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terça-feira, 15 de setembro de 2020

Jogadores do passado: Chinesinho

 

Em 15 de setembro de 1935 nascia em Rio Grande o menino Sidney Colona Cunha, Seu pai, o centromédio Chinês, seria campeão gaúcho pelo Rio Grande, no ano seguinte.

Sidney herdou do pai o gosto pelo futebol e o apelido, no diminutivo: Chinesinho. Mas foi jogar no ataque. Na várzea riograndina, Chinesinho jogou no Colégio São Francisco, Estudantes e Botafogo. E começou a carreira profissional em um rival do clube de seu pai, o Riograndense, em 1953. Ponteiro-esquerdo extremamente habilidoso, destacou-se rapidamente, mesmo com seu time tendo perdido o título municipal para o São Paulo.

No início de 1955, Chinesinho chegou aos Eucaliptos para realizar testes no Internacional. Estreou no Internacional em 19 de março de 1955, na vitória por 4x3 sobre o Força e Luz, em um amistoso na Timbaúva. Ele começou a partida como titular e foi substituído aos 15 minutos do 2º tempo por outro estreante, Araguari, vindo do Aimoré. Após algumas partidas fora do time, voltou a jogar no amistoso de aniversário do clube, em 6 de abril, contra o poderoso Flamengo de Evaristo e Zagalo, que seria tricampeão carioca. O Colorado perdeu por 3x1, mas Chinesinho jogou toda a partida. E a partir dessa partida, tomou conta da posição. Embora seu forte fosse a assistência, seu 1º gol veio logo em seguida, no dia 17 de abril, quando o Internacional venceu o Aimoré por 4x3 e Chinesinho fez o 3º gol colorado. No início de maio, mudou-se definitivamente para a capital gaúcha, já contratado em definitivo. Antes, mesmo atuando pelo Internacional, precisava manter residência em Rio Grande, pois estava cumprindo o serviço militar.

Junto com Luizinho, Bodinho, Larry e Jerônimo, formou uma linha de ataque que encantou o futebol gaúcho. Em uma das partidas que o quinteto brilhou, em pleno Centenário, o Internacional empatou com o Peñarol por 3x3, após estar perdendo por 3x0, com o direito de acertar duas bolas na trave.

No Gre-Nal do 1º turno do campeonato metropolitano de 1955, o Internacional foi derrotado por 2x1, no Olímpico. Mas Chinesinho fez o gol colorado. No 2º turno, vitória colorada por 3x1. No dia 20 de novembro, Chinesinho estava em campo quando Internacional venceu o Força e Luz por 5x2 e conquistou o título metropolitano. Com o título metropolitano, o Internacional habilitou-se para decidir o título gaúcho com o Brasil de Pelotas, campeão do interior. Na partida de ida, no Bento Freitas, o Internacional venceu por 1x0, gol de Chinesinho. Na partida de volta, nos Eucaliptos, o Xavante surpreendeu e saiu vencendo por 2x0. O Internacional reagiu, empatou, e aos 20' do 2º tempo, Chinesinho driblou Tibirica e avançou pela esquerda, até chegar ao lado da área. Então driblou Candiota e passou para Bodinho, que mandou uma bomba para as redes. Internacional 3x2! E Chinesinho conquistava mais um título com o manto alvirrubro.

No início de 1956 o Rio Grande do Sul recebeu a missão de representar o Brasil no Campeonato Pan-Americano no México. O técnico da Seleção Brasileira/Gaúcha era José Francisco Duarte Júnior, o Teté, do Internacional. E Chinesinho estava entre os convocados. O ponteiro-esquerdo começou como reserva de Raul Klein, do Floriano. Entrou no time durante a 3ª das cinco partidas, e disputou as duas últimas como titular. Marcou 3 gols contra a Costa Rica e um gol no empate em 2x2 com a Argentina, que deu o título ao Brasil. Foi o vice-artilheiro da seleção, com 4 gols, um a menos que Larry, titular nas cinco partidas.

Na volta a Porto Alegre, o Internacional disputou um amistoso contra o Renner, em 8 de abril de 1956, para comemorar o aniversário do clube e marcar a reapresentação diante da torcida de alguns dos atletas campeões pan-americanos. Chinesinho abriu o placar logo aos 6' do 1º tempo, mas o Renner empataria no final do jogo. Em 26 de abril, quando Teté voltou a comandar o time, o Internacional bateu o União Serrano, em Bento Gonçalves, por 4x2 e Chinesinho fez mais um gol. Mas no campeonato metropolitano, embora o Internacional fosse a base da seleção campeã no México, ficou apenas em 3º lugar, um ponto atrás do Renner e dois pontos atrás do Grêmio.

A temporada de 1957 não foi boa para o Internacional, e a crise acabou resultando na demissão de Teté, técnico colorado desde 1951. Gastão Leal assumiu interinamente e acabou ficando até o fim da temporada. O novo técnico utilizou o jogador como centromédio e meia-esquerda. No campeonato metropolitano, Chinesinho marcou contra o Juventude, Aimoré (3) e Cruzeiro.

Em 1958, Chinesinho começou muito bem a temporada. Nos amistosos de pré-temporada começou a marcar mais gols que o normal, balançando as redes contra Lajeadense, Pelotas, Riograndense SM, Cruzeiro e Portuguesa de Desportos (2). Em 20 de abril de 1958 o Internacional enfrentou o Palmeiras, em um festival de amistoso comemorativos dos 49 anos do clube. Chinesinho foi um dos grandes nomes da partida, que o Colorado venceu por 3x0. No 3º gol, Chinesinho invadiu a área, meia atraiu o goleiro Aníbal e desviou a bola para o canto esquerdo do gol. O Palmeiras tinha pela frente o Santos de Pelé, e necessitava de reforços. Chinesinho virou obsessão, e em julho de 1958 o jogador transferiu-se para o Palmeiras, em uma das mais caras transações realizadas no futebol brasileiro, até então. Sua despedida do Internacional ocorreu em 6 de julho, na vitória de 3x2 sobre o Aimoré. Seu último gol havia ocorrido na partida anterior, na vitória de 4x0 sobre o Floriano.

No Palmeiras, Chinesinho ganhou o campeonato paulista de 1959, a Taça Brasil de 1960, e foi vice da Taça Libertadores em 1961. No título paulista de 1959, Chinesinho teve a companhia dos gaúchos Valdir (goleiro, ex-Renner e avô de Danny Morais) e Ênio Andrade (meia, ex- Internacional e Renner), além do técnico Osvaldo Brandão (ex-jogador de Grêmio, Força e Luz e Internacional). Na final da Taça Brasil de 1960 Chinesinho marcou dois gols na vitória de 8x2 sobre o Fortaleza. No time paulista, Chinesinho atuou como meia.

Em 1962 Chinesinho foi vendido para o Modena, da Itália. Com o dinheiro de sua venda, o Palmeiras reformou o Parque Antártica e construiu o atual Jardim Suspenso. Na Itália, também jogou no Lanerossi, Catania e Juventus. Foi campeão da Copa da Itália em 1965 e do campeonato italiano em 1967, pela Juventus. Encerrou a carreira em 1971, na Lanerossi, mas recebeu um convite para atuar no Cosmos, dos Estados Unidos, em 1972. De volta ao Brasil regressou aos gramados, defendendo o pequeno Nacional de São Paulo, em 1974. Pela Seleção Brasileira, além do Pan-Americano, Chinesinho venceu também a Copa Roca e a Taça do Atlântico, em 1960.

Equipes que sofreram gols de Chinesinho, com a camisa do Internacional:
5 gols: Aimoré
4 gols: Força e Luz
3 gols: Cruzeiro POA, Flamengo CXS e Juventude
2 gols: Pelotas, Portuguesa de Desportos, Floriano, Esportivo, Riograndense SM e Nacional POA
1 gol: Lajeadense, Palmeiras, São José, Grêmio, Seleção de Uruguaiana, Brasil PEL, Renner, União Serrano, Colégio São Francisco e Mandaguari PR

Chinesinho no Internacional:
131 jogos
89 vitórias
21 empates
21 derrotas
40 gols
Campeão metropolitano em 1955
Campeão gaúcho em 1955

Chinesinho no Palmeiras:
241 jogos
147 vitórias
46 empates
48 derrotas
55 gols

Temporadas na Itália
1963 Modena 12º lugar 3 gols (Genoa, Napoli e Palermo)
1964 Catania 10º lugar 3 gols (Roma [2] e Lazio)
1965 Catania 8º lugar 1 gol (Roma)
1966 Juventus 5º lugar 4 gols (Milan [2], Bologna e Sampdoria)
1967 Juventus campeão 1 gol (Atalanta)
1968 Juventus 3º lugar 3 gols (Lanerossi, Atalanta e Napoli)
1969 Lanerossi 13º lugar 4 gols (Palermo [2], Varese e Pisa)
1970 Lanerossi 9º lugar 1 gol (Napoli)
1971 Lanerossi 10º lugar 5 gols (Torino, Varese, Cagliari, Juventus e Lazio)

Após encerrar a carreira de jogador, foi técnico na Itália entre 1976 e 1981, trabalhando no Lanerossi, Foggia e Forli. Em 1985 chegou a comandar o Palmeiras em 14 partidas. Aposentado, viveu várias anos em Praia Grande (SP), antes de voltar para sua Rio Grande natal. Foi lá, em 16 de abril de 2011, que Chinesinho faleceu, vítima de Mal de Parkinson.

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