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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Nossos títulos - Campeonato Gaúcho 1991

A década de 1980 terminou com o Internacional em baixa. O rival havia conquistado um hexacampeonato estadual (1985/1990) e conquistado a Copa do Brasil em 1989, além dos títulos do início da década, o campeonato brasileiro (1981), a Libertadores e a Copa Toyota (1983).

O Colorado emplacou boas campanhas, como os vices brasileiros em 1987 e 1988 e a semifinal da Taça Libertadores em 1989, mas os títulos não vieram. E no campeonato brasileiro de 1990 o clube brigou até a última rodada para não cair.

Para o início da nova década o clube buscou reforçar-se. Na primeira partida da temporada, um amistoso com o Hamburgo, em 29 de janeiro de 1991, estrearam o lateral-direito Luís Carlos Wink e o zagueiro Célio Silva, vindos do Vasco da Gama, o meia Cuca, vindo do Valladolid (ESP) e o ponteiro-esquerdo Edson, vindo do Cruzeiro. O Internacional perdeu a partida (0x1) e Edson, que torceu o joelho e ficou fora de todo o campeonato brasileiro.

Na competição nacional o Internacional não conseguiu a classificação para a semifinal. A maior alegria da torcida colorada foi ver o rival ser rebaixado para a segunda divisão. Após o encerramento da sua participação no campeonato brasileiro, o clube dispensou o técnico Ênio Andrade. Pouco depois Abel Braga seria contratado. Sua estreia ocorreria em junho, no amistoso de entrega de faixas de campeão da Copa do Brasil ao Criciúma, que dias antes havia derrotado o Grêmio na decisão.

A primeira competição oficial disputada por Abel Braga foi a Copa Governador do Estado, vencida pelo Internacional. ( https://futeboloutrahistoria.blogspot.com/2021/08/nossos-titulos-copa-governador-do.html ).

O campeonato gaúcho de 1991 teria novidades. Em vez dos 14 clubes das edições anteriores, teve 20 participantes. Além dos 14 já garantidos, ainda classificaram-se o campeão e vice da Copa Aneron Correia e os quatro primeiros da Copa Cidade de Porto Alegre. Os vinte clubes foram divididos em dois grupos de dez, mas todos se enfrentariam em turno único. Os quatro primeiros de cada grupo passariam à 2ª fase.

Em 11 de agosto de 1991 os campeões da Copa Governador (Internacional) e da Copa Aneron (Ta-Guá) abriram o campeonato, enfrentando-se em Getúlio Vargas. O Colorado já contava com os reforços do goleiro Fernandez (ex-Cerro Porteño PAR), o lateral-direito Jairo (ex-Vitória), os meias Bonamigo (que voltava de um empréstimo ao Coritiba) e Marquinhos (ex-Atlético MG), o ponteiro-direito Helcinho (ex-Guarani) e o centroavante Lima (ex-Benfica POR). Mesmo com o gramado sem apresentar boas condições, devido às chuvas, o Internacional venceu por 3x1, gols de Luís Fernando Gomes, Marquinhos e Helcinho. O time da estreia foi: Fernandez; Jairo, Célio Silva, Márcio Santos e Daniel Franco; Simão, Bonamigo, Luís Fernando Gomes (Pedro Paulo) e Cuca; Helcinho e Lima (Marquinhos).

No dia 17, no Beira-Rio, o Colorado enfrentou o Passo Fundo, no Beira-Rio. Havia o temor que a equipe se poupasse, pois logo a seguir viajaria para a Europa, mas o Internacional venceu por 6x1, gols de Lima (2), Helcinho, Luís Fernando Gomes, Simão e Cuca.

Na Europa, o Internacional estreou na Copa Joan Gamper perdendo por 2x1 para o Olympique de Marselha, mas ficou com o 3º lugar do torneio ao vencer o Rapid Viena por 2x0. A seguir, o Colorado ainda disputou um amistoso com o Valladolid, que terminou 2x2. Cuca, que estava emprestado ao Internacional pelo clube espanhol, marcou um gol de bicicleta.

O Internacional voltou ao Gauchão em 28 de agosto, enfretando o Guarany, em Cruz Alta. O centroavante Tuta estreou no Internacional, que ainda estava cansado da viagem. A partida terminou 1x1, com gol de Cuca, outra vez de bicicleta.

No dia 1º de setembro, no Beira-Rio, o Internacional enfrentou o Brasil de Pelotas, comandado pelo experiente técnico Galego. Com gols de Célio Silva e Cuca, o Colorado venceu por 2x0.

No dia 4, ainda no Beira-Rio, o Internacional bateu o Glória por 2x1 (gols de Célio Silva e Alex Rossi) em jogo difícil. O Glória teve três atletas expulsos nos instantes finais da partida. Um deles, Juarez, agrediu o árbitro Ingorn Krombauer, que foi até a delegacia para registrar queixa contra o jogador e o massagista Edu Chaves, que também o teria agredido. Fora de campo, o vice-presidente de futebol, Luiz Fernando Záchia, continuava procurando reforços. Depois de fracassar na tentativa de contratar o centroavante Túlio, do Goiás, o dirigente colorado negociava o atacante Mário Tilico, do São Paulo (o negócio também não se concretizou).

No dia 8 de setembro o Colorado bateu o Juventude, em pleno Alfredo Jaconi, por 2x0, gols de Amauri (contra) e Marquinhos. O juiz José Mocellin ainda anulou equivocadamente um gol de Cuca, quando a partida já estava 2x0.

Em 11 de setembro o Internacional recebeu o Novo Hamburgo, no Beira-Rio. O Internacional vencia a partida por 1x0 (gol de Marquinhos) até os 40' do 2º tempo, quando sofreu o gol de empate. Mas a nota triste do jogo ocorreu quase no final do 1º tempo. Ricardo Costa, que estava substituindo Daniel Franco, expulso no jogo anterior, fraturou a tíbia e o perônio.

No dia 15, o Internacional foi enfrentar o Guarani, em Venâncio Aires, Desfalcado de Cuca, suspenso pelo 3º cartão amarelo, e jogando em um gramado muito prejudicado pelas chuvas, o Internacional perdeu sua invencibilidade, ao ser derrotado por 1x0. Aos 20' do 2º tempo, quando o time já estava perdendo, Lima acertou uma bola na trave. No Guarani jogava o veterano Sílvio Hickmann, ex-Internacional.

No dia 18 o Internacional derrotou o Lajeadense, no Beira-Rio, por 1x0, gol de Helcinho, retomando a liderança do campeonato. Mas a atuação, principalmente no 1º tempo, deixou a desejar. O time foi vaiado em alguns momentos pela torcida. Fernandez, com dois cartões amarelos, foi poupado para o Gre-Nal.

No dia 22 de setembro, no Olímpico, o Internacional perdeu o Gre-Nal por 2x1. Marquinhos fez o gol colorado. O zagueiro Márcio Santos foi expulso. Com o resultado, o Internacional caiu para 3º lugar na classificação geral, atrás de Grêmio e Guarani de Venâncio Aires, embora continuasse liderando por aproveitamento. No dia seguinte o técnico Abel Braga pediu demissão.

No dia 29 começou o 2º turno, com os clubes se enfrentando dentro do grupo. Cláudio Duarte estreou no Internacional, enfrentando o São Paulo de Rio Grande, no Aldo Dapuzzo. Com um time bastante modificado, o Internacional venceu por 2x1, de virada, gols de Edson e Lima. Quando a partida estava 1x1, Marquinhos cobrou um pênalti, defendido pelo goleiro Celso. Na mesma rodada, Renato Portaluppi estreava no Grêmio, contratado com salário milionário para jogar três meses.

No dia 2 de outubro a crise parecia chegar de vez no clube. Jogando em casa, o time apenas empatou com o Ypiranga em 1x1 (gol de Lima), mesmo com uma escalação no 4-3-3, com Helcinho na direita, Lima de centroavante e Edson na esquerda. Dois novos atacantes estrearam no time durante a partida: Lê, vindo da Portuguesa, e Gérson, do Atlético Mineiro. O ex-centroavante do Galo perdeu o gol da vitória no final do jogo, ao receber uma bola livre, embaixo das traves, e chutar para fora. O ex-gremista Lima, ao ser substituído por Lê, saiu de campo declarando que "não gostava da torcida do Inter".

Em 6 de outubro o Internacional enfrentou o Caxias, no Centenário. A equipe colorada atuou com dois centroavantes, Lima e Gérson, e saiu an frente (gol de Lima), mas sofreu o empate aos 38' do 2º tempo. Após o jogo, Lima declarou que a briga com a torcida era coisa do passado. "Quero que a torcida apoie mais o nosso time".

Em 9 de outubro os resultados ruins continuavam. No Beira-Rio, novamente com dois centroavantes, o Internacional saiu na frente contra o Pelotas, gol de Lima, cobrando falta. Mas novamente nos dez minutos finais o time sofreu o gol de empate. Estreou no Colorado, nessa partida, o meia Tóti, vindo da base.

No dia 13 o adversário era o Dínamo, no Beira-Rio. Aos 27' do 2º tempo o placar permanecia 0x0, angustiando a torcida. Mas nesse momento Helcinho fez jogada pela direita e cruzou para Edson marcar. A seguir, Lima e Helcinho completaram a vitória por 3x0, encerrando o ciclo de empates em casa.

Em 16 de outubro o Internacional enfrentava o Santa Cruz, nos Plátanos. mas apresentando um futebol fraco, sem força ofensiva, não conseguiu derrotar o adversário, que chegou a ter um jogador expulso. O 0x0 foi o placar da partida.

No dia 20 o Colorado bateu o Esportivo, no Beira-Rio, garantindo a classificação para a fase seguinte. Lima (2) e Edson marcaram na vitória por 3x0.

Em 23 de outubro o adversário era o São Luiz, novamente no Beira-Rio. Jairo abriu o placar para o Colorado e logo depois o São Luiz teve Kiko expulso. O Internacional aproveitou a supremacia numérica e goleou o adversário por 4x1, com Edson, Cuca e Gérson fechando o placar.

Para encerrar a primeira fase o Internacional enfrentou o Aimoré, no Cristo-Rei. O Colorado jogou desfalcado de Fernandez, Jairo, Lima (suspensos pelo 3º cartão amarelo), Luís Carlos Winck, Márcio Santos (convocados para a Seleção Brasileira) e Gérson (liberado para tratar da saúde do pai, em Santos). Mas com gols de Lê e Cuca o time venceu por 2x1, em partida que dominou completamente.

Os oito clubes classificados para a 2ª fase foram divididos em dois quadrangulares. O Grupo A ficou formado por Brasil, Guarani VA, Internacional e Juventude. O Grupo B tinha Glória, Grêmio, Lajeadense e São Luiz. Apenas o campeão de cada grupo se classificaria para a final do campeonato.

A estreia colorada ocorreu no Edmundo Feix, em Venâncio Aires, no dia 10 de novembro. O adversário era o Guarani, segunda melhor campanha da primeira fase e único invicto no campeonato. Aos 16', Sandro Machado abriu o placar, mas ainda no primeiro tempo o Colorado virou o jogo, com um gol de Marquinhos, de fora da área, e de Lima, de peixinho. Internacional 2x1 e caiu o último invicto. No outro jogo do grupo, o Juventude venceu o Brasil, em Pelotas, por 1x0.

Na 2ª rodada, em 13 de novembro, o Colorado recebeu o Brasil de Pelotas no Beira-Rio. No 1º tempo o time construiu uma boa vantagem, com gols de Célio Silva, cobrando falta, e Alex Rossi. O Brasil descontou na 2ª etapa e chegou a pressionar por alguns minutos, buscando o empate, que não veio. Internacional 2x1. Em Caxias do Sul o Juventude venceu o Guarani por 2x0.

No dia 17, no Alfredo Jaconi, Internacional e Juventude iriam disputar a liderança isolada do grupo. Amarildo, lateral do Ju, havia declarado que o Internacional teria que suar sangue para conseguir pontos em Caxias do Sul. No 1º tempo o jogo foi parelho e disputado. No intervalo, o zagueiro Márcio Santos, lesionado, foi substituído por Nórton. No 2º tempo, logo no 1º minuto Pedro Haroldo cobrou escanteio, Fernandez falhou ao tentar afastar a bola e Claudinho cabeceou para as redes. O Internacional passou a pressionar buscando o empate, enquanto o Juventude se defendia. Aos 39', Paulo César II cometeu pênalti em Júlio. Célio Silva cobrou e marcou. Os jogadores do Juventude e a imprensa caxiense reclamaram muito da correta marcação do juiz. A partida terminou 1x1 e os dois clubes continuavam com a mesma pontuação, tendo o Juventude vantagem no saldo de gols.

O returno do quadrangular começou com o confronto Internacional x Juventude, no Beira-Rio. No 1º tempo o Internacional exerceu forte pressão nos primeiros 25 minutos, depois o Juventude foi melhor. Na 2ª etapa o domínio foi colorado, com a equipe caxiense limitando a se defender. Tudo parecia se encaminhar para um novo empate, quando, aos 43' do 2º tempo, Márcio cometeu falta em Luís Carlos Winck. Marquinhos cobrou, mandando a bola para a área, e Célio Silva cabeceou para as redes. Internacional 1x0. No outro jogo do grupo, Brasil e Guarani empataram em 0x0. O Colorado assumiu a liderança, faltando duas rodadas para o fim da fase.

No domingo, 24 de novembro, o Colorado foi ao Bento Freitas, enfrentar o Brasil. O jogo transcorreu de forma parelha até o 2º tempo, quando o Xavante abriu o placar aos 15', com Marco Aurélio. Mas Célio Silva, o salvador colorado no quadrangular, empatou o jogo cinco minutos depois. Em Venâncio Aires o Juventude venceu o Guarani por 3x2 e seguiu vivo na luta por uma vaga na final. No outro grupo, em Lajeado, o Lajeadense venceu o Grêmio por 1x0 e torcedores gremistas depredaram casas e carros, na saída do jogo.

Em 27 de novembro o Internacional recebeu o eliminado Guarani de Venâncio Aires, precisando de uma vitória simples para chegar à final. Mas o Guarani, motivado por uma premiação de dois milhões de cruzeiros, oferecida pelo Juventude, fez uma partida dura. O 1º tempo terminou com empate em 0x0 em Porto Alegre e em Caxias do Sul, resultado que classificava o Colorado. Aos 5' do 2º tempo, Alex Rossi cruzou e Edson abriu o placar em Porto Alegre. Aos 13', pênalti para o Guarani. Lúvio cobrou, mas Fernandez defendeu. E aos 18', Marquinhos fez boa jogada e serviu Gérson, que ampliou. O Juventude venceria o Brasil por 1x0, mas a vitória colorada por 2x0 garantiu o Clube do Povo na final, deixando o Juventude com o título de campeão do interior. No outro grupo, o Grêmio venceu o Glória por 2x1 e também se classificou para a final.

O regulamento da final previa que seria campeão o clube que somasse quatro pontos. O Internacional, por ter melhor campanha, já tinha um ponto garantido. O primeiro clássico seria no Olímpico e o segundo no Beira-Rio. Se houvesse necessidade de um terceiro classíco, seria disputado também no Beira-Rio.

O primeiro clássico decisivo ocorreu em 1º de dezembro, no Olímpico. O Grêmio, sabendo da importância de vencer em casa e reverter a vantagem de três empates colorada, contratou a charanga do Brasil de Pelotas para animar sua torcida.
Mesmo jogando fora de casa, tendo a vantagem do empate e estando desfalcado de Márcio Santos e Lima, o Internacional tomou a iniciativa na partida, marcando o adversário em todos os setores. Envolvido pela marcação colorada, o Grêmio não conseguia se impor. Na 2ª etapa, Valdir Espinosa, técnico gremista, colocou Bizu no lugar de Assis, tentando deixar o time mais ofensivo, enquanto Cláudio Duarte colocou Luís Fernando Gomes no lugar de Gérson, reforçando o meio campo colorado. Aos 32', Daniel Franco cruzou da esquerda e Alex Rossi marcou o único gol da partida. Após abrir o placar, o Internacional tomou conta da partida, limitando-se a administrar o resultado.

Esta partida ficou conhecida como o "Gre-Nal do Xixi", pois após o jogo, o Internancional negou-se a liberar seus atletas (Célio Silva e Simão) para o exame antidoping, pois o mesmo não estava previsto no regulamento do campeonato e só foi colocado na final. O advogado do Internacional, Raul Gudelle Filho, argumentava que existia uma ata assinada pelos clubes semifinalistas, recusando o exame. E que a RDI (Resolução de Diretoria) 01/91 da CBF determinava que os exames antidoping só poderiam ser realizados se estivessem previstos no regulamento das competições. O caso acabou indo para o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva). O clima para o segundo jogo ficou tenso. O Grêmio se considerava vitorioso no 1º Gre-Nal, e com nova vitória seria campeão. O clube tentou pressionar o TJD para se reunir antes do 2º jogo e ameaçou não entrar em campo sem julgamento, mas o órgão da justiça desportiva recusou-se a aceitar as ameaças e manteve os prazos de julgamento.

No dia 4 de dezembro o TJD rejeitou o pedido gremista de adiar o 2º clássico decisivo para depois do julgamento do caso. E também cobrou do Internacional um posicionamento oficial dos motivos de não ter liberado os atletas para o exame.

Derrotado nos planos de paralisar o campeonato, o Grêmio tentou impedir que Célio Silva e Simão pudessem jogar a 2ª partida, ingressando no TJD e ameaçando ir ao STJD e à justiça comum, caso não fosse atendido. A FGF apenas declarou que mesmo vencendo ou empatando o clássico seguinte, o Internacional não receberia a taça de campeão, até o julgamento do caso. Enquanto o Grêmio mobilizava todas suas forças para o embate jurídico, o Internacional, certo de estar com a razão, ignorava completamente a briga no tapetão.

Na sexta-feira, 6 de dezembro, os dois clubes confirmaram que jogariam a final. A taça não seria entregue, independente dos resultados, pois a confirmação do título dependeria do julgamento do TJD.

No dia 8, os dois times entraram em campo, no Beira-Rio, para o segundo jogo. O Grêmio exerceu forte marcação sobre Marquinhos, o craque do 1º jogo, com Jandir e Pino se alternando na função. Na frente, Alex Rossi não conseguia a mesma vitória pessoal do Gre-Nal anterior sobre Lira. Aos 28' do 1º tempo Alcindo acertou um chute na trave. Logo no início do 2º tempo, o juiz Renato Marsiglia marcou um pênalti duvidoso sobre Alcindo. Lira cobrou e marcou. Após o gol gremista o Internacional partiu para o ataque e criou boas chances, com Gérson (14') e Edson (24'). O Grêmio ameaçava nos contra-ataques. Aos 33', Lira acertou uma cobrança de falta no travessão e aos 36' Fernandez fez grande defesa em chute de Alcindo. Aos 42' Marquinhos perdeu grande chance de empatar o jogo. E aos 47' Assis marcou o 2º gol gremista. Nos instantes finais, Marquinhos e Alcindo foram expulsos. O Grêmio, após a vitória, protagonizou uma cena cômica. Por se considerar vitorioso na 1ª partida, no tapetão, utilizou uma taça do seu museu e deu uma volta olímpica no estádio, "comemorando" um pretenso hepta-campeonato.

A confusão extra-campo continuava. O presidente do TJD, Sérgio Martinez, prometia realizar o julgamento na quinta-feira, 12 de dezembro. O Grêmio, já se considerando campeão, recusava jogar a terceira partida antes do julgamento. E o Internacional insistia no cumprimento do calendário, que previa o terceiro clássico para o dia 11. O departamento jurídico colorado ainda entrou com uma ação cobrando a impugnação do clássico, pois o Grêmio tinha uma dívida de 100 mil dólares pendente com o Necaxa (México), referente à contratação do meia Juninho. No dia 9, o julgamento foi oficialmente marcado para quinta-feira, e o terceiro Gre-Nal, se fosse necessário, transferido para o dia 15, domingo, o que exigiu uma negociação da FGF com os organizadores do show de Natal da Xuxa. O show da apresentadora estava marcado apara domingo, no Beira-Rio, e foi antecipado para sábado.

O julgamento tornou-se o assunto da semana no Rio Grande do Sul. O TJD conseguiu uma sala no Fórum de Porto Alegre com espaço para 180 pessoas, enquanto as rádios da capital e a TV Guaíba e a TVE garantiam transmissão ao vivo da sessão. Existiam quatro possibilidades de decisão dos juízes:
1)Absolvição do Internacional e dos atletas;
2)Atletas multados ou suspensos;
3)O Internacional perder os pontos, sem reversão para o Grêmio;
4)O Internacional perder os pontos, revertidos para o Grêmio.
Nos dois primeiros casos, nada mudava na decisão. No 3º caso o Grêmio jogaria o 3º clássico pelo empate. E no 4º caso o Grêmio seria declarado campeão.

Durante o julgamento, Darci de Araújo Rodrigues, responsável pelo Departamento Médico da FGF, reconheceu que ocorreu apenas um encontro, e não uma reunião formal para discutir sobre o antidoping, e que apenas Rafael Bandeira dos Santos, presidente gremista, concordou com o exame. Ele também confirmou que os atletas colorados não foram avisados oficialmente que precisavam fazer o exame. Em uma sessão que avançou até as 6 horas da manhã de sexta-feira, o TJD decidiu, por 8x3, absolver o Internacional. Por dois votos a um, o TJD também decidiu não acatar a denúncia contra o Internacional pelas confusões do segundo Gre-Nal, em ação que pretendia tirar o mando de campo do clube. Alcindo, expulso no segundo Gre-Nal, foi absolvido e liberado para jogar a partida decisiva. Marquinhos foi punido, mas o Internacional conseguiu um efeito suspensivo. 

Renato Portaluppi, em sua postura tradicional, declarou que seria octacampeão no terceiro Gre-Nal, pois já havia sido hepta no segundo clássico.

O Internacional foi a campo, na terceira partida, atuando de forma compacta, para não dar espaços ao adversário. E mesmo assim a primeira grande chance do jogo foi colorada: Célio Silva roubou a bola de Renato Gaúcho e tentou encobrir o goleiro Emerson. O Grêmio reagiu e aos 15' Alcindo acertou um chute na trave. Mas essa foi a grande chance gremista na partida. Mesmo tendo mais volume de jogo, o Grêmio não conseguia levar perigo ao gol colorado. Nervosos, os jogadores gremistas começaram a perder a cabeça. Aos 28' do 2º tempo, Renato Gaúcho se envolveu em uma confusão com Alex Rossi e os dois foram expulsos. Nos minutos seguintes o Grêmio ainda teria João Marcelo e Lira expulsos. Mesmo com dois jogadores a mais, o Internacional preferiu não se arriscar e administrar o empate, que deu o título ao clube.

Heróis da Conquista:


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