2009), Xanthi (2009/2010), Panachaiki (2010) e Kalloni (2011), quando encerrou a carreira.

Bem adaptado à Grécia, iniciou a carreira de técnico no país, onde trabalha atualmente.

Seus números no Internacional:
19 partidas
9 vitórias
6 empates
4 derrotas
2 gols marcados
Campeão da Copa do Brasil em 1992
Campeão Gaúcho em 1992
Campeão da Copa Wako Denki em 1992

sábado, 13 de agosto de 2022

Jogadores do passado - Jussiê


Jussiê No Seara nasceu em Barreiras (BA), em 10 de agosto de 1963.

Jussiê começou sua carreira nas categorias de base do Brasília, em 1980. No 2º semestre de 1981, Jussiê foi promovido para o time profissional, na disputa do campeonato metropolitano. O Brasília ficou apenas em 3º lugar, mas Jussiê marcou 4 gols no campeonato e foi eleito pelo Jornal de Brasília como o melhor ponteiro-direito da competição.

Ainda durante a disputa do campeonato metropolitano, em setembro de 1981, a CBF anunciou os jogadores convocados para a seleção brasileira de juniores que disputaria o Torneio Internacional de Moscou em janeiro de 1982. Jussiê estava na lista, assim como o zagueiro colorado Aloísio. Em nova convocação, em novembro, o colorado Pedro Verdum também foi incluído na lista. No dia 17 de novembro, a Seleção de Juniores venceu o Juventus do Acre por 3x1, e Jussiê marcou dois gols. Em dezembro de 1981, antes do torneio em Moscou, Jussiê ainda encontrou tempo para defender a Seleção do Distrito Federal no Campeonato Brasileiro de Seleções de Juniores. Vencendo Goiás e perdendo por apenas um gol para Minas Gerais e Rio de Janeiro, a Seleção de Brasília chamou a atenção do centro do país e alguns jogadores começaram a ser assediados, entre eles Jussiê.

Em janeiro de 1982, Jussiê disputou o Torneio Internacional de Moscou, contra Alemanha Ocidental, Bulgária, Itália e as seleções A e B da União Soviética. O Brasil foi vice-campeão e Jussiê foi contratado pelo Vasco da Gama ainda durante o torneio.

Chegando ao Vasco, constatou-se um problema no joelho, que exigiu uma cirurgia e um longo período de recuperação. Jussiê só estreou no time principal do Vasco da Gama em 9 de fevereiro de 1983, na vitória de 3x0 sobre o Estudiantes de Mérida (Venezuela). O primeiro gol de Jussiê pelo Vasco ocorreu em 19 de maio de 1983, na vitória de 2x1 sobre o Grêmio, em um amistoso disputado em Porto Alegre. Em 1984 Jussiê foi vice-campeão brasileiro pelo Vasco da Gama, no 1º semestre. Em junho, o técnico Edu Coimbra, da seleção brasileira, preparou uma lista de 40 nomes que ele pretendia observar, já pensando na Copa do Mundo de 1986. Jussiê estava na lista, assim como os colorados Mauro Galvão, Pinga e Dunga. Mas em julho Jussiê perdeu o posto de titular do Vasco (onde era treinado pelo mesmo Edu Coimbra da seleção) para Mauricinho. No início de agosto surgiu a possibilidade de se transferir para o Braga, de Portugal, mas o negócio não se confirmou. Em setembro, o Vasco da Gama ofereceu Jussiê e mais 250 milhões de cruzeiros pelo colorado Dunga, mas o Internacional preferiu negociá-lo com o Corinthians, que pagou 600 milhões pelo jogador. Entretanto, o destino do jogador era o Beira-Rio, e no dia seguinte, 19 de setembro de 1984, o Colorado contratava Jussiê por empréstimo. Em troca o Internacional cedeu o lateral-esquerdo Beto, também por empréstimo. No Vasco da Gama Jussiê disputou 47 jogos e marcou 6 gols.
Jornal dos Sports, 20 de setembro de 1984

Mal chegou em Porto Alegre, Jussiê fez apenas um treino e já foi escalado para o Gre-Nal que decidiria o 1º turno do campeonato gaúcho. Mas os envolvidos na luta pelo turno eram Internacional e Brasil. A equipe pelotense precisava vencer o Internacional de Santa Maria no sábado e de uma derrota colorada no domingo. Em Pelotas o jogo terminou 0x0 e no domingo, 23 de setembro de 1984, quando a bola rolou no Olímpico o Colorado já havia vencido o turno. Mesmo assim, o Internacional foi superior e venceu por 2x0. O estreante Jussiê abriu o placar, marcando um gol aos 7' do 2º tempo. Jussiê assumiu a titularidade do Internacional, formando o ataque com Kita e Silvinho. No dia 3 de outubro, na vitória por 2x0 sobre o Bagé, Jussiê marcou mais um gol. Em 11 de outubro voltou a marcar na vitória por 3x0 sobre o Novo Hamburgo. A partir do final de outubro, lesões e suspensões acabaram tirando Jussiê do time, com Paulo Santos assumindo a titularidade. Jussiê só voltou à equipe nos dois últimos jogos, contra Brasil de Pelotas (0x1) e Grêmio (1x1). Mesmo assim, foi importante na conquista do título gaúcho.

Em 11 de janeiro de 1985, o Internacional contratou Jussiê em definitivo. O ponteiro dos dribles rápidos e desconcertantes começou a temporada como titular. E o campeonato brasileiro marcava os dois primeiros jogos do Internacional fora de casa. No Maracanã, o Colorado fez 4x0 no América. E no Pacaembu, com gol de Jussiê logo aos 7' de jogo, o Inter bateu o forte Corinthians de Carlos, De Leon, Wladimir, Dunga, Casagrande e Serginho Chulapa. No 1º turno da 1ª fase do Brasileiro Jussiê voltaria a marcar contra Coritiba (4x0). Mas na última rodada do 1º turno, uma crise: sofrendo com lesões e tendo atuações fracas, Jussiê ficou de fora da partida contra o Guarani e reclamou em entrevistas. Ele voltou na partida seguinte, contra o América, na abertura do returno, mas acabou substituído por Betinho durante o jogo. Novamente reclamou an imprensa por não ter jogado contra o Guarani, argumentou estar enfrentando problemas psicológicos e pediu para não jogar as partidas seguintes, para não comprometer o grupo. Assim, ficou fora das três partidas seguintes, retomando a titularidade no Gre-Nal do 2º turno.

Apesar de retomar a titularidade, os problemas continuavam. Em 26 de abril de 1985, no período de intervalo entre a 1ª e a 2ª fase do campeonato brasileiro, Jussiê abandonou um treinamento do clube, antes do final, irritado, sem que ninguém soubesse explicar o motivo. Mas durante a Copa Bento Gonçalves Jussiê recuperou a titularidade. Porém, uma grave lesão no joelho o deixaria fora dos gramados pelo resto do ano.

Em fevereiro de 1986 Jussiê estava se recuperando da lesão e negociando a renovação de contrato. A ideia do clube era emprestá-lo após a renovação, e CSA e Uberaba já demonstravam interesse. Jussiê continuou no Internacional, mas só voltouy a jogar em 9 de abril de 1986. Saindo do banco entrou no time e marcou o terceiro gol colorado na vitória por 3x0 sobre o Santa Cruz, pelo campeonato gaúcho. Jussiê também jogou o São Paulo de Rio Grande (3x1) e Brasil de Pelotas (1x0). E no 14 de maio de 1986, no Beira-Rio, o Internacional venceu o Pelotas por 2x0. Essa foi a última partida de Jussiê pelo Colorado. No dia 19 de maio ele foi emprestado ao Santo André (SP) até o final do ano, por 60 mil cruzados.

Jussiê fez um campeonato paulista de 1986, chamando a atenção do Santos, que o contratou por empréstimo para o Campeonato Brasileiro. Após o fim da temporada retornou ao Internacional. Encostado no Colorado, em abril de 1987 Jussiê foi emprestado ao Uberaba. Fazendo um bo estadual, chamou a atenção do Cruzeiro, que tentou contratá-lo em definitivo, pagando ao Internacional um milhão e meio de cruzados, em agosto de 1987. Mas o negócio não foi concluído.

Em 1988 Jussiê se transferiu para o Criciúma, onde ficou até julho.  Em seguida Jussiê foi disputar a 2ª divisão portuguesa, defendendo o União da Ilha da Madeira. Em maio de 1989 o Uniçao conquistou o acesso à elite do futebol português pela  primeira vez. Em 1990/1991, Jussiê jogou no Varzim, e de 1991 a 1993 jogou Paços de Ferreira, também de Portugal, onde encerrou a carreira.

Seus números no Internacional:
45 partidas
28 vitórias
9 empates
8 derrotas
10 gols marcados
Campeão gaúcho em 1984

domingo, 7 de agosto de 2022

Jogadores do passado - Ivo Aguiar


Ivo Aguiar de Oliveira nasceu em 19 de dezembro de 1917, em Cruz Alta.

O atacante começou a jogar futebol em clubes de Cruz Alta e chegou ao Gaúcho de Passo Fundo, despertando o interesse do futebol da capital. Em outubro de 1940 o Grêmio o trouxe para testes, mas com o interesse do Internacional sobre o jogador, precisou assinar com Ivo Aguiar por um salário consideravelmente maior do que pretendia.
Diário de Notícias, 2 de outubro de 1940

No Grêmio, Ivo Aguiar jogaria até fevereiro de 1945, não conquistando nenhum título. Disputou 15 clássicos pelo Tricolor, perdendo 10, empatando 3 e vencendo apenas 2. Marcou 4 gols. Sua despedida do Grêmio aconteceu em um Gre-Nal. No dia 9 de fevereiro de 1945, em um clássico válido pelo Torneio Triangular de Porto Alegre, na Montanha, o Internacional venceu por 2x0.

Em março de 1945, Ivo Aguiar assinou contrato com o Internacional, recebendo Cr$ 5.000,00 de luvas e Cr$ 800,00 de salário mensal. Exatamente o mesmo valor que havia pedido ao Grêmio quase cinco anos antes. O clube planejava colocá-lo no lugar do uruguaio Volpi, que era acusado de falta de vontade nas jogadas mais duras. No Colorado, Ivo Aguiar estreou  em 25 de março de 1945. Na Timbaúva, o Internacional enfrentou o Vasco da Gama e perdeu por 2x0. Ivo Aguiar começou a partida, depois foi substituído por Elizeu. No jogo seguinte, já pelo campeonato municipal, Ivo Aguiar ficou de fora, mas voltou no Gre-Nal, vencido pelo Colorado por 3x2. Contra o Nacional, nova vitória: 8x1.

Embora não marcasse gols, Ivo Aguiar participava da construção das jogadas ofensivas, como em 13 de maio, na vitória sobre o Cruzeiro por 2x0. No segundo gol, Ivo Aguiar, Carlitos e Tesourinha enlouqueceram a defesa adversária com suas tabelas, sobrando a bola para Ruy Motorzinho marcar. Mas era pouco para alguém ser titular no Rolo Compressor e Elizeu, que fazia gols, ganhou a posição. Ivo Aguiar passou a ser uma opção quando um titular do ataque não podia jogar. Foi assim em 15 de julho de 1945. Carlitos ficou de fora e Ivo Aguiar entrou no time, deslocando Elizeu para a ponta esquerda. Nas época, substituições só eram permitidas em amistosos.

Em 16 de setembro de 1945, no jogo do famoso "gol do plano inclinado", de Carlitos, Ivo Aguiar atuou no lugar de Elizeu. Em 30 de setembro, no Passo da Areia, o Internacional enfretou o Grêmio, pelo 2º turno do campeonato. Novamente Ivo Aguiar estava em campo, no lugar de Elizeu, e coube a ele inaugurar o placar, que terminou 4x2 para o Colorado. Seu gol foi o de número 397 dos clássicos. No mesmo jogo Tesourinha marcaria o gol 400, recebendo depois uma placa comemorativa da ACEPA (Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre). Também foi o clássico em que o Internacional superou o Grêmio em número de vitórias, condição que mantém até hoje. O Correio do Povo, na página 12 da edição de 1º de outubro de 1945, definiu assim o resultado da partida: "O Internacional conquistou um triunfo merecido e o placard poderia, sem dúvida, ter sido mais contundente, se os rapazes do 'Rolo Compressor' não houvessem se poupado em demasia". O jornal referia-se ao fato de que os jogadores estavam se poupando para a excursão ao Nordeste, que o clube faria logo a seguir.

Em 4 de outubro de 1945 o Internacional bateu o Renner por 2x1 e conquistou o hexacampeonato municipal, mas Ivo Aguiar não estava em campo. Na excursão à Bahia e a São Paulo, começando no banco de reservas, atuou contra o Botafogo da Bahia (6x0), Galícia (1x1) e Corinthians (1x4), ficando de fora das partidas contra Ypiranga (10x4), Bahia (3x3) e Palmeiras (1x3).

Na volta ao Rio Grande do Sul, Ivo Aguiar não atuou nas duas partidas decisivas do título gaúcho com o Pelotas. Mas jogou um amistoso contra a Seleção de Pelotas, em 9 de dezembro. O Colorado venceu por 4x2 e Ivo Aguiar, atuando como titular, fez sua última partida pelo Internacional.

Em 1946 Ivo Aguiar se transferiu para o Nacional, de Porto Alegre. No novo clube enfrentou o Internacional uma vez, em 13 de abril de 1946. Vitória colorada por 3x2, em partida válida pelo Torneio Extra. No meio da temporada seguinte Ivo Aguiar voltou pra sua cidade natal, Cruz Alta, atuando pelo Nacional local. Deixava a categoria profissional para se tornar atleta amador.

Com o Nacional, Ivo Aguiar foi jogar na Argentina, em julho de 1947. No dia 5 o Nacional perdeu para o Racing de Posadas por 6x4, e no dia 6 venceu o Combinado de Posadas por 3x2. Também foi campeão municipal em 1947. A temporada de 1948 também começou vitoriosa para o Nacional de Ivo Aguiar, campeão do Torneio Extra e do Torneio dos 4 Grandes, que reunia, além do Nacional, o GEPO (Tupanciretã), Atlântico (Erechim) e Gaúcho de Passo Fundo. Ivo Aguiar marcou um gol na decisão, vitória por 5x1 sobre o Gaúcho. Em seguida veio o título do Torneio Início e o bicampeonato municipal. No campeonato gaúcho de amadores, o Nacional estreou batendo o Gaúcho por 8x5, com dois gols de Ivo Aguiar, mas o clube foi eliminado no jogo seguinte, ao perder por 3x2 para o Grêmio Santoangelense.

Em 1949, ainda no Nacional, Ivo Aguiar foi tricampeão municipal e fez grande campanha no campeonato estadual de amadores. Após conquistar o título da Zona Serra, o Nacional foi disputar o quadrangular final, em Porto Alegre, contra o Jaú (Santo Antônio da Patrulha), Esportivo (Bento Gonçalves) e 14 de Julho (Santana do Livramento). Ao bater o Esportivo por 6x2, em 23 de novembro de 1949, o Nacional conquistou o título estadual.

Em 1950 Ivo Aguiar foi jogar no Sá Viana, de Uruguaia, mas no segundo semestre de 1951 retornou ao Nacional, quando os três principais clubes da cidade aderiram ao profissionalismo. Ivo Aguiar foi campeão do Torneio Encerramento.

Em 22 de março de 1952 Ivo Aguiar atuou em um amistoso com o Gaúcho de Ijuí, vitória do Nacional por 2x0. Mas eel não aparece mais em outras partidas, tendo encerrado sua carreira.

Ivo Aguiar continuou residindo em Cruz Alta, onde faleceu no dia 7 de agosto de 1988.

Seus números no Internacional:

17 partidas
11 vitórias
3 empates
3 derrotas
1 gol marcado
Campeão Municipal em 1945
Campeão Estadual em 1945 (sem jogar)

Jogadores do passado - Simão "Índio"



Simão Alves da Silva Filho nasceu em 6 de agosto de 1892, em Santana do Livramento (RS).

Simão começou a jogar futebol no 14 de Julho, ao lado dos futuros colorados Henrique Lay e os irmãos Ávila (Felizardo, Ávila e Bendionda). Ele era atacante. Em março de 1911 Simão ingressou no Internacional, quando veio estudar em Porto Alegre.

Algumas fontes secundárias citam uma passagem de Simão pelo Ginásio Conceição, de São Leopoldo, antes do Internacional. Isso é possível, pois o Ginásio Conceição era um internato que recebia muitos alunos vindos do interior. Mas se ocorreu, não foi na data que essas fontes citam (o monento em que o Internacional jogou um amistoso com o Ginásio Conceição, em agosto de 1911). Simão já estava no Internacional, nesse momento, e inclusive disputou o amistoso com o Ginásio Conceição, vestindo a jaqueta rubra. Além disso, em 1911 Simão estudava no Colégio Rio Grande, em Porto Alegre.

Apesar de ser um atleta negro (possivelmente o primeiro a atuar no Internacional e certamente o primeiro técnico negro colorado), devido ao forte preconceito da sociedade da época era chamado de Simão "Índio".Simão tinha 1,78 metros e 54 quilos.

A estreia de Simão no Internacional ocorreu em 4 de junho de 1911. O Internacional venceu o Nacional por 6x0, pelo campeonato municipal, no campo da Várzea. Simão foi o titular na temporada de 1911. Não jogou apenas as duas últimas partidas da temporada, amistosos contra o Ginásio Conceição e o Combinado de Viamão.

Em 1912, com a chegada de Vares, Simão passou para a reserva. Mas na excursão a Pelotas Galvão não pode ir e Simão atuou nos dois jogos, contra União (6x0) e Pelotas (1x2). Mas foram seus únicos jogos no time principal na temporada. Simão atuou o ano de 1912 no 2º quadro. O campeonato terminou empatado e teve que acontecer um Gre-Nal extra, em 29 de setembro de 1912, na Baixada. O Internacional venceu por 6x1 e conquistou o título. Simão marcou o último gol do jogo.

Em 1913 Simão assumiu a titularidade. Felizardo e Radagazio, os zagueiros de 1912, largaram o futebol. Entre as soluções para a zaga, o Internacional escolheu Simão. No segundo jogo, em 22 de junho de 1913, o Internacional venceu o Colombo por 6x0 e Simão marcou o primeiro gol. No dia 24 de agosto de 1913, após nova vitória por 6x0 sobre o Colombo, o Colorado conquistou o seu primeiro título municipal. Simão marcou dois gols.

Em 1914 Simão continuou como titular, conquistando o bicampeonato municipal e participando da excursão a Pelotas e Bagé, sempre como titular. Na excursão chegou a aparecer na lista oficial como reserva, mas atuou como dono da posição. Simão também era o reserva do gol colorado. E na temporada de 1914 acabou atuando como goleiro em três ocasiões. No dia 1º de outubro de 1914, o goleiro titular Silla não pode atuar contra o 14 de Julho de Santana do Livramento, e Simão foi para o gol. A partida terminou 0x0. O confronto contra o 14 de Julho havia assumido ares de decisão. O clube santanense havia ficado incomodado com a imprensa da capital chamando o Internacional de melhor clube do estado. Também invicto, o 14 de Julho desafiou o Colorado para um tira-teima, para decidir qual dos dois era o "campeão do estado". Com o empate, os dois clubes voltaram a se enfrentar no dia 4, e o Internacional venceu por 5x0. Dois jogos depois ele voltou ao gol, em um empate em 4x4 contra o Rio Branco de Bagé.

Em 1915 Simão voltou a conquistar o título municipal. Em 15 de agosto de 1915 o Internacional venceu o São Paulo, da capital, pelo campeonato, por 8x0. Simão marcou um dos gols. Em um amistoso contra o Fussball, em 26 de setembro, o Colorado venceu por 10x2 e Simão voltou a marcar.

A rotina de títulos municipais continuou em 1916. Em 26 de abril, em um amistoso, Simão voltou a marcar na vitória por 6x0 sobre o São José. Ele voltaria a marcar novamente em 15 de outubro, em outro amistoso com o São José (8x2).

Em 1917 Simão foi duplamente campeão, como jogador e técnico. Na época os técnicos costumavam ser os capitães da equipe. Bitu, o irmão de Carlos Kluwe, comandou o time até julho de 1917, passando o posto para Simão. E o título municipal veio mais uma vez, pentacampeão da cidade.

Em 1918 Simão estava concluindo seu curso superior (1). Ele ainda atuou nas três primeiras partidas da temporada. Em 19 de maio de 1918 o Internacional venceu o Grêmio por 5x3, na Chácara dos Eucaliptos, pelo campeonato municipal. Foi o último jogo de Simão pelo Internacional.

Simão voltou para Santana do Livramento, e para o 14 de Julho. Em 1919 o 14 de Julho veio excursionar na capital e Simão veio junto. Em 16 de outubro de 1919 o 14 de Julho venceu o Internacional por 6x2, com Simão na zaga da equipe do interior.

Simão continuou levando sua vida no interior. Em 1929, Getúlio Vargas, então presidente do estado, o nomeou suplente do juiz distrital do 3º distrito de Quaraí. Simão faleceu em 1980.

Seus números no Internacional:
73 partidas
57 vitórias
8 empates
8 derrotas
7 gols
campeão municipal em 1913, 1914, 1915, 1916 e 1917
Também foi campeão municipal de 2ºs quadros em 1912


(1) Várias fontes apontam que Simão estudava engenharia, mas no jornal A Federação ele aparece como aluno da Faculdade de Medicina.