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quarta-feira, 30 de dezembro de 2020

HISTÓRIA - Briga de dirigentes colorados na TV


Em 9 de março de 1975 José Asmuz, diretor de futebol do Internacional, e Gilberto Medeiros, vice-presidente colorado, foram convidados a comparecer no programa Jogo Aberto, da TV Difusora (atual Bandeirantes de Porto Alegre). Os dois dirigentes estavam se preparando para concorrerem à presidência do clube, no final do ano. E o caso Escurinho marcou a declaração de guerra oficial entre os dois.


Os dois iriam dar suas versões sobre o caso Escurinho. O jogador, considerado um amuleto da sorte pela torcida, caiu em desgraça com o presidente do clube, Eraldo Hermann, por reclamar publicamente do não pagamento do bicho extra em uma partida do campeonato brasileiro de 1974. Além disso, os dirigentes haviam criticado o desempenho dos jogadores de forma dura, na imprensa. Para amenizar a situação, antes de uma partida Eraldo Hermann se reuniu com os jogadores no vestiário, pedindo desculpas e dizendo que os dirigentes eram torcedores e as vezes, levados pela emoção, falavam coisas que não deviam. Escurinho pediu a palavra, disse que também era torcedor, estava no clube há dez anos e sempre pensava muito antes de falar, o que enfureceu o dirigente.

Em março de 1975, o Internacional foi excursionar pela Europa, com Eraldo junto. O presidente deixou Asmuz com uma missão: renovar o contrato de Escurinho por, no máximo, 9 mil cruzeiros mensais. Escurinho esperava renovar por 15 mil, mas Asmuz era intransigente, fez a proposta do clube e se recusou a ouvir uma contra-proposta. Aborrecido, Escurinho chamou o dirigente de mal-educado e foi afastado do grupo, proibido até de treinar. Gilberto Medeiros, que ficou exercendo a presidência do clube temporariamente, afastou Asmuz da negociação, chamando-o de radical, e ligou para Eraldo Hermann, pedindo autorização para assumir a negociação. Autorizado pelo presidente, para garantir a permanência do jogador no clube e conquistar a torcida, renovou por 11.900 cruzeiros.


Escurinho renovou no dia 7 de março, mas a crise agravou-se. Quando Eraldo Hermann soube que Medeiros havia renovado por mais que os 9 mil iniciais, ficou enfurecido e quase voltou imediatamente da Itália, só permanecendo com a delegação após ser convencido por Franklin Veríssimo, outro vice-presidente que estava na excursão. Mas o próprio Franklin Veríssimo e José asmuz ameaçavam pedir demissão, devido a atitude de Medeiros. Por outro lado, na Itália, os jogadores comemoraram quando souberam da renovação de Escurinho.
Declaração de Eraldo Hermann sobre a decisão de Gilberto Medeiros, no Jornal dos Sports

Voltando ao programa de TV. Medeiros não compareceu e Asmuz começou a dar sua versão dos fatos. De repente, Medeiros aparece na TV e declara: "ouvi em casa o que você disse. É tudo mentira." E começou a contar sua versão. Só começou, porque Asmuz voou sobre Medeiros, agarrou-o pelos cabelos e começou a esmurrá-lo até derrubar o vice-presidente. Tudo ao vivo, na TV, que só saiu do ar após Medeiros estar rolando no chão. A confusão levou cerca de 500 torcedores para a frente da emissora, e Asmuz teve que sair pela porta dos fundos para não correr o risco de apanhar. Já Gilberto Medeiros aproveitou a situação e saiu pela frente, sendo aplaudido por alguns torcedores.


A crise continuou no dia seguinte. Sérgio Jockymann, cronista colorado e comentarista em um programa da TV Difusora, criticou o canal, também ao vivo, por desrespeitar o clube ao não cortar as imagens logo que começaram as agressões. O cronista foi imediatamente demitido.

No clube, Medeiros tratou de capitalizar a agressão. Grupos de torcedores se manifestaram a favor do vice, contra Asmuz. A agressão exigia uma resposta rápida, mas afastar Asmuz, que seria o correto, era complicado para a direção. Rico, Asmuz era avalista de mais de 5 milhões de empréstimos do clube. Além disso, contava com a simpatia dos jogadores, o que não ocorria com Medeiros. Por fim, alguns dirigentes conseguiram convencê-lo a afastar-se temporariamente do clube, sendo depois demitido do cargo. Mas no dia 24 de março, o segundo vice-presidente, Franklin Veríssimo, pediu demissão, contrário ao afastamento de Asmuz.

Mas se Gilberto Medeiros teve vantagem política ao apanhar, seus sonhos não foram longe, naquele ano. Diante da crise surgida com a briga, dirigentes começaram a procurar um nome alternativo. Em 31 de março Frederico Arnaldo Ballvé foi escolhido para o cargo de diretor de futebol, substituindo Asmuz, e no final de 1975 foi eleito presidente do Internacional.

José Asmuz e Gilberto Medeiros tornaram-se inimigos mortais. José Asmuz foi presidente do clube por três mandatos: 1980/1981, 1990/1991 e 1992/1993. Gilberto Medeiros foi presidente por um mandato (1986/1987). E o caso Asmuz/Escurinho ainda teria mais um capítulo, curto: o atacante havia saído do clube em 1978, jogando no Palmeiras (1978) e Internacional de Limeira (1979). No início de 1980 surgiu a possibilidade do jogador voltar ao clube, mas Asmuz, ainda magoado com os eventos de 1975, vetou a contratação de Escurinho.

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Municipal de 1950

Origem da foto: https://1909emcores.blogspot.com/. A foto é do time campeão gaúcho, conquistado em janeiro de 1951. Mas o grupo era o mesmo. Dos titulares do campeonato municipal, apenas Adãozinho, negociado com o Flamengo, não aparece.

O Internacional começou a temporada de 1950 com várias mudanças.

Na primeira competição do ano, o Torneio Triangular de Porto Alegre, disputado com Renner e Grêmio, o título ficou com a equipe dos industriários. No Torneio Extra, porém, o Colorado conquistou a taça, batendo o Grêmio em um jogo-extra.

Campanha colorada no Torneio Extra:
01.04 1x1 Grêmio
22.04 3x1 Corinthians
29.04 2x0 Cruzeiro
09.07 5x2 São José
13.08 2x1 Nacional
24.08 3x1 Renner
27.08 1x0 Grêmio

Devido à Copa do Mundo, disputada no Brasil e com jogos em Porto Alegre, o campeonato municipal de 1950 só começou em setembro. O Internacional tinha grandes modificações em relação ao ano anterior. Saíram jogadores importantes, como Tesourinha e Villalba, e chegaram várias promessas, como o centromédio Salvador (Força e Luz), o lateral-esquerdo Oreco (Internacional SM), o meia Ênio Andrade (São José) e os atacantes Mujica (Cruzeiro), Solis (Vasco da Gama) e Albery (Riograndense SM). O técnico, o argentino Alfredo Gonzalez, também era novidade.

Nos primeiros meses do ano, entre amistosos e torneios, o Internacional testou vários jogadores. Até mesmo o zagueiro Gonzalez, irmão do técnico, chegou a receber algumas oportunidades. Além disso, no primeiro semestre o clube quase não contou com Nena e Adãozinho, convocados para a Copa do Mundo. Aos poucos, porém, foi surgindo um time titular. No gol, o reserva Ewerton ganhou a posição de Ivo, lendário goleiro do Rolo Compressor. A zaga, apesar dos muitos testes, continuava a mesma da temporada anterior: Nena e Ilmo. A linha média foi a menos testada: Vianna e Ruaro mantiveram suas posições e Oreco substituiu o uruguaio Raul Díaz na lateral-esquerda. O ataque, depois de muitos testes, ficou formado com Herculano, Ênio Andrade, Adãozinho, Mujica e Carlitos. Apenas Adãozinho e Carlitos haviam sido titulares na temporada anterior (Herculano ganhou a posição nos amistosos pós campeonato de 1949).

A partida de estreia ocorreu em 10/09/1950, nos Eucaliptos, contra o Corinthians (ex-Força e Luz). O adversário ofereceu resistência em boa parte da partida. Ênio Andrade abriu o placar no 1º tempo e Adãzinho ampliou no início da 2ª etapa, mas logo depois o Corinthians descontou, com Edgar. Nos 20 minutos finais, porém, o adversário cansou e o Colorado, com gols de Adãozinho (2) e Mujica, construiu a goleada de 5x1. A equipe colorada formou com: Ewerton; Nena e Ilmo; Vianna, Ruaro e Oreco; Herculano, Ênio Andrade, Adãozinho, Mujica e Carlitos.

Após uma rápida excursão ao Paraná, para disputar dois amistoso, o Internacional voltou ao campeonato, para enfrentar o Nacional, no Tiradentes, no dia 23/09. O jogo estava marcado para a Chácara das Camélias, mas como o estádio do "Ferrinho" estava em obras, foi transferido para o estádio do Renner. O Nacional contava com cinco futuros atletas colorados (La Paz, Florindo, Lindoberto, Bodinho e Camargo) e o técnico Teté. O Colorado foi a campo desfalcado de Adãozinho, substituído por Solis. Aos 7' de jogo, Florindo e Mujica chocaram-se. O zagueiro do Nacional ficou alguns minutos fora da partida, mas depois retornou. Já Mujica não conseguiu voltar, e o regulamento do campeonato não permitia substituições. Mesmo com um jogador a menos, aos 44' do 1º tempo o Internacional conseguiu um pênalti. Herculano cobrou mas La Paz defendeu. No 2º tempo, também de pênalti, Quito abriu o placar para o Nacional, mas Solis empatou aos 23'. Final de jogo: Internacional 1x1 Nacional.

No dia 04/10 o adversário foi o São José, nos Eucaliptos. No 1º tempo, favorecido pelo vento, o São José teve maior domínio da partida, mas foi o Colorado que marcou, com Adãozinho. No final da partida, com uma bomba, Carlitos marcou mais um. Jogando novamente com sua equipe titular, o Internacional venceu por 2x0.

Em 15/10 o Internacional enfrentou o Renner, no estádio Tiradentes. O Colorado jogou desfalcado de Herculano, substituído por Albery. E a equipe colorada jogou mal, chegando a estar perdendo por 3x0. O time ensaiou uma reação, com gols de Adãozinho, aos 18', e Carlitos, aos 32', mas ficou nisso: Renner 3x2.

Em 21/10, na Montanha, o adversário era o Cruzeiro. O time colorado tinha três modificações. Na zaga, Oscar jogou no lugar de Nena. Na linha média, Salvador substituiu Ruaro. E na frente, Albery continuou no lugar de Herculano. Mesmo assim, o Internacional venceu com tranquilidade. Carlitos abriu o marcador e Albery fez um gol olímpico, ainda no 1º tempo. Na 2ª etapa Carrion marcou contra, aumentando a vantagem. Aos 30', Nardo saiu de jogo, deixando o Cruzeiro com um a menos. Curiosamente, cinco minutos depois o time fez seu gol de honra. Internacional 3x1.

No dia 28/10 ocorreu o Gre-Nal do 1º turno, nos Eucaliptos. O campeonato era disputado pela Fórmula Fraga (campeão do 1º turno x campeão do 2º turno) e o clássico pouco valia, pois o Grêmio já havia vencido o turno. Tendo Nena de volta e com Salvador e Albery no time, o Colorado dominou a partida mas não conseguiu transformar o domínio em gols. Sua melhor chance ocorreu ao 15' do 2º tempo, quando Mujica acertou um chute no travessão. Internacional 0x0 Grêmio.

Na abertura do 2º turno, em 08/11, o Internacional enfrentou o Corinthians. A partida ocorreu no Tiradentes, pois era um jogo noturno e a Timbaúva, estádio do adversário, não possuía iluminação. Herculano voltou ao time, mas o Colorado tinha dois desfalques: Adãozinho e Ênio Andrade, substituídos por Solis e Huguinho. Na posição de centromédio, Salvador seguia de titular. O Corinthians surpreendeu, atacando com força e perdendo um gol logo no primeiro minuto de jogo. Mas passado o susto o Colorado foi tomando conta do jogo e terminou a 1ª etapa vencendo por 2x0, gols de Herculano e Mujica. No 2º tempo, Solis e Huguinho completaram o placar, 4x0.

Em 19/11 o adversário era o Nacional, nos Eucaliptos. O 1º tempo foi marcado por um bom futebol das duas equipes. Chico abriu o placar para o Nacional e Carlitos empatou para o Colorado. No 2º tempo, a partir dos 25', a partida ficou marcada por jogadas ríspidas. Moreira cometeu falta violenta em Salvador e foi expulso. Antes da cobrança de uma falta, Nena agrediu Bodinho, que caiu desmaiado e teve que ser encaminhado ao HPS, onde ficou internado. O juiz inglês Cyril Barrick não viu o lance. O auxiliar Jorge Ussam teria denunciado a agressão de Nena ao juiz, mas quando este preparava-se para expulsar o zagueiro colorado, os demais atletas cercaram o auxiliar e o obrigaram a mudar a versão. Assim Nena permaneceu em campo. Alguns minutos depois, Chico tentou vingar Bodinho, acertando Nena, mas o próprio atacante se lesionou, passando o tempo restante da partida apenas fazendo número na ponta. Em meio às confusões, Ênio Andrade e Salvador marcaram, fechando o placar. Internacional 3x1. No dia 23/11/1950, o Tribunal de Justiça Desportiva decidiu punir com uma partida de suspensão os atletas Nena, Chico e Moreira.

Em 25/11 o Internacional enfrentou o São José, no Passo da Areia. Nena, suspenso, não jogou, substituído por Oscar. Adãozinho voltou ao time, mas Mujica não jogou, assim Huguinho continuou na equipe. O São José havia perdido todas as oito partidas que tinha disputado no campeonato, mas conseguiu segurar o Internacional. Depois de garantir o 0x0 no 1º tempo, o São José abriu o placar, mas Carlitos empatou o jogo: 1x1. O reusltado foi ruim. O Internacional precisava vencer o 2º turno para chegar à final, e apesar de estar liderando, com 5 pontos, tinha um jogo a mais que o Renner, com 4.

E o adversário de 29/11, nos Eucaliptos, era exatamente o Renner. O Internacional tinha a volta de Nena ao time, mas Vianna e Adãozinho estavam fora do jogo. Ruaro e Solis entraram em seus lugares. Oreco foi deslocado para a lateral-direita e Ênio Andrade para a meia-esquerda. O Internacional jogou muito mais que na partida anterior e chegou à vitória com relativa facilidade, com gols de Carlitos e Herculano ainda no 1º tempo: Internacional 2x0. O ex-titular Ruaro, fora do time nas cinco partidas anteriores, foi escolhido o melhor em campo pela imprensa.

Em 17/12 o Internacional enfrentava o Cruzeiro, nos Eucaliptos. Ruaro e Solis continuavam no time, nos lugares de Vianna e Adãozinho. O Estrelado conseguiu fazer frente ao Internacional na 1ª etapa, abrindo o placar aos 4', mas Herculano empatou aos 14'. No 2º tempo o Internacional fez valer sua superioridade e Huguinho e Herculano construíram o placar. Internacional 3x1.

Em 24/12, na Baixada, ocorreu o clássico Gre-Nal. O Internacional precisava pelo menos do empate para conquistar o 2º turno e decidir o campeonato com o próprio Grêmio. Se o Tricolor vencesse, provocaria um jogo-extra para decidir o 2º turno. Em relação à partida anterior, Herculano saiu do time e Mujica voltou à equipe. O árbitro inglês Harry Dykes foi cedido pela Federação Metropolitana de Futebol (FMF), do Rio de Janeiro. O Grêmio começou a partida avassalador, obrigando o Internacional a ceder quatro escanteios nos primeiros minutos de jogo. Pouco a pouco, o Internacional conseguiu igualar as ações, embora o Grêmio mantivesse maior volume de jogo. Ainda no 1º tempo, o Internacional marcou um gol, anulado pelo juiz, que alegou falta de Carlitos em Sérgio. No 2º tempo a partida foi equilibrada. Aos 10', após cobrança de escanteio, Apis marcou, mas o juiz anulou o gol, por falta de Geada em Nena. Com o empate em 0x0 o Internacional conquistou o 2º turno, obrigando a realização de duas partidas extras para decidir o título municipal.

No dia 27/12 os dois times voltaram a se enfrentar, na Montanha. No Internacional, Adãozinho voltou ao time, saindo Huguinho. A partida foi disputada sob forte chuva e a 1ª etapa foi equilibrada, sem gols. Mas logo aos 10' da 2ª etapa, Ênio Andrade cruzou para Carlitos que, dentro da área, chutou de primeira, surpreendendo o goleiro Sérgio. Internacional 1x0! A equipe gremista ficou aturdida, e dois minutos depois Carlitos voltou a concluir a gol com força. Clarel afastou de cabeça, mas Solis pegou o rebote e marcou o 2º gol colorado. O Grêmio ainda reagiu aos 19', com Detefon, mas aos 25' Adãozinho cruzou e Solis, quase à queima-roupa, fuzilou para as redes. Sérgio ainda tocou na bola mas não conseguiu evitar o 3º gol colorado. Aos 28', Dirceu diminuiu para o Grêmio, e o Tricolor passou a pressionar em busca do empate. Aos 41', Dirceu cobrou escanteio para o Grêmio, mas a bola ficou com Ruaro, com todo o time do Grêmio no ataque. O médio colorado passou para Carlitos, que avançou em velocidade, livre, dirblou Sérgio e chutou para o gol vazio. Aos 44', Apis voltou a descontar para o Grêmio, encerrando o placar. Internacional 4x3.

No dia 30/12, nova partida na Montanha. O Internacional jogava por um empate para chegar ao título. Em caso de vitória gremista, seria disputada uma prorrogação de 30 minutos. Em caso de empate na prorrogação, seriam disputadas prorrogações de 15 minutos até que saísse um gol, que encerraria a partida imediatamente. O Colorado foi a campo com a mesma equipe. Novamente o jogo foi disputado sob chuva. O Internacional foi superior ao Grêmio em toda a partida. Aos 23' do 1º tempo, Carlitos cobrou escanteio e Adãozinho cabeceou para as redes. Internacional 1x0. Logo depois do gol colorado, Heitor, lateral-esquerdo gremista, lesionou-se e foi fazer figuração na ponta-direita, recuando Dirceu para a linha média. O time do Grêmio, já confuso, ficou atordoado. O ponteiro Ápis era o único a tentar jogadas ofensivas, mas era sempre bloqueado por Oreco, na classe ou na força física. O ataque colorado, principalmente com Mujica e Solis, deu um "baile" na defensiva gremista, segundo o Jornal do Dia. O veterano Carlitos deu um cansaço em seu marcador, Hugo. E o placar só não foi ampliado porque Sérgio, em grande atuação, fez valer seu apelido "A Majestade do Arco". Ao final do jogo, Internacional 1x0. Internacional campeão municipal de 1950.


segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

Jogadores do passado: Carbone



José Luiz Carbone nasceu em São Paulo, em 22/03/1946.

Carbone começou a jogar futebol profissionalmente no São Paulo, onde atuou de 1963 a 1965. Na temporada de 1966 foi emprestado a Ponte Preta, retornando ao Tricolor paulista em 1967. No ano seguinte, foi novamente emprestado, dessa vez para o Metropol.

Em janeiro de 1969, o Internacional buscava um reforço para a posição de centromédio. O clube trabalhava com dois nomes: Piazza, do Cruzeiro, era o ficha 1, e Carbone, de volta ao São Paulo, era a 2ª opção, e jogador preferido do técnico Daltro Menezes. A contratação de Piazza estava encaminhada, mas Orlando Fantoni deixou de ser o técnico do clube mineiro e o centromédio voltou a ser titular da equipe, "melando" a negociação. Assim, o Colorado voltou-se a Carbone. Entre os clubes ficou tudo acertado, o valor do salário também agradou a Carbone. Mas o jogador estava noivo e preferiu não sair da cidade de São Paulo. Além disso, o técnico são-paulino Diede Lameiro havia prometido dar oportunidades ao jogador.
Declaração de Daltro Menezes ao jornal Diário de Notícias, em janeiro de 1969.

Nos dias seguintes chegaram a ser divulgadas na imprensa interesses do Cruzeiro de Porto Alegre e do Grêmio, pelo atleta, ambas as notícias negadas pelas direções dos clubes. Mas em julho o Internacional voltou à carga. Carbone estava descontente, pois não recebera as chances prometidas e vinha atuando na equipe B paulista. Assim, no início de agosto Carbone foi contratado.


Carbone estreou no Internacional em 17/08/1969, em um amistoso contra o Cruzeiro da capital, no Beira-Rio, vencido pelo Colorado por 2x1. Carbone e Didi estrearam no Internacional e o técnico Larry Pinto de Faria no Cruzeiro. No primeiro gol do jogo, Carbone recebeu a bola na intermediária, livrou-se de dois marcadores e da entrada da área chutou forte. O goleiro Henrique defendeu parcialmente e Claudiomiro aproveitou o rebote para marcar. Na temporada de 1969 Carbone atuou em 25 partidas, disputando Robertão e Gauchão. No dia 15/10/1969 foi decisivo na vitória sobre o Flamengo de Caxias do Sul, no Gauchão, ao marcar o único gol do jogo, cobrando falta. Em 17/12/1969 estava em campo no Gre-Nal decisivo que deu o título gaúcho ao Internacional. Jogador viril e com facilidade para bloquear os adversários, Carbone deu a força e segurança necessárias ao Internacional para quebrar a sequência de títulos gremistas. Graças às suas atuações, foi escolhido o craque do campeonato.

A disputa no meio-campo colorado era forte. Tovar, Bráulio e o jovem Paulo César Carpegiani disputavam com Carbone as duas posições do meio campo. Em algumas (poucas) partidas Carbone chegou a ficar no banco de reservas. No Gre-Nal do Robertão, em 28/10/1970, Carbone chegou a jogar na lateral-direita, improvisado. No final do ano, mais um título gaúcho. Também foi a temporada em que mais foi vitorioso pelo Colorado: 33 vitórias.

Em 1971 Carbone foi novamente campeão gaúcho, na temporada em que mais atuou pelo Internacional: 63 partidas. Em 1972 Carbone seria tetra-campeão gaúcho, mas em várias partidas, especialmente no campeonato brasileiro, foi banco de Tovar.

Em 1973, Carbone novamente começou frequentando o banco de reservas seguidamente, tendo Tovar e Paulo César Carpegiani como titulares. Em 15/04/1973 Carbone começou como titular, em uma partida contra o Esportivo, pelo campeonato gaúcho. Essa partida ficaria marcada na história por dois motivos. Foi a primeira derrota do Internacional para um clube do interior, no Beira-Rio (o Esportivo venceu por 2x1) e a primeira partida oficial de uma jovem promessa, Falcão. E pode-se apontar também como marco do fim da passagem de Carbone pelo Internacional. Falcão entrou no time exatamente no lugar de Carbone, e a partir dessa partida seria mais um a disputar espaço com o centromédio.

Carbone aproveitou algumas partidas como titular, a partir do jogo contra o Esportivo, e chegou a marcar um gol contra o AESA, em 12/05/1973, abrindo o caminho para a vitória por 3x0. Mas em junho Tovar retomou a posição e Carbone ficou vários jogos sem atuar. Mesmo assim, foi penta-campeão gaúcho. O centromédio voltaria ser titular na excursão do Internacional à Europa, atuando contra Sporting, Peñarol e Olympiakos. A partida contra os gregos, em 16/08/1973, seria a última de Carbone pelo Internacional. Sua despedida ocorreu exatamente um dia antes de se completar quatro anos de sua estreia.

Perdendo espaço para Tovar e Falcão, Carbone foi negociado com o Botafogo, para a disputa do campeonato brasileiro. Pelo alvinegro carioca, chegou à Seleção Brasileira e esteve na lista dos possíveis convocados para a Copa do Mundo, sendo cortado às vésperas da competição. No 2º semestre de 1974, voltou a Porto Alegre, para jogar no Grêmio. De retorno ao Botafogo, jogou no Rio de 1975 a 1979. Carbone encerraria a carreira no pequeno Nacional de São Paulo, onde jogou de 1980 a 1982.

Ainda em 1982, no próprio Nacional, Carbone começaria a carreira de técnico de futebol. Depois de passar por vários clubes, entre eles Fluminense, Botafogo e Palmeiras, Carbone chegou ao Internacional em novembro de 1989, substituindo no comando da equipe o ex-atleta Bráulio, a quem ele substuiu algumas vezes, na época de jogador. Uma curiosidade: na última partida de Bráulio no comando do Internacional, o time foi derrotado por 1x0 pelo Náutico, comandado por Paulo César Carpegiani, outro ex-meia da época de Carbone.

Como técnico, Carbone dirigiu o Internacional nas últimas oito partidas do campeonato brasileiro de 1989. Foram cinco derrotas, dois empates e apenas uma vitória, mas significativa, 2x0 sobre o Grêmio.

Seguindo sua carreira de técnico, Carbone trabalharia em várias equipes, inclusive do exterior, treinando clubes do Catar, Emirados Árabes, Peru, Bolívia e Sudão. Após treinar o Al-Merreikh, do sudão, em 2010, encerrou a carreira de técnico. Em 2012 tornou-se comentarista esportivo da Rádio Brasil, de Campinas.

Em 27/12/2020, Carbone faleceu, devido a câncer hepático, descoberto poucos dias antes.

Com técnico, Carbone conquistou os seguintes títulos:
campeão peruano em 1996 (Sporting Cristal)
campeão dos Emirados Árabes em 1994 (Sharjah FC)
campeão da Copa dos Emirados Árabes em 1995 (Sharjah FC)
campeão carioca em 1983 (Fluminense)
campeão paraense em 1995 (Remo)

Seus números pelo Internacional:

210 partidas
113 vitórias
66 empates
31 derrotas
2 gols marcados
campeão gaúcho em 1969, 1970, 1971, 1972 e 1973.

Das 210 partidas, jogou os 90 minutos em 165 ocasiões, foi substituído em 18 partidas e entrou no time saindo do banco 27 vezes.


sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

EXCURSÕES: Paraná - 1932


Encerrado o campeonato municipal de 1932, o Internacional foi convidado para excursionar a Curitiba, onde disputaria três partidas amistosas. O Internacional, que já havia atuado no Uruguai, pela primeira vez iria atravessar o Mampituba para jogar em outro estado brasileiro.

O grupo colorado que viajou era formado por 18 atletas: Penha, Miro, Luiz Luz, Garnizé, Risada, Alfredo, Javel, Venenoso, Tupan, Ludovico, Marreco, Diamantino, Álvaro, Abbadé, Mabília, Nenê, Mário Mancuso e Chatinho. O técnico colorado era Jean Ryff. O grupo contava com o zagueiro Luiz Luz, que disputaria a Copa do Mundo de 1934. Atleta do Americano, foi emprestado ao Internacional para a excursão, uma prática que seria comum no futebol brasileiro por décadas. O time contava com dois reforços, também: Venenoso, que viera do Ideal de Pelotas e já havia atuado em dois amistosos, e Tupan, que veio do Porto Alegre e atuaram em um amistoso. A viagem de trem foi desgastante. A partir de Marcelino Ramos o trem não contava com leitos e vagão-restaurante. Foi preciso fazer uma pausa de cinco horas em Porto União, para os atletas descansarem. O técnico colorado, Jean Ryff, não viajou com a delegação, indo mais tarde, de avião.

Mas não só de futebol vivia o Internacional. A equipe de basquete também viajou, com Tatão, Foguinho, Nadinho, Silva, Chanes, Evaldo, Laerte e Rodrigues.

Charge do jornal curitibano O Dia.

O primeiro confronto foi de basquete, no dia 16/12. Na quadra do Handwerker, a equipe colorada, ainda sob o peso da viagem, perdeu por 33x32 para o Coritiba, bicampeão paranaense.

No dia 17/12, no campo do Palestra Itália, ocorreu a primeira partida de futebol. O Internacional enfrentou um combinado Britânia/Athlético. O adversário jogou com a camiseta do Athlético e calções brancos com o escudo do Britânia. Na preliminar ocorreu um Atle-Tiba de 2ºs quadros, vencido pelo Coritiba, por 4x2. No confronto principal, a primeira etapa foi mais estudada, com os dois clubes acertando um chute na trave adversária. No 2º tempo, Tupan abriu o placar para o Internacional. Risada, cobrando falta, ampliou, e Motta descontou para o combinado. O Colorado ainda teve um gol anulado.


No dia 20/12, na quadra do Teuto, o Internacional enfrentou os donos da casa e venceu por 29x17. Os cestinhas colorados foram: Tatão (10), Foguinho (8), Chanes (7) e Evaldo (4).

No dia 22/12, o Internacional enfrentou o Palestra Itália, no campo do adversário. A imprensa curitibana apontava uma grande partida, pois o Colorado não iria enfrentar um combinado formado às pressas, mas um dos mais fortes quadros paranaenses. Na preliminar, os 2ºs quadros de Palestra Itália e Athlético enfrentaram-se, com vitória de 8x2 para os donos da casa. Mas no jogo principal os palestrinos não tiveram a mesma sorte. No 1º tempo o Palestra até ofereceu certa resistência, e o Internacional marcou apenas duas vezes, gols de Ludovico Marroni e Venenoso. Mas no 2º tempo Marreco (2), Javel e Tupan marcaram para o Colorado, enquanto Risada, contra, fez o gol paranaense. Final: Internacional 6x1 Palestra Itália.

No mesmo dia 22/12 ocorreu um confronto de basquete. Na quadra do Handwerker, o Internacional abateu a Seleção Paranaense por 26x12. os cestinhas colorados foram Nadinho (10), Tatão (6), Foguinho (6) e Chanes (4).

A última partida colorada ocorreu em 25/12, no dia de Natal. No campo do Palestra Itália, o Internacional enfrentou a Seleção Paranaense. Na preliminar, o 2º quadro do Palestra Itália venceu o Corinthians, time da várzea curitibana, por 11x1. No jogo principal, novamente um 1º tempo estudado, sem grandes emoções. Na 2ª etapa, porém, aos 10' Emílio roubou a bola de Ludovico Marroni e passou para Lothar chutar para as redes: paranaenses 1x0. Mas aos 21', Risada cruzou para a área e Ludovico Marroni surgiu para desviar a bola para o fundo das redes, empatando a partida. O goleiro Rey, com a visão atrapalhada pelo sol, nem foi na bola. A partida terminou 1x1. O Internacional encerrou a excursão invicto no futebol e com saldo positivo no basquete.


terça-feira, 22 de dezembro de 2020

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Estadual de 1934

Origem da foto: https://1909emcores.blogspot.com/

Em 1934 a FRGD (Federação Rio Grandense de Desportos) organizou o campeonato estadual em cinco zonas e nove regiões, assim divididas:

Zona Centro
1ª Região - Porto Alegre

Zona Nordeste
2ª Região - Taquara, São Leopoldo, Caxias do Sul e Novo Hamburgo
3ª Região - São Jerônimo, Montenegro e Santa Cruz do Sul

Zona da Serra
4ª Região - Cachoeira do Sul e Santa Maria
5ª Região - Cruz Alta

Zona Sul
6ª Região - Jaguarão, Pelotas, Rio Grande e Santa Vitória do Palmar
7ª Região - Bagé e Dom Pedrito

Zona Fronteira
8ª Região - Alegrete e Santana do Livramento
9ª Região - Itaqui, São Borja e Uruguaiana

Os campeões citadinos representariam as cidades na competição estadual, com exceção de Taquara, São Leopoldo, Caxias do Sul, São Jerônimo, Montenegro e Santa Cruz do Sul. Com menos de três filiados, essas cidades não possuíam campeonatos municipais, e seus clubes disputavam o torneio de "clubes isolados" da 2ª e 3ª regiões.

No campeonato de clubes isolados da 2ª Região bateram-se Ferroviário e Taquarense (Taquara), Grêmio Leopoldense e Nacional (São Leopoldo) e Juventude (Caxias do Sul). O campeonato de clubes isolados da 3ª Região foi disputado por Brasil e Guarany (São Jerônimo), Montenegro e Santa Cruz.

Passadas as fases iniciais do campeonato estadual, os campeões das regiões foram:

1ª Região: Internacional (Porto Alegre)
2ª Região: Novo Hamburgo (Novo Hamburgo)
3ª Região: Santa Cruz (Santa Cruz do Sul)
4ª Região: 7º Regimento (Santa Maria)
5ª Região: Riograndense (Cruz Alta)
6ª Região: 9º Regimento (Pelotas)
7ª Região: Guarany (Bagé)
8ª Região: 14 de Julho (Santana do Livramento)
9ª Região: Uruguaiana (Uruguaiana)

Internacional e Riograndense de Cruz Alta apenas precisaram vencer seu campeonato municipal para ser campeão da região.

Os campeões das zonas passaram a disputar o título das regiões, que tiveram os seguintes campeões:

Zona Centro: Internacional (Porto Alegre)
Zona Nordeste: Novo Hamburgo (Novo Hamburgo)
Zona da Serra: Riograndense (Cruz Alta)
Zona Sul: 9º Regimento (Pelotas)
Zona Fronteira: Uruguaiana (Uruguaiana)

O Internacional foi declarado campeão da Zona Centro ao vencer o campeonato da capital. Os demais clubes disputaram as seguintes finais:

Zona Nordeste: Novo Hamburgo 3x2 Santa Cruz
Zona da Serra: 7º Regimento 1x2 Riograndense CA
Zona Sul: 9º Regimento 2x1 Guarany de Bagé
Zona Fronteira: 14 de Julho 0x1 Uruguaiana

As finais foram disputadas em Porto Alegre. O regulamento previa os seguintes jogos:

Fase preliminar:
Campeão do Nordeste x Campeão da Serra
Semifinal
Campeão do Centro x Campeão da Fronteira
Campeão do Sul x vencedor do jogo preliminar
Final
Vencedores da semifinal

No dia 02/12 começou a fase decisiva do campeonato gaúcho. No Caminho do Meio, campo do Cruzeiro, enfrentaram-se Riograndense de Cruz Alta e Novo Hamburgo. Procópio colocou o Riograndense em vantagem, mas ainda na 1ª etapa Luiz empatou o jogo. Mas no no 2º tempo Marinho marcou duas vezes, garantindo a vitória do Riograndense por 3x1. Aos 40' do 2º tempo, o zagueiro Fogareiro, do Novo Hamburgo, xingou o juiz Armando Silva, que exigiu sua retirada da partida. Apesar das autoridades esportivas presentes tentarem mudar a opinião do árbitro, ele insistiu na expulsão de Fogareiro, que se recusava a sair de campo. Com a expulsão confirmada, o Novo Hamburgo retirou-se de campo.
Obs: manchete do jornal A Federação aponta, equivocadamente, o resultado como 3x2.

No dia 09/12 o campeonato continuou com o confronto entre Internacional e Uruguaiana, na Baixada. O vencedor estaria classificado para a final. Dias antes da partida os jornais noticiaram o interesse do Internacional em Mujica, atacante do Uruguaiana. O árbitro da partida foi Luiz Luz, zagueiro do Americano que havia disputado a Copa do Mundo e que estava se transferindo para o Grêmio nos primeiros dias de dezembro. Antes da partida os capitães das equipes trocaram cestos de flores e a madrinha do Uruguaiana foi presenteada com uma corbeille. Logo aos 5', Tupan avançou com a bola dominada. Perica e Della Vega tentaram desarmá-lo, mas o o atacante colorado levou a melhor e chutou para as redes. Internacional 1x0! Aos 28', Mário Mancuso, mesmo acossado pela marcação, chutou para fazer 2x0. Aos 34' o time da fronteira descontou, com um chute forte de Perrone. Mas aos 39' Cavaco avançou pelo centro da área e chutou para fazer Internacional 3x1. Pitoco, o goleiro do Uruguaiana, ainda tocou na bola mas não conseguiu evitar o gol. No 2º tempo a partida foi mais equilibrada, mas Tupan fez 4x1 aos 16', restando a Marenco diminuir para o Uruguaiana aos 27'. Placar final: Internacional 4x2 Uruguaiana.
Equipe colorada: Penha; Natal e Risada; Garnizé, Poroto e Lewy; Chatinho (Marreco), Tupan, Mancuso, Cavaco e Darcy Encarnação.

No dia 13/12, nos Eucaliptos, enfrentaram-se 9º Regimento de Pelotas (atual Farroupilha) e Riograndense de Cruz Alta. Um clube de militares, outro de ferroviários. O árbitro foi Carlos Ribeiro da Silva, ex-atleta colorado. Os dois times fizeram uma partida disputada, onde prevaleceu mais o desejo de não perder do que o de vencer. Após o tempo regulamentar, que terminou 0x0, foi disputada uma prorrogação de 20 minutos. No 1º tempo da prorrogação persistiu o 0x0. No 2º tempo, Celistre cruzou para Cardeal, que mandou a bola para as redes. Placar final: 9º Regimento 1x0 Riograndense.

No domingo, 16/12, os dois finalistas se enfrentaram na disputa do título. A partida foi realizada na Baixada, com arbitragem de Plínio de Assis Brasil. O jogo foi muito disputado e estudado. Nenhuma equipe conseguia se sobrepor à outra. Até que aos 28' do 2º tempo ocorreu um pênalti para o Internacional. Tupan cobrou e marcou. Internacional 1x0! Esse placar se manteve até o fim, dando ao Colorado seu 2º título estadual.
Equipe colorada: Penha; Natal e Risada; Garnizé, Poroto e Lewy; Chatinho (Marreco), Tupan, Mancuso, Cavaco e Darcy Encarnação.

Tupan, a "Maravilha Negra", foi novamente o craque colorado. Natal seria chamado, pouco depois, de "Domingos da Guia Gaúcho". Risada jogaria ainda quase uma década no clube. Poroto, no ano seguinte, seria praticamente sequestrado pelo Vasco da Gama. E Darcy Encarnação, campeão em 1933 pelo São Paulo, foi bicampeão estadual.

sábado, 19 de dezembro de 2020

Jogadores do passado: Tião


Em 19/12/1950 nasceu em Santa Cruz do sul o menino Célio Rasquinha, o futuro zagueiro Tião.

Tião começou a jogar futebol nas categorias de base do Santa Cruz, onde profissionalizou-se em 1970. Na temporada de 1971 passou três meses emprestado ao Guarany de Bagé, retornando a seguir ao Santa Cruz.

No final de 1972 o futebol de Santa Cruz do Sul passou por uma grande transformação. Santa Cruz e avenida fundiram-se, dando origem à Associação Santa Cruz, que continou contando com Tião na zaga.
Tião na Associação Santa Cruz

Suas boas atuações no campeonato gaúcho despertaram o interesse dos demais times do estado. No início de 1975 o Caxias tentou contratá-lo, chegando a organizar uma coleta entre os torcedores. Mas foi o Internacional que o contratou, após o estadual de 1975, por empréstimo.

Sua estreia ocorreu em 27/08/1975. O Colorado enfrentava o Goiânia, no Serra Dourada, pelo campeonato brasileiro. Era a terceira partida do Internacional no campeonato. Figueroa ainda não havia atuado na competição nacional e a zaga nas duas partidas anteriores fora formada por Hermínio e Pontes. Contra o Goiânia, Hermínio não pode jogar e Tião foi escalado. No campeonato brasileiro de 1975, Tião disputou 9 partidas. No mês de novembro disputou 7 partidas consecutivas como titular, formando a zaga ao lado de Figueroa. Sua última partida no campeonato brasileiro foi o Gre-Nal de 23/11/1975, vencido pelo Colorado por 1x0. No final da temporada, foi contratado em definitivo.

Na pré-temporada de 1976 Tião disputou dois amistosos, um como titular, outro começando no banco de reservas. Mas percebendo que não teria muito espaço, com a chegada de Marinho Peres, Tião aceitou uma proposta do Sport, sendo negociado. Na temporada de 1977 voltou ao Rio Grande do Sul, contratado pelo Juventude, onde jogou até 1979. A seguir, jogou no Avenida (1980), São Gabriel (1981), Santa Cruz (1983/1984) e Estrela, onde encerrou a carreira em 1984.

Seus jogos pelo Internacional:
27.08.1975 1x0 Goiânia - Campeonato Brasileiro - F
02.09.1975 2x0 Ponte Preta - Amistoso - F
12.10.1975 4x0 Remo - Campeonato Brasileiro - C
02.11.1975 0x0 Coritiba - Campeonato Brasileiro - F
06.11.1975 2x0 Guarani - Campeonato Brasileiro - C
09.11.1975 0x0 Palmeiras - Campeonato Brasileiro - F
12.11.1975 0x1 Santa Cruz - Campeonato Brasileiro - F
16.11.1975 3x1 Sport - Campeonato Brasileiro - C
19.11.1975 0x0 São Paulo - Campeonato Brasileiro - F
23.11.1975 1x0 Grêmio - Campeonato Brasileiro - C
15.02.1976 1x0 Atlético (Carazinho) - Amistoso - F
22.02.1976 4x0 Cruzeiro (São Borja) - Amistoso - F

Morando em Santa Cruz do Sul, Tião continua apaixonado pelo Santa Cruz e pelo Internacional.


quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

Jogadores do passado: Renê



Renê Carmo Kreuz Weber nasceu em Roque Gonzalez, em 16/07/1961.

No futebol, Renê ingressou nas categorias de base do Internacional no final dos anos 1970. Em 1979 o meia já aparecia em partidas do Rolinho.

Sua estreia no time principal colorado ocorreu em 20/08/1980, em um empate em 0x0 com o Brasil de Pelotas, pelo campeonato gaúcho, no Beira-Rio. O time principal estava excursionando pela Europa, e ficou no Brasil uma equipe formada por reservas e juniores. Renê entrou no time durante a partida, substituindo Tonho. No dia 24/08 fez sua segunda partida, uma fogueira: no Olímpico, o time de reservas e juniores do Internacional enfrentava a equipe titular do Grêmio, com Leão, Paulo Isidoro, Tarciso e Baltazar. A gurizada não se intimidou e empatou o jogo em 2x2. Novamente Renê entrou no time, substituindo Pedro Verdum.

No final de 1980, Renê fez parte da equipe colorada que disputou a Copa São Paulo de Juniores (na época disputada em dezembro). No ano de 1981 limitou-se a jogar no time de juniores e no Rolinho. Depois do Torneio dos Campeões, em junho de 1982, o técnico Cláudio Duarte, que comandava o Internacional desde o ano anterior, saiu do clube. No final de agosto ele acertou-se com o São Bento e pediu Renê por empréstimo. O jovem meia disputou o campeonato paulista pela equipe de Sorocaba, marcando três gols na competição.

Em 1983 Renê retornou ao Internacional, e logo no início do ano já começou a ser aproveitado. Logo na primeira partida do ano, já pelo campeonato brasileiro, o Internacional bateu o Colorado do Paraná por 2x0, e Renê substituiu Silvinho durante o jogo. Com Ernesto Guedes, Renê disputou várias partidas do campeonato brasileiro, a maioria começando no banco. Mas com a chegada de Dino Sani, nas últimas rodadas do campeonato, Renê ganhou a titularidade. Na excursão à América do Norte, foi campeão do Torneio Costa do Pacífico, marcando o gol da vitória contra o Seattle Sounders (2x1) e mais dois na vitória sobre o Vancouver Whitecaps (4x1). Na Europa, foi campeão do Torneio Costa do Sol, embora na final tenha começado no banco, dando espaço para Dunga.

Na volta da Europa, em setembro, Renê perdeu a titularidade para Dunga, mas continuou entrando na maioria das partidas, tendo uma participação ativa na conquista do campeonato gaúcho. Em 18/12/1983 o Internacional disputou um amistoso com o Esportivo e Renê fez sua última partida pelo Internacional.

Em 1984 Renê foi contratado pelo Fluminense. No Tricolor carioca jogou até 1987, sendo campeão brasileiro em 1984 e carioca em 1984 e 1985. Em fevereiro de 1987 ele se transferiu para o Vitória de Guimarães (Portugal), onde jogou até 1991. Na temporada de 1992 disputou sete partidas pelo Fluminense. Em 1993 jogou no América carioca, onde encerrou a carreira.

Mais tarde Renê se tornaria técnico de futebol, trabalhando em várias equipes brasileiras, no Peru e nos Emirados Árabes Unidos. Trabalhou como assistente em alguns dos grandes clubes brasileiros, como Grêmio, São Paulo, Vasco da Gama e Atlético Mineiro. Na temporada de 2019 trabalhou no Brunei.

Em 16/12/2020, após ficar dez dias internado no Hospital São Lucas, no Rio de Janeiro, Renê faleceu, vítima de COVID-19.

Seus números no Internacional:
58 partidas
24 vitórias
27 empates
7 derrotas
4 gols marcados

Suas vítimas:
Vancouver Whitecaps CAN - 2 gols
Seattle Sounders EUA e Alegrete - 1 gol

Seus títulos:
campeão gaúcho de 1983
campeão do Torneio Costa do Sol em 1983
campeão do Torneio Costa do Pacífico em 1983

terça-feira, 15 de dezembro de 2020

NOSSOS TÍTULOS - Torneio ACEPA de 1948



Em novembro de 1948, após encerrados os campeonatos municipal e estadual, vencidos pelo Internacional, a ACEPA (Associação dos Cronistas Esportivos de Porto Alegre) sugeriu a realização de um torneio em turno único, para fechar a temporada.

No dia 10/11/1948, na sede da FRGF (Federação Rio-Grandense de Futebol, atual FGF) reuniram-se os dirigentes da entidade estadual, da ACEPA e dos clubes que disputavam o campeonato municipal. Na reunião foi aprovada a realização do Torneio da ACEPA, com jogos noturnos de rodada dupla, com as partidas sendo realizadas nos estádios da Montanha (Cruzeiro) e Tiradentes (Renner).

Um dos fatores que levou a ACEPA a propor o torneio, e aos clubes a aceitá-lo, foi a dificuldade financeira enfrentada pelos mesmos. O Nacional, por exemplo, estava com os salários atrasados há dois meses.

O regulamento do "Campeonato Relâmpago ACEPA" apresentava algumas mudanças em relação ao campeonato oficial. Foram permitidas substituições: três atletas e mais o goleiro, caso se lesionasse. Os clubes também poderiam utilizar atletas não inscritos ou mesmo inscritos por outros clubes, desde que autorizados por escrito. E mesmo os sócios de Cruzeiro e Renner teriam que pagar ingresso, nas partidas em seus estádios.

E começa o campeonato. Os clubes aproveitavam para testar alguns jogadores e novos técnicos adaptavam-se a seus times. O técnico Otto Pedro Bumbel trocou o Corinthians de Porto Alegre pelo Grêmio, e seu ex-time foi buscar Gradim no Renner.

1ª Rodada
18/11/1948
Estádio Tiradentes
Nacional 4x2 São José
(Valter [2], Gago e Guaraci; Sadi e Pedrinho)
Grêmio 2x1 Corinthians
(Hermes e Teotônio; Nadir)

No dia 19/11, porém, surge uma crise. O Conselho Diretor da FRGF decidiu cobrar uma taxa de 2,5% da renda da rodada anterior, contrariando o que havia sido acertado na reunião que aprovou o torneio, de que as rendas seriam integralmente dos clubes. E surgiu na imprensa a informação de que o Internacional abandonaria o torneio, descontente com a medida. No dia 20, o Grêmio acompanhou a posição colorada. Em 22/11 o Conselho Diretor da FRGF se reuniu e manteve a decisão de cobrar a taxa de 2,5%, colocando em risco a realização da 2ª rodada, diante das noticías de que o Internacional abandonaria o torneio. O nome do torneio também foi modificado, passando a ser "Campeonato dos Jogos Amistosos".

Apesar da crise, a 2ª rodada aconteceu, no dia 23/11. No mesmo dia, pela manhã, em uma Assembleia Geral, a ACEPA decidiu retirar o patrocínio da competição por discordar da postura da FRGF, e designar à entidade estadual que colocasse à disposição do Asilo Santa Luzia o valor que corresponderia a associação esportiva dos 2,5% das rendas. Com a bola rolando, no estádio da Montanha, o Internacional enfrentou o São José, na partida de fundo. Logo aos 6', Loureiro abriu o placar para o São José, mas o Colorado reagiu ainda no 1º tempo, com Roberto empatando aos 25'. Na 2ª etapa, logo aos 11' Roberto virou o jogo. Aos 38', pênalti para o São José. Ivo Andrade cobrou e o goleiro Ivo defendeu. Aos 40', Tesourinha fechou o placar em 3x1 para o Internacional.

2ª Rodada
23/11/1948
Estádio da Montanha
Renner 5x2 Cruzeiro
Internacional 3x1 São José
(Roberto [2] e Tesourinha; Loureiro)

Ainda no dia 23, a FRGF lançou uma nota, afirmando que a decisões do Conselho Diretor, no dia 19, foram mal interpretadas. Que o mesmo só havia reafirmado as decisões do Conselho Arbitral, e que a competição continuava chamando-se "Torneio Noturno da ACEPA".

A 3ª rodada estava marcada para 25/11, mas devido ao mau tempo ficou para 27/11, na Montanha. O Internacional enfrentou a equipe do Renner, ficando no 0x0. Os dois clubes ficaram na liderança do torneio.

3ª Rodada
27/11/1948
Estádio da Montanha
Cruzeiro 3x0 Nacional
Internacional 0x0 Renner

A rodada seguinte ocorreu novamente na Montanha, a "Colina Melancólica", devido a presença de cemitérios na vizinhança. Com os resultados, o Grêmio assumiu a liderança, com 4 pontos.

4ª Rodada
30/11/1948
Estádio da Montanha
São José 2x1 Renner
Grêmio 1x0 Cruzeiro
(Alegretti)

A 5ª rodada ocorreu em 02/12, no estádio Tiradentes. O Colorado enfrentava o Nacional, em partida que era chamada pela crônica esportiva da época de "Na-Nal". Logo aos 2', Adãozinho abriu o placar para o Colorado, mas ainda no 1º tempo Godô empatou de pênalti. Na 2ª etapa, mal a bola começou a rolar, Adãozinho colocou novamente o Internacional na frente, mas aos 30' Danilo empatou definitivamente. Com 4 pontos, o Internacional alcançava o Grêmio na liderança. Uma curiosidade: o goleiro do Internacional nessa partida foi Vinícius. Ele era atleta das equipes de basquete e vôlei do Colorado, mas por ter atuado em uma partida de futebol profissional foi proibido de disputar competições oficiais pelas outras categorias, consideradas amadoras.

5ª Rodada
02/12/1948
Estádio Tiradentes
Corinthians 3x1 Renner
(Fogosa, Nadir e Mário Andrade; Sabiá)
Internacional 2x2 Nacional
(Adãozinho [2]; Godô e Danilo)

Na 6ª rodada novamente as partidas ocorreram no estádio Tiradentes. Na partida preliminar o Renner goleou o Nacional. E no jogo de fundo, o Internacional venceu o Corinthians (ex-Força e Luz). Adãozinho a\briu o placar, mas Fogosa empatou para o Corinthians. Mas logo aos 6' do 2º tempo, Carlitos deu números finais ao placar. O Internacional ainda marcaria mais um gol, com Ghizzoni, mas o juiz anulou alegando impedimento de Carlitos no lance. Por conta disso, o juiz Aparício Viana e Silva, também conhecido como Coca Cola, sofreu uma tentativa de agressão por parte de alguns torcedores colorados, no final da partida.

6ª Rodada
04/12/1948
Estádio Tiradentes
Renner 7x2 Nacional
(Saladuro [3], Osmar [3] e Osvaldo; Guaraci e Walter)
Internacional 2x1 Corinthians
(Adãozinho e Carlitos; Fogosa)

No dia 07/12, também no estádio Tiradentes, o Internacional conquistou uma grande vitória sobre o Cruzeiro, por 5x0. Adãozinho e Ghizzoni marcaram no 1º tempo e Carlitos fez três gols no 2º tempo.

7ª Rodada
07/12/1948
Estádio Tiradentes
Corinthians 2x2 Nacional
(Mário Andrade [2]; Ricardo e Godô)
Internacional 5x0 Cruzeiro
(Carlitos [3], Adãozinho e Ghizzoni)

8ª Rodada
09/12/1948
Estádio da Montanha
São José 6x3 Corinthians
(Sadi [3], Doca [2] e Pedrinho; Jerônimo, Fogosa e Mário Andrade)
Grêmio 2x1 Renner
(Geada e Hermes; Gaiteiro)

9ª Rodada
11/12/1948
Estádio da Montanha
São José 1x0 Cruzeiro
(Sadi)
Grêmio 2x2 Nacional
(Prego e Geada; Guaraci e Godô)

A 10ª rodada, marcada para 14/12, tinha apenas um jogo, o clássico Gre-Nal. O Internacional realizaria sua última partida, o Grêmio ainda tinha mais um jogo pela frente. O vencedor do clássico ficaria com o título. Em caso de empate, a taça ficaria muito perto do Grêmio, que precisaria apenas empatar o jogo restante. Na preliminar, a equipe da UFRGS bateu o DAER por 2x0. Quando a bola começou a rolar, o Internacional mostrou mais disposição, dominando o 1º tempo. Logo aos 10', Tesourinha pegou a bola próximo a área colorada e foi avançando, sem que nenhum gremista conseguisse desarmá-lo. Na linha de fundo ele passou para Carlitos, que entregou para Ghizzoni chutar para as redes e abrir o placar. Na 2ª etapa o Internacional limitou-se a administrar a partida, enquanto o Grêmio pressionava em busca do empate, expondo-se a perigosos contra-ataques. E aos 33', quando o Grêmio mais pressionava, Carlitos lançou Ghizzoni, que invadiu a área e marcou mais um gol. Internacional campeão do Torneio da ACEPA.

Os técnicos: Carlos Volante (Internacional) e Otto Pedro Bumbell (Grêmio).


Os goleiros: Ivo (Internacional) e Júlio (Grêmio).

10ª Rodada
14/12/1948
Estádio da Montanha
Internacional 2x0 Grêmio
(Ghizzoni [2])

Com o título já decidido, restava ainda uma rodada.

11ª Rodada
16/12/1948
Estádio Tiradentes
Cruzeiro 2x1 Corinthians
(Joelci e Bores; Valdo)
Grêmio 2x1 São José
(Hermes e Carbonilla; Doca)

Classificação Final:
1º Internacional - 10 pontos
2º Grêmio - 9 pontos
3º São José - 6 pontos
4º Renner e Nacional - 5 pontos
6º Cruzeiro - 4 pontos
7º Corinthians - 3 pontos

segunda-feira, 14 de dezembro de 2020

JOGADORES DO PASSADO - Marcelo Veiga


 
Em 7 de outubro de 1964 nasceu em São Paulo o menino Marcelo Castello Veiga.

Marcelo Veiga começou a jogar futebol nos campos de Várzea da Casa Verde, bairro onde nasceu. Depois, foi jogar na base do Santo André, onde profissionalizou-se em 1982. Atou no Santo André até 1985, passando depois por Comercial MS, Ferroviário CE e Santos, onde chegou em 1990.

No segundo semestre de 1992 o Internacional foi buscá-lo no Santos. Sua estreia ocorreu em 09/08/1992, no Santa Rosa, quando o Colorado perdeu para o Novo Hamburgo por 1x0. Lateral-esquerdo, entrou no time improvisado na direita, substituindo Célio Lino, que se lesionou. No dia 11, foi titular contra o Muniz Freire, no jogo de volta da Copa do Brasil. No Beira-Rio, o Colorado venceu por 5x0. No dia 15, foi titular contra o São Paulo de Rio Grande, mas acabou substituído pelo antigo titular, Daniel Franco. Voltaria a atuar pelo Colorado em 26/08, na excursão ao Japão, quando o Internacional bateu o Yomiuri (atual Verdy Kawasaki) por 4x1. Marcelo Veiga entrou no time substituindo Zinho.

Com Zinho atuando algumas vezes improvisado na esquerda e Daniel Franco, Marcelo Veiga passou a ser a terceira opção para a posição. Só voltaria a jogar em 12/10/1992, contra o São Luiz, pelo campeonato gaúcho. Sua despedida ocorreu em 14/11/1992, conttra o Esportivo, na Montanha.

Seus números pelo Internacional:
5 partidas
3 vitórias
1 empate
2 derrotas
Campeão gaúcho e da Copa do Brasil em 1992

Depois de sair do Internacional, atuou em várias equipes brasileiras, como o Goiás, Bahia, Fortaleza, Portuguesa de Desportos e Joinville. Encerrou a carreira em 1999, no Itumbiara. No mesmo ano começou a carreira de técnico, na Matonense.

Como técnico de futebol foi campeão brasileiro da Série C com o Bragantino, em 2007, e da Série D com o Botafogo SP, em 2015. Em 2020 trabalhou no São Bernardo.

Em 22/11/2020 sentiu sintomas de COVID-19, sendo imediatamente internado na Santa Casa de Bragança Paulista, onde faleceu no dia 14/12/2020.

sábado, 12 de dezembro de 2020

Jogadores do passado: Irajá


Em 12/12/1937 nascia em Caixas do Sul o menino Irajá Machado Carvalho. Era filho do casal Carlitos da Silva Carvalho e Veneza Machado Carvalho.

Oriundo de uma família católica, em 02/10/1949 o menino fez sua Primeira Comunhão, junto a outras 277 crianças, na Catedral de Caxias do Sul.

Em 12/03/1950, o menino Irajá, com apenas 12 anos, já aparecia na imprensa esportiva, como participante de uma corrida de carrinhos de lomba que fez parte das comemorações da Festa da Uva e reuniu mais de 30 "pilotos".

Em 1952 Irajá já aparece nas categorias de base do Juventude. Suas primeiras aparições no time pincipal ocorrem em 1954, mas no ano seguinte o jogador torna-se titular. Irajá atuava de ponteiro-esquerdo. No seu primeiro confronto contra o Internacional, em 13/01/1955, ainda pelo campeonato de 1954, Irajá quase fez história. O Juventude jamais havia vencido o Internacional e, nos Eucaliptos, Irajá fez logo dois gols no 1º tempo. O Colorado viraria o jogo na 2ª etapa e o Juventude teria que esperar ainda seis anos para ter sua primeira vitória contra o Internacional. Mas a boa atuação de Irajá lhe rendeu um convite para excursionar com o Colorado ao Peru, em fevereiro. A excursão acabou não ocorrendo e Irajá não teve a oportunidade de ser testado.

Na temporada de 1955 Irajá teve boas atuações, porém não teve sorte contra o Internacional, sofrendo duas goleadas frente ao Colorado: 8x1 em Caxias do Sul e 5x0 em Porto Alegre. Mas nem só de futebol vivia o atleta Irajá. Estudante no Colégio Nossa Senhora do Carmo, disputou as Olimpíadas da UCES (União Caxiense dos Estudantes Secundaristas), vencendo a competição de arremesso de dardo. A seguir, compôs a equipe de futebol da UCES que disputou a Olimpíada do Interior, em Cruz Alta. A equipe de Caxias do Sul foi vice-campeã, com a seguinte campanha:
3x3 Santa Maria
4x0 Bagé
4x0 Cachoeira do Sul
4x1 Santa Maria
8x0 Santa Cruz do Sul
0x3 Cruz Alta
Embora fosse um torneio de estudantes, vários atletas já eram jogadores profissionais em suas cidades.

Em janeiro de 1956 Irajá mudou-se para Porto Alegre, para cumprir o serviço militar obrigatório no Quartel da Polícia do Exército. No início de fevereiro chegou a treinar no Grêmio, mas no mesmo mês acabou acertando-se com o Cruzeiro. Em 22/02/1956 enfrentou o Internacional, empatando em 2x2, pelo Torneio da ACEPA. Ainda enfrentaria o Colorado em um amistoso, vencido pelo Estrelado por 1x0, mas não jogou nas duas partidas válidas pelo Campeonato Metropolitano.

Em 1957 Irajá foi contratado pelo Internacional, estreando na primeira partida da temporada, em 24/02/1957. O Colorado enfrentou a Seleção Uruguaia, em Montevidéu, e perdeu por 3x1. Irajá entrou no time durante a partida, substituindo Bodinho. Nunca chegou a ser titular, mas disputou vários amistosos de pré-temporada. No dia 06/05/1957 Irajá foi titular no Torneio Início, disputado no estádio Olímpico. A competição tinha jogos eliminatórios disputados em 20 minutos. O Triangular Final teria partidas de 30 minutos. A campanha colorada foi a seguinte:
2x0 Renner - gols de Irajá e Ivo Diogo
0x0 Nacional (3x2 nos pênaltis)
1x1 Juventude - gol de Paulinho
2x0 Grêmio - gols de Paulinho e Ivo Diogo

No campeonato metropolitano Irajá disputou apenas duas partidas. Sua participação foi mais frequente na equipe de aspirantes. Na temporada de 1958 Irajá disputou menos partidas, embora no Metropolitano tenha atuado novamente em duas partidas. Sua despedida do time principal, porém, ocorreu em grande estilo. Em 25/09/1958 o Colorado bateu o poderoso Santos de Pelé por 5x1. Irajá começou a partida como titular, sendo depois substituído por Cacaio.

Em 1959 Irajá retornou ao Juventude. No confronto de 21/12/1959, no Olímpico, novamente Irajá tentou dar a primeira vitória do Juventude, ao abrir o placar, cobrando falta. Mas o Internacional virou o jogo e venceu por 3x1.

Em 1959, Irajá voltou a ganhar medalhas nas Olimpíadas do Interior, disputadas em Lajeado, participando da equipe de futebol de Caxias do Sul. E em 31/10/1959 inaugurou a Tabacaria Fla-Ju, que teve os presidentes João Carpegianni (Juventude) e Dionísio Dalla Justina (Flamengo) cortando a fita inaugural.

Na sua vida pessoal, uma curiosidade. A imprensa noticia seu casamento com Iara Maria Cruz, marcado para 29/03/1959, mas por alguma razão o casamento não ocorreu. Apenas em 28/01/1962 ocorre o casamento de Irajá e Iara.

Em meados de 1960, Irajá deixou o Juventude e foi jogar no interior de São Paulo, provavelmente no Bragantino. Em 1961, Irajá retornou a Caxias do Sul, mas para defender o Flamengo. No Torneio Festa da Uva, em 04/03/1961, enfrentou o Internacional e marcou o gol de empate do Flamengo, na partida que terminou 1x1. Em 29/03/1961, em amistoso contra o Colorado, outro 1x1 e novamente Irajá marcou o gol de empate caxiense.

Em 1962 Irajá transferiu-se para o Metropol, de Santa Catarina, enfrentando o Internacional no 1º turno do Campeonato Sul-Brasileiro. O Internacional enfrentaria o Metropol mais três vezes, pelo Campeonato Sul-Brasileiro e pela Taça Brasil, mas Irajá não jogou. Algumas fontes apontam que Irajá teria jogado no Guarani de Ponta Grossa, do Paraná. Talvez ele tenha jogado os primeiros meses de 1962 no Metropol e depois se transferido para a equipe paranaense, mas em 1963 Irajá estava de volta a Caxias do Sul, com a carreira de jogador encerrada.

Em 1963 Irajá assumiu o comando técnico dos juvenis do Juventude, junto com seu pai, Carlitos. Mas em agosto do mesmo ano a dupla foi demitida, gerando uma crise no Juventude, pois cinco de seus juvenis abandonaram o clube, transferindo-se para o Flamengo.

Em 1968 Irajá estava jogando nos veteranos do Juventude. Em setembro de 1968 o Internacional contratou Daltro Menezes, técnico do Juventude, e a direção esmeraldina convidou Irajá para assumir o time interinamente. Irajá treinou o time até o final da temporada. No ano de 1969, o Juventude não agradava em campo. Carlos Froner e Nezito não convenciam no comando do time. Torcida e imprensa começaram a pressionar, e em julho de 1969 Irajá reassume como treinador do Juventude, novamente levando o time até o fim da temporada. Apesar de anunciado como técnico para 1970, não emplacou o novo ano.

Em julho de 1971 o técnico Chiquinho abandonou o Flamengo, lanterna do campeonato, e Irajá foi contratado. Mas a situação do Flamengo era muito ruim, e em agosto Irajá foi demitido.

Apesar de sua carreira esportiva, seja como jogador, seja como técnico, estar profundamente ligada a Caxias do Sul, Irajá era um torcedor apaixonado pelo Internacional. Em 01/05/2009 Irajá faleceu, aos 71 anos. Foi velado e enterrado com a bandeira do Internacional sobre o caixão.

Seus jogos no Internacional (entre parênteses os gols marcados):
24.02.1957 1x3 Seleção do Uruguai - Amistoso - F
17.03.1957 1x4 Brasil PE - Amistoso - F
29.03.1957 2x1 Renner - Torneio Triangular de Porto Alegre - F
31.03.1957 1x1 Santa Cruz - Amistoso - F
28.04.1957 4x2 Nacional CA - Amistoso - F
07.05.1957 3x0 Riograndense RG - Amistoso - F (1)
20.06.1957 3x1 Veronese - Amistoso - F (2)
15.08.1957 5x0 Elite - Amistoso - F (1)
21.09.1957 6x2 Juventude - Campeonato Metropolitano - C
17.12.1957 5x2 Aimoré - Campeonato Metropolitano - N (Tiradentes)
02.01.1958 1x4 Portuguesa de Desportos - Amistoso - C
13.01.1958 5x2 Cruzeiro - Campeonato Metropolitano 1957 - C
10.03.1958 0x2 Flamengo CS - Amistoso - F
21.09.1958 4x1 Força e Luz - Campeonato Metropolitano - F
25.09.1958 5x1 Santos - Amistoso - C