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sexta-feira, 10 de junho de 2022

Jogadores do passado - Bitu

Imagem restaurada e colorizada por Luiz Gustavo Leal Quirim

Ricardo Malater Kluwe nasceu em 9 de junho de 1895, em Porto Alegre. (1)

Primo de Carlos Kluwe, acompanhou seus passos na carreira esportiva. No início de 1914, quando seu mano já era ídolo no Internacional, Bitú começava sua carreira, atuando como lateral-direito. Na apresentação do elenco colorado, em 5 de abril de 1914, Bitú (como ficaria conhecido no meio esportivo) estava relacionado no 2º quadro. Mas em 19 de abril de 1914, na primeira partida do Internacional na temporada, Bitú já era o dono da posição na equipe titular. Nessa data, na Chácara dos Eucaliptos, o Internacional venceu o Colombo por 6x0, em amistoso. No jogo seguinte, dia 26 de abril, novo amistoso com o Colombo. Na vitória por 2x1 Bitú marcou seu primeiro gol pelo Colorado.

Em agosto de 1914 o Internacional realizou uma excursão pelo interior do estado, e Bitú foi junto, atuando em todas as cinco partidas. Contra o Combinado Gymnasial-14 de Julho, de Bagé, ele marcou um gol na vitória por 2x1. De volta a Porto Alegre, Bitú voltaria a marcar na vitória por 10x2 sobre o Cruzeiro, em 20 de setembro. A temporada de 1914 terminava com a conquista do título municipal.

Em 1915 Bitú continuava soberano na lateral-direita, sendo várias vezes relacionado pela imprensa como um dos melhores em campo. Em julho de 1915, nova excursão ao interior do estado, para quatro partidas. Na volta à capital, além da conquista do título municipal, Bitú ainda participou de um momento histórico, a primeira vitória colorada em clássico Gre-Nal. O futebol da capital estivera dividido em duas ligas nas temporadas de 1914 e 1915. Após o fim dos campeonatos de 1915, as duas ligas chegaram a um acordo de fusão. Marcando a unificação do futebol da cidade, em 31 de outubro de 1915 ocorreu um clássico amistoso, vencido pelo Internacional por 4x1. Outra novidade: a partir de agosto de 1915, com seu primo Carlos Kluwe preparando-se para encerrar a carreira e atuando em poucas partidas, Bitú tornou-se capitão da equipe, o que também lhe dava a condição de técnico.

Se na temporada de 1915 Bitú não marcou gols, em 1916, logo no primeiro jogo ele deixou sua marca, na vitória de 5x0 sobre o Americano. E Bitú fez logo dois gols. Mas foram seus únicos gols na temporada. Na conquista do título municipal, Bitú participou de momentos históricos, como o Gre-Nal de 30 de julho de 1916, vencido pelo Colorado por 6x1, com seis gols do ponteiro-esquerdo Vares. No segundo turno, com grande atuação de Bitú, o Colorado venceu novamente o clássico, por 3x2.

Na temporada de 1917 Bitú participou apenas de três jogos, no início da temporada, marcando um gol no São José (seu último gol pelo Colorado). Pouco depois brigou com alguns dirigentes e foi afastado do time.

Em 11 de abril de 1918, realizou-se uma reunião da direção do clube com os jogadores, para deliberar se aceitavam a volta de Bitú, que se declarava arrependido. Com ressalvas ao seu comportamento anterior, jogadores e dirigentes con concordaram com sua volta. No primeiro turno participou da vitória colorada por 5x3 sobre o Grêmio. No segundo turno participaria do trágico "Gre-Nal de Sangue", no qual o atacante colorado Ribas foi esfaqueado por um torcedor gremista. O jogo não terminou e mais tarde o Grêmio entregou os pontos da partida. A despedida de Bitú do Internacional ocorreu em 13 de outubro de 1918, na vitória por 5x0 sobre o Taquarense, em amistoso na Chácara dos Eucaliptos.

Em 1919 Bitú não atuou pelo Internacional, pois foi morar no Rio de Janeiro. Em fevereiro de 1919 os jornais cariocas "A Época" e "O Paiz" chegaram a anunciar que Bitú jogaria pelo Botafogo. Mas Bitú acabaria ingressando no Flamengo, onde disputou apenas uma partida, em 6 de abril de 1919. Um pouco antes, no dia 8 de março, Bitú havia participado de um amistoso entre atletas gaúchos que moravam no Rio de Janeiro e o Flamengo. Os rubro-negros venceram por 6x4, mas Bitú foi um dos melhores jogadores da partida. Em novembro de 1919 Bitú continuava vinculado ao Flamengo. Em dezembro, visitando Porto Alegre, Bitú atuou como árbitro em um amistoso entre o Porto Alegre e o Nacional de São Leopoldo. Mas no início de 1920 Bitú voltaria a morar em Porto Alegre e a defender o Internacional.

A estreia de Bitú no Internacional, em 1920, ocorreu no dia 2 de maio, no clássico Gre-Nal do primeiro turno. A partida teve uma arbitragem polêmica de Paulo Grauberger e não terminou, precisando ter seu tempo restante disputado em 9 de maio. O Grêmio venceu por 4x1 e Bitú foi suspenso por 30 dias por ofensas ao árbitro. No boletim da partida o juiz declarou: "o player Ricardo Kluwe (Bitú) procurou desrespeitar-me durante o match". (2) No dia 30 de maio, porém, ele já estava em campo, em um amistoso. Bitú jogou apenas até agosto, voltando ao time somente em abril de 1921. Mesmo assim, atuou em várias partidas do título de 1920.

Na temporada de 1921 Bitú jogou de abril a junho, quando mudou-se para Cachoeira do Sul, indo atuar pelo Guarany local. Em 22 de outubro de 1921 Bitú mudou-se para Caxias do Sul, onde morava seu primo Carlos Kluwe, indo jogar no Juvenil. Seu irmão Nenito Kluwe o acompanhou na transferência. Em novembro Carlos Kluwe foi eleito diretor de campo (técnico) do Juvenil.

Em setembro de 1922 Bitú aparece relacionado para a partida de segundos quadros contra o Americano. Mas na equipe principal ele só reapareceu em 20 de maio de 1923, na vitória por 4x3 sobre o Americano. Com Ribeiro tomando conta da lateral-direita, Bitú atuou de centromédio, no lugar de Lampinha. Bitú substituiria Lampinha em vários amistosos e em algumas partidas do campeonato.

Na temporada de 1924, novamente Bitú jogou várias partidas como centromédio, inclusive no Gre-Nal do 2º turno, em 12 de outubro, quando o Colorado venceu por 2x1. Em 1925 Bitú jogaria apenas duas partidas. Sua despedida ocorreu em 5 de abril de 1925, na vitória por 1x0 sobre o Cruzeiro, pelo campeonato municipal. A partir do jogo seguinte Bitú continuaria apenas como técnico. Bitú comandaria a equipe até o final da temporada.

Bitú reaparece na história colorada em 25 de fevereiro de 1942, quando um grupo de ex-atletas colorados organizou um jantar em sua homenagem em um restaurante no Rio de Janeiro. Mais tarde, em 1945, residindo em Lavras do Sul, Bitú novamente seguiu os passos do primo Carlos Kluwe, ingressando na política e fazendo parte do diretório municipal do Partido Social Democrático (PSD), na condição de vice-presidente. 

Seus números no Internacional:
103 partidas
79 vitórias
10 empates
14 derrotas
6 gols
campeão municipal em 1914, 1915, 1916, 1917 e 1920

(1) No livro "Consagrado no gramado: a história dos 110 anos do futebol do Flamengo", de Roberto Assaf, é apontado como data de nascimento de Bitu o dia 25/06/1894, em Bagé. Outras fontes apontam a data de 09/06/1894, em Lavras do Sul. Os dados referentes a data e local de nascimento aqui citados são da certidão datada de 10/06/1895. Material gentimente cedido por Roberto Gilnei Jr.
(2) A Federação, 6 de maio de 1920, página 5.

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