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sexta-feira, 12 de março de 2021

Jogadores do passado: Bagatini


César Ângelo Bagatini nasceu em Encantado (RS), em 12 de março de 1952.

O goleiro Bagatini tem sua história profundamente ligada ao futebol de Caxias do Sul. Ele começou sua carreira de goleiro no Clube Renner, em Encantado e nos juvenis do Encantado.

Em 1968 Bagatini se mudou para Caxias do Sul, para cursar o 2º Grau (atual ensino médio). E ingressou nos juniores do Flamengo, onde profissionalizou-se em 1969, sendo reserva de Barreira. Em janeiro de 1970 Bagatini foi convocado para ser o gol da Seleção Gaúcha de Juniores, que disputaria o campeonato brasileiro da categoria. Nessa época o técnico dos juniores colorados, Marco Eugênio, pediu sua contratação ao clube, mas o negócio não se concretizou.

Em 1971 Flamengo e Juventude fundiram-se, dando origem à Associação Caxias de Futebol, e Bagatini fez parte do novo clube, ainda na reserva. Ao mesmo tempo ele cursava engenharia mecânica na UCS. No final de 1972 o goleiro titular Ronaldo lesionou-se e Bagatini, com apenas 20 anos, assumiu a titularidade por alguns jogos. Em dezembro de 1973 Bagatini formou-se em engenharia mecânica. Ao mesmo tempo surgiam boatos de que ele iria jogar no Encantado (o clube havia se classificado para o Gauchão 1974). Mas Bagatini continuou na Associação Caxias, brigando com Ronaldo pela titularidade. Em 1975 ele tomou conta do gol caxiense definitivamente.

Na temporada de 1975 a Associação Caxias chegou a disputar um jogo-extra com o Internacional, pela decisão do 2º turno do campeonato gaúcho. No classificação final ficou em 3º lugar, atrás apenas da dupla Gre-Nal. Em 1976 o Juventude abandonou a fusão e surgiu a Sociedade Esportiva e Recreativa Caxias. A SER Caxias ficou em 4º lugar no campeonato gaúcho e disputou o campeonato brasileiro pela primeira vez, ficando em 15º lugar entre 54 clubes. Com Bagatini no gol, o Caxias conseguiu bater o poderoso Internacional por 2x1, pelo campeonato brasileiro (o Colorado só perderia três partidas naquele campeonato). Em 1977, novamente 3º lugar no estadual e 23º no brasileiro, entre 62 equipes.

Em março de 1978, uma bomba atingiu Caxias do Sul. Bagatini, ídolo da torcida, estava sendo contratado pelo Internacional. A notícia surgiu logo depois do Caxias ter vencido o Internacional em um amistoso, em 11 de março de 1978. Desde que Manga havia saído do clube, o gol era um problema para o Internacional. O paraguaio Benítez não havia aprovado e acabaria emprestado ao Palmeiras.

Bagatino foi a maior contratação de um goleiro no futebol nacional, na época. O Internacional pagou Cr$ 3.335.000,00 pelo seu passe, superando em mais de 400 mil o que o próprio clube havia pago por Benítez, em 1977, e quase o dobro do que o Corinthians havia pago por Jairo, também em 1977.

No Caxias ele recebia 18 mil cruzeiros do clube e mais 9 mil da Agrale (empresa que pertencia ao presidente do clube) como engenheiro operacional. No Internacional, passaria a receber 35 mil no primeiro ano de contrato e 45 mil no segundo ano. Somando o valor das luvas e dos 15% do valor do passe, que foram parcelados, Bagatini receberia mais de 65 mil por mês.

O técnico que pediu a contratação de Bagatini, Carlos Gainete Filho, foi demitido um dia depois da contratação do goleiro. Mas o novo técnico, Cláudio Duarte, decidiu apostar em Bagatini como titular. Sua estreia ocorreu em 26 de março de 1978, na vitória de 2x0 sobre o Grêmio Maringá, na abertura do campeonato brasileiro. Em seguida, seriam mais seis vitórias consecutivas, com apenas um gol sofrido por Bagatini: 2x0 Colorado, 3x1 Joinville, 4x1 Juventude, 2x0 Chapecoense, 3x0 Atlético PR e 2x0 Brasil de Pelotas. O gol do Juventude foi sofrido por Gasperin, que substituiu Bagatini no 2º tempo.

Seu primeiro tropeço aconteceu no Gre-Nal de 23 de abril (2x3). O jogo seguinte seria contra o Caxias, mas um dia antes Bagatini se lesionou e não atuou. O Caxias venceu por 2x0 e a imprensa e torcida caxiense espalhou o boato de que Bagatini fugiu do jogo contra seu ex-clube. Mas o jogador estava realmente lesionado e enquanto se recuperava Gasperin tomou conta da posição. Bagatini jogaria poucas partidas no ano: alguns amistosos e pelo campeonato gaúcho, na maioria das vezes substituindo Gasperin. Mas em 13 de dezembro o último Gre-Nal do campeonato terminou empatado em 2x2, exigindo um jogo-extra, e Gasperin saiu de campo lesionado. Assim, no dia 17 de dezembro Bagatini assumiu o gol colorado no clássico que o Internacional venceu por 2x1, conquistando o título gaúcho.

Em 1979, logo no início da temporada, o Internacional excursionou à Argentina, jogando seis partidas, e Cláudio Duarte revezou Gasperin e Bagatini nelas. Mas logo depois Benítez voltou do Palmeiras e tomou conta do gol colorado. No campeonato brasileiro Bagatini ficou no banco de reservas em algumas partidas, mas não jogou nenhuma. Em 25 de março de 1979 o Internacional empatou em 0x0 com o 14 de Julho de Passo Fundo, pelo campeonato gaúcho, em um time recheado de reservas. Bagatini atuou nessa partida, e só voltaria a campo em 6 de abril de 1980, quando o Colorado bateu o Bahia por 5x0, pelo campeonato brasileiro, e Bagatini substituiu Gasperin. Seria sua única partida pelo Internacional naquele ano.

Com Gasperin dando conta do recado no gol, Benítez recuperando-se da fratura na perna e o jovem Gilmar mostrando qualidade, Bagatini tinha pouca expectativa de ser aproveitado. Assim, aceitou ser emprestado ao Vitória, em 13 de julho de 1980. No clube baiano seria campeão estadual.

Bagatini voltou ao Internacional em 1981, mas jogou apenas uma partida do campeonato brasileiro e alguns amistosos. Sua última partida pelo clube ocorreu em 29 de outubro de 1981, um amistoso contra o Aimoré, que o Internacional venceu por 1x0. No ano seguinte Bagatini foi negociado com o Coritiba. Ainda em 1982 jogaria no Sport. Em 1983 defendeu o Vitória e novamente o Sport. Em 1984 foi para o Brasil de Pelotas, onde encerrou a carreira.

Bagatini se dedicou á carreira de engenheiro mecânico, na qual se aposentou. Hoje vive em Caxias do Sul, e como ele mesmo declarou em entrevista, é colorado, e sempre foi, desde criança.

Seus números no Internacional:
32 partidas
21 vitórias
5 empates
6 derrotas
Campeão gaúcho em 1978
Estava no grupo colorado nos títulos brasileiro de 1979 e gaúcho de 1981, mas não jogou nenhuma partida. No livro "O time que nunca perdeu", de Paulo Roberto Falcão, Bagatini aparece listado como goleiro reserva em três partidas do campeonato brasileiro de 1979.

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