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sexta-feira, 18 de setembro de 2020

Técnicos: Daltro Menezes


 

O clima no Internacional, em setembro de 1968, não era bom. Em julho, o Grêmio havia conquistado o hepta gaúcho, maior sequência de títulos até então. O técnico colorado, Foguinho, tinha seu trabalho fortemente questionado pela torcida, além de ser fortemente identificado com o rival.

Nos três últimos amistosos antes do Robertão, o Colorado apenas empatou: Ypiranga (1x1), São Paulo de Rio Grande (0x0) e Montenegro (0x0). A partida contra a equipe da Noiva do Mar foi nos Eucaliptos, e a torcida vaiou fortemente o time. O início do Robertão também não foi positivo, com dois empates em Porto Alegre, com Palmeiras e Náutico, ambos por 1x1. No dia 14 de setembro, porém, o time teve grande atuação no Morumbi e venceu o São Paulo por 1x0.

Quando a situação parecia mais tranquila, Foguinho surpreendeu a todos ao pedir demissão do cargo de técnico no dia 17 de setembro, véspera da partida contra o Vasco. Na sua carta de demissão, argumentava que vinha sofrendo críticas injustas. Na mesma data, à noite, Foguinho participou do programa Conversa de Arquibancada, na TV Piratini, onde reclamou que não recebia apoio da direção e que não era consultado sobre as contratações, embora tenha negado os boatos de que a direção interferia na escalação.

O Internacional agiu rápido, e no mesmo dia contratou Daltro Menezes, jovem treinado que havia se destacado no campeonato gaúcho dirigindo o Juventude, após começar a carreira nas categorias de base do próprio Colorado. Daltro inclusive participou do programa da TV Piratini, já na condição de novo técnico colorado.

No dia 18 de setembro de 1968, Daltro estreava no Internacional, diante do Vasco da Gama, no Olímpico. Na torcida colorada apareciam faixas com os dizeres "Já Foi Tarde" (para Foguinho) e "Vamos Lá, Daltro, Mostra o Teu Valor". Em campo, o Internacional venceu por 2x1.

A campanha de Daltro, porém, foi irregular, chegando a perder inclusive partidas amistosas para equipes do interior. Seu trabalho começava a ser questionado, mas Daltro continuava confiante. Ele declarou em entrevista que "vamos apavorar o meio esportivo gaúcho, vencendo a todo mundo", antes da partida contra o Flamengo, pelo Robertão. Faltando cinco partidas para o fim da fase classificatória, era quase impossível a classificação para o quadrangular final. Mas Daltro realmente surpreendeu o Rio Grande do Sul. Sua sequência de jogos na fase classificatória: 4x0 Flamengo, 1x0 Botafogo, 0x0 Grêmio, 1x0 Fluminense e 2x1 Cruzeiro. No Quadrangular Final, porém, perdeu para Santos e Cruzeiro. Na última rodada fez 3x0 no Palmeiras treinado por Filpo Núñez (tio de Eduardo Coudet), ficando com o vice-campeonato do torneio.

Em 1969, Daltro comandou o Internacional na inauguração do Beira-Rio e retomou a hegemonia do futebol gaúcho, sagrando-se campeão estadual ao empatar com o Grêmio em 0x0, no dia 17 de dezembro de 1969. No Robertão, só não chegou ao Quadrangular Final pelo formulismo, pois teve a 3ª melhor campanha do campeonato, mas ficou em 3º no seu grupo e classificavam-se os dois primeiros, apenas.

No ano seguinte, Daltro conquistou o bicampeonato gaúcho, ao vencer o 14 de Julho de Passo Fundo por 2x0, em 1º de outubro de 1970. A relação de Daltro com a torcida colorada, porém, começou a azedar. Seu futebol de forte marcação e pouca preocupação ofensiva não entusiasmava os torcedores. Além disso, Bráulio, o ídolo da torcida, começou a ser sacado do time. Os títulos e o apoio do Mandarins (grupo que pretendia mudar o perfil do Internacional, priorizando a força na formação da equipe) conseguiam contrabalançar a pressão da torcida. Mas no final de 1970 a situação de Daltro começou a piorar rapidamente. No final de novembro de 1970, faltando três rodadas para encerrar a fase classificatória, o Internacional estava muito próximo do Quadrangular Final. O clube precisava de duas vitórias nos três jogos (ou dois empates e uma vitória). Os dois primeiros jogos foram no Rio de Janeiro, contra América e Flamengo. O Colorado perdeu os dois por 1x0, ficando fora da disputa antes da última rodada. E Daltro sequer levou Bráulio, ídolo da torcida, como reserva para o Rio. Na volta, a demissão do técnico era certa, mas os Mandarins conseguiram mantê-lo no poder.

O ano de 1971 não começou nada bem para Daltro. O time fracassou no Torneio do Povo. Pouco depois, o presidente Carlos Stechmann decide afastar o Mandarins do futebol, passando Aldo Dias Rosa para as finanças e aceitando a demissão de Ibsen Pinheiro e Cláudio Cabral, entre outros. A saída de Daltro parecia certa, mas ele continuou. Porém, foi avisado de que jogadores considerados de qualidade deveriam receber mais chances no time. Ao mesmo tempo, voltou ao clube um desafeto do técnico, Hugo Amorim, ex-Mandarim, para exercer a função de assessor de futebol.

No dia 15 de março de 1971 começou a agonia final de Daltro. Nesse dia, no Beira-Rio, o Colorado apenas empatou com o São José (1x1). No dia 20, novo empate em casa, com o Novo Hamburgo (0x0). Bráulio jogou, mas foi substituído. Em 24 de março, novamente no Beira-Rio, o Gre-Nal que decidia o Torneio Internacional de Porto Alegre. O Internacional perdeu por 2x0, sem Bráulio. Após a partida, o diretor de futebol Gildo Russowsky declarou à imprensa: "temos que tomar uma atitude. Esta situação não pode continuar". Daltro recebeu um ultimato, teria 15 dias para mostrar uma evolução do time. Isso incluía três partidas: um amistoso contra o Atlético de Carazinho, o Inter-Cruz pelo campeonato gaúcho, e o amistoso comemorativo do aniversário do clube, contra o Flamengo do Rio.

No dia 28 de março o Internacional bateu o Atlético por 4x1, em Carazinho. No dia 4 de abril, a partida contra o Cruzeiro foi preparada para ser uma grande festa de comemoração dos 62 anos do clube. Dirigentes históricos e ex-jogadores estavam presentes ao evento, e esperavam uma boa vitória. Mas o Colorado jogava pouco. Mesmo assim, aos 44' do 1º tempo, Dorinho, jogador de confiança de Daltro, fez 1x0. Entretanto, aos 10' do 2º tempo o veterano Ortunho empatou, 1x1. O Internacional apresentava dificuldades de criar novas chances de gol, e aos 20' Daltro resolveu mexer no time. E o fez da pior maneira possível: tirou Bráulio para colocar Jangada. Durante dois minutos o Beira-Rio tornou-se uma única voz, bradando "burro, burro, burro!". O Internacional ainda teria um gol legítimo mal anulado pelo juiz, mas nada desviou o foco da raiva dos torcedores. E aí vieram as entrevistas de fim de jogo...

Daltro (que treinou o time usando uma camisa azul), talvez sem perceber que estava cavando a própria sepultura, declarou aos repórteres: "a nossa torcida é espetacular. Acho que em matéria de vibração e de incentivo não existe outra. Acontece que ultimamente ela tem prejudicado muito o time. Resolveram endeusar o Bráulio. Isso não pode acontecer. Ele não é nenhum perna-de-pau, mas também não é fenômeno. É apenas um grande jogador, pode ser substituído".

Em outro ponto do estádio, Hugo Amorim declarava aos repórteres: "todas as manifestações da torcida são justas. Não podemos proibi-la de manifestar descontentamento, quando este é justo. Se ela acha que Bráulio é um grande jogador, tem razão. Ele não pode sobrar no plantel colorado. E, quando for substituído, só quando for por um grade jogador. Daltro deu o troco pelas rádios: "pode cair a casa inteira em cima de mim que eu tiro o Bráulio quando achar necessário." Na mesma noite começam as especulações sobre possíveis substitutos de Daltro: Didi, Sylvio Pirillo, Aimoré Moreira, Telê Santana, entre outros.

Na manhã de 6 de abril, após reunião da direção, Daltro Menezes foi demitido, e saiu disparando: "o Internacional voltou a priscar eras. A torcida pediu a cabeça do treinador e a diretoria atendeu". Gilberto Tim assumiu o comando do Internacional interinamente, e começou a busca por um novo técnico. Otto Pedro Bumbel (Sevilla ESP) e Sylvio Pirillo (Guarany PAR) foram descartados porque não seriam liberados por seus clubes. O nome preferido da direção era Didi, que estava no River Plate ARG, mas o valor da multa com o clube argentino era elevada demais. Também não foi possível tirar Telê Santana do Atlético MG. Assim, em 14 de abril o clube anunciava Dino Sani, que já havia feito um bom trabalho no Corinthians.

Em São Paulo, no dia 20 de abril, Daltro declarou à imprensa: "a torcida do Inter queria Bráulio no time, que jogava para ela. Mas ele não tinha condições de entrar no meu time. Por isso afastei-o." A bronca do ex-técnico também voltava-se para a torcida. "É preciso mudar a mentalidade daquela torcida. Eu não consegui, apesar de ter sido bicampeão do estado e quase tri." No dia seguinte, na estreia de Dino Sani, mesmo sem jogar bem o Internacional bateu o Riograndense, em Santa Maria, por 3x0. Ao final do jogo o presidente Carlos Stechmann respondeu a Daltro: "o time é o mesmo, você viu. Só que este time, agora, faz três a zero."
 
Após sair do Internacional, Daltro passou por Guarani SP, Grêmio, Juventude, Itabaiana, Criciúma, Francana, Coritiba, Comercial SP, Ceará, Santos, São Paulo RG, Vitória e Novo Hamburgo. Em outubro de 1985 voltou ao Internacional, para substituir Paulo César Carpegiani. Curiosamente, Carpegiani estreou como jogador no Internacional sob o comando de Daltro. Na sua estreia, em 9 de outubro de 1985, o Internacional bateu o Pelotas por 3x1. Daltro comandou o Internacional até o fim do campeonato gaúcho. Sua despedida ocorreu em 8 de dezembro de 1985, quando o Colorado perdeu o Gre-Nal por 2x1, resultado que deu o título ao Grêmio.

Depois de sair do Internacional, Daltro treinou o Próspera, Glória, Figueirense e Ypiranga. Daltro sempre sofreu com excesso de peso, e nos últimos anos de sua vida chegou a um quadro de obesidade mórbida. Em 18 de agosto de 1994, em Porto Alegre, Daltro Menezes faleceu, vítima de complicações decorrentes de sua obesidade mórbida.

Além dos títulos pelo Internacional, Daltro foi campeão gaúcho da 2ª divisão em 1988.

Em 1996 a FGF homenageou o técnico, dando seu nome à sua Copa, que foi vencida pelo Caxias.

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Um clássico - Internacional 1x0 Grêmio - 17/09/1967


O ano era 1967. O Brasil vivia os tristes tempos da ditadura militar, e a situação iria piorar muito, ainda. Mas falemos de futebol. 

No dia 3 de setembro de 1967, o Grêmio bateu o Rio Grande, na Noiva do Mar, por 2x0. Mas teve uma baixa. O centroavante Alcindo, seu principal jogador, deu um soco no zagueiro Motine e foi expulso. Pela agressão foi denunciado no artigo 114 do CBDF (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol), que previa pena de 2 a 10 jogos de suspensão para atletas profissionais.

Logo após a partida, a imprensa já dava como certa a ausência de Alcindo no clássico Gre-Nal do dia 17. O Grêmio tinha uma partida antes, contra o Farroupilha, mas a punição era inevitável. No dia 10, ainda sem ser julgado, Alcindo atuou contra o Farroupilha, pois não existia suspensão automática para expulsão, na época.

No dia 12 de setembro, o Tribunal de Justiça Desportiva reuniu-se, julgando, entre outros casos, a expulsão de Alcindo. Como era esperado, com a clara agressão, Alcindo foi punido. E o Grêmio ainda foi beneficiado, pois o atleta pegou a pena mínima, dois jogos. Mas ficaria fora do Gre-Nal e da abertura do returno, contra o Aimoré.

Logo após o julgamento, a direção gremista anunciou que iria recorrer da decisão e também pedir um efeito suspensivo. Mas a suspensão da pena, sem julgamento do recurso pelo STJD (Supremo Tribunal de Justiça Desportiva), somente podia ser concedida pelo presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos), João Havelange, e mesmo assim em casos excepcionais.

Sabendo que o caso de Alcindo não se enquadrava como um "caso excepcional", pois era uma punição simples para um caso de agressão, a direção gremista partiu para outros meios. O STJD era subordinado ao CND (Conselho Nacional de Desportos), que por sua vez era vinculado ao Ministério da Educação e Cultura. E o ministro da Educação da ditadura era o gaúcho e gremista Tarso Dutra. Assim, no dia 15 de setembro, aniversário do Grêmio, a imprensa anunciava, surpresa, que Tarso Dutra determinou a suspensão da pena de Alcindo. O telegrama enviado à CBD, à FGF e à imprensa dizia: "O Ministro da Educação e Cultura admitiu o recurso atleta Alcindo Martha de Freitas e o presidente do STJD concedeu efeito suspensivo por 10 dias".

A repercussão foi imediata. O presidente do Internacional, Efraim Pinheiro Cabral, declarou: "Se fosse membro do TJD, ao saber da decisão do Supremo Tribunal de Justiça teria renunciado imediatamente ao cargo."

Ênio Melo, que tinha uma coluna no jornal Diário de Notícias, assim escreveu, profeticamente:
"Jamais imaginaríamos que um Ministro de Estado poderia dar feição totalmente diferente ao jôgo pelo inusitado de uma deliberação que, se não nos falta a memória, nunca foi tentada no futebol brasileiro, embora muitas pessoas soubessem que o desporto está subordinado ao Ministério da Educação. Será, não tenham dúvidas, não o Gre-Nal 184, mas o 'Gre-Nal do Ministro'. Por muitos anos."

Para piorar, o trio de ataque colorado, Toninho, Claudiomiro e Vilsinho, estava lesionado e era dúvida. E o ponteiro-esquerdo reserva, Carlitos, estava prestando serviço militar em Santa Cruz do Sul e seu comando decidiu não liberá-lo para o clássico. A situação era tão absurda que o comando do III Exército teve que interferir e determinar a liberação do atleta.

No dia do clássico, Toninho não pode jogar, mas Claudiomiro e Vilsinho estavam recuperados. Como Carlitos fora liberado apenas na véspera, o técnico colorado Pedro Ário Figueiró decidiu optar por Bráulio, reforçando o meio-campo.

O Grêmio entrou no gramado do Olímpico como favorito. A imprensa destacava a invencibilidade em clássicos do técnico gremista Carlos Froner. Apesar do mau tempo, cerca de 35 mil pessoas compareceram ao estádio.

O Grêmio dominou a 1ª etapa e parte do 2º tempo, mas não conseguiu estabelecer vantagem no marcador. A lesão de Vilsinho, ainda no 1º tempo, e o ingresso de Lambari, mudaram o rumo do jogo. Lambari anulou Sérgio Lopes. O lado esquerdo colorado, com Sadi e Dorinho, mais o apoio de Elton, Bráulio e Sérgio, levou o Internacional a equilibrar a partida e sair de campo vitorioso. Alcindo foi o principal jogador gremista.

Principais lances da partida:

1º tempo:
3' - Volmir cobrou falta, Sérgio Lopes tocou de cabeça para Joãozinho que, da marca do pênalti, chutou para fora.
15' - Alcindo, impedido, chutou para as redes, mas a arbitragem já havia marcado a irregularidade antes do chute.
25' - Alcindo cobrou falta, da entrada da área, chutando com violência no travessão.
37' - Sadi cruzou e Lambari, na cara do gol, cabeceou para fora.

2º tempo
14' - Bráulio invadiu a área e sozinho na frente de Arlindo, precipitou-se e chutou no corpo do goleiro.
16' - Claudiomiro avançou pela esquerda, invadiu a área e ao tentar encobrir Arlindo, tocou por cima do gol.
17' - Volmir cruzou para a área, a meia altura. Na frente de Gainete, Sérgio Lopes furou em bola.
30' - Alcindo driblou Laurício e Scala e tocou para Babá, que driblou Elton e chutou por cima do gol.
36' - Sérgio foi lançado pela esquerda, avançou, driblou Ari Ercílio, deixando-o sentado no chão, e cruzou rasteiro para a área. Claudiomiro, que vinha chegando na corrida, dominou a bola, esperou a saída de Arlindo e tocou para o fundo das redes. GOL!
46' - Os gremistas reclamaram de um pênalti de Laurício sobre Alcindo.

No dia seguinte, a manchete do jogo não poderia ser outra:

Passado o efeito suspensivo, o STJD manteve a punição de Alcindo. E Tarso Dutra manteve sua postura de gremista e anti-colorado, como em 3 de maio de 1969. Nesse dia, o ainda ministro da ditadura, que vivia sua fase mais sangrenta, enviou um telegrama aos jogadores do Juventude, antes de uma partida contra o Internacional, declarando apoio a eles. O Juventude venceu o jogo, mas naquele ano Tarso Dutra viu seu clube perder a hegemonia estadual e o Colorado começar a caminhada do octa.

quarta-feira, 16 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Carlos Kluwe


 

Em 3 de janeiro de 1890, no Passo do Valente, interior do município de Bagé, nasceu o menino Carlos Antônio Kluwe. Era filho de uma família de origem alemã que se dedicava à pecuária.

Nos primeiros anos do século XX, Carlos Kluwe mudou-se para Porto Alegre, para cursar medicina. E ingressou no futebol, associando-se ao Internacional. Kluwe não foi fundador do Colorado, mas estreou pelo clube em sua segunda partida, um empate em 0x0 contra o Militar, no dia 7 de setembro de 1909.

A família Kluwe gostava de futebol. No dia 15 de agosto de 1909, João, Lothario e Guilherme Kluwe, provavelmente primos de Carlos Kluwe, fundaram o Grêmio Foot-Ball 7 de Setembro.

Kluwe estava presente na primeira vitória colorada, 2x1 sobre o Militar, em 10 de outubro de 1909. Também estava em campo na primeira partida válida por campeonato, em 26 de junho de 1910, quando o Colorado bateu o Nacional por 5x0.

Kluwe tinha uma personalidade forte e uma liderança natural. Assim, em 17 de abril de 1910 foi eleito capitão do time, que na época fazia parte da direção do clube.

Com 1,90 de altura e forte, Carlos Kluwe chutava a gol de qualquer distância, com os dois pés. Apesar de jogar de centromédio, fazia seus gols. O primeiro deles ocorreu em 6 de novembro de 1910, na vitória de 7x2 sobre o Frisch Auf. No campeonato de 1911, marcou contra o Nacional e o 7 de Setembro. Em 30 de julho de 1911, um tropeço: o Internacional vencia o Fussball por 3x2 e teve um pênalti a seu favor. Kluwe cobrou e perdeu o pênalti. No último minuto do jogo, o Fussball empatou.

Em 1912, doente, Kluwe não pode participar da excursão do clube a Pelotas, em julho, quando conquistamos nossa primeira taça externa, “Centenário de Pelotas”, ao bater o União por 6x0. Mas em 11 de agosto estava em campo na maior goleada colorada, 16x0 sobre o Nacional, marcando um dos gols.

Em 1913, Kluwe comandaria o Internacional na conquista de seu primeiro campeonato. O título veio em 24 de agosto, na vitória de 6x0 sobre o Colombo, na qual Kluwe fez um dos gols. Em 1914 veio o bicampeonato, com destaque para a goleada de 15x2 sobre o Americano, na qual Kluwe marcou dois gols.

O ano de 1915 seria marcante para Carlos Kluwe. Em 20 de março de 1915 ele defenderia sua tese, formando-se em medicina. No dia 5 de abril, mais de 250 sócios colorados reuniram-se para eleger a nova direção, em uma acirrada disputa entre duas chapas. Carlos Kluwe apoiou Felipe Silla, candidato da situação, que venceu com 146 votos, contra 117 de Arthur Pinto de Souza Neves, candidato da oposição. Curiosamente, o regimento eleitoral permitia que uma pessoa concorresse por mais de uma chapa, e Felipe Silla, candidato a presidente da chapa de situação, também era o candidato a vice na chapa de oposição. No dia 15 de abril, em Assembleia Geral de posse da nova direção, realizada no Palacete Rocco, o clube lhe entregou uma medalha de ouro em homenagem à sua formatura.

No dia 25 de abril de 1915, o Internacional enfrentou o Cruzeiro na inauguração da Vila Cruzeiro, “ground” dos alvi-azuis. O Cruzeiro abriu 2x0, mas Kluwe marcou e Vares empatou a partida, que terminou 2x2. Em 16 de maio, contra o mesmo Cruzeiro, já pelo campeonato, o Internacional venceu por 7x0. Kluwe marcou o 4º gol com um chute forte, segundo a imprensa da época, do meio do campo. Preparando sua saída do futebol, que havia programado para acontecer após a formatura, Kluwe não viajou com o clube para a excursão ao interior. Na volta do Colorado, atuou em apenas mais uma partida do campeonato, que levaria o clube ao tri municipal. Em outubro, porém, ele voltaria aos gramados para dois amistosos: a vitória de 5x0 sobre o São Paulo de Rio Grande e a primeira vitória em Gre-Nais, no dia 31 de outubro, por 4x1. Sobre sua atuação no clássico, o jornal A Federação assim descreveu:
Carlos Kluwe, capitão da éleven vencedora, mesmo visivelmente enfermo, salientou-se no quadro alvi rubro. Figura de footballer, sympathico e insinuante, seu jogo foi por todos admirado. Conhecedor do sport a que se dedicou, muito estimado por seus companheiros, é á sua proficiência, energia e firmeza de caracter, que se devem os louros colhidos pela equipe da Chacara dos Eucalyptus, domingo ultimo.

A “Majestade nos Campos”, como era chamado pela imprensa, pela sua habilidade com a bola, encerrava a carreira. Mas a família Kluwe continuava no time. Seu primo Ricardo Kluwe, o Bitu, era o lateral-direito do time. E nos anos seguintes Cary Kluwe e Nenito Kluwe atuariam pelo 2º quadro, com algumas aparições no time principal.

Em 1916, Carlos Kluwe foi clinicar em Lavras do Sul. Em setembro de 1916 o Internacional enfrentaria a seleção uruguaia, e cogitou-se a possibilidade de Kluwe voltar a jogar, porém ele não se encontrava na cidade. Mas no final de 1917 estava de volta a Porto Alegre, sendo eleito para o Conselho Fiscal do clube na gestão de 1918. Nessa época, chegou a comandar treinos dos atletas.

Em 1919 o Internacional enfrentava um problema. Após o pentacampeonato de 1913 a 1917, o clube havia perdido o título de 1918 para o Cruzeiro. A temporada de 1919 também não havia começado bem, com derrotas para o Porto Alegre e Cruzeiro. Para piorar, o centroavante Cezar Andrade havia se lesionado e se aproximava o Gre-Nal. Um grupo de sócios colorados pensou que Kluwe poderia ser o reforço ideal para o time, mesmo que nunca tivesse jogado nessa posição. Assim, foi enviada uma carta, assinada por mais de 80 pessoas, a maioria torcedoras do Internacional, entre elas a sua esposa Iracema Teixeira Kluwe, mas também por algumas personalidades coloradas, pedindo que ele voltasse aos gramados. Assim, em 20 de julho de 1919, Kluwe voltou a vestir a camiseta colorada. E logo aos dois minutos de partida, após uma cobrança de escanteio de Lio, Kluwe cabeceou para as redes, abrindo o placar. Mais tarde, aos 17 minutos do 2º tempo, novo escanteio. A defesa gremista concentrou-se em Kluwe, mas Lio cobrou em direção a Pedro Cunha, livre, que ampliou. O Internacional venceu o clássico por 2x0. No sábado seguinte à partida, um grupo de sócios organizou um chá dançante no Palacete Rocco, em homenagem a Carlos Kluwe e sua esposa. Kluwe ainda jogaria mais duas partidas do campeonato, mas não conseguiu evitar o título gremista.

Em 2 de maio de 1920, Kluwe voltou a campo, novamente em um Gre-Nal com muita confusão. O Grêmio vencia por 2x0 quando, no início do 2º tempo, o Internacional desperdiçou dois pênaltis seguidos, com Rosário e Bello. Após o último pênalti perdido, aos 20 minutos, a torcida colorada invadiu o campo e a partida foi paralisada. O tempo restante foi disputado no dia 9 e a partida terminou 4x1 para o Grêmio. No jogo seguinte, Cezar Andrade estava de volta, após longo período de recuperação e Kluwe abandonou de vez os gramados. Mesmo assim, participou da conquista do título de 1920.

Logo em seguida, Carlos Kluwe retornou a Bagé, onde chegou a atuar pelo Guarany, em 1921. Também atuou como árbitro em uma partida de campeonato entre Cruzeiro e Porto Alegre, em 24 de abril de 1921. Em 25 de setembro, apitou Ypiranga x Cruzeiro. No final de setembro de 1921 mudou-se para Caxias do Sul.

No início de 1923 Carlos Kluwe estava novamente morando em Porto Alegre, mas no mesmo ano mudou-se para Bagé. Em novembro de 1926, ele doou ao Museu Júlio de Castilhos, de Porto Alegre, fósseis encontrados na Sanga da Baronesa, em Bagé. Na sua cidade natal, Carlos Kluwe clinicava na Beneficência Portuguesa, ao lado de outro ex-atleta colorado, Ernesto Médici Sobrinho.

Em fevereiro de 1929, Carlos Kluwe concorreu ao Conselho Municipal de Bagé, pelo Partido Libertador, recebendo 1903 votos.  Em dezembro do mesmo ano foi eleito para a Mesa Diretiva da Santa Casa de Bagé, no biênio 1930-1931.

Em 1945, com a reorganização partidária, o PSD resolveu arregimentar os antigos libertadores de Bagé. Em julho, ocorreu uma reunião entre lideranças dos dois grupos, presidida por Carlos Kluwe. Em 1947, o “médico dos pobres” concorreu a prefeito de Bagé, pela aliança PSD/PRP/PSP, sendo eleito com 5.534 votos. Coincidentemente, Kluwe substituiu na prefeitura Gil de Souza, outro ex-atleta colorado. Carlos Kluwe foi prefeito de Bagé entre 1948 e 1951.

Em 1959, por ocasião do cinquentenário do Internacional, foi inaugurado em retrato de Carlos Kluwe, no Salão Nobre do Estádio dos Eucaliptos.

Em 16 de setembro de 1966, Carlos Kluwe faleceu, em Bagé. O Colégio Estadual de Bagé, instalado durante seu mandato como prefeito, passaria a se chamar Escola Estadual de Ensino Médio Doutor Carlos Kluwe. Um busto em sua homenagem foi colocado na praça central da cidade, em 1968, e uma rua da Vila Kennedy, na periferia da cidade, leva seu nome.

Seus números no Internacional:
61 partidas
42 vitórias
7 empates
12 derrotas
20 gols marcados
Campeão municipal em 1913, 1914, 1915 e 1920

Suas vítimas:
Cruzeiro – 5 gols
Nacional – 4 gols
Frisch Auf – 3 gols
Americano – 2 gols
7 de Setembro, Combinado de Viamão, Colombo, Guarany de Bagé, Grêmio e Tabajara – 1 gol

OBS: Várias fontes disponíveis na internet apontam a data de falecimento de Carlos Kluwe como 16 de setembro. Porém, o jornal Diário de Notícias de 7 de outubro de 1966 aponta sua data de falecimento como 28 de setembro e seu sepultamento no dia 29.


A igualdade é vermelha

 


Manhã de 09 de julho de 1911. Sebastião da Silva sai de sua casa, situada na Rua Boa Vista, na Colônia Africana. Antes de começar sua caminhada até o centro da cidade, Sebastião passa rapidamente pela igreja da Nossa Senhora da Piedade, pedir graças para seu compromisso, logo à tarde. Mais adiante, pede à benção de Mãe Dada, e a proteção dos orixás.

Antes do seu compromisso, uma paradinha no boteco do Tavares, para limpar a garganta com um gole de canha. Depois, segue pelo Caminho do Meio até a avenida Bonfim, e dali para o centro, onde ia defender algum trocado, fazendo biscates.

No mesmo horário, em um dos palacetes da Barros Cassal, Manoel Fontoura dos Santos, o Nelito, acorda ainda sob efeito do sarau dançante da noite anterior. Depois de dançar foxtrote com a bela Aninha das Graças, o final de semana seria perfeito com um bom resultado no seu compromisso da tarde.

Já são 14 horas. Sebastião apressa o passo, não quer chegar atrasado ao compromisso. Nelito, já na rua, ainda decide se irá a pé ou de bonde. Como está um dia bonito, apesar do frio inverno gaúcho, decide caminhar um pouco.

Às 14:45 horas, Sebastião e Nelito, dois desconhecidos, chegam ao seu objetivo: o campo da Várzea. Ali, em instantes, o Internacional entraria em campo, para bater-se com o 7 de Setembro, pelo campeonato da cidade.

Nelito torce pelo Internacional porque o clube aceitava, sem maiores problemas, sócios vindos do interior, como ele. Além disso, alguns amigos e colegas da Faculdade de Medicina, como Carlos Kluwe, jogam no time rubro. Sebastião aprendeu a gostar daquele time quando passava pelo campo da Redenção e via os treinos. Aqueles rapazes não tinham a mesma arrogância dos atletas do Fussball e Grêmio, e ele nunca fora barrado quando se aproximava do campo, diferente do que ocorrera nos grounds da Voluntários da Pátria e dos Moinhos de Ventos. Além disso, diferente dos germânicos gremistas, no clube colorado ele percebia dois jogadores que, apesar de serem de famílias de classe média alta, tinham nitidamente sangue africano nas veias.

Ambos torcedores ficam na área reservada aos torcedores que assistem o jogo em pé. Normalmente Nelito teria ficado no pavilhão de madeira, mas havia chegado tarde, e o mesmo já estava lotado. Apesar de próximos fisicamente, a diferença social ainda mantém um cordão de isolamento entre os dois colorados.

15:00 horas. Começa o jogo! O Internacional veio a campo com Ávila II; Felizardo e Ygartua; Volkman, Kluwe e Padilha; Simão, Túlio, Galvão, Luiz Poppe e Vinholes. O time estava desfalcado de Médici e Nilo, entrando na equipe os reservas Felizardo e Luiz Poppe.

O Internacional domina o adversário, mas o time está tenso, devido ao fracasso da partida anterior. Os jogadores encontram dificuldade de transformar o predomínio em gols. Os dois torcedores também demonstram o mesmo nervosismo dos atletas. Quando Túlio chuta para o gol, mas o goleiro adversário defende, um “ohhh” percorre a torcida. Sebastião não resiste e comenta: “Hoje tá difícil”. Nelito responde: “Tem tempo, ainda, tem tempo, ainda!”.

Como que confirmando as palavras de Nelito, Galvão estufa as redes do 7 de Setembro, no final da 1ª etapa. Mas logo na saída de bola, Davi empata. A torcida fica insatisfeita. Alguns reclamam que o tempo já havia encerrado e que o cronometrista não havia avisado o árbitro. O próprio juiz, Henrique Sommer, sócio e atleta do Grêmio, não conta com a simpatia dos colorados. Enquanto ele afastava-se para descansar, Sebastião lhe acertou uma bergamota na cabeça, provocando risos na torcida.

Na segunda etapa, o jogo começa mais tenso. A torcida colorada decide participar, vaiando os adversários. Nelito, já enturmado com os torcedores do “baixo clero”, pede uma bergamota a Sebastião e acerta um dos jogadores do 7. O jogo segue e Vinholes, o primeiro artilheiro colorado, marca: 2x1. Festa vermelha! Em seguida, pênalti para o Colorado. Sommer não consegue encontrar a marca penal, no campo mal sinalizado. Sebastião, acostumado com a Várzea, pula a cerca que separava a torcida do campo e mostra ao juiz o local correto. Kluwe bate e... gooool: 3x1. A torcida vibra. Nelito grita para seu colega, que o reconhece e vai cumprimentá-lo, à beira do gramado. Nelito apresenta rapidamente Sebastião, que abraça, emocionado, seu ídolo.

O jogo já se encaminhava para o final quando Túlio completou o placar: 4x1. Felizes, os torcedores colorados abraçavam-se. Sebastião e Nelito até param para tomar uma cachacinha e comentar o jogo, em um quiosque próximo do campo. Depois... cada um para seu lado. A divisão social continuava existindo. Sebastião jamais frequentaria os saraus de Nelito, e este jamais participaria dos folguedos de Sebastião. Provavelmente, Nelito sequer atenderia pessoas como Sebastião, após formado. E Sebastião jamais teria acesso a uma medicina decente, como a proporcionada por Nelito.

Mas no “ground” da Várzea, por alguns minutos, o nome Internacional destruiu as diferenças de classes, e médicos e biscateiros foram irmãos, sem temores, sem preconceitos. Como dizia aquele hino... “Bem unidos, façamos, nesta luta final, uma terra sem amos...”.

Um dia este sentimento de igualdade sairá do campo e se espalhará pela sociedade.


PS: produzi esse texto alguns anos atrás, quando escrevia no Blog Vermelho e me foi pedido um texto literário que envolvesse a história colorada. A versão presente teve duas linhas acrescentadas. A partida realmente ocorreu, com os gols descritos. E um torcedor invadiu o campo para apontar a marca do pênalti. O campo estava mal marcado e apenas parcialmente cercado. Os torcedores faziam a linha lateral. Nesta partida não há referência a vaias da torcida do Internacional, mas um mês antes, contra o Nacional, a imprensa registrou, indignada, o comportamento dos colorados que vaiavam os adversários. A foto não corresponde ao campo da Redenção, do qual não disponho de fotos da torcida. É da Chácara dos Eucaliptos, no Gre-Nal do retorno de Carlos Kluwe, em 20/07/1919. Os personagens do texto são fictícios, mas a interação entre torcedores de classes distintas era uma situação possível.

terça-feira, 15 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Chinesinho

 

Em 15 de setembro de 1935 nascia em Rio Grande o menino Sidney Colona Cunha, Seu pai, o centromédio Chinês, seria campeão gaúcho pelo Rio Grande, no ano seguinte.

Sidney herdou do pai o gosto pelo futebol e o apelido, no diminutivo: Chinesinho. Mas foi jogar no ataque. Na várzea riograndina, Chinesinho jogou no Colégio São Francisco, Estudantes e Botafogo. E começou a carreira profissional em um rival do clube de seu pai, o Riograndense, em 1953. Ponteiro-esquerdo extremamente habilidoso, destacou-se rapidamente, mesmo com seu time tendo perdido o título municipal para o São Paulo.

No início de 1955, Chinesinho chegou aos Eucaliptos para realizar testes no Internacional. Estreou no Internacional em 19 de março de 1955, na vitória por 4x3 sobre o Força e Luz, em um amistoso na Timbaúva. Ele começou a partida como titular e foi substituído aos 15 minutos do 2º tempo por outro estreante, Araguari, vindo do Aimoré. Após algumas partidas fora do time, voltou a jogar no amistoso de aniversário do clube, em 6 de abril, contra o poderoso Flamengo de Evaristo e Zagalo, que seria tricampeão carioca. O Colorado perdeu por 3x1, mas Chinesinho jogou toda a partida. E a partir dessa partida, tomou conta da posição. Embora seu forte fosse a assistência, seu 1º gol veio logo em seguida, no dia 17 de abril, quando o Internacional venceu o Aimoré por 4x3 e Chinesinho fez o 3º gol colorado. No início de maio, mudou-se definitivamente para a capital gaúcha, já contratado em definitivo. Antes, mesmo atuando pelo Internacional, precisava manter residência em Rio Grande, pois estava cumprindo o serviço militar.

Junto com Luizinho, Bodinho, Larry e Jerônimo, formou uma linha de ataque que encantou o futebol gaúcho. Em uma das partidas que o quinteto brilhou, em pleno Centenário, o Internacional empatou com o Peñarol por 3x3, após estar perdendo por 3x0, com o direito de acertar duas bolas na trave.

No Gre-Nal do 1º turno do campeonato metropolitano de 1955, o Internacional foi derrotado por 2x1, no Olímpico. Mas Chinesinho fez o gol colorado. No 2º turno, vitória colorada por 3x1. No dia 20 de novembro, Chinesinho estava em campo quando Internacional venceu o Força e Luz por 5x2 e conquistou o título metropolitano. Com o título metropolitano, o Internacional habilitou-se para decidir o título gaúcho com o Brasil de Pelotas, campeão do interior. Na partida de ida, no Bento Freitas, o Internacional venceu por 1x0, gol de Chinesinho. Na partida de volta, nos Eucaliptos, o Xavante surpreendeu e saiu vencendo por 2x0. O Internacional reagiu, empatou, e aos 20' do 2º tempo, Chinesinho driblou Tibirica e avançou pela esquerda, até chegar ao lado da área. Então driblou Candiota e passou para Bodinho, que mandou uma bomba para as redes. Internacional 3x2! E Chinesinho conquistava mais um título com o manto alvirrubro.

No início de 1956 o Rio Grande do Sul recebeu a missão de representar o Brasil no Campeonato Pan-Americano no México. O técnico da Seleção Brasileira/Gaúcha era José Francisco Duarte Júnior, o Teté, do Internacional. E Chinesinho estava entre os convocados. O ponteiro-esquerdo começou como reserva de Raul Klein, do Floriano. Entrou no time durante a 3ª das cinco partidas, e disputou as duas últimas como titular. Marcou 3 gols contra a Costa Rica e um gol no empate em 2x2 com a Argentina, que deu o título ao Brasil. Foi o vice-artilheiro da seleção, com 4 gols, um a menos que Larry, titular nas cinco partidas.

Na volta a Porto Alegre, o Internacional disputou um amistoso contra o Renner, em 8 de abril de 1956, para comemorar o aniversário do clube e marcar a reapresentação diante da torcida de alguns dos atletas campeões pan-americanos. Chinesinho abriu o placar logo aos 6' do 1º tempo, mas o Renner empataria no final do jogo. Em 26 de abril, quando Teté voltou a comandar o time, o Internacional bateu o União Serrano, em Bento Gonçalves, por 4x2 e Chinesinho fez mais um gol. Mas no campeonato metropolitano, embora o Internacional fosse a base da seleção campeã no México, ficou apenas em 3º lugar, um ponto atrás do Renner e dois pontos atrás do Grêmio.

A temporada de 1957 não foi boa para o Internacional, e a crise acabou resultando na demissão de Teté, técnico colorado desde 1951. Gastão Leal assumiu interinamente e acabou ficando até o fim da temporada. O novo técnico utilizou o jogador como centromédio e meia-esquerda. No campeonato metropolitano, Chinesinho marcou contra o Juventude, Aimoré (3) e Cruzeiro.

Em 1958, Chinesinho começou muito bem a temporada. Nos amistosos de pré-temporada começou a marcar mais gols que o normal, balançando as redes contra Lajeadense, Pelotas, Riograndense SM, Cruzeiro e Portuguesa de Desportos (2). Em 20 de abril de 1958 o Internacional enfrentou o Palmeiras, em um festival de amistoso comemorativos dos 49 anos do clube. Chinesinho foi um dos grandes nomes da partida, que o Colorado venceu por 3x0. No 3º gol, Chinesinho invadiu a área, meia atraiu o goleiro Aníbal e desviou a bola para o canto esquerdo do gol. O Palmeiras tinha pela frente o Santos de Pelé, e necessitava de reforços. Chinesinho virou obsessão, e em julho de 1958 o jogador transferiu-se para o Palmeiras, em uma das mais caras transações realizadas no futebol brasileiro, até então. Sua despedida do Internacional ocorreu em 6 de julho, na vitória de 3x2 sobre o Aimoré. Seu último gol havia ocorrido na partida anterior, na vitória de 4x0 sobre o Floriano.

No Palmeiras, Chinesinho ganhou o campeonato paulista de 1959, a Taça Brasil de 1960, e foi vice da Taça Libertadores em 1961. No título paulista de 1959, Chinesinho teve a companhia dos gaúchos Valdir (goleiro, ex-Renner e avô de Danny Morais) e Ênio Andrade (meia, ex- Internacional e Renner), além do técnico Osvaldo Brandão (ex-jogador de Grêmio, Força e Luz e Internacional). Na final da Taça Brasil de 1960 Chinesinho marcou dois gols na vitória de 8x2 sobre o Fortaleza. No time paulista, Chinesinho atuou como meia.

Em 1962 Chinesinho foi vendido para o Modena, da Itália. Com o dinheiro de sua venda, o Palmeiras reformou o Parque Antártica e construiu o atual Jardim Suspenso. Na Itália, também jogou no Lanerossi, Catania e Juventus. Foi campeão da Copa da Itália em 1965 e do campeonato italiano em 1967, pela Juventus. Encerrou a carreira em 1971, na Lanerossi, mas recebeu um convite para atuar no Cosmos, dos Estados Unidos, em 1972. De volta ao Brasil regressou aos gramados, defendendo o pequeno Nacional de São Paulo, em 1974. Pela Seleção Brasileira, além do Pan-Americano, Chinesinho venceu também a Copa Roca e a Taça do Atlântico, em 1960.

Equipes que sofreram gols de Chinesinho, com a camisa do Internacional:
5 gols: Aimoré
4 gols: Força e Luz
3 gols: Cruzeiro POA, Flamengo CXS e Juventude
2 gols: Pelotas, Portuguesa de Desportos, Floriano, Esportivo, Riograndense SM e Nacional POA
1 gol: Lajeadense, Palmeiras, São José, Grêmio, Seleção de Uruguaiana, Brasil PEL, Renner, União Serrano, Colégio São Francisco e Mandaguari PR

Chinesinho no Internacional:
131 jogos
89 vitórias
21 empates
21 derrotas
40 gols
Campeão metropolitano em 1955
Campeão gaúcho em 1955

Chinesinho no Palmeiras:
241 jogos
147 vitórias
46 empates
48 derrotas
55 gols

Temporadas na Itália
1963 Modena 12º lugar 3 gols (Genoa, Napoli e Palermo)
1964 Catania 10º lugar 3 gols (Roma [2] e Lazio)
1965 Catania 8º lugar 1 gol (Roma)
1966 Juventus 5º lugar 4 gols (Milan [2], Bologna e Sampdoria)
1967 Juventus campeão 1 gol (Atalanta)
1968 Juventus 3º lugar 3 gols (Lanerossi, Atalanta e Napoli)
1969 Lanerossi 13º lugar 4 gols (Palermo [2], Varese e Pisa)
1970 Lanerossi 9º lugar 1 gol (Napoli)
1971 Lanerossi 10º lugar 5 gols (Torino, Varese, Cagliari, Juventus e Lazio)

Após encerrar a carreira de jogador, foi técnico na Itália entre 1976 e 1981, trabalhando no Lanerossi, Foggia e Forli. Em 1985 chegou a comandar o Palmeiras em 14 partidas. Aposentado, viveu várias anos em Praia Grande (SP), antes de voltar para sua Rio Grande natal. Foi lá, em 16 de abril de 2011, que Chinesinho faleceu, vítima de Mal de Parkinson.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Bira

Origem da foto: ClicRBS
 
Em 20 de maio de 1955 nascia em Macapá o menino Ubiratan Silva do Espírito Santo.

No futebol, ele ficaria conhecido como o centroavante Bira. Começou sua carreira no Macapá, onde jogou em 1975 e 1976. Em 1977 foi contratado pelo Paysandu, mas ficou pouco tempo, transferindo-se no mesmo ano para o rival Remo. Campeão paraense em 1978 e 1979, Bira também foi o artilheiro nas duas temporadas, marcando 25 e 32 gols, respectivamente.

Seus gols pelo Remo chamaram a atenção do futebol do sul e sudeste. Flamengo e Internacional disputaram sua contratação, e o Colorado levou a melhor, trazendo o centroavante para disputar o campeonato brasileiro. Estreou no Internacional em 26 de setembro de 1979, contra o Santa Cruz, no Arruda. O Colorado venceu por 2x1 e Bira marcou o 1º gol, mas saiu lesionado.

Bira retornou ao time em 28 de outubro de 1979, após cinco jogos fora. O Internacional venceu o Rio Branco por 5x1, no Beira-Rio. Bira marcou dois gols e ainda teve um outro gol injustamente anulado. Ainda em recuperação Bira foi substituído antes do fim do jogo e não jogou a partida seguinte. Bira voltaria a marcar contra o São Paulo de Rio Grande. Mas o jogo que marcaria sua participação naquele campeonato foi em 25 de novembro de 1979. Logo aos três minutos de jogo, Bira disputou uma bola de cabeça com o lateral Zé Rios. Os dois jogadores chocaram-se de cabeça. Bira marcou o gol, mas Zé Rios teve convulsões, quase morreu e nunca mais jogou futebol. Bira ainda marcaria mais dois gols naquela partida, na vitória de 4x0 sobre a Desportiva, no Beira-Rio. Em 23 de dezembro de 1979, Bira conquistava o título brasileiro invicto com o Internacional.

Na pré-temporada de 1980, Bira foi destaque em 13 de fevereiro de 1980, quando em pleno Morumbi o Internacional bateu o São Paulo por 3x1, com três gols dele. Dez dias depois, em uma das maiores zebras da história do campeonato brasileiro, o Internacional estreou no campeonato brasileiro perdendo em casa para o Itabaiana por 2x1, mas Bira deixou sua marca.

No campeonato brasileiro de 1980, Bira seria o artilheiro colorado, com 14 gols. Marcou contra o Mixto (2), Ferroviário (2), Botafogo PB, Ponte Preta, Bahia e Atlético MG (3). Seus últimos gols foram contra o Galo. Em 9 de abril de 1980, o Colorado enfrentava o Atlético, considerado o melhor time do campeonato, no Mineirão. O Galo saiu na frente, mas Bira marcou duas vezes e virou o jogo. No dia 23, no Beira-Rio, o Internacional perdeu por 3x1 para o Galo, mas Bira deixou o seu gol. Com 14 gols em 13 jogos do campeonato brasileiro, Bira sofreu uma lesão e teve que operar os meniscos. Depois da vitória sobre o Deportivo Táchira, em 27 de abril de 1980, quando marcou um gol, só voltaria a jogar em 3 de agosto de 1980, na equipe reserva que enfrentou o Caxias, entre as duas partidas decisivas da Taça Libertadores.

Na temporada de 1980, o Internacional caiu na semifinal do campeonato brasileiro e foi vice-campeão da Taça Libertadores. Na competição sul-americana, Bira jogou apenas três partidas na 1ª fase, marcando um gol.

Bira voltou a ter mais chances no campeonato gaúcho, mas no final de agosto de 1980, enquanto o grupo principal excursionava pela Europa, o centroavante ficou no Brasil, junto com os juniores e mais alguns reservas, disputando o estadual. Em 21 de setembro, Bira envolveu-se em um acontecimento curioso: o Internacional empatava com o Novo Hamburgo em 0x0, no Beira-Rio, e aos 46' do 2º tempo Bira fez o gol da vitória. Na comemoração, entusiasmado, ele tirou a camisa. Ao perceber que seria expulso, correu para o vestiário, mas não escapou da punição. O Internacional acabaria vice-campeão gaúcho, mas Bira reconquistou a titularidade.

Na estreia do campeonato brasileiro de 1981, em 18 de janeiro, Bira deixou sua marca, na vitória de 4x2 sobre a Ponte Preta. Na rodada seguinte, voltaria a marcar, de bicicleta, na vitória de 2x0 sobre o Vila Nova. Mas seriam os únicos gols de Bira naquele campeonato. Logo perdeu a titularidade para Jones e no final de fevereiro foi trocado por empréstimo por Nílson Dias, com o Universidad Guadalajara, onde atuaria por seis meses.

Em agosto de 1981, retornou ao Internacional, tornando-se o artilheiro colorado no campeonato gaúcho, com 11 gols. Um dos mais importantes ocorreu no Gre-Nal de 4 de novembro de 1981, no Beira-Rio. O Grêmio havia saído na frente, com gol de Geraldão, mas aos 8' do 2º tempo Bira foi lançado em velocidade, invadiu a área e, na saída de Leão, tocou por cobertura para marcar. Depois Cléo viraria a partida. No final do campeonato, o Internacional ficou com a taça.

Na estreia do campeonato brasileiro de 1982, novamente Bira deixou sua marca na vitória de 3x0 sobre o Grêmio Maringá. Novamente Bira seria o artilheiro colorado na competição, marcando 8 gols. Bira marcaria contra a Ponte Preta, contra o Taguatinga (3) e na estreia de Ruben Paz faria mais 3 na goleada de 5x0 sobre o Goiás. Estes seriam os últimos gols de Bira pelo clube. O centroavante despediu-se do Colorado em 14 de março de 1982, na antepenúltima partida do Internacional no campeonato brasileiro. No Morumbi, o Colorado perdeu por 1x0 para o Corinthians, e Bira foi substituído por aquele que também ficaria em seu lugar como artilheiro do time, nas próximas competições: Geraldão.

Seus números no Internacional:
99 partidas
55 vitórias
24 empates
20 derrotas
53 gols
Campeão brasileiro em 1979
Campeão gaúcho em 1981

Suas vítimas no Internacional:
3 gols
São Paulo, Desportiva, Ponte Preta, Atlético MG, Taguatinga, Goiás, São Paulo RG e Novo Hamburgo
2 gols
Rio Branco, Mixto, Ferroviário, Atlético GO, São Borja, São Gabriel, Caxias e Brasil de Pelotas
1 gol
Santa Cruz, Chapecoense, Itabaiana, Botafogo PB, Bahia, Vila Nova, Grêmio Maringá, Bagé, Lajeadense, Caxias, Internacional SM, Grêmio e Deportivo Táchira VEN

Após sair do Internacional, Bira jogou no Atlético MG, Juventus SP, Novo Hamburgo, Náutico, Remo, Chivas Guadalajara MEX, Aimoré, Central, Juventus SP e novamente Remo, onde encerrou a carreira, em 1988.

Em 14 de setembro de 2020, em Macapá, Bira foi vencido por um câncer de fígado.

Colaboração: Luiz Pissuti

domingo, 13 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Diego Aguirre


 

Em 13 de setembro de 1965 nascia em Montevidéu o menino Diego Vicente Aguirre Camblor.

Em 1985, Diego Aguirre tornou-se profissional no Liverpool de Montevidéu, como centroavante. Suas boas atuações o levaram para o Peñarol, no ano seguinte. Seu grande momento no Peñarol foi na Taça Libertadores de 1987. Na decisão do torneio, Peñarol e América de Cali haviam vencido uma partida cada. No jogo-desempate, nada de gols. A prorrogação entrava em seu último minuto, indicando que a decisão iria para os pênaltis, quando Diego Aguirre fez o gol do título.

Em 1988 Diego Aguirre foi contratado pela Fiorentina, mas jogou apenas na Copa da Itália. No mesmo ano foi negociado com o Olympiakos. E em novembro era contratado pelo Internacional.

Sua estreia no Internacional ocorreu em 20 de novembro de 1988, na vitória de 2x1 sobre a Portuguesa de Desportos, no Beira-Rio. Ele entrou durante a partida, substituindo Maurício. Em 1988 ainda atuou em mais cinco partidas, quatro delas saindo do banco para entrar no time.  Em 11 de dezembro de 1988 em São Januário, fez o gol do empate colorado contra o Fluminense, fechando o placar de 2x2.

No início de 1989, no mata-mata do Campeonato Brasileiro, Diego Aguirre jogou o Gre-Nal do Século e nas duas partidas finais contra o Bahia. Nas três partidas saiu do banco para o time.

Na estreia da Taça Libertadores de 1989, Diego Aguirre foi titular contra o Bahia e abriu o placar no Beira-Rio, mas o time sofreu a virada. Contra o Unión Tachira, entrou no time durante o jogo. Contra o Marítimo, foi titular e marcou o gol de empate colorado, aos 40' do 2º tempo. Os dois jogos na Venezuela ocorreram em meio ao "Caracazo", um levante popular espontâneo contra as medidas econômicas recessivas do governo de Carlos Andrés Pérez, violentamente reprimido pelo exército. Durante as noites que passaram na Venezuela, os jogadores quase não dormiram, ouvindo os disparos dos militares, massacrando a população. A última partida foi disputada sem torcida e com forte aparato de segurança.

Aguirre não jogou contra o Bahia, na Fonte Nova, mas foi titular contra os venezuelanos, em Porto Alegre, marcando o primeiro gol na vitória de 3x1 sobre o Unión Táchira. No mata-mata, entrou no time durante o jogo nos 6x2 contra seu ex-clube, o Peñarol. Em Montevidéu, foi titular e marcou o 2º gol colorado, na vitória de 2x1. Contra o Bahia, foi titular e marcou o gol da vitória, no Beira-Rio, mas não jogou na partida de volta. Na semifinal, contra o Olimpia, não jogou no Paraguai, mas entrou no time no jogo de volta, na eliminação colorada. Com cinco gols, foi o artilheiro colorado na competição.

Se era reserva na Taça Libertadores, ganhava oportunidades no Campeonato Gaúcho. Durante o torneio sul-americano, Diego Aguirre jogou dez partidas pelo estadual, marcando um gol, contra o São Paulo de Rio Grande.

Após a eliminação na Taça Libertadores, Diego Aguirre ainda disputou mais sete partidas pelo Campeonato Gaúcho, marcando mais um gol contra o Pelotas. Sua despedida do Internacional ocorreu em 18 de junho de 1989, em um Gre-Nal no estádio Olímpico. Ele começou a partida como titular e foi substituído por Marcelo Vita. O empate em 0x0 levou o jogo para os pênaltis. O Grêmio venceu a disputa por pênaltis e conquistou o título gaúcho. A partida também marcou a despedida do técnico Abel Braga, já acertado com o Famalicão, de Portugal.

Em 1990, Aguirre foi jogar no São Paulo, treinado por Pablo Forlán. Após a demissão do técnico uruguaio, Aguirre perdeu espaço no Tricolor paulista, e em 1991 foi jogar na Portuguesa de Desportos. Pelos dois clubes, enfrentou o Internacional no Campeonato Brasileiro. Embora tenha saído vitorioso nas duas ocasiões, não marcou contra o Colorado.

Em 1992 Diego Aguirre voltou rapidamente ao Peñarol, para depois começar uma vida cigana que o levou à Argentina, Espanha, Uruguai, novamente Espanha, El Salvador, Chile e finalmente Uruguai, onde jogou pelo River Plate em 1997 e 1998, encerrando a carreira no Rentistas, em 1999.

Em 2002 Aguirre começou a carreira de técnico, no Plaza Colonia. Perambulou por clubes uruguaios, equatorianos e peruanos, até ser vice-campeão da Taça Libertadores em 2011, com o Peñarol, ano em que eliminou o Internacional da competição. A seguir, passou três temporadas no futebol do Catar.

Em 2015, foi contratado para treinar o Internacional. Estreou em 19 de janeiro de 2015, vencendo o Juventude por 3x1, no Alfredo Jaconi, pelo campeonato gaúcho. Em 3 de maio de 2015, com a vitória de 2x1 sobre o Grêmio, Diego Aguirre sagrou-se campeão gaúcho. Na semifinal da Taça Libertadores, suspenso, foi substituído no banco de reservas pelo auxiliar Enrique Carrera. O Internacional venceu o Tigres por 2x1 em casa, e perdeu por 3x1 no México, sendo eliminado do torneio.

Após a eliminação na Libertadores, o time de Aguirre empatou duas partidas seguidas em 0x0, com a Ponte Preta e a Chapecoense, pelo Campeonato Brasileiro. No dia 5 de agosto de 2015, Aguirre foi demitido do cargo de técnico do Internacional.

A Taça Libertadores, nos dois anos seguintes, foi um obstáculo para Diego Aguirre. Em dezembro de 2015, o técnico foi contratado pelo Atlético MG, sendo demitido após ser eliminado nas quartas de final da competição sul-americana. Em junho de 2016 passou a comandar o San Lorenzo, clube do qual saiu após ser eliminado nas quartas de final da Taça Libertadores de 2017.

Em 2018 Aguirre voltou ao Brasil, para treinar o São Paulo. Sem conquistar títulos, foi demitido na reta final do campeonato brasileiro. Em 2019, Diego Aguirre voltou ao futebol do Catar, onde trabalha atualmente.

Seus jogos pelo Internacional (entre parênteses, os gols marcados):
20.11.1988 2x1 Portuguesa de Desportos - Campeonato Brasileiro - C
27.11.1988 2x2 Atlético MG - Campeonato Brasileiro - C
04.12.1988 1x1 Bangu - Campeonato Brasileiro - C
11.12.1988 2x2 Fluminense - Campeonato Brasileiro - F (1)
15.12.1988 3x3 Sport - Campeonato Brasileiro - C
18.12.1988 1x0 Atlético PR - Campeonato Brasileiro - F
12.02.1989 2x1 Grêmio - Campeonato Brasileiro de 1988 - C
15.02.1988 1x2 Bahia - Campeonato Brasileiro de 1988 - F
19.02.1989 0x0 Bahia - Campeonato Brasileiro de 1988 - C
21.02.1989 1x2 Bahia - Taça Libertadores da América - C (1)
24.02.1989 0x1 Táchira VEN - Taça Libertadores da América - F
02.03.1989 1x1 Marítimo VEN - Taça Libertadores da América - F (1)
05.03.1989 1x0 Passo Fundo - Campeonato Gaúcho - F
07.03.1989 1x1 Esportivo - Campeonato Gaúcho - F
16.03.1989 0x1 Pelotas - Campeonato Gaúcho - F
17.03.1989 3x0 Novo Hamburgo - Campeonato Gaúcho - C
21.03.1989 3x0 Marítimo VEN - Taça Libertadores da América - C
23.03.1989 3x1 Passo Fundo - Campeonato Gaúcho - C
28.03.1989 3x1 Táchira VEN - Taça Libertadores da América - C (1)
30.03.1989 0x0 Glória - Campeonato Gaúcho - C
05.04.1989 6x2 Peñarol URU - Taça Libertadores da América - C
09.04.1989 3x0 Aimoré - Campeonato Gaúcho - F
11.04.1989 2x1 Peñarol URU - Taça Libertadores da América - F (1)
13.04.1989 3x0 São Paulo RG - Campeonato Gaúcho - C (1)
19.04.1989 1x0 Bahia - Taça Libertadores da América - C (1)
29.04.1989 4x0 Lajeadense - Campeonato Gaúcho - C
01.05.1989 4x1 Operário MS - Amistoso - F
14.05.1989 3x1 Glória - Campeonato Gaúcho - C
17.05.1989 2x3 Olimpia PAR - Taça Libertadores da América - C
19.05.1989 0x0 Passo Fundo - Campeonato Gaúcho - F
21.05.1989 2x1 Caxias - Campeonato Gaúcho - C
25.05.1989 1x1 Pelotas - Campeonato Gaúcho - F (1)
28.05.1989 1x3 Grêmio - Campeonato Gaúcho - C
11.06.1989 2x0 Caxias - Campeonato Gaúcho - F
14.06.1989 1x0 Pelotas - Campeonato Gaúcho - C
18.06.1989 0x0 Grêmio - Campeonato Gaúcho - F