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quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Bem Mais Perto

Em 30 de julho de 1971, reta final do campeonato gaúcho, na sua coluna diária na Zero Hora, denominada Bola Branca, Mendes Ribeiro escreveu um texto sobre a diferença de rendimento de Internacional e Grêmio. O título da crônica era o mesmo desta postagem. E é muito interessante a conclusão a que ele chega:

"1. Não é a diferença de três pontos que, esta, matematicamente, não é decisiva. É a diferença entre um time e outro. Não. Não é a diferença do melhor para o que não é tão bom ou de um atleta superior em qualidade para outro que não seja tão perfeito. É a diferença da tranquilidade. O Internacional me dá a impressão de um quadro respaldado, sereno. O Grêmio, mesmo na vitória, parece acuado, exatamente o oposto de seu adversário. Mas respaldado em que se o comentarista nega que seja a diferença de três pontos e também nega a superioridade como base do respaldo? Na torcida, pura e simplesmente na torcida.

2. O Internacional é um time diferente. Está acostumado a ver sua torcida reclamar sempre, ganhando ou perdendo. Não é um pavilhão quieto, acomodado, de gravata, colarinho duro e medo de gritar. É um pavilhão de camisa esporte, sem camisa até, de gritaria aberta. Por isso, não é o bastante triunfar mas 'ganhar como a torcida quer e com quem a torcida quer'. O mérito de Dino e dos que estão mandando no Internacional foi exatamente este. Não contrariar os donos do time: os torcedores. Estão mortos, já a essa altura, os possíveis saudosistas dos mandarins. Este campeonato, no rumo que vai, será o mais facilmente conseguido dos três que ficarão acumulados. E conseguido sem brigas com o pavilhão, sem atrito de cúpula, sem grupos esbravejando contra grupos, sem pressões sobre a imprensa, sem entrevistas bombásticas, sem proibição de técnico falar, sem uma porção de coisas, as mesmas coisas que derrubaram os mandarins, mesmo os mandarins ganhando.

3. Foi tranquila a vitória do Colorado. Sem problemas maiores, natural com imensa superioridade. E cada dia que passa a diferença de pontos aumenta sem aumentar. Não há paradoxo. É que diminui a margem de pontos que podem ser perdidos e, consequentemente, o terreno para o Grêmio vai diminuindo. Nessa desesperança atual do Grêmio, a mesma, o Internacional ergueu o Beira-Rio. A torcida do Grêmio, eu sei, está reconstruindo o Olímpico, concluindo o ginásio e uma série de coisas. Porém é apática, quase que omissa. Quando as coisas preteiam, se omite. Quando vai bem demais o barco (lembram do hepta?) também esfria. Essa a diferença que vai para dentro de campo. Um time com o maior de todos os respaldos. Um pavilhão presente e atuante. Onde o dirigente sabe que está vigiado e o jogador sente que não está sozinho. Não estou insinuando que a direção do Grêmio necessite vigilância. Longe disso. Acho os dirigentes do Grêmio homens dignos, responsáveis, abnegados e, Flávio Obino, particularmente, entre outros, é uma das amizades que tenho em alta conta. É que o pavilhão do Internacional tem a malandragem que falta ao pavilhão do Grêmio. E malandragem, em futebol, é muito importante. Olhem bem os acontecimentos e acabarão por entender que cabe razão ao comentarista. Até amanhã."

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