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sábado, 31 de dezembro de 2022

Os últimos jogos de cada ano


As últimas partidas de cada ano da história centenária colorada:

15.11.1909 0x1 Militar - Amistoso - N
06.11.1910 7x2 Frisch Auf - Campeonato Municipal - F
28.12.1911 5x3 Combinado de Viamão - Amistoso - F
15.09.1912 1x2 Grêmio - Campeonato Municipal - F
28.09.1913 5x1 Frisch Auf - Campeonato Municipal - F
22.11.1914 4x4 Rio Branco (Bagé) - Amistoso - C
14.11.1915 7x2 Frisch Auf - Amistoso - C
29.10.1916 3x2 Grêmio - Campeonato Municipal - F
12.10.1917 5x1 Guarany (Bagé) - Amistoso - C
13.10.1918 5x0 Taquarense - Amistoso - C
16.10.1919 2x6 14 de Julho SL - Amistoso - C
25.10.1920 5x2 Petersfield ING - Amistoso - C
04.12.1921 4x1 Americano - Amistoso - C
12.11.1922 3x0 Cruzeiro - Campeonato Municipal - C
02.12.1923 2x1 Ruy Barbosa - Campeonato Municipal - F
16.11.1924 0x1 Cruzeiro - Campeonato Municipal - F
25.10.1925 0x1 Porto Alegre - Campeonato Municipal - N
14.11.1926 3x4 Grêmio - Campeonato Municipal - F
07.09.1927 3x1 Bagé - Campeonato Gaúcho - C
18.11.1928 0x2 Grêmio - Amistoso - C
24.11.1929 6x4 Americano - Campeonato Municipal - C
14.09.1930 1x1 Grêmio - Campeonato Municipal - N
19.11.1931 2x3 Força e Luz - Campeonato Municipal - N
25.12.1932 1x1 Seleção Paranaense - Amistoso - F
17.12.1933 6x0 Rio Grande - Amistoso - C
16.12.1934 1x0 9º Regimento (atual Farroupilha) - Campeonato Gaúcho - C
24.11.1935 0x1 Força e Luz - Amistoso - F
20.12.1936 9x0 Juventude - Campeonato Gaúcho - C
12.12.1937 3x4 Grêmio - Campeonato Municipal - C
27.12.1938 2x2 9º Regimento (atual Farroupilha) - Amistoso - C
14.12.1939 7x0 Força e Luz - Amistoso - C
24.11.1940 2x1 Bagé - Campeonato Gaúcho - C
22.12.1941 4x5 São José - Amistoso - F
15.12.1942 4x0 Libertad PAR - Amistoso - C
17.10.1943 7x1 Guarany (Cachoeira do Sul) - Campeonato Gaúcho - C
22.10.1944 9x0 Bagé - Campeonato Gaúcho - C
09.12.1945 4x2 Seleção de Pelotas - Amistoso - C
20.11.1946 7x0 Bancário - Amistoso - F
07.12.1947 2x2 Floriano - Campeonato Gaúcho - C
22.12.1948 0x3 Flamengo RJ - Amistoso - F
30.12.1949 3x0 São José - Amistoso - C
30.12.1950 1x0 Grêmio - Campeonato Municipal - N
30.12.1951 1x1 Pelotas - Campeonato Gaúcho - F
28.12.1952 2x1 Floriano - Campeonato Gaúcho - C
20.12.1953 3x2 Brasil - Campeonato Gaúcho - C
30.12.1954 3x2 Cruzeiro - Amistoso - F
18.12.1955 3x2 Brasil - Campeonato Gaúcho - C
16.12.1956 1x3 Renner - Campeonato Metropolitano - C
23.12.1957 2x1 Grêmio - Campeonato Metropolitano - F
21.12.1958 1x0 Grêmio - Campeonato Metropolitano - F
28.12.1959 1x1 São José - Campeonato Metropolitano - N
22.12.1960 2x1 Grêmio - Campeonato Metropolitano - F
10.12.1961 2x3 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
16.12.1962 0x2 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
14.12.1963 0x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
17.12.1964 0x0 Cruzeiro - Amistoso - F
12.12.1965 0x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
17.12.1966 1x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
17.12.1967 1x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
15.12.1968 2x0 Caxias SC - Amistoso - F
17.12.1969 0x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
18.12.1970 1x2 Ferencvaros HUN - Amistoso - C
09.12.1971 1x0 Atlético MG - Campeonato Brasileiro - F
20.12.1972 1x1 Palmeiras - Campeonato Brasileiro - F
15.12.1973 2x2 Corinthians - Campeonato Brasileiro - F
11.12.1974 2x1 Cachoeira - Amistoso - F
17.12.1975 2x2 Seleção do Campeonato Brasileiro - Amistoso - F
19.12.1976 1x4 Seleção do Campeonato Brasileiro - Amistoso - C
18.12.1977 0x1 Corinthians - Campeonato Brasileiro - F
17.12.1978 2x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
23.12.1979 2x1 Vasco da Gama - Campeonato Brasileiro - C
23.11.1980 0x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
29.11.1981 1x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
12.12.1982 3x1 Vasco da Gama - Amistoso - F
18.12.1983 4x1 Esportivo - Amistoso - N
13.12.1984 1x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
08.12.1985 1x2 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
14.12.1986 0x2 Atlético MG - Campeonato Brasileiro - C
13.12.1987 0x1 Flamengo - Campeonato Brasileiro - F
18.12.1988 1x0 Atlético PR - Campeonato Brasileiro - F
10.12.1989 0x2 Vasco da Gama - Campeonato Brasileiro - C
11.12.1990 0x0 Internacional SM - Amistoso - F
15.12.1991 0x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
23.12.1992 0x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
14.11.1993 1x4 Cruzeiro - Campeonato Brasileiro - F
17.12.1994 4x1 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F
03.12.1995 1x2 Juventude - Campeonato Brasileiro - F
24.11.1996 0x1 Bragantino - Campeonato Brasileiro - F
06.12.1997 0x1 Palmeiras - Campeonato Brasileiro - C
12.11.1998 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro - F
11.12.1999 6x2 Rio Grande - Amistoso - N
02.12.2000 2x3 Cruzeiro - Campeonato Brasileiro - F
02.12.2001 2x4 Cruzeiro - Campeonato Brasileiro - F
17.11.2002 2x0 Paysandu - Campeonato Brasileiro - F
13.12.2003 0x5 São Caetano - Campeonato Brasileiro - F
19.12.2004 2x1 Paraná - Campeonato Brasileiro - C
04.12.2005 0x1 Coritiba - Campeonato Brasileiro - F
17.12.2006 1x0 Barcelona ESP - Campeonato Mundial - N
02.12.2007 1x2 Goiás - Campeonato Brasileiro - F
07.12.2008 1x3 Figueirense - Campeonato Brasileiro - F
06.12.2009 4x1 Santo André - Campeonato Brasileiro - C
18.12.2010 4x2 Seongnam Ilhwa CRS - Campeonato Mundial - N
04.12.2011 1x0 Grêmio - Campeonato Brasileiro - C
02.12.2012 0x0 Grêmio - Campeonato Brasileiro - F
08.12.2013 0x0 Ponte Preta - Campeonato Brasileiro - C
06.12.2014 2x1 Figueirense - Campeonato Brasileiro - F
06.12.2015 2x0 Cruzeiro - Campeonato Brasileiro - C
11.12.2016 1x1 Fluminense - Campeonato Brasileiro - N
25.11.2017 2x0 Guarani - Campeonato Brasileiro Série B - C
02.12.2018 1x1 Paraná - Campeonato Brasileiro - F
08.12.2019 2x1 Atlético MG - Campeonato Brasileiro - C
27.12.2020 2x1 Bahia - Campeonato Brasileiro - F
09.12.2021 0x1 Bragantino - Campeonato Brasileiro - F
13.11.2022 3x0 Palmeiras - Campeonato Brasileiro - C


Resumo:
114 partidas
56 vitórias
22 empates
36 derrotas
242 gols a favor
154 gols contra

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

Nossos títulos: Taça Diário de Notícias de 1939


No início de 1939 o jornal Diário de Notícias estabeleceu um troféu para ser disputada pela dupla Gre-Nal.

A Taça Diário de Notícias seria conquistada pelo clube que vencesse dois jogos primeiro, ou quem tivesse conquistado uma vitória ao logo de cinco jogos, em caso de muitos empates.

O primeiro clássico foi marcado para o dia 20 de março de 1939, na Baixada. A partida também marcou a inauguração da nova iluminação do estádio da Baixada. As duas equipes se apresentaram assim para a partida:

IN: Júlio; Alpheu e Risada; Brandão, Magno e Lewy; Acácio, Russinho, Sylvio Pirillo (Justo), Castillo (Ruy Motorzinho) e Carlitos

GR: Edmundo; Ari Delgado e Luiz Luz; Jorge, Noronha e Laxixa (Foguinho); Mesquita, Salvador, César Basílio, Pepito e Casaca

O Grêmio começou arrasador. Mesquita abriu o placar aos 18', Pepito ampliou aos 22' e César Basílio, aos 30', fez Grêmio 3x0. E aí o jogo mundou. Brandão, cobrando pênalti, diminuiu, aos 40'. Dois minutos depois Sylvio Pirillo fez mais um gol. Na 2ª etapa a partida foi equilibrada, mas aos 26' Russinho empatou a partida, que terminou 3x3.

O segundo clássico ocorreu apenas em 13 de agosto de 1939, nos Eucaliptos. As duas equipes assim formaram:

IN: Júlio; Alpheu e Risada; Celso (Nenê), Magno e Lewy; Carlitos (Acácio), Russinho, Sylvio Pirillo, Castillo (Ruy Motorzinho) e Filhinho

GR: Edmundo; Dario e Luiz Luz (Mário); Renato, Noronha e Laxixa; Mesquita, Salvador (Alemãozinho), César Basílio, Pepito e Casaca

No Internacional, a ala direita mudou. Celso jogou no lugar de Brandão, na lateral, e na ponta saiu Acácio e jogou Carlitos, com Filhinho entrando na esquerda.

Apenas os minutos iniciais apresentaram algum equilíbrio. Filhinho abriu o placar para o Colorado logo aos 9'. César Basílio empatou aos 23', mais ainda na 1ª etapa, com gols de Castillo, aos 27', e Russinho, aos 31', o Internacional abriu 3x1 no placar. No 2º tempo, logo aos 3' Salvador diminuiu para o Tricolor, mas Sylvio Pirillo, aos 21', e Filhinho, dois minutos depois, fecharam o placar: Internacional 5x2.

O terceiro clásssico ocorreu em 17 de outubro de 1939, na Timbaúva, estádio do Força e Luz. Em caso de vitória, o Internacional ficaria com a taça em definitivo. Caso contrário, a disputa continuaria. Os times foram assim a campo:

IN: Júlio; Alpheu e Risada; Brandão (Nenê), Magno e Lewy; Acácio, Russinho, Carlitos, Ruy Motorzinho (Castillo, depois Moacyr) e Filhinho

GR: Edmundo; Dario e Mottin; Jorge (André), Noronha e Laxixa; Mesquita (Jesus), Vanário, César Basílio, Salvador (Foguinho) e Pepito

O Colorado mandou a campo quase a mesma equipe do primeiro clássico. Brandão e Acácio voltaram, mas o centroavante Sylvio Pirillo não jogou. Assim Carlitos foi para o comando do ataque, deixando Filhinho na ponta-esquerda. Na meia-esquerda, o uruguaio Castillo ficou de fora e Ruy Motorzinho começou como titular.

E foi o novo titular que abriu o placar, aos 24' do 1º tempo. Com o gol de Ruy Motorzinho o Internacional estava conquistando a taça. Mas Pepito empatou aos 16' do 2º tempo. Contudo, faltando 9 minutos para o fim do jogo, Russinho marccou o gol da vitória colorada e do título. Internacional 2x1.

O jornal Diário de Notícias imaginava que a disputa avançaria pelo ano de 1940 e nem estava preparado para premiar o campeão, naquele momento. Assim, a entrega da taça só foi realizada em 28 de dezembro de 1940.

Vicente Rao representou o Internacional na entrega da taça, e ainda deu uma entrevista sobre as perspectivas do clube para a temporada de 1941.

No dia 28 de dezembro, em matéria do Diário de Notícias, cita-se que os jogos do campeonato de 1939 e 1940 também foram contados para o título. Nesse caso, a taça teria tido 9 jogos, com 5 vitórias do Internacional, 1 empate e 3 vitórias do Grêmio. Mas na mesma edição há o convite para o evento da entrega da taça, referindo-se à "melhor de 5".





terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Jogadores do passado - Natal


Em 25 de dezembro de 1914 nasceu Natal Jesus Corrêa, em Porto Alegre (RS).

Natal começaria a carreira de zagueiro no Internacional. Em 1933 ele já aparecia no 2º e 3º quadros colorados. Encerrou a temporada como reserva do 2º quadro. Sua estreia no time principal ocorreu em 11 de março de 1934, em um amistoso contra o São José. Natal formou a zaga com o veterano Risada, na vitória colorada por 2x1.

A titularidade ainda era algo difícil. A zaga colorada tinha Risada e Poroto, tirado do Grêmio e que era considerado o melhor zagueiro do Rio Grande do Sul. Assim, Natal voltou ao 2º quadro, agora como titular. No final de setembro, o centromédio Darcy Encarnação adoeceu e ficou de fora de duas partidas. Poroto assumiu a posição, abrindo uma vaga para Natal na zaga. O jovem zagueiro atuou contra o São José (1x0), pelo campeonato municipal e contra o Cruzeiro (3x2), partida amistosa.

Natal chegou a ser cotado para jogar o Gre-Nal, com o Internacional já campeão da cidade, mas Darcy Encarnação voltou ao time e Poroto retornou à zaga. Natal voltaria a jogar em 24 de outubro de 1934, em um amistoso contra o Combinado de Pelotas. A equipe pelotense venceu a 1ª etapa por 3x2. No intervalo Natal entrou no time, no lugar do ponteiro-direito Chatinho. O técnico Mário Abreu deixou Natal na zaga, passou Poroto para centromédio e Darcy Encarnação para a ponta-direita. O Internacional venceu a partida por 6x3. O bom desempenho lhe garantiu a titularidade nos jogos seguintes, o amistoso com o São José (1x0) e os jogos do campeonato gaúcho contra Uruguaiana (4x2) e 9º Regimento, atual Farroupilha (1x0), jogo que deu o título gaúcho ao Colorado.

Em 1935 o Internacional tinha um novo centromédio, Andrade, ex-Porto Alegre. Mas nos três primeiros amistosos da temporada Poroto não jogou, e Natal seguiu de titular. No dia 14 de maio de 1935, na inauguração da Timbaúva, Natal começou no banco mas entrou no time durante a partida, vencida pelo Internacional por 5x1. Nos jogos seguintes Natal não atuou. na 2ª rodada do campeonato municipal o Internacional empatou em 2x2 com o Força e Luz e a imprensa criticou o fraco desempenho de Andrade, cobrando o ingresso de Natal na zaga, passando Poroto para centromédio.

No jogo seguinte, contra o Americano, Poroto não pode jogar e Natal entrou no time, na vitória colorada por 7x2. Contra o Cruzeiro, nova vitória: 3x2. Mas Natal teve participação no 2º gol do Cruzeiro. Após cortar um ataque do Cruzeiro, Natal tentou atrasar a bola para o goleiro Penha, mas Fernando, atacante cruzeirista, antecipou-se e chutou para as redes. Mesmo assim o zagueiro foi elogiado pela imprensa. O jornal A Federação assim o avaliou: "O jovem zagueiro, apesar de ter sido o causante dos dois pontos do Cruzeiro, foi a primeira figura da defesa colorada. Inteligente e oportuno." O jornal o cita como responsável pelos dois gols do Cruzeiro pois no primeiro ele cometeu a falta que resultou no gol.

Natal ganhou a posição, mesmo com a volta de Poroto, que foi jogar de centromédio, mandando Andrade para a reserva. No Gre-Nal do 1º turno, disputado em 28 de julho de 1935, e que terminou empatado em 1x1, Natal teve grande atuação. Nessa época ele já era chamado por parte da imprensa de "Diamante Escuro".

Em agosto surgem boatos de que o Vasco da Gama queria contratar Natal, mas os cariocas acabaram levando Poroto. No início de setembro noticiava-se que o Boca Juniors queria o zagueiro colorado, para formar dupla com Domingos da Guia. Mas Natal continuou comandando a zaga colorada no restante do campeonato. Em 22 de setembro, na Baixada, foi disputado o último Gre-Nal, que decidiria o título. O Internacional jogava por um empate e pressionou muito no 1º tempo. Na 2ª etapa o Colorado continuava melhor, buscando o gol que daria a tranquilidade. Mas aos 37' do 2º tempo sofreu um gol. O time rubro lançou-se ao ataque, em busca do empate, e sofreu um 2º gol, aos 39', perdendo o título.

Em outras épocas, de um profissionalismo disfarçado, muitos jogadores atuavam em partidas na várzea, fora do período de campeonatos. E assim, no dia 20 de outubro de 1935, Natal defendeu o Metalúrgica Scavone contra o Juvenil. A partida foi realizada no campo do Juvenil, na avenida Carlos Gomes. Pelo Metalúrgica atuaram vários jogadores da liga oficial, como Borsatto, Elpídio, Negrito e Gradim. Em 22 de dezembro Natal jogou pela seleção de Porto Alegre contra a Seleção de Santana do Livramento, vitória da equipe da capital por 3x2.

Em 26 de janeiro de 1936, Natal defendeu o Rio Guaíba em um amistoso contra o Renner. O Rio Guaíba contava com vários atletas da liga, como Tom Mix, Severo e Cascão, mesmo assim perdeu por 6x0. No domingo seguinte Natal defendeu o Pombal, contra o mesmo Renner. A equipe dos industriários, o Renner, ainda disputava campeonatos de ligas alternativas, na época.

Para a temporada de 1936, o Internacional estava se reforçando. Alpheu chegava do futebol bageense. Do maior rival veio o ponteiro-esquerdo Castillo. Do 14 de Julho de Santana do Livramento veio Artigas. E do Americano vieram o centroavante Sylvio Pirillo, o lateral-direito Zezé Dinarte e o ponteiro-direito Dirveu Alves, de volta ao clube. No dia 15 de março, em disputa da Taça Martel, Internacional e Grêmio ficaram no 1x1. O jornal Diário de Notícias escolheu Natal e Alpheu como os melhores jogadores em campo. Na mesma época do Flamengo tentou contratar Natal, chamado de "Domingos dos campos gaúchos". O clube carioca ofereceu ao jogador 6:000$000 de luvas e salário de 500$000 mensais. Mas o Internacional ofereceu ao jogador uma casa no valor de 8:000$000 e Natal ficou em Porto Alegre.

Em 24 de maio, Natal atuou pela Seleção de Porto Alegre contra a Seleção de Pelotas, vitória da capital por 6x3. O amistoso serviu para testes da Seleção Gaúcha que iria disputar o campeonato brasileiro de 1936 e Natal estava entre os atletas que eram convocados para os treinos. Mas em 7 de junho, no primeiro jogo contra os cariocas, Natal não jogou. A partida, disputada na Timbaúva, terminou 3x3. Em 14 de junho, nos Eucaliptos, os gaúchos venceram por 3x2, novamente com Natal na reserva. Em 21 de junho, com o empate em 2x2, novamente nos Eucaliptos, o Rio Grande do Sul classificou-se, com Miro e Luiz Luz na zaga titular. Os gaúchos perderiam o título para os paulistas.

No campeonato municipal, Natal foi titular da zaga, ao lado de Alpheu, disputando todas as partidas. Apenas na partida inicial, em 1º de maio, Natal não jogou todo o tempo. Aos 11 minutos do segundo tempo ele lesionou-se e foi substituído por Garnizé. No Gre-Nal do 1º turno, em 30 de agosto, ele foi um dos melhores em campo, na vitória colorada por 3x2. Em 11 de outubro, com Natal em campo, o Internacional venceu o Porto Alegre por 6x1 e conquistou o 1º turno, classificando-se para a final.

Em 1º de novembro, após vencer o Grêmio por 2x0, o Internacional ficou muito perto do título. Natal mais uma vez anulou o ataque gremista. Em 29 de novembro o Colorado bateu o Força e Luz por 6x2 e conquistou o título municipal. Em 13 de dezembro, com a vitória de 5x0 sobre o Porto Alegre, a campanha colorada terminou de forma invicta.

No dia 20 de dezembro começou a campanha no campeonato gaúcho, com a vitória de 9x0 sobre o Juventude. Em 10 de janeiro de 1937 o Colorado bateu o Riograndense de Santa Maria por 7x4, e Natal marcou o terceiro gol colorado, cobrando pênalti. Na primeira partida da final, em 17 de janeiro, o Internacional empatava em 1x1 com o Rio Grande quando, aos 27 minutos do 1º tempo Natal, pressionado por Souza, tentou passar para Alpheu. Souza conseguiu antecipar-se e tocou a bola para Pesce concluir para as redes. No final o Rio Grande venceria por 3x2. No dia 21 o Rio Grande voltou a vencer por 2x0 e conquistou o título. Natal e Alpheu foram escolhidos os melhores jogadores colorados na final. Essa partida foi a última de Natal pelo Internacional.

No dia 4 de fevereiro Natal acertou-se com o Flamengo, com a missão de substituir Domingos da Guia. A contratação do jogador foi polêmica, com direito a ele embarcar escondido para o Rio de Janeiro. O futebol gaúcho era, na época, oficialmente amador. Muitos jogadores recebiam salários, mas não tinham contrato. Assim, os clubes do eixo Rio-São Paulo, profissionais desde o início da década, vinham ao sul e levavam os atletas sem gastar nada.

A saída de Natal (e de outros jogadores, no início de 1937) aprofundou o debate em torno do profissionalismo no Rio Grande do Sul, e em junho de 1937 os principais clubes da capital adotaram oficialmente o profissionalismo.

Ao chegar ao Rio, Natal também enfrentou problemas. As contratações precisavam ser aprovadas pela Censura, e a situação amador x profissional levou a negação do contrato, em um primeiro momento. Mas três dias depois tudo estava legalizado.

No Flamengo, Natal acabaria sendo deslocado para a lateral-esquerda. Jogou no rubro-negro de abril de 1937 a julho de 1939. Enfrentou o Internacional em Porto Alegre, em 12 de setembro de 1937 (2x2) e no Rio em 30 de setembro (Flamengo 2x1). Envolvido em problemas extra-campo, foi afastado do time e em setembro de 1939 foi liberado para jogar no América de Recife. O clube havia ficado em 5º lugar (e último) no 1º turno. Com a chegada de Natal ficou em 3º, atrás apenas de Náutico e Santa Cruz. Também disputou o campeonato brasileiro de seleções de 1939 pela seleção pernambucana. Em 1940 Natal começou o campeonato pernambucano pelo América, disputando o turno eliminatório e o 1º turno. Mas em setembro de 1940 Natal transferiu-se para o Santos. E mais uma vez foi uma transferência com problemas.

Mas assim como na transferência para o Flamengo, a situação resolveu-se em poucos dias. A diferença do nome do jogador no contrato e na certidão de nascimento talvez possa ser explicada da seguinte forma: o nome do jogador era Natal Jesus Corrêa. Mas o nome do jogador no site https://flaestatistica.com.br/ (que provavelmente deve ser baseado em documentos do clube) aparece como Natal Gomes Corrêa. Natal também jogou no Santos em 1941.

Após sair do Santos, há uma lacuna na carreira de Natal. Ele só reaparece na imprensa em fevereiro de 1944, quando dirigentes do América de Recife foram ao Rio de Janeiro para contratá-lo. Natal fez grande temporada e o América classificou-se para a final com o Náutico. Em 28 de janeiro de 1945 América e Náutico empataram em 1x1. Mas no dia seguinte Natal fugiu da concentração, foi descoberto e expulso do clube. Não jogou as três partidas seguintes, vencidas pelo América, que se sagrou campeão estadual.

Em 1945 Natal foi jogar no Botafogo de Salvador, enfrentando o Internacional na capital baiana em 16 de outubro de 1945 (Internacional 6x0). A partir de 1945 não encontrei mais registros sobre Natal.

Números de Natal no Internacional:
49 partidas
36 vitórias
5 empates
8 derrotas
1 gol marcado
Campeão gaúcho em 1934
Campeão municipal em 1934 e 1936

Números de Natal no Flamengo:
71 partidas
41 vitórias
11 empates
19 derrotas



sábado, 10 de dezembro de 2022

Um jogo - Internacional 3x2 Cruzeiro - Campeonato Brasileiro - 10/12/1972


Em 10 de dezembro de 1972, domingo, o Internacional recebia o Cruzeiro, em partida de abertura da 2ª fase do campeonato brasileiro. Essa fase era formada por quatro quadrangulares, e o campeão da cada grupo avançava para a semifinal. O grupo do Internacional, além do Cruzeiro, tinha também Flamengo e Vasco da Gama.

A partida estava marcada para as 16:00 horas, mas começou com meia hora de atraso. O ônibus que iria buscar a delegação mineira no hotel não apareceu, e os jogadores tiveram que ir ao estádio de carona, em duas camionetes. Antes da partida começar, ocorreu a solenidade de premiação de Valdomiro, escolhido o jogador do ano, no Rio Grande do Sul.

Com a bola rolando, O Cruzeiro começou melhor, dominando o meio-campo. O centromédio colorado, Carbone, nervoso, cometia muitas faltas e não conseguia apoiar o ataque. Mesmo assim o Internacional buscava pressionar, com Bráulio e Claudiomiro.

Mas aos 27', Zé Carlos, pela meia esquerda, cruzou para Dirceu Lopes. Bráulio disputou a bola com o atacante mineiro e a tomou, para em seguida tropeçar na bola, que sobrou para o cruzeirense. Dirceu Lopes  invadiu a área sozinho e chutou forte, no canto esquerdo, para marcar.

Após o gol, o Colorado acordou e passou a dominar as ações. Bráulio e Valdomiro acertaram chutes na trave, e o ponteiro ainda acertou um chute no rosto do goleiro Raul, ao ficar frente a frente com ele. No 2º tempo, com Tovar no lugar de Carbone, o Internacional voltou mais tranquilo e passou a atacar em massa.

Aos 12', Valdomiro cruzou para Claudiomiro empatar! Empurrado pela torcida, o Colorado encurralou o Cruzeiro em seu campo. Valdomiro, Claudiomiro e Volmir enlouqueciam a defesa mineira com seus dribles.

Mas em um contra-ataque, Dirceu Lopes voltou a marcar, aos 37'. Depois do gol, os técnicos mexeram nos seus times. As duas modificações mineiras (Misael no lugar de Fontana e Baiano no lugar de Eduardo Amorim) tinham por objetivo fechar o time, e a modificação colorada (Escurinho no lugar de Bráulio), torná-lo mais ofensivo.

Aos 39', Valdomiro invadiu a área, pela direita, cruzou forte, a bola tocou em Piazza e sobrou para Escurinho, que havia acabado de entrar. O atacante colorado mandou a bomba: 2x2!

Quando o empate parecia encaminhado, aos 44', Piazza perdeu a bola na intermediária, Valdomiro invadiu a área e bateu rasteiro, na saída do goleiro: 3x2!

Após o fim da partida, a torcida invadiu o campo e um torcedor chegou a ser preso (e solto em seguida) por tentar tirar à força o uniforme de Volmir. Os dirigentes abraçaram-se, chorando, aos jogadores. A torcida colorada tomou a avenida Padre Cacique, promovendo um carnaval antecipado. Mas no meio da alegria, dois torcedores morreram.

Existem algumas versões diferentes sobre as mortes:

Versão 1: O torcedor colorado Iraí Fontoura, de 29 anos, sofreu um ataque cardíaco, no estádio, e já chegou sem vida ao HPS. Pouco depois, chegou ao mesmo hospital, também sem vida, Arthur Barbosa, 68 anos, que ouvia o jogo pelo rádio e sofreu um enfarte do miocárdio.

Versão 2: Edércio Fontoura (27 anos) e Arthur Barbosa (68 anos), morreram no estádio, após o gol de Valdomiro. No dia seguinte faleceu em São Leopoldo um torcedor que passara mal durante o jogo.

Versão 3: (Jornal do Brasil 11/12/1972) Edércio Iraí, engenheiro agrônomo de 27 anos, passou mal ao comemorar o gol, e morreu a caminho do HPS. Arthur Barbosa dos Santos, de 68 anos, chegou ao HPS com vida, mas não resistiu ao ataque cardíaco. O jornal noticia que os dois residiam em Porto Alegre, mas não informa se estavam no estádio.

Na Zero Hora de 18 de maio de 1980, cita-se as mortes de Iraí e Arthur, afirmando que um irmão de Iraí já havia morrido de ataque cardíaco, aos 18 anos, em um campo de futebol, nos anos 1960.

Voltando ao futebol, o Colorado venceu o Flamengo, no Maracanã (3x1) e empatou em casa com o Vasco da Gama (1x1), classificando-se para a semifinal.

O adversário na semifinal, em jogo único, era o Palmeiras. E o regulamento previa ao clube de melhor campanha, além de jogar em casa, jogar pelo empate. O Internacional abriu o placar aos 25' do 1º tempo e era finalista até os 24' do 2º tempo, quando Nei, impedido, marcou o gol de empate que classificou o Palmeiras.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

A maior sequência invicta no Beira-Rio

 

Em 28 de novembro de 1973 o Internacional enfrentou o Santos, no Beira-Rio, pelo campeonato brasileiro, e em uma atuação desastrosa do árbitro Sebastião Rufino, perdeu por 2x0. Pelé marcou o segundo gol santista. Passaria-se muito tempo até o Colorado voltar a ser vencido em casa. No jogo seguinte começou uma série de 46 jogos invicto como mandante, que foi recorde nacional por mais de 40 anos.

A sequência de jogos:


Após 46 partidas invictas, no dia 23 de julho de 1975, pelo campeonato gaúcho, o Internacional perdeu para o Grêmio por 3x1. Mesmo perdendo a sequência invicta, o Internacionla classificou-se para a decisão do º turno, contra o Caxias.

O recorde colorado permaneceria até 2013, quando o Goiás chegou a 49 partidas invicto em casa. No mesmo ano o Atlético Mineiro chegaria a 54 partidas invicto, mas contando jogos na Arena Jacaré, Mineirão e Independência.

Nossos títulos - campeonato municipal de 1952

A foto é do amistoso Internacional 2x1 Pelotas, disputado em 15/12/1952

A temporada de 1952 seria a última em que o campeonato municipal contaria apenas com equipes da capital. No ano seguinte ingressariam na competição o Floriano (Novo Hamburgo) e o Aimoré (São Leopoldo).

Em 1952 os clubes que disputaram a competição foram os seguintes:

Esporte Clube CRUZEIRO
Grêmio Esportivo FORÇA e LUZ
GRÊMIO Foot-Ball Porto Alegrense
Sport Club INTERNACIONAL
NACIONAL Atlético Clube
Grêmio Esportivo RENNER

O Internacional apresentava algumas mudanças em relação ao time bicampeão em 1951. O técnico continuava sendo Teté. No gol, Ewerton foi para o Brasil de Pelotas, deixando o lugar vago para Milton, goleiro que havia atuado nos aspirantes colorados e jogou o primeiro semestre de 1952 emprestado ao mesmo Brasil para onde iria Ewerton. Antes do retorno de Milton, Dóia e Periquito disputaram a posição. Na zaga, Ilmo se transferiu para o Cruzeiro, sendo substituído por Oreco, que passou a atuar de zagueiro pela esquerda. Florindo continuou na zaga. A linha média era a mesma que disputou a reta final de 1951: Paulinho, Salvador e Odorico. No ataque, Luizinho e Bodinho, contratados ao Nacional, ganharam a titularidade. Jerônimo e Mujica, remanescentes do ano anterior, continuavam, assim como Huguinho. Além deles, Canhotinho, Nique, Albery e Argentino disputavam espaço na equipe.

O regulamento era simples: dois turnos e o clube que somasse mais pontos era o campeão. Cada rodada dos 1º turno era composta de duas partidas, e no 2º turno de três partidas.

O campeonato começou em 6 de setembro de 1952, quando o Grêmio venceu o Nacional por 2x1. No dia 7 o Internacional estreou enfrentando o Força e Luz, na Timbaúva. O jogo teve um significado especial. Após alguns anos chamando-se Corinthians Porto Alegrense, o clube da Timbaúva voltava ao seu nome original. Antes da partida principal ocorreu uma solenidade de troca do nome e uniformes e os jogadores colorados, como padrinhos, auxiliaram os jogadores do Força e Luz a trocarem o antigo uniforme do Corinthians pelos novos uniformes. Com a bola rolando o Colorado não foi muito cordial. No 1º tempo Bodinho marcou duas vezes. No início da 2ª etapa Martins descontou, mas Luizinho, Jerônimo, e novamente Bodinha, duas vezes, fecharam o placar: Internacional 6x1. A equipe colorada que atuou foi: Milton; Florindo e Oreco; Paulinho, Salvador e Odorico; Luizinho, Jerônimo, Bodinho, Mujica e Argentino.

Na rodada seguinte, em 14 de setembro o Internacional enfrentou o Renner, no estádio Tiradentes. O Colorado teve duas alterações em relação à partida anterior: Bodinho, que se lesionou no último treino antes do jogo, foi substituído por Albery. E Argentino perdeu o posto para Canhotinho por opção do técnico Teté. O Renner foi um adversário difícil na 1ª etapa, que terminou 0x0. Mas logo aos 30 segundos do 2º tempo Canhotinho abriu o placar (algumas fontes dão gol contra de Edgar). Aos 3', Edgar cometeu pênalti que Luizinho cobrou e marcou. E aos 42' Canhotinho fechou o placar: Internacional 3x0.

Na rodada seguinte o Internacional folgou e o resultado mais importante foi a vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio por 2x1. Assim Internacional e Cruzeiro lideravam com nenhum ponto perdido (como as equipes folgavam em algumas rodadas, a imprensa contava a classificação por pontos perdidos, embora no final prevalecesse os pontos ganhos). E na 4ª rodada, nos Eucaliptos, enfrentavam-se os dois líderes. O Colorado tinha a volta de Bodinho ao time, no lugar de Albery. O técnico Henrique Isaac Goldenberg armou um esquema que conseguiu segurar o Internacional. Orceli abriu o placar para o Cruzeiro, aos 24' do 1º tempo, mas Luizinho empatou três minutos depois. O placar não foi alterado na 2ª etapa. Com um ponto perdido, as duas equipes continuavam na liderança.

Na 5ª rodada novamente o Internacional folgou. O Cruzeiro venceu o Nacional (2x0) e o Grêmio perdeu para o Renner (2x3). Cruzeiro e Internacional continuavam com um ponto perdido. O Renner, em 3º lugar, tinha três pontos perdidos, e o Grêmio vinha em 4º lugar, com quatro pontos perdidos. Na 6ª rodada o Cruzeiro folgava, mas seria disputado o Gre-Nal. No dia 12 de outubro, na Baixada, ocorreu o maior clássico gaúcho. O Internacional tinha uma modificação na equipe: na ponta-esquerda saiu Canhotinho para entrar Camargo. O Grêmio adotou uma postura defensiva, recuando Tesourinha e Pedrinho e anulando a pressão colorada. O jogo teve poucas emoções e acabou como começou: 0x0. O Cruzeiro foi o grande favorecido da rodada. Sem jogar, isolou-se na liderança, com um ponto perdido, enquanto Internacional tinha dois, Renner três e Grêmio cinco.

A última rodada do turno seria cheia, com três jogos, embora em datas diferentes. No dia 18 de outubro o Renner bateu o líder Cruzeiro por 3x2, deixando o Colorado na ponta do torneio. No dia 19 o Grêmio venceu o Força e Luz por 6x1. No dia 26, nos Eucaliptos, o Internacional enfrentava o Nacional. Na equipe, a única mudança foi o retorno de Canhotinho no lugar de Camargo. Com a bola rolando, Bodinho marcou duas vezes, Nélson Adams descontou mas Mujica marcou mais um, finalizando a 1ª etapa com 3x1 para o Internacional. Na 2ª etapa Bodinho ampliou, Tejera diminuiu para o Nacional e Odorico, cobrando pênalti, definiu o placar: Internacional 5x2. O Colorado terminava o 1º turno na liderança.

O returno começou com a mesma partida que encerrou o 1º turno. Internacional e Nacional enfrentaram-se novamente em 5 de novembro. Jogo noturno, disputado em uma quarta-feira, teve novamente como local os Eucaliptos, pela iluminação. O Internacional jogou desfalcado de Mujica, lesionado. Em seu lugar ingressou Solis. O Colorado dominou amplamente a 1ª etapa, mas marcou apenas um gol, através de Bodinho. No 2º tempo o jogo foi mais parelho e nos minutos finais o Nacional exerceu forte pressão, obrigando Milton a trabalhar algumas vezes. No final, Internacional 1x0. No dia seguinte Grêmio e Renner ficaram no 2x2 e a vantagem colorada na liderança aumentou.

No dia 16 de novembro, o estádio da Montanha receberia um grande jogo. O Clássico da Técnica e da Disciplina, o tradicional Inter-Cruz. Se o Cruzeiro vencesse, assumiria a liderança, junto com o Internacional e o Renner, tendo o Grêmio dois pontos a menos. Em caso de vitória colorada, o tricampeonato ficaria muito próximo. O Internacional foi a campo desfalcado de Luizinho, enquanto Jerônimo retornava ao time. No 1º tempo, em um jogo equilibrado, o Internacional saiu vencendo por 1x0, gol de Bodinho. No 2º tempo Orceli empatou, mas a partir dos 25 minutos, o Colorado tomou conta da partida. Com dois gols de Bodinho e outros dois de Jerônimo, o Internacional venceu por 5x1.

Em 22 de novembro o Internacional enfrentou o Força e Luz, nos Eucaliptos. O time era o mesmo que havia vencido o Cruzeiro. Sem dificuldades, o Colorado venceu por 3x0, em grande atuação de Canhotinho. O ponteiro marcou dois gols (um deles cobrando falta) e fez a assistência do outro gol. Faltando duas rodadas para o fim do campeonato, o Internacional liderava dois pontos a frente do Renner e quatro a frente do Grêmio.

No dia 30 de novembro, nos Eucaliptos, jogavam Internacional x Renner, fechando a penúltima rodada. Se o Colorado vencesse, seria campeão. Em caso de empate, o Renner continuaria vivo para a última rodada, mas o Grêmio estaria fora da briga pelo título. Em caso de vitória do Renner, o clube do Tiradentes dividiria a liderança com o Internacional e manteria o Grêmio ainda vivo na luta pelo título. O Internacional foi com seu time titular a campo, com a volta de Luizinho e a saída de Solis. Com a bola rolando, o Renner começou lançando-se ao ataque, enquanto o Colorado estudava o adversário. Aos 4' Oreco falhou e Breno Melo aproveitou, infiltrou-se na área adversária e chutou para as redes, abrindo o placar. A partir de então o Internacional dominou as ações, enquanto o Renner se defendia bravamente. Mas aos 17' Jerônimo apanhou a bola e avançou para a área, a dribles. Ao chegar na marca do pênalti o goleiro Valdir de Moraes saiu no lance, mas Jerônimo tocou para o lado, onde Canhotinho, livre, chutou para as redes, onde o zagueiro Edgar ainda tentou evitar o gol. O Internacional ainda continuou buscando o gol da vitória e do título. No 2º tempo Luizinho ainda balançou as redes rennistas, mas o bandeirinha Guilherme Sroka marcou impedimento, confirmado pelo juiz. Nos minutos finais da partida uma chuva torrencial caiu sobre a cidade, tornando o jogo impraticável. A última rodada tinha o Gre-Nal, no dia 7 de dezembro. Em caso de vitória ou empate, o Colorado seria campeão. Mas se o Grêmio vencesse, o Renner teria que derrotar o Cruzeiro no dia 12, para provocar um jogo-extra.

No clássico Gre-Nal o Internacional, com sua equipe titular, foi impiedoso com o rival. Jerônimo marcou dois gols antes dos 15 minutos de jogo. Sarará ainda descontou no final do 1º tempo. Mas na 2ª etapa Bodinho, Salvador e Luizinho liquidaram o Grêmio, fechando o placar em 5x1. Durante o jogo, uma briga na torcida levou a uma correria e alguns torcedores sofreram ferimentos leves ao serem prensados contra o alambrado. Todos foram atendidos pelo Departamento Médico do Internacional. No mesmo dia o Colorado venceu os clássicos de juvenis e aspirantes, conquistando o título nas três categorias. No dia 12 o Renner venceu o Cruzeiro por 3x0, apenas confirmando seu vice-campeonato.

Classificação final:
1º Internacional - 17 pontos
2º Renner - 15 pontos
3º Grêmio - 12 pontos
4º Cruzeiro - 8 pontos
5º Nacional - 5 pontos
6º Força e Luz - 3 pontos





sexta-feira, 2 de dezembro de 2022

Jogadoras do passado - Fernanda Delazere


Fernanda Laís Delazere nasceu em Palmitos (SC), em 2 de dezembro de 2000.

Fernanda começou a carreira de goleira na Chapecoense, onde atuou nas temporadas de 2015 e 2016. Na temporada de 2017 ela atuou no UnoChapecó, uma equipe de futsal. No mesmo ano transferiu-se para o Internacional, onde atuou na equipe sub-17.

Em 25 de abril de 2018 Fernanda defendeu o Internacional na vitória por 4x0 sobre o Embu das Artes, na estreia colorada no Campeonato Brasileiro da Série A2. Ela seria titular nas quatro primeiras partidas da competição, contra Napoli (1x1), Minas Icesp (2x0) e América MG (3x2). Ela voltaria a jogar na partida de volta da semifnal, quando entrou no time durante o jogo, substituindo a titular Luana. O Colorado perdeu por 2x1 para o Vitória e foi eliminado da competição. Mesmo assim as Gurias Coloradas foram promovidas para a Série A1.

No campeonato gaúcho, Fernanda atuou na 8ª rodada, em 14 de outubro, na vitória de 8x0 sobre o Brasil de Farroupilha. Atuando no sub-18, ela era a 3ª goleira da equipe principal, atrás de Luana e Gabi Becker.

Em 2019, Yasmin foi a titular do gol colorado no campeonato brasileiro. Mas na estreia do campeonato gaúcho, em 11 de agosto, Fernanda estava no arco colorado na vitória de 16x0 sobre o João Emílio. Voltou a atuar na 4ª rodada, vitória por 4x0 sobre o Brasil de Farroupilha. Na partida seguinte, vitória de 11x0 sobre o Oriente, Fernanda começou como titular, mas foi substituída no 2º tempo por Yasmin. Mas novamente contra o Oriente, em 20 de outubro, vitória de 4x0, Fernanda foi titular. Foi seu último jogo pelas Gurias Coloradas. Mesmo assim, fez parte do grupo que conquistou o título gaúcho.

Em novembro e dezembro de 2019, Fernanda disputou a 1ª Copa do Mundo Universitária de Futebol Feminino, atuando pela UNIP (Universidade Paulista). O torneio foi disputado em Jinjiang, na China. A equipe da UNIP chegou invicta à final, quando foi derrotada por 1x0 pela Universidade de Ottawa. Esse foi o único gol sofrido por Fernanda na competição, na qual ela foi eleita a melhor goleira.

Na temporada de 2020 Fernanda foi atuar no Avaí/Kindermann. Em 2021 jogou no Napoli de Caçador (SC) e na temporada de 2022 defendeu o Athlético PR.

Seus números no Internacional (considerando apenas jogos válidos por competições oficiais):
10 partidas
8 vitórias
1 empate
1 derrota
Campeã gaúcha em 2019

quarta-feira, 30 de novembro de 2022

Nossos títulos - Taça Cidade de Porto Alegre de 1949

 

A Taça Cidade de Porto Alegre foi um torneio disputado em quatro edições, até o Internacional ficar em posse definitiva do troféu. Para saber mais sobre o torneio: https://futeboloutrahistoria.blogspot.com/2019/11/taca-cidade-de-porto-alegre.html .

O regulamento do torneio era simples: ao final do 1º turno, os quatro melhores do campeonato se enfrentavam: o primeiro contra o quarto, e o segundo contra o terceiro. No final da temporada os dois vencedores decidiam o título.

Em 1949 a 1ª fase foi disputada em 7 de setembro, no estádio da Montanha. São José x Nacional fariam a preliminar, e o clássico Gre-Nal seria o jogo de fundo.

Na partida de fundo, o Nacional começou sem grandes dificuldades, e foi para o intervalo vencendo por 2x0, gols de Quinzinho e Guaraci. Mas no 2º tempo o São José reagiu e chegou ao empate, com gols de Aldeia e Roni. E quando tudo indicava a realização de prorrogação, Quinzinho voltou a marcar, dando a vitória ao Nacional por 3x2.

O jogo de fundo era o Gre-Nal. O inglês Cyril John Barrick, considerado o melhor árbitro do mundo, dirigiria a partida. O Internacional, desde o início, foi superior. Logo aos 7', uma jogada trabalhada que envolveu quase todo o ataque colorado, levou à abertura do placar: Malinho passou para Tesourinha, que passou para Adãozinho. O centroavante passou para Villalba, que churou forte para marcar. Aina no primeiro tempo, aos 35', Adãozinho fechou o placar, marcando o segundo gol colorado de bicicleta. Internacional 2x0 Grêmio.

A final ocorreu em 30 de novembro, uma quarta-feira, também no estádio da Montanha. Na preliminar jogaram Pampas FC x GE Florestal, dois clubes do futebol varzeano da cidade. O árbitro inglês Cyril John Barrick novamente comandou a partida. Seria seu último jogo no Brasil, pois seu contrato se encerrava naquele mesmo dia. Antes da partida, os jogadores colorados ofereceram uma placa de prata ao árbitro, em homenagem à sua atuação no Brasil. O zagueiro colorado Ilmo fez um rápido discurso em inglês. Mais tarde o contrato de Barrick seria renovado e ele ficaria mais uma temporada em Porto Alegre. Com a bola rolando, o bom time do Nacional, treinado por Teté, manteve a posse de bola por mais tempo, mas o Internacional era mais perigoso quando ia ao ataque. E aos 41' do 1º tempo, Adãozinho driblou vários adversários e cruzou para a área. Os zagueiros Pipoca e Lindoberto não foram na bola, esperando que o goleiro Rossari fosse nela. Mas o goleiro não saiu do gol e Carlitos aproveitou o vacilo da defesa para chutar a bola para as redes. Internacional 1x0, o único gol da noite.

Esse foi o último título de Tesourinha pelo Internacional. O ponteiro-direito ainda jogaria mais dois amistosos, antes de se transferir para o Vasco da Gama.

O troféu da Taça Cidade de Porto Alegre, conquistado em definitivo pelo Internacional no início do ano de 1951, está guardado no acervo reserva do Museu do clube.

Jogadores do passado - Miller


Carlos Edmundo Miller nasceu em 28 de novembro de 1894, em Cuiabá (MT).

Ele mudou-se para Porto Alegre com o objetivo de cursar Engenharia. No ano de 1913 ingressou na Escola de Engenharia e também no Internacional.

Miller estreou no Colorado em 22 de junho de 1913, na vitória por 6x0 sobre o Colombo, partida válida pelo campeonato municipal. Atuando na meia-esquerda, ele ocupou o lugar de Pedro Chaves, titular em 1912, que passou a jogar de lateral-esquerdo em 1913. No jogo seguinte, em 13 de julho, a partida não chegou ao fim. O Internacional vencia por 1x0 quando o Fussball empatou em gol considerado irregular peplos atletas colorados. Revoltados, os rubros exigiram a troca do árbitro Henrique Sommer, sócio do Grêmio, mas o Fussball não aceitou. A partida foi paralisada e dias depois Grêmio e Fussball abandonaram a liga.

Na mesma época, Miller aparece na imprensa por um evento relacionado à faculdade. Em 21 de julho ele mandou publicar (outros colegas também fizeram o mesmo) uma nota discordando de posições críticas à direção da Escola de Engenharia, divulgadas dias antes.

No dia 10 de agosto de 1913, o Internacional venceu o Frisch Auf por 10x1, na Chácara dos Eucaliptos, pelo campeonato municipal, e Miller fez seu primeiro gol, o sexto tento colorado na partida. No jogo seguinte, em 24 de agosto, o Colorado bateu o Colombo por 6x0 e conquistou seu primeiro título no campeonato da cidade. O ataque titular do primeiro título era formado por Túlio, Galvão, Pinto, Miller e Vares.
Após a conquista do título, o Internacional jogou amistosos com o Guarany de Bagé (2x0 e 1x3) e Rio Branco de Pelotas (3x2). A única mudança no ataque foi a entrada de Bendionda no lugar de Pinto. Para encerrar o campeonato e a temporada, o Colorado bateu o Frisch Auf por 5x1 e Miller marcou seu segundo gol.

Na temporada de 1914, Miller não atuou no primeiro amistoso, mas estava no segundo jogo, 2x1 sobre o Colombo, em 26 de abril. Na abertura do campeonato municipal, em 10 de maio, o Internacional bateu o Colombo por 7x0 e Miller marcou dois gols. O ataque titular nesse início de temporada era formado por Túlio, Galvão, Pinto, Miller e Vares. No jogo seguinte, em 24 de maio, Miller foi para a meia-direita, no lugar de Galvão, entrando o uruguaio Beheregaray na esquerda. O Internacional venceu o Americano por 15x2 e Miller marcou mais dois gols. Na partida seguinte, Miller voltou à meia-esquerda, com Bendionda jogando na direita. Vitória de 9x0 sobre o Frisch Auf, com Miller abrindo o placar.

Em 14 de julho o Internacional enfrentou o Rio Grande, em amistoso, e venceu por 5x1. Foi a maior derrota que o clube riograndino já havia sofrido para um clube gaúcho. E só não foi pior porque ao final do jogo, com o placar já 5x1, Kluwe cobrou um pênalti propositalmente para fora. Nessa partida Miller fez mais um gol. Em agosto, Miller ficaria de fora de duas partidas, contra o Cruzeiro, pelo campeonato, e no amistoso contra o Brasil de Pelotas. Mas voltou a campo no amistoso contra o Rio Branco, também de Pelotas. A partida terminou 1x1 e Miller fez o gol colorado. Mas em seguida ficaria de fora das outras três partidas da excursão colorada ao exterior.

Em 23 de agosto, de volta ao campeonato municipal, o Internacional bateu o Colombo por 6x1 e Miller marcou dois gols. Em 20 de setembro, em amistoso com o Cruzeiro, o Internacional venceu por 10x2 e Miller também fez dois gols. Miller também atuaria nos dois amistosos contra o 14 de Julho de Santana do Livramento, na disputa de um título "simbólico" de campeão gaúcho, pois os dois clubes tinham feito grande temporada. No primeiro jogo, 0x0. No desempate, vitória colorada por 5x0, com Miller fazendo os dois últimos gols. Mas Miller não atuaria nos dois amistosos seguintes de encerramento de temporada.

Em 1915 Miller passou vários meses sem atuar. Seu primeiro jogo pelo clube ocorreu apenas em 1º de agosto (a 11ª partida do clube). Pelo campeonato, o Internacional venceu o Cruzeiro por 4x2 e Miller fez o último gol do jogo. Contra o São Paulo, nova vitória: 8x0 e dois gols de Miller. O ataque titular passava a ser Túlio, Oswaldo, Bendionda, Miller e Vares. Em 26 de setembro, no amistoso que comemorava a fusão da Liga de Foot-Ball Porto Alegrense e da Associação de Foot-Ball Porto Alegrense, o Internacional bateu o Fussball por 10x2 e Miller marcou um dos gols. Umberto Salvini, árbitro oficial da Liga de Torino e que estava visitando Porto Alegre, dirigiu a partida. No dia 14 de outubro, o Internacional bateu o São Paulo de Rio Grande por 6x0 e Miller deixou sua marca. No dia 24, outro amistoso, 8x2 no Cruzeiro, e mais um gol de Miller. Mas o grande momento viria em 31 de outubro. Na Baixada, Internacional e Grêmio se enfrentavam. Era o primeiro clássico de Miller, pois o Tricolor estava na dissidente Associação de Foot-Ball Porto Alegrense. E no final do 1º tempo, após uma confusão na área gremista, Miller chutou com força para abrir o placar. O Colorado venceu por 4x1, sua primeira vitória em clássicos. Como Antenor Lemos diria, o "lacre estava quebrado". No encerramento da temporada, em amistoso com o Frisch Auf, vitória por 7x2 e dois gols de Bendionda.

Na temporada de 1916, Miller não atuou nas três primeiras partidas do clube, estreando em 28 de maio, na vitória de 6x2 sobre o Cruzeiro, pelo campeonato. No dia 25 de junho, o Internacional bateu o Colombo por 14x0, também pelo campeonato, e Miller marcou três gols. Em seu segundo Gre-Nal, em 30 de julho, vitória colorada por 6x1. Em 10 de setembro, na Chácara das Camélias, o Internacional bateu o Fussball por 13x1 e Miller voltou a marcar três gols. Em 29 de outubro, no Gre-Nal do 2º turno, vitória colorada por 3x2, com um gol de Miller.

Em 1917 novamente Miller não joga as primeiras partidas da temporada. Ele volta a campo apenas em 29 de julho, no amistoso com o São José (4x1). Em 5 de agosto, pelo campeonato municipal, o Internacional bateu o Americano por 11x0 e Miller marcou o seu. Em 23 de setembro, pelo campeonato, o Internacional fez 12x1 no São José, e Miller marcou três gols.

Em 1918, na primeira partida do clube no ano, em 10 de março, o Internacional venceu o Juvenil, em Caxias do Sul, por 2x1, com gol de Miller. Já preparando a formatura que ocorreria no final do ano, Miller deixou o futebol de lado. Seu jogo seguinte só ocorreu em 15 de setembro, quando o Colorado bateu o São José por 13x0 e Miller fez um gol. Foi a única partida de Miller pelo campeonato e seu último jogo pelo Internacional.

Formado, Miller foi para São Paulo trabalhar como engenheiro da Estrada de Ferro Sorocabana. No dia 28 de dezembro de 1939, Miller sofreu um mal súbito, quando trabalhava nos escritórios da empresa. Socorrido, faleceu no hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. 

Seus números no Internacional:
48 partidas
41 vitórias
5 empates
2 derrotas
42 gols
Campeão municipal em 1913, 1914, 1915, 1916 e 1917

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

Nossos títulos - campeonato municipal de 1947


O campeonato municipal de 1947 foi disputado por sete clubes: Internacional, Grêmio, Cruzeiro, Renner, São José, Nacional e Força e Luz.

O regulamento previa dois turnos com sete clubes, e mais um terceiro turno com apenas os quatro melhores dos dois turnos iniciais. O campeão seria o clube que somasse mais pontos ao longo dos três turnos.

Carlos Martin Volante, o técnico que comandou o time em 1946, foi mantido para a temporada de 1947. No elenco foram poucas as mudanças. Fandiño chegou para ocupar o lugar de Elizeu, na meia. Na linha média, com a venda do centromédio Ávila para o Botafogo, durante o Torneio Extra, o lateral-direito Vianna passou a jogar centralizado. O veterano zagueiro Alpheu passou a jogar de lateral-direito e Ilmo entrou na zaga, ao lado de Nena. No gol continuava Ivo, na lateral-esquerda Abigail, e na linha de frente, além do recém-chegado Fandiño, atuavam os remanescentes Tesourinha, Villalba, Adãozinho e Carlitos. O internacional Internacional contava com três argentinos: o técnico Carlos Volante e os jogadores Villalba e Fandiño

O Rolo Compressor, que havia dominado o futebol da cidade e do estado na primeira metade dos anos 1940, estava com seu orgulho abalado. Após conquistar o hexa entre 1940 e 1945, perdeu o título da cidade para o Grêmio, em 1946. E no começo da temporada de 1947 o clube perdeu o título do Torneio Extra para o Renner.

A abertura do campeonato ocorreu em um sábado, dia 21 de junho de 1947. No Passo da Areia o Internacional enfrentava o São José. O Colorado era o favorito contra o Zequinha, que era treinado por Luiz Luz, jogador que em 1934 foi o primeiro atleta de clube gaúcho (o Americano) a ser convocado para uma Copa do Mundo. Mas no Torneio Extra o clube vendeu caro a derrota, perdendo por 4x3. Por isso mesmo, o placar foi surpreendente: Internacional 11x1! O Rolo Compressor mostrava toda sua força. Ainda no 1º tempo, Elizeu (3 vezes), Adãozinho, Tesourinha e Carlitos construíram uma vantagem de 6x0. Na 2ª etapa, logo após Elizeu ampliar para 7x0, Polaco descontou. Tesourinha, Elizeu, Villalba e Carlitos marcaram, completando a goleada. O Colorado jogou com Ivo; Alpheu e Nena; Vianna, Tábua e Abigail; Tesourinha, Villalba, Adãozinho, Elizeu e Carlitos.

Na segunda rodada, em 29 de junho, domingo, o adversário era o forte Cruzeiro, que vinha completo, tinha Clóvis, um lateral que era considerado o melhor marcador de Tesourinha e contava no ataque com Lombardini, atacante com passagens pela Seleção Argentina. O Colorado tinha dúvidas. Carlos Volante ainda não havia encontrado um substituto para Ávila. No ataque, a dúvida era entre Elizeu e o argentino Fandiño. O jogo era nos Eucaliptos. O técnico colorado acabou enviando a campo uma equipe com duas mudanças em relação ao time da estreia: Ilmo no lugar de Tábua e Fandiño no lugar de Elizeu. E no 1º tempo o Internacional dominou completamente o adversário, marcando dois gols, por intermédio de Adãozinho e Fandiño. O goleiro Borracha, em grande atuação, evitou um escore maior. No 2º tempo, Telêmaco Frazão de Lima, técnico do Cruzeiro, tirou Laerte da lateral e o colocou de centromédio, acertando a marcação e melhorando a criação ofensiva. No Colorado, Villalba e Fandiño, que foram a campo sem as melhores condições físicas, não conseguiam repetir o desempenho da etapa anterior. Mas a zaga colorada soube conter a pressão adversária e garantir os 2x0. No mesmo dia o Grêmio sofria para vencer o São José por 3x2.

Na terceira rodada, 5 de julho, o Internacional voltou a jogar no sábado. Nos Eucaliptos, enfrentava o Nacional. O mando de campo era do Nacional, mas como seu estádio estava em obras os dois clubes decidiram, em comum acordo, jogar nos Eucaliptos. No Colorado, Vianna, improvisado de centromédio, estava dando resposta. Mas no ataque a imprensa comentava sobre Villalba e Fandiño serem poupados, visando o Gre-Nal. O time que foi a campo tinha duas diferenças em relação ao jogo anterior: o lateral-direito Tábua entrou no time, substituindo Alpheu, que vinha jogando improvisado na função. E no ataque apenas Fandiño foi poupado, entrando Elizeu no time. Com a bola rolando, Villalba abriu o placar logo no início de jogo. Mas ainda no 1º tempo, em duas falhas de Tábua, Jorge e Mário Andrade viraram o jogo. No início da 2ª etapa Carlitos empatou. E três minutos depois, Fontoura cometeu pênalti em Tesourinha. Carlitos cobrou mas Mílton defendeu. O mesmo Carlitos, porém, marcaria o gol da virada, aos 32', e Elizeu fechou o placar: Internacional 4x2. Aos 40' do 2º tempo o juiz expulsou Danilo, do Nacional, por ofensa. Seu irmão Mário Andrade tomou as dores do mano e foi para a rua também. Na segunda-feira, a imprensa comentava o interesse do Santos em Adãozinho.

No dia 20 de julho, nos Eucaliptos, ocorreu o Gre-Nal do 1º turno. Em relação à partida anterior, voltaram Alpheu e Fandiño, saindo Tábua e Elizeu. E o Internacional foi arrasador! Apesar da atuação discreta de Villalba e Fandiño, o goleiro gremista Júlio teve trabalho para evitar uma goleada histórica. Logo aos 20', Carlitos chutou forte, a bola desviou em Sanguinetti e enganou Júlio. Aos 36', Adãozinho ampliou para 2x0. No 2º tempo o Grêmio, apesar de ainda dominado, conseguiu se organizar um pouco melhor, levando apenas mais um gol, de Villalba, aos 38'. Placar final: Internacional 3x0.

No dia 27 de julho o Internacional enfrentava o Força e Luz, na Timbaúva. O Internacional foi a campo com a mesma equipe do Gre-Nal, embora Tesourinha e Fandiño não estivessem em perfeitas condições físicas. O Força e Luz, ao lado do Internacional, continuava invicto no campeonato e era um adversário considerado perigoso pelo técnico Carlos Volante. Um público de 7 mil pessoas compareceu ao estádio, mas a qualidade da partida deixou a desejar. Com Tesourinha e Fandiño descontados, o ataque colorado não conseguiu repetir as últimas partidas, enquanto no Força e Luz, Nino, em grande dia, comandou o meio-campo. Com isso a partida terminou como começou, 0x0. Nos minutos finais do jogo Villalba cometeu uma falta forte em Sordi. Ao perceber que o jogador do Força e Luz parecia machucado, Villalba foi até ele, oferecer-lhe a mão. Mas como resposta recebeu um soco na boca. Mas o juiz Homero Carvalho não puniu os atletas.

Na última rodada do turno, o adversário era o Renner, nos Eucaliptos, em 3 de agosto. O Renner estava em 3º lugar no campeonato e havia derrotado o Internacional na final do Torneio Extra. E o Colorado ainda jogaria desfalcado de Tesourinha e Fandiño, substituídos por Boris e Ghizzoni. Villalba também era dúvida, mas foi a campo. O 1º tempo foi apático, sem grandes oportunidades de gol para nenhum dos lados. Mas logo aos 30 segundos da 2ª etapa, o centromédio Ghizzoni, improvisado na meia-esquerda, acertou um chute violento de fora da área, que surpreendeu o goleiro Ewerton, abrindo o placar. Após o gol o Internacional dominou a partida, embora sem criar lances de perigo. No finalzinho da partida Carlitos serviu Adãozinho, que chutou para as redes, fechando o placar em 2x0.

O 2º turno começou em 24 de agosto de 1947, um domingo. O Internacional enfrentou o São José, nos Eucaliptos. A partida deveria ter sido disputada no sábado, mas o mau tempo ocasionou sua transferência. O Internacional era o grande favorito da rodada, mesmo jogando sem o goleiro Ivo e Fandiño. Jogaram Harry e Elizeu em seus lugares. Mas a partida surpreendeu a torcida. No 1º tempo, sem muitas emoções, não ocorreram gols. Na 2ª etapa Tesourinha abriu o placar e Adãozinho ampliou. Mas o São José decidiu reagir. Aos 28' o juiz Joaquim Rodrigues de Almeida anulou corretamente um gol do São José. Mas aos 41' Loureiro diminuiu: Internacional 2x1.

Em 31 de agosto o adversário era o forte Cruzeiro, na Montanha. Com o fraco desempenho contra o São José, havia muita desconfiança sobre o resultado da partida. Com Fandiño ainda sem condições de jogo, o ingresso de Elizeu era natural. Mas o técnico Carlos Volante decidiu surpreender o adversário. Prevendo a forte marcação de Clóvis, o técnico Carlos Volante colocou Bóris na ponta-direita, e passou Tesourinha para a meia-esquerda. E a novidade deu certo. Logo aos 40 segundo de jogo, Tesourinha atrasou uma bola para Vianna, que lançou Boris, na ponta-direita. O atacante antecipou-se a Clóvis e chutou forte, no canto oposto, sem chances para o goleiro Borracha: Internacional 1x0. O craque colorado passou a jogar livre, sem uma marcação especial, e Clóvis, indeciso entre perseguir Tesourinha ou marcar Boris, abriu uma avenida no seu setor. Aos 20', Tesourinha tabelou com Adãozinho e a bola sobrou para Carlitos marcar.  Aos 26', Boris venceu a marcação de Clóvis e cruzou alto. Villalba chegou na corrida e cabeceou para as redes. No 2º tempo o Colorado começou cadenciando o jogo. Mas aos 20', Vianna cruzou e Tesourinha marcou, de cabeça. Aos 27', o centroavante Adãozinho avançou pela direita, passando por Juvenal e Clóvis. Quando chegou na linha de fundo, atrasou para o centro da área. Villalba chegou na corrida e encheu o pé: Internacional 5x0. Aos 35', Adãozinho lançou Carlitos, pela direita. O ponteiro invadiu a área e chutou forte. Borracha espalmou, mas o próprio Carlitos pegou o rebote e concluiu para as redes: Internacional 6x0. Apesar da goleada, a imprensa destacou a atuação de Borracha, que evitou uma goleada maior. Na mesma rodada, o Grêmio perdeu para o São José por 4x2 e o Colorado abriu três pontos de vantagem sobre seu rival.

Em 6 de setembro, um sábado, véspera de feriado, o Internacional enfrentou o Nacional. No 1º turno o mando de campo era do Nacional, mas devido às obras no estádio, a partida foi disputada nos Eucaliptos. No 2º turno a partida foi jogada na Chácada das Camélias. E o Internacional, jogando com a mesma equipe que atuou contra o Cruzeiro, foi arrasador. No 1º tempo já vencia por 4x0, com gols de Villalba (2), Gonzalez (contra) e Carlitos. Logo no 1º minuto da 2ª etapa, Villalba ampliou para 5x0. Mas quando tudo parecia indicar uma goleada histórica, o Internacional passou a cadenciar o jogo. Jorge descontaria aos 8', fechando o placar em 5x1. O goleiro Munheco foi escolhido o melhor jogador do Nacional, pelo Correio do Povo.

O Internacional voltaria a campo apenas em 5 de outubro, quase um mês depois. A partida estava inicialmente marcada para 28 de setembro, o domingo anterior, mas foi transferida devido à chuva. E no domingo, dia 5, quase 10 mil pessoas compareceram à Baixada, proporcionando renda recorde na temporada (Cr$ 94.048.00). Pela terceira vez consecutiva o Internacional repetia sua escalação. A partida foi marcada pelo vento forte, que favoreceu o Grêmio na 1ª etapa. Mesmo assim, foi o Internacional que abriu o placar. Aos 21', Jorge e Clarel cometeram pênalti em Tesourinha. Carlitos cobrou e marcou. Internacional 1x0. Mas aos 24', Clarel lançou a bola na área. Nena e Prego disputaram a bola de cabeça e o zagueiro colorado teve a infelicidade de enviá-la contra as próprias redes. No 2º tempo, com o vento ao seu favor, o Internacional atacou mais. E logo aos 4', Villalba aproveitou um rebote do goleiro Júlio e marcou. Internacional 2x1! Esse foi o placar final. O Colorado abria 5 pontos de vantagem sobre o Tricolor e ficava muito perto do título.

No dia 12 de outubro o adversário era o Força e Luz, nos Eucaliptos. A partida era importante para a equipe rajada, que lutava por uma vaga no terceiro turno. Antes da rodada, apenas o Internacional estava garantido no 3º turno. Grêmio, Cruzeiro, Força e Luz e Renner brigavam por três vagas, enquanto São José e Nacional já não tinham mais chances de classificação. Na equipe colorada, Fandiño voltou, mas Adãozinho ficou de fora. Circulava na imprensa o boato de que, caso o Internacional encerrasse os dois turnos invicto, os demais presidentes pediriam o cancelamento do 3º turno e a homologação do Colorado como campeão municipal. A partida começou parelha, mas aos 27' Boris cruzou para a área e Tesourinha chutou a gol. O zagueiro Hugo afastou parcialmente, Tesourinha pegou o rebote e voltou a chutar, com força, de pé esquerdo, para marcar. Internacional 1x0. Mas aos 33' Jerônimo cruzou, Detefon matou a bola no peito, avançou até perto do gol e fuzilou para as redes, empatando o jogo. Aos 40', Detefon cruzou para a área. Nena e Ivo ficaram indecisos sobre quem iria na bola e Dorvalino aproveitou-se para chutar para as redes, colocando o Força e Luz em vantagem. Mas no 2º tempo, aos 11', Tesourinha chutou no travessão e Villalba apanhou o rebote de cabeça, mandando para as redes. Estava empatada a partida. Aos 24', Carlitos recebeu a bola de um adversário e chutou para as redes, virando o jogo, mas o juiz Homero Carvalho anulou o gol alegando impedimento. A anulação foi equivocada, pois a bola veio de um adversário. E aos 42', Detefon cruzou para a área, a zaga colorada atrapalhou-se e a bola chegou até Nadir, que chutou fraco, mas contou com a ajuda de Ivo, que pulou atrasado. O Força e Luz chegava a 3x2 e derrubava o último invicto do campeonato.

No sábado, 18 de outubro, o Internacional enfrentava o Renner, no estádio Tiradentes. O Colorado estava muito perto do título, enquanto o Renner brigava desesperadamente por uma vaga no Turno Neutro. O Colorado enviou a campo a equipe considerada titular, com a volta de Adãozinho e a saída de Boris. O 1º tempo não teve muitos atrativos. Na 2ª etapa, aos 17', Tesourinha abriu o placar. Aos 43', ao apagar das luzes, Abigail cruzou e Carlitos marcou 2x0. Os jogadores do Renner reclamaram que Carlitos teria ajeitado a bola com a mão, mas o juiz confirmou o gol. Com esse resultado o Renner, campeão do Torneio Extra, ficou fora do Turno Neutro do campeonato municipal.

No domingo, 9 de novembro de 1947, o Internacional entrou em campo para enfrentar o Força e Luz, na Baixada, estreando no Turno Neutro. Com a derrota do Grêmio no sábado, frente ao Cruzeiro (2x3), bastava ao Colorado vencer para conquistar o título. Mas o adversário era o único que não havia perdido para o Clube do Povo: no 1º turno empate em 0x0 e no 2º turno vitória dos rajados da Carris por 3x2. Quando a bola começou a rolar no jogo principal, o Internacional enviou a campo sua equipe titular, a mesma que havia jogado com o Renner. E logo aos 5', Tesourinha recebeu a bola e chutou para as redes, abrindo o placar. Mas a seguir o jogo seguiu estudado, sem grandes emoções, e o 1º tempo terminou 1x0 para o Colorado, que estava conquistando o título. Entretanto, aos 21' do 2º tempo, o zagueiro colorado Ilmo colocou a mão na bola dentro da área. Nadyr cobrou o pênalti e empatou o jogo. O Internacional precisaria de mais um ponto nos dois jogos seguintes para ficar com a taça. Porém, aos 33' carlitos decidiu a parada. O ponteiro-esquerdo colorado cobrou escanteio, o goleiro Cláudio tentou defender, sem sucesso, e a bola entrou, em gol olímpico. Internacional 2x1! Esse foi o resultado final, e o Internacional sagrou-se campeão com duas rodadas de antecipação.

No dia 16 de novembro, já campeão, o Internacional enfrentou o Cruzeiro, na Baixada. No dia anterior o Grêmio havia sofrido mais um tropeço, perdendo para o Força e Luz por 3x2. O Internacional jogou desfalcado de Nena, punido pelo TJD (Tribunal de Justiça Desportiva). Maravilha entrou na lateral-direita e o veterano Alpheu voltou a atuar na zaga. O Cruzeiro resistiu bravamente até os 30' do 2º tempo. Nesse minuto, Carlitos cruzou para a área. Adãozinho chegou na corrida e apenas desviou de Borracha. Internacional 1x0! Aos 37', Tesourinha driblou Clóvis (seu famoso marcador) e cruzou para Villalba chutar com violência para as redes. Internacional 2x0! E aos 41', Adãozinho recuou a bola para Villalba, que chutou para as redes. Internacional 3x0, placar final.

A última partida do campeonato ocorreu em 23 de novembro de 1947, o Gre-Nal disputado na Timbaúva. O Internacional receberia as faixas de campeão da cidade antes da partida, e o Grêmio pretendia carimbá-las. O Colorado continuava desfalcado de Nena, ainda cumprindo suspensão. Com a bola rolando, o Grêmio lançou-se ao ataque. Beroci abriu o placar para o Tricolor aos 18' e Prego ampliou aos 35' do 1º tempo. A primeira metade do jogo terminou com o placar de 2x0 para o Grêmio. Mas no 2º tempo o Rolo Compressor decidiu reagir. Logo aos 3', Adãozinho diminuiu o prejuízo. E aos 17' Fandiño empatou a partida. Placar final: 2x2.