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sábado, 18 de dezembro de 2021

NOSSOS TÍTULOS - Campeonato Gaúcho de 1955

Primeiro jogo da decisão

O regulamento do campeonato gaúcho de 1955 previa que o campeão metropolitano enfrentaria o campeão do interior para apontar o campeão estadual. O Internacional havia conquistado o título metropolitano e o Brasil de Pelotas venceu o campeonato do interior.

Para quem quiser conhecer a campaha colorada no campeonato metropolitano: 

A decisão seria em duas partidas. O primeiro jogo foi marcado para 11 de dezembro de 1955, no Bento Freitas, em Pelotas. Um grande público compareceu ao estádio, proporcionando uma alta renda superior a 120 mil cruzeiros.

As equipes foram assim ao gramado:
INT: Lapaz; Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinesinho
Técnico: José Francisco Duarte Júnior (Teté)
BRA: Suli; Osvaldo e Duarte; Tibirica, Seara e Jari; Caizé, Gitinha, Negrito, Joaquizinho e João Borges
Técnico: Paulo de Souza Lobo (Galego)

Árbitro: Romeu Rodrigues da Cruz
Assistentes: Guilherme Sroka e Alfredo Belo.

A partida foi equilibrada. No 1º tempo o Brasil jogou em alta velocidade, contra um Internacional que cadenciava o jogo. Larry era o jogador mais perigoso da equipe colorada. O Brasil foi mais agressivo, mas sem dominar a partida. E os ataques colorados, embora mais lentos, eram bem trabalhados e exgiam um grande esforço da defesniva xavante. A partir dos 35' do 1º tempo o ritmo do Brasil diminuiu, mas o Colorado continuou jogando da mesma forma. Aos 39', surgiu o gol colorado, o único da partida. Os jornais divergem quanto ao lance. Segundo o Diário de Notícias, Larry cruzou para Bodinho, que chutou mal a gol. Chinesinho aproveitou a sobra de bola e mandou para as redes. Já segundo o Jornal do Dia, Odorico lançou Bodinho, que atraiu a marcação de Duarte e passou para Chinesinho, que mandou uma bomba para as redes. De qualquer forma, Internacional 1x0!

No 2º tempo as duas equipes passaram a jogar de forma mais cadenciada. Se a velocidade do jogo diminuiu, a qualidade técnica das jogadas se manteve alta. Mas as defesas levaram vantagem sobre os ataques e o placar se manteve.

O confronto entre as duas equipes foi emocionante e agradou a todos. O Jornal do Dia assim descreveu a partida:
"Os dois conjuntos digladiantes, já tradicionais adversários pela hegemonia do futebol gaúcho, exibiram excelente atuação, numa luta equilibrada e cheia de lances emocionantes."

Já o Diário de Notícias assim se referiu ao jogo:
"Os dois grandes campeões, Esporte Clube Internacional e Grêmio Esportivo Brasil, apresentando numa luta de gigantes, em busca do título máximo do futebol gaúcho, incontestavelmente a melhor partida presenciada pelo mundo esportivo local na presente temporada."

 Após a partida, os técnicos mostraram-se contentes com o jogo apresentado pelas equipes, nas declarações ao Diário de Notícias.
O colorado Teté assim se manifestou:
"O rubro-negro está jogando um bom futebol e o resultado da grande peleja espelha perfeitamente o que foi o desenrolar da mesma."

Já o xavante Galego falou um pouco mais:
"Perdemos para um grande quadro. Afirmo, ainda, que estou contente com a produção da minha equipe que considero uma das melhores dos últimos tempos. Foi um grande jogo que também teve uma arbitragem ótima."

No dia 18 de dezembro os dois clubes voltaram a se enfrentar, nos Eucaliptos. O Brasil precisava vencer, para provocar um terceiro jogo. Em caso de vitória colorada ou empate, o título ficava em Porto Alegre.

A final não mobilizou tanto a torcida da capital quanto em Pelotas. A renda chegou apenas a 40 mil cruzeiros, para um público pagante de 2.134 pagantes. Na época a maioria dos torcedores não pagava ingresso, por serem sócios. Na partida do título metropolitano, contra o Força e Luz, 3.462 pessoas pagaram ingresso, mas o público total foi de 11.559 torcedores.

Na preliminar do jogo decisivo, a equipe de juvenis do Internacional empatou em 3x3 com o Defensor, clube do chamado "futebol menor" (amador) da capital.

No jogo principal, as equipes foram a campo com a seguinte formação:
INT: Milton; Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinesinho
Técnico: José Francisco Duarte Júnior (Teté)
BRA: Caruccio; Candiota e Duarte; Tibirica, Seara e Jari; Caizé, Gitinha, Negrito, Joaquizinho e João Borges
Técnico: Paulo de Souza Lobo (Galego)
No Brasil voltaram ao time os titulares Caruccio e Candiota e o Internacional teve o desfalque de última hora de Lapaz.

Árbitro: Romeu Rodrigues da Cruz
Assistentes: Guilherme Sroka e Alfredo Belo. 

Os xavantes começaram a partida em um ritmo alucinante. Aos 8', Duarte desarmou Larry no meio de campo e entregou a bola para Gitinha, que driblou Florindo e avançou pelo lado esquerdo até quase a linha de fundo, quando cruzou para a área. Caizé, que chegava sem marcação, cabeceou tranquilo para o fundo das redes. Brasil 1x0.

Dez minutos depois, Tibirica passou para Seara, que cruzou para a direita, até Negrito, que dominou e lançou para Caizé, na entrada da área. O centroavante chutou com violência, Milton defendeu parcialmente e Gitinha chutou para as redes. Brasil 2x0.

Aos poucos, porém, os colorados começaram a se acalmar, mas o Xavante continuava melhor. No ataque colorado, apenas Jerônimo fazia boa partida. Bodinho estava completamente anulado por Candiota. Entretanto, aos 31' ocorreu o lance que mudaria a partida. Luizinho avançou pela direita e após driblar Jari, foi derrubado pelo lateral. O juiz marcou pênalti, embora os xavantes reclamassem que a falta tivesse ocorrido fora da área. Larry cobrou o pênalti e marcou o gol.

O 1º tempo terminou com vantagem xavante, 2x1. Mas o gol colorado nitidamente abateu a equipe pelotense. Além disso, o esforço inicial, sob uma "temperatura senegalesca", nas palavras do Jornal do Dia, começou a cobrar seu preço e o time do Brasil começou a mostrar cansaço ainda nos minutos finais da 1ª etapa.

No 2º tempo, logo aos 7' Duarte tentou afastar uma bola da área xavante e deu um presente a Luizinho, que rapidamente passou para Larry. Ao perceber a chegada de Caruccio, o centroavante, calmamente, tocou de calcanhar na bola, enviando-a para o fundo das redes. Estava empatada a partida.

O amplo domínio colorado resultou em mais um gol, com grande jogada de Chinesinho. Aos 20' Chinesinho driblou Tibirica e avançou pela esquerda, até chegar ao lado da área. Então driblou Candiota e passou para Bodinho, que mandou uma bomba para as redes. Internacional 3x2!

No tempo restante, o Colorado cadenciava o jogo e o Brasil não demonstrava força para buscar o empate. Nos minutos finais, Oreco e Gitinha se desentenderam e foram expulsos. Com o apito final o Internacional conquistou o título de campeão gaúcho de 1955.




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