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domingo, 4 de abril de 2021

Cinquentenário Colorado

Em 1º de abril de 1959 o Internacional deu início às comemorações do cinquentenário do clube, com a inauguração de um retrato de Francisco de Paula Job, ex-atleta e ex-dirigente do clube, ex-dirigente da FRGF e ex-jornalista. No ato, Fernando Schneider discursou. Em parte do discurso, falou:

“(…) é igualmente, o Internacional do negrinho moleque e maltrapilho e do banqueiro austero e circunspecto, do colono alemão e italiano, trabalhador da serra e das missões, é do gaúcho altaneiro e indomável perdido nas quebradas das coxilhas do Rio Grande, é o Internacional do Charuto e de Ildo Meneghetti – é o Internacional de sempre o Clube do Povo, ontologicamente considerado, como símbolo de uma grande alma coletiva, formada da maior parcela de nosso organismo social, (…)” 

No dia do cinquentenário colorado, 4 de abril de 1959, o Correio do Povo publicou um texto sobre a história do clube, cujas partes principais eram:

Fundado em 1909, quando o futebol recém engatinhava entre nós, por um grupo de idealistas, a quem hoje, diante da obra que empreenderam, já se pode chamar de visionários, dois ou três anos após já gozava de popularidade e prestígio a rivalizarem com os do Grêmio e Porto Alegre, fundados seis anos antes.

Mas o grande surto de progresso surgiu, mesmo, depois de 1920. A cor encarnada representava, naqueles tempos, o símbolo da luta contra o despotismo e a tirania. E, misturando política com futebol, a mocidade aderia, aos borbotões, ao clube que reluzia ao sol, nas tardes de jogos, uma camisa da mais pura cor de sangue.

Desde aí a imensa popularidade do Internacional.

Mas essa popularidade ainda subiria alguns degraus, quando o clube da camisa vermelha se tornasse, em nosso meio, a mais pujante entidade esportiva a lutar contra o preconceito de cor. Ganhou, então, um novo apelido: ‘Clube dos Negrinhos’ – o qual evoluiu, rapidamente, para ‘Clube do Povo’, com o qual é conhecido em nossos dias, num justo preito à sua condição de agremiação essencialmente popular, a ter sua grande força nas camadas mais humildes da população gaúcha.”

No mesmo dia 4 de abril de 1959, o jornal publicava um pequeno texto do gremista Túlio de Rose:

Em 1909, e precisamente no dia de Tiradentes, fui assistir às manobras dos Cadetes. E de regresso vi um grupo de rapazes de calção e de casaco que carregavam uma bola e se dirigiam para o ‘ground’ da Volta do Cordeiro. Alegremente andavam pela ‘estrada dos cadetes’ entoando ‘ale-guá-guá-gu-a’ como era comum na época. Entre eles vi um conhecido. O Tertuliano Gonçalves, frequentador do ‘O Echo’, que então existia e sua redação era à Rua Pinto Bandeira, defronte à casa que nasci e ainda morava. Acompanhei-os, eu que já era versado em football, pois que já torcia fervorosamente para o Grêmio. Assisti parte do treino. E daí em diante pode-se dizer que acompanhei a trajetória do clube ‘alvi-rubro’ de então e ‘colorado’ de agora.” 

No Jornal do Dia de 4 de abril de 1959, Valter Trifo dos Anjos escreveu um texto sobre o cinquentenário colorado, do qual destaca-se o seguinte trecho:

"Era o Internacional vivo e palpitante a encher corações de alegrias, desde o mais simples engraxate até o do mais respeitável homem público ou de negócios. Era o Internacional do passado, do presente e que seria do futuro a mostrar toda a pujança de um esporte praticado por uma mocidade entusiástica e sadia que são a honra e estandarte de um povo. Era o Internacional a estreitar laços de amizade entre os irmãos mais distantes, espalhados por esse imenso Brasil. Era o amado Internacional a rasgar o Brasil de Norte a Sul para mostrar e tornar conhecido o nosso não menos amado Rio Grande."

O Diário de Notícias também publico um texto sobre o cinquentenário colorado, tendo entre outros trechos o seguinte:

"Reunindo, na sede da Sociedade 17 de Junho, no bairro da Azenha, uma legião de outros entusiastas, entre os quais homens que mais tarde viriam a se tornar destacados desportistas, em sessão memorável, realizada no dia 4 de abril de 1909, fundaram o EC Internacional, que dessa data em diante passou a lutar, não só pelo seu engrandecimento, como pelo progresso dos esportes de nossa terra, mediante a adoção de uma sadia e fraternal prática esportiva, que se norteou, sempre, pelo respeito e a cordialidade com os coirmãos, pelo trabalho construtivo e eficiente e pela suprema preocupação de defender, em qualquer terreno, seus nobres ideais de desportividade, defraldando altaneira a gloriosa bandeira alvi-rubra.'

E todos os três jornais deram destaque à vitória colorada por 4x1 sobre o Estudiantes, partida disputada no dia anterior.








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