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segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Jogadores do passado: Brandão

Imagem: Cards do Internacional

Oswaldo Augusto Brandão nasceu em 18 de setembro de 1916, em Taquara (RS).

Antes do futebol, Brandão trabalhava como carvoeiro da Viação Férrea, cumprindo jornada de trabalho das 18 horas até as 8 horas do dia seguinte.

Em 1935 Brandão ingressou no Grêmio, atuando em algumas partidas. Mas não ficou no Tricolor e na temporada seguinte jogou no Rio Guaíba, que disputava o campeonato da Liga Atlética Porto Alegrense, com clubes operários, como o Renner, Arrozeira Brasileira e Portuário. Brandão foi campeão municipal em 1936 e, mesmo sendo meia, foi um dos principais artilheiros do Rio Guaíba.

No início da temporada de 1937, após disputar um amistoso pelo Rio Guaíba, ingressou no Internacional. Mas sua chegada ao Internacional não foi simples. Em 7 de março de 1937 o Internacional abriu a temporada enfrentando o Força e Luz em um amistoso. A partida terminou 6x3 para o Colorado, que estreou vários jogadores. O goleiro Júlio vinha da base e ficaria várias temporadas no clube. O zagueiro Múcio, que já havia jogado no Porto Alegre e no Força e Luz, mas estava no Renner da mesma LAPA de Brandão, jogou apenas essa partida, em teste. O centromédio Oliveira, vindo de Bagé, também estreou. O ponteiro-esquerdo Pesce, campeão gaúcho pelo Rio Grande dois meses antes, estreou mas ficaria pouco tempo no clube. E Brandão, que apesar de centromédio de origem, atuou na lateral-direita. Mas logo depois da partida Brandão viajou para Pelotas e a imprensa dava como certa sua transferência para algum clube do Rio de Janeiro.

O futebol carioca já era oficialmente profissional desde 1933, e atraía jogadores de todos os cantos do país. Mas o futebol da capital gaúcha era amador apenas no papel. Há muito tempo os jogadores recebiam salários e em julho de 1937 os principais clubes da cidade adotariam o profissionalismo de forma oficial. Assim, Brandão ficou em Porto Alegre, e em 25 de abril ele reestreava no Colorado, novamente contra o Força e Luz. A partida era válida pelo campeonato municipal e terminou 2x0 para o Força e Luz.

A temporada de 1937 foi marcada pela adesão da dupla Gre-Nal ao profissionalismo, no final de junho. A AMGEA (Associação Metropolitana Gaúcha), que organizava o futebol da capital, dividiu-se. Internacional, Grêmio, Cruzeiro, São José e Força e Luz aderiram ao "futebol especializado" (profissional). Mas Porto Alegre e Americano, com o apoio da FRGD (Federação Rio Grandense de Desportos) mantiveram-se no amadorismo oficial. Assim surgiu a AMGEA "Especializada" (profissional) e a AMGEA "Cebedense" (amadora). A liga amadora, para completar o número de participantes, convidou o Renner, da LAPA, o Villa Nova, da ATEA (Associação Tristezense de Esportes Atléticos) e o Novo Hamburgo. O campeonato, iniciado em abril, foi cancelado, e cada entidade organizou um novo torneio. O Colorado não teve um bom desempenho no campeonato municipal. Brandão foi titular, mas o único jogo em que marcou gol foi contra o Porto Alegre (8x1), ainda no campeonato que seria cancelado. Mas a temporada também teve a visita de clubes cariocas à cidade, como parte do acordo de adesão ao profissionalismo. E o Internacional venceu o Fluminense (1x0) e empatou com o Flamengo (2x2). Assim o Colorado foi escolhido pela liga carioca para excursionar ao Rio de Janeiro, onde voltou a enfrentar a dupla Fla-Flu e jgou contra o América. Brandão jogou as três partidas e marcou mais um gol, no Flamengo (1x2). Uma outra característica de Brandão também apareceu nessa temporada: seu temperamento explosivo. Em maio ele discutiu com o técnico colorado Abrahão Bouças, que solicitou que ele fosse punido, mas voltou atrás após o jogador pedir desculpas.

Na temporada de 1938, novamente o título municipal não veio, mas Brandão conquistou taças disputadas em dois jogos contra os co-irmãos: Troféu Sociedade Engenho Riograndense (contra o São José) e Taça Oscar Fontoura (contra o Cruzeiro). Também teve ótimo desempenho na Taça Martel, contra o Grêmio, empatando um clássico (4x4) e vencendo outro (6x0). O clássico dos 6x0, disputado em 1º de novembro de 1938, ficou famoso pelos cinco gols colorados anulados. Em 1938 Brandão também marcou mais gols, mas apenas um, contra o São José, pelo campeonato. Os demais, contra Taquarense, Americano (2) e Esportivo foram em amistosos. Brandão também jogou em duas posições durante a temporada. Começou como centromédio, mas com a chegada do argentino Silenzi passou a jogar de lateral-direito.

Em 1939 ocorreu a unificação das ligas da capital, voltando a existir apenas uma AMGEA. Mas as duas ligas contavam com 11 filiados e o regulamento previa apenas cinco clubes na Série A. Assim foi realizado o Torneio Relâmpago, entre maio e agosto, disputado em turno único, para definir os cinco clubes da elite e os demais que formariam a Série B. O Novo Hamburgo, por ser de uma cidade vizinha, ficou impossibilitado de continuar filiado e o Villa Nova abandonou a AMGEA logo no início da competição, mas 9 clubes disputaram o torneio, vencido pelo Internacional. Brandão voltou a atuar de lateral-direito, pois o posto de centromédio ficou com o uruguaio Félix Magno. Durante o Torneio Relâmpago, Brandão marcou contra o Porto Alegre (2), Americano e Força e Luz. Nos amistosos marcou contra o Ferroviário. Brandão também conquistou a Taça Diário de Notícias, disputada contra o Grêmio. E no campeonato municipal, que começou a ser disputado em outubro, ele marcou contra o Cruzeiro, na estreia de Tesourinha. Em junho de 1939 Brandão foi suspenso por 15 dias sem remuneração, por desacato ao técnico Orlando Cavedini e por pronunciar "palavras obscenas" na sede do clube. Mas essa suspensão deve ter ficado sem efeito, pois ele jogou em todas as partidas do mês de junho.

O campeonato de 1939 continuou pelo início de 1940. No dia 4 de janeiro o Internacional venceu o Grêmio por 6x1. Mas o clima de festa durou pouco. No dia 12 de janeiro, nos Eucaliptos, o Internacional enfrentava o Cruzeiro. Acácio, de bicicleta, abriu o placar para o Colorado, mas o Cruzeiro virou o jogo para 2x1 ainda no 1º tempo. No intervalo, o técnico Benjamin Simões cobrou Brandão por ter abandonado um lance em que o clube era atacado para discutir com um companheiro. Ao retrucar que o técnico poderia substituí-lo, se quisesse, Benjamin Simões reagiu aos gritos, dizendo que o jogador feria a disciplina e desrespeitava os colegas. Brandão tirou o uniforme e foi embora, sendo substituído por Celso. Dessa vez sua indisciplina foi longe demais e ele foi emprestado para o Força e Luz, no restante da temporada.

Brandão retornou em 1941, para atuar no Rolo Compressor. No campeonato municipal, vencido pelo Internacional, Brandão marcou contra Porto Alegre (2), Cruzeiro (3) e São José. Foi sua temporada com mais gols. Em 13 de abril de 1941, em um amistoso contra o Atlântico de Erechim, o Internacional venceu por 11x3 e Brandão fez 4 gols. Dono de um chute potente, conta a lenda que ele nocauteou um jogador com uma bolada na barreira, ao cobrar uma falta. E na falta seguinte o goleiro teria abandonado o arco. Ao ser cobrado por seus companheiros, ele teria dito: "vocês estão loucoi? Viram a força do chute dele?" Mas Brandão também perdeu pênalti em Gre-Nal. No dia 18 de maio, em um clássico pela Taça Irmãos Foernges, o Internacional vencia por 2x1 quando Brandão desperdiçou uma penalidade. O Grêmio chegaria ao empate no final do jogo, também através de um pênalti.

A temporada de 1941 avançou pelo ano de 1942. O campeonato gaúcho foi disputado em janeiro. Brandão marcou um gol na vitória por 7x1 sobre o Riograndense de Passo Fundo. Após a conquista do título, Brandçao ainda disputaria mais um amistoso, em 4 de fevereiro de 1942, contra o Sport Recife. O jogo terminou 2x2 e foi a última partida de Brandão pelo Internacional. Logo depois ele foi contratado pelo Palmeiras.

Em 1945 Brandão sofreu uma grave lesão no joelho e abandonou a carreira de jogador, tornando-se técnico no próprio Palmeiras. Fez história nos clubes da capital paulista, sendo campeão estadual por Palmeiras (1947, 1959, 1972 e 1974), Corinthians (1954 e 1977) e São Paulo (1971), sendo o único técnico campeão pelos três grandes. Também é o técnico que mais dirigiu Corinthians e Palmeiras. Teve duas passagens pela Seleção Brasileira, nos anos 1950 e 1970. Fora do Brasil, treinou Independiente e Peñarol. Seu último clube foi o Vila Nova, em 1986.

Oswaldo Brandão faleceu em São Paulo, em 29 de agosto de 1989.

Seus números no Internacional:
81 partidas
49 vitórias
12 empates
20 derrotas
28 gols
Campeão gaúcho em 1941
Campeão municipal em 1941
Campeão do Torneio Relâmpago em 1939


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