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sexta-feira, 9 de outubro de 2020

Jogadores do passado - Salomón



Francisco Amado Salomón Alzaga nasceu em Melo, Uruguai, no dia 28 de setembro de 1950. (1)

Aos cinco anos de idade, seu pai, Amador Salomón, ex-zagueiro de clubes de Cerro Largo, assumiu a concessão da cantina da sede do Artigas Sportivo Club, de Melo. Seu avô materno, Francisco Alzaga, também havia sido jogador no interior uruguaio.

Salomón jogou no Artigas dos 12 aos 14 anos. Depois, passou a se dedicar à pelota basca, que jogava por dinheiro, ajudando a família. Aos 15 anos, praticando lançamento de peso e dardo, disputou um campeonato de atletismo, em Montevidéu. Só voltou a jogar futebol aos 16 anos, em um campeonato de bairros, defendendo seu bairro, Estero Bellaco. Convidado a jogar no Artigas, voltou ao clube em 1967, com 17 anos.

Em 1969, Gómez Martínez, do Defensor, o viu jogar em Lavalleja e o convidou para fazer um teste no clube. Estreou contra o Huracan Buceo. Em 1972 o Defensor fez uma excursão pelo México, América Central e Venezuela. O técnico do Deportivo Galicia, da Venezuela, um dos clubes que o Defensor enfrentou, era o uruguaio Pepe Sasía, que havia jogado ao lado de Salomón em 1970. Conhecendo o potencial do jogador, pediu sua contratação e Salomón ficou na Venezuela.

Salomón jogou na Venezuela até 1975. Na temporada seguinte, o Defensor recontratou vários ex-atletas, espalhados pela América do Sul. E com um time esforçado conquistou o campeonato uruguaio de 1976. O Defensor ainda venceria a Liguilla, no mesmo ano, batendo o Peñarol na final, por 4x1.
Salomón (1º à direita, em pé) no Defensor que venceu o Peñarol, o Nacional e a ditadura militar para conquistar o título uruguaio de 1976

Salomón chegou à Seleção Uruguaia e começou a chamar a atenção de outros centros futebolísticos. Em 1977 o Defensor ficou em 3º lugar no campeonato uruguaio, mas Salomón foi eleito o melhor jogador da competição.

Em março de 1978, ainda buscando um substituto para Figueroa, o Internacional decidiu contratar Salomón. O zagueiro uruguaio estreou durante o campeonato brasileiro, em 7 de maio, no empate em 1x1 com o Coritiba, no Couto Pereira.

Salomón foi titular no campeonato brasileiro. Em sua 3ª partida, contra o Londrina, a partida estava 1x1 quando o zagueiro marcou o segundo gol colorado. A partida terminaria 5x2 para o Internacional. Contra o Goytacaz, lesionou-se e foi substituído por Roberto. Após três partidas fora da equipe, voltou contra o América de São José do Rio Preto. Marcou o primeiro gol da vitória por 2x1, mas voltou a ficar fora da equipe por 5 partidas. Regressou na reta final do campeonato, jogando as quartas de final contra o Santa Cruz e a semifinal contra o Palmeiras. Em 25 de maio, foi titular da Seleção Gaúcha no empate em 2x2 com a Seleção Brasileira.

O desempenho de Salomón, em campo, não convencia a torcida, o técnico Cláudio Duarte e a direção colorada. Com 1,90m e 93 kg, era um zagueiro lento. As expectativas de que pudesse ser um "novo Figueroa" foram frustradas. Após atuar em duas partidas do campeonato gaúcho, foi para o banco de reservas. Nesse momento, o Peñarol demonstrou interesse pelo zagueiro. O técnico carbonero, o brasileiro Dino Sani, considerava que Salomón era um excelente líbero, e que era mal utilizado no Internacional, onde era o zagueiro da caça, saindo atrás do centroavante adversário. O Internacional não aceitou a proposta uruguaia inicial de 120 mil dólares, mas o presidente do Peñarol, Washington Cataldi, tinha tanta certeza da concretização do negócio que inscreveu o jogador no campeonato uruguaio, cujo prazo se encerrava no dia 7 de setembro. E essa data seria fatídica para Salomón.

Salomón não jogava pelo Internacional desde 15 de agosto. Estava fora do time a seis jogos. Mas a direção colorada ainda estava em dúvida se o negociava ou não. Então foi pedido ao técnico Cláudio Duarte que o escalasse no Gre-Nal de 7 de setembro de 1978. O clássico não valia muita coisa, pois encerrava a 1ª fase do campeonato gaúcho e os dois clubes já eram vencedores de seus grupos. Os dois clubes enviariam equipes mistas a campo.

A partida, porém, foi disputada como todo clássico. E aos 9' do 2º tempo ocorreu a tragédia. A partida estava 0x0 quando uma bola sobrou na área colorada, na direção de Salomón. O zagueiro percebeu a aproximação do atacante gremista Everaldo e foi para a dividida decidido a dar um balão para frente. O atacante gremista, porém, entrou no lance com o corpo de lado e o pé erguido. Salomón chutou a bola e a sola do jogador, e com a força do choque voou por cima de Everaldo, caindo no solo com a tíbia e o perônio fraturados. Por dois minutos, jogadores dos dois clubes trocaram empurrões, enquanto o árbitro Rui Canedo tentava administrar a situação. Depois, ao perceber a gravidade da lesão, expulsou Everaldo, com o cartão vermelho direto. Anchieta marcaria o gol da vitória colorada aos 27', mas o Internacional teria mais uma baixa, pois o centroavante Reinaldo teve que abandonar o campo com o dedo do pé quebrado, após uma entrada do zagueiro Vílson.



Salomón teve uma recuperação demorada. Inicialmente previa-se sua volta em seis meses, mas continuou em tratamento durante todo o ano de 1979. No ano seguinte, ainda em tratamento, teve nova fratura. Durante o tempo de tratamento, Salomón havia aproveitado para fazer o curso de técnico. E com a nova lesão decidiu definitivamente abandonar a carreira de jogador, tornando-se técnico nas categorias de base do Defensor. Mais tarde, treinou algumas equipes da Colômbia e do Uruguai.

Apesar de ter encerrado sua carreira de forma trágica no Internacional, Salomón guardou boas lembranças do clube. Em uma entrevista ao site El Rincón Tuerto, em 2001, declarou:

"El Internacional, dentro del fútbol brasilero, era una de las instituciones más grandes. Para mí fue un salto muy grande como profesional, fue muy importante ir a jugar a un cuadro brasilero donde también me impuse. Era totalmente distinto a Defensor. Se jugaba más al juego bonito, más con la pelota, no se trabajaba tanto como se trabajaba en Defensor".

Também guardou boas recordações de seu técnico, Cláudio Duarte:

"Aprendí mucho de él: Trabajo con pelota, mil cosas que acá en ese tiempo no se registraban. Ahora, como están más actualizadas las cosas, más desparramadas mundialmente, llegan más rápido los cambios en los trabajos de los equipos. Para que tengas una idea, yo en Brasil, en 1978, hice el trabajo de pretemporada en una sala de musculación y acá no conocíamos lo que era una sala de musculación, acá un jugador de fútbol ni loco te tocaba una pesa".

Mas a mágoa com Everaldo permaneceu. Na época Salomón recusou-se a receber a visita do jogador no hospital, para desculpar-se. Na entrevista, assim se referiu ao lance.

"Fui a sacar la pelota y él me puso la plancha. Frené la pierna pero igual me quebró. Me quebró como te quiebran los brasileros. Acá es muy difícil que te pase algo así. Si te ponés a pensar, yo les decía el otro día a los muchachos 'díganme de una fractura de un uruguayo a un uruguayo'. Acá a Sanfilipo lo fracturó un brasilero, a Fernando lo fracturó un venezolano, a Lito Silva lo fracturó un paraguayo, a Edgardo González lo fracturó un brasilero. Te estoy nombrando a figuras. De uruguayo a uruguayo, muy difícil."

Seus números pelo Internacional
17 partidas
12 vitórias
4 empates
1 derrota
2 gols marcados

3º lugar no Campeonato Brasileiro de 1978
Campeão Gaúcho em 1978

Seus números pela Seleção Uruguaia
7 partidas
1 vitória
4 empates
2 derrotas
Disputou 5 amistosos, 1 partida pelas eliminatórias da Copa do Mundo de 1978 e 1 partida pela Copa Atlântico, entre 1976 e 1978.

(1) Em diversas fontes na internet, aparecem três datas de nascimento diferentes: 28/09/1950, 28/02/1950 e 20/02/1950. Foi adotada aqui a data que apareceu mais vezes. Além disso, dados biográficos em alguns sites deixam a entender que ele não fazia aniversário no início do ano.

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