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domingo, 21 de junho de 2020

O primeiro confronto interestadual do Internacional


No dia 21 de junho de 1931, o Internacional entrava em campo para enfrentar o Botafogo, no seu primeiro confronto interestadual. O adversário era o campeão carioca, que era o principal campeonato da época.

O estádio dos Eucaliptos recebeu grande público para assistir a partida, em clima festivo. Na preliminar, jogaram os segundos quadros de Grêmio e Concórdia. A equipe do Concórdia venceu por 2x1.

Os chefes da missão botafoguense ingressaram no gramado carregando uma grande bandeira riograndense e vestindo terno e bombachas. Atrás deles vinham os jogadores. Reunidos os atletas no centro do gramado, o capitão colorado, Honório, fez um rápido discurso e entregou duas "corbeilles" de flores ao capitão da equipe carioca, Póvoa.

As equipes estavam assim formadas:
INT: Penha; Miro e Risada; Ribeiro, Magno e Moreno; Nenê, Javel, Alfredo, Honório e Ricardo.
BOT: Sylvio; Póvoa e Rodrigues; Affonso, Martim Silveira e Benevenuto; Álvaro, Nena, Carola, Juca e Celso.

As 15:30 começou a partida. O Botafogo começou pressionando. Alfredo, na saída de bola, errou o passe e Carola passou para Celso, mas o zagueiro Miro cortou o lance. Os cariocas voltam ao ataque, e Juca chuta para a defesa de Penha.

O Internacional reage, e Nenê chuta forte para a defesa de Sylvio. Logo a seguir, falta para o Internacional. Miro cobrou, passando para Javel, que mandou mais uma bomba para a defesa de Sylvio. Pouco depois, o Botafogo tenta novo ataque, mas Celso estava impedido.

Em seguida, Javel invadiu a área com a bola dominada e foi derrubado por Rodrigues. O juiz Walter Leal marcou pênalti. Honório cobrou fora do alcance de Sylvio, abrindo o placar: Internacional 1x0! O relógio marcava apenas 7' de jogo.

Logo no reinício de jogo, o Botafogo quase chegou ao empate, quando Carola acertou um chute no travessão. Logo em seguida, em ataque colorado, Nenê passou para Javel, que chutou para a defesa de Sylvio.

Os dois times alternaram-se em ataques sem maiores perigos. Até que Affonso cometeu falta. Moreno cobrou e Sylvio teve que fazer boa defesa. A partir daí, o Colorado começou forte pressão sobre os cariocas. Nenê e Javel perdem boas chances de marcar. Em seguida, Nenê chuta e Sylvio faz uma defesa difícil. Ricardo duas vezes fica frente a frente com Sylvio, mas chuta para fora.

O Botafogo faz uma alteração ainda no 1º tempo: saiu Nena para a entrada de Rogério. O Botafogo cria chances com Celso e Carola, que chutam para fora. Ricardo obriga Sylvio a fazer uma boa defesa. A melhor chance do Botafogo ocorreria pouco depois. Miro cortou mal um ataque dos cariocas e Penha foi obrigado a fazer uma grande defesa.

No intervalo, o Botafogo fez mais uma substituição: Octacílio entrou no lugar de Juca.

O 2º tempo começou com o Internacional pressionando. Logo no início, Nenê cobrou escanteio e Magno cabeceou forte, raspando o travessão. Sylvio, Póvoa e Benevenuto enfrentam grande trabalho para parar os sucessivos ataques colorados.

Em um ataque colorado, Ricardo acertou um violento chute na trave. Pouco depois, o mesmo Ricardo cobrou escanteio e Honório chutou de primeira, obrigando Sylvio a fazer um milagre. Em seguida, o Internacional chegou ao seu segundo gol, mas o juiz anulou o mesmo, alegando que a bola, ao ser cruzada, havia saído pela linha de fundo.

Aos 37' do 2º tempo, o crime acontece. Celso cobrou escanteio, Penha atrapalhou-se com a bola e deixou-a cair nos pés de Álvaro, que chutou para as redes. Pouco depois, encerrava-se a partida, com o placar de 1x1. Os jogadores das duas equipes abraçaram-se, ao final do jogo.

A imprensa escolheu Sylvio o melhor jogador em campo. Já o goleiro colorado, o próprio capitão botafoguense reconheceu que "poucas vezes foi chamado para defender seu posto".

sábado, 20 de junho de 2020

Nosso primeiro título: o campeonato municipal de 2ºs quadros de 1912



Quando foi fundada a Liga de Foot-Ball Porto Alegrense, em 1910, foram instituídas duas competições: o campeonato municipal de 1ºs "teams" e o campeonato municipal de 2ºs "teams".

O campeonato de 2ºs 'teams" tinha sob disputa a Taça 12 de Abril, em comemoração à data de fundação da Liga. Os jogos eram disputados como preliminar da partida principal. Na primeira temporada, em 1910, o Militar venceu o campeonato nos dois quadros. Em 1911, o Grêmio repetiu o feito. Mas em 1912 a história seria diferente. O Internacional apresentava-se como forte candidato ao título.

No dia 5 de maio, o Internacional vencia o Nacional por 5x1. Seu principal rival na luta pelo título, o Grêmio jogou em 19 de maio, derrotando o mesmo Nacional, por 9x2. No dia 2 de junho, o Colorado bateu o Fussball por 6x4. No dia 9 de junho, o Grêmio derrotou o 7 de Setembro por 7x1.

No dia 23 de junho, ocorreu o Gre-Nal do 1º turno. Os dois clubes empataram em 3x3. Pedro Pinto, Mendonça e Octacílio Fabrício marcaram os gols colorados. Na reta final do turno, no dia 21 de julho o Grêmio venceu o Fussball por 4x2 e o Internacional derrotou o 7 de Setembro por 1x0.

No returno, dois clubes abandonaram a competição: Fussball e 7 de Setembro. No dia 11 de agosto, o Internacional venceu o Nacional por 5x0. No dia 25 de agosto, o Grêmio derrotou o mesmo Nacional por 3x0. Nos times principais, nas mesmas rodadas, a dupla Gre-Nal conquistou suas maiores vitórias da história: Internacional 16x0 Nacional e Grêmio 23x0 Nacional.

No dia 15 de setembro, ocorreu o Gre-Nal do 2º turno. Os dois clubes estava empatados em pontos e precisavam da vitória para ficar com a taça. O Grêmio saiu na frente com Gertum, mas Mariath empatou o jogo, que terminou 1x1. Uma curiosidade da temporada: devido as enchentes que atingiram a cidade, o campo da Redenção ficou inutilizado, e os dois clássicos foram disputados na Baixada, "ground" gremista.

O empate em pontos exigia uma partida-desempate. E novamente o campo gremista foi escolhido como local do jogo.

Logo aos 6', Octacílio Fabrício abriu o placar para o Internacional. Aos 32', Correia empatou para os donos da casa, mas a alegria gremista durou pouco. Aos 42', Silla chutou cruzado e fez 2x1 para o Internacional. Ainda no 1º tempo, o Grêmio teve um pênalti a favor, cobrado por Bento e defendido por Sérgio.

No 2º tempo, aos 5', João Flores ampliou para o Internacional: 3x1. Antes que os gremistas pudessem respirar, aos 7', Silla chutou de longe, a favor do vento. A bola foi impulsionada pelas forças da natureza e enganou o goleiro gremista Jacobus. Internacional 4x1. Aos 10', confusão na área gremista, Jacobus rebate a bola duas vezes e ela sobra para João Flores chutar para as redes: Internacional 5x1.

O golpe de misericórdia veio aos 35' do 2º tempo. Simão chutou da esquerda para fazer Internacional 6x1! Ao final da partida, os jogadores colorados foram demoradamente aplaudidos pela torcida que compareceu na casa do rival.


Na semana seguinte à partida, os jogadores colorados que disputaram a partida posaram para uma foto, em frente ao Colégio Militar, onde ficava o campo da Redenção. A ordem dos atletas, da esquerda para a direita, é:

Em pé: Pery, Sérgio e Castro
Ajoelhados: João Flores, Dornelles e Darsys
Sentados: Silla, Octacílio Fabrício, Pinto, Cunha e Simão

Agradecimentos ao pesquisador Luiz Pissuti, pela identificação dos atletas da foto e pelos resultados que me faltavam do Grêmio no campeonato.

sexta-feira, 19 de junho de 2020

Jogadores do passado: Flores

Em seus primeiros anos. o Internacional recebia em seus quadros muitos estudantes vindos do interior. Entre eles, Guilherme Flores da Cunha, que ficaria conhecido no clube apenas como Flores.

Guilherme Flores da Cunha nasceu em Santana do Livramento, em 17 de junho de 1892.

Ele começou a atuar no Internacional em 1911, na linha média. Jogou nas três funções, atualmente equivalentes a lateral-direito, volante e lateral-esquerdo, mas preferencialmente pelo lado esquerdo. Nunca chegou à titularidade, disputando apenas quatro partidas no time principal, entre 1911 e 1913. Embora duas delas tenham sido históricas.

Sua estreia ocorreu em 13 de agosto de 1911. Nesse dia, em São Leopoldo, o Internacional perdeu por 4x0 para o Ginásio Conceição. Flores entrou no time durante o jogo, substituindo Brazil, Essa partida tornou-se histórica por três motivos: foi a primeira partida do Internacional contra uma equipe de fora de Porto Alegre, foi a primeira partida do Internacional fora de Porto Alegre e a primeira em que ocorreram substituições no time do Colorado.

Em 5 de maio de 1912, ele voltaria a defender o time principal, contra o Nacional, pelo campeonato da cidade. O Internacional venceu por 7x0 e Flores fez o 6º gol.

Em 11 de agosto de 1912, mais uma partida histórica. No returno, o Internacional goleou o Nacional por 16x0, na maior vitória de sua história. E Flores estava lá. (*)

Ele voltaria a campo em 21 de setembro de 1913, na vitória de 3x2 sobre o Rio Branco de Pelotas. Mas nessa partida ele atuou apenas 19 minutos, saindo de jogo com um ferimento no rosto.

Flores ainda atuou em algumas partidas do 2º quadro, passando logo adiante seu "nome" de atleta para seu irmão João Flores da Cunha, que jogou quatro partidas em 1915.

Formado em agronomia, em 1917 Flores já estava em Alegrete. E foi nessa cidade que ocorreria o evento mais marcante de sua vida, e o final dela, também.

Junho de 1923

O Rio Grande do Sul estava dividido entre maragatos (libertadores) e chimangos (republicanos). A família Flores da Cunha, tradicionalmente vinculada ao Partido Republicano, participa ativamente do conflito. José Antônio Flores da Cunha, irmão de Guilherme, é o principal chefe militar dos republicanos.

 As tropas revolucionárias de Honório Lemos e Batista Luzardo haviam ocupado Alegrete, de maioria maragata. Diante da aproximação de Flores da Cunha, Oswaldo Aranha e os mercenários uruguaios que lutavam ao lado dos chimangos, alguns membros do Estado Maior maragato propuseram a destruição da ponte sobre o rio Ibirapuitã, mas Honório Lemos foi contrário. Sua ideia era deixar uma vanguarda na ponte, para provocar os chimangos, fazê-los perseguir os maragatos e atraí-los para a Serra do Caverá, onde ele era imbatível (não foi à toa que recebeu o apelido de "Leão do Caverá").

No dia 19 de junho de 1923 ocorre o Combate da Ponte do Ibirapuitã. A primeira parte do plano de Honório Lemos deu certo, e com sucesso. Na 1ª tentativa de cruzar a ponte, os chimangos foram repelidos, com Flores da Cunha e Oswaldo Aranha saindo feridos e Guilherme Flores da Cunha tombando morto, com um tiro na testa. Esse resultado incendiou o ânimo dos líderes maragatos, que contrariando as decisões de Honório, atrasaram a retirada para o Caverá, imaginando ser possível conquistar uma vitória decisiva sobre os chimangos ali em Alegrete. Mas os chimangos tinham mais tropas e estavam melhor armados que os maragatos. No final do dia, as baixas entre os maragatos foram maiores, e a retirada para a Serra do Caverá ocorreu de forma desorganizada.

Mas se os chimangos puderam comemorar uma vitória, a família Flores da Cunha teve uma perda importante. Dois dias depois de completar 31 anos de idade, Guilherme perdia a vida. Foi sepultado dias depois, em Santana do Livramento.

(*) Essa partida é motivo de dúvida. Os jornais da época apontam, na matéria anterior à partida, escalações divergentes. Em uma delas, Flores aparece no time principal, e Dornelles no 2º time. Em outra, Dornelles aparece no 1º time, e Flores em nenhum. Na matéria do jogo, a escalação não foi publicada, e nos jogadores citados em lances da partida, não aparecem nem Dornelles, nem Flores. Portanto, há a possibilidade dele não ter jogado essa partida.


Uma partida na história: Internacional 2x1 Americano - 19/06/1932



Em 19 de junho de 1932, o Internacional ingressou no gramado dos Eucaliptos, para enfrentar o Americano, pelo campeonato municipal. O adversário era um clube tradicional, vice em 1927, campeão em 1928 e 1929, e 3º lugar em 1930. A partida despertava a atenção do público. O Americano, que já havia disputado três partidas, liderava o campeonato com 5 pontos, seguido por Internacional (4) e Grêmio (3), todos com dois jogos.

Na época, eram disputados campeonatos de 3ºs, 2ºs e 1ºs quadros. O campeonato de 3ºs quadros era disputado pela manhã, quase sem público. Mas nesse dia muitos torcedores compareceram aos Eucaliptos, pois no Colorado atuariam ídolos que recentemente haviam largado o futebol: Ribeiro, Lampinha, Moreno, Grant, Jean Ryff e Lourival. O Internacional venceu por 3x0, gols de Ribeiro, Lourival e Tenente, em uma partida que o Americano teve três jogadores expulsos, após agredirem o juiz.

À tarde, na preliminar, pelo campeonato de 2ºs quadros, o Internacional venceu com facilidade: 6x0, gols de Carvalho (2), Marroni (2), Mancuso e Marreco. E finalmente chegava a hora do confronto principal.

A partida valia a liderança do campeonato, e foi muito disputada. Nos minutos iniciais da partida, Luiz Luz, que seria o primeiro jogador de clube gaúcho a disputar uma Copa do Mundo, acertou o nariz do atacante colorado Javel. Apesar da descrição do lance no jornal A Federação dizer que Luiz Luz acertou uma "sola" em Javel, pela própria notícia parece pouco provável que "sola", na época, tivesse o mesmo significado que para nós, hoje.



De qualquer forma, o jogo foi paralisado por vários minutos, para que Javel fosse atendido no ambulatório do clube. Estancado o sangramento, o atleta colorado voltou a capo, sob aplausos. Luiz Luz foi advertido, e a partida voltou a ser disputada. Os dois clubes procuravam o gol, e Affonso era o principal atacante adversário. E foi ele que, aos 39' do 1º tempo, chutou de longe. O goleiro colorado Penha acho que a bola ia para fora e fez apenas golpe de vista. E a bola entrou no gol. Americano 1x0. Pouco depois, quase o empate: Javel cobrou escanteio e Honório cabeceou na trave.

No 2º tempo, o Internacional voltou com uma modificação no ataque: saiu Lockmann para a entrada de Vanderlino. E logo aos 3', Honório driblou a defesa do Americano e chutou para as redes: 1x1. O jogo continuou disputado, e com muitas faltas.

Aos 19', Bermudez cobrou escanteio. Honório cabeceou para a frente do gol, e após rápida confusão, a bola sobrou para Pereira virar o jogo: Internacional 2x1!

O Americano lançou-se ao ataque, tentando o empate que o manteria a liderança do campeonato. Nos minutos finais, o lance mais dramático da partida. Penha pulou para defender uma bola, e o atacante americanista Nalério, de forma desleal, jogou-se por baixo do goleiro, fazendo uma "cama de gato", derrubando o goleiro de cabeça no chão. O goleiro desmaiou e espalhou-se na torcida o boato de que ele havia morrido. Socorrido, recebeu massagens no pescoço e no coração. Voltando a si, ainda jogou a partida até o fim, garantindo a vitória e a liderança para o Colorado.






terça-feira, 9 de junho de 2020

Jogadores do passado: Laurício


Laurício Apolônio Pinto Brandão nasceu em 9 de fevereiro de 1943, em Campos, estado do Rio de Janeiro.

Começou a jogar futebol nos juvenis do Madureira, em 1961. Em março de 1962, transferiu-se para o Fluminense, onde profissionalizou-se. No clube carioca, disputou 25 partidas, sendo 22 delas como titular, principalmente na temporada de 1965. Sua despedida do clube carioca ocorreu no dia do seu aniversário, em 9 de fevereiro de 1966, quando o Fluminense perdeu por 3x1 para o São Paulo, pelo Torneio Rio-São Paulo.
 
Em março de 1966, Laurício foi contratado pelo Internacional, para resolver o problema da lateral-direita. Carlos Alberto e Zangão II, que se revezavam na função, não haviam convencido. Assim que Laurício chegou, tomou conta da função.

Sua estreia no Colorado ocorreu em 6 de março de 1966, quando o Internacional derrotou o Glória de Carazinho por 3x0, em um amistoso. Ele havia chegado em Porto Alegre dois dias antes, vindo do Rio, junto com o atacante Carlinhos, outro reforço vindo do Fluminense. Quarenta e oito horas depois, estava em campo, em Carazinho.

Apesar da época de vacas magras, Laurício foi titular incontestável por três temporadas, estando presente em alguns momentos marcantes da história do clube. como a primeira vitória de um time gaúcho em São Paulo (1x0 Corinthians), em 28 de maio de 1967, e no "Gre-Nal do Ministro", em 17 de setembro de 1967, quando o ministro da educação da ditadura militar, Tarso Dutra, gremista fanático, ordenou à FGF liberar o centroavante gremista Alcindo, suspenso, para jogar. Mesmo assim o Internacional venceu, 1x0. Nesse período, o Internacional foi vice-campeão do Robertão duas vezes, em 1967 e 1968. Também foi campeão do Torneio Imprensa, em 1968.

Em 1969, Edson Madureira começou a disputar a posição com Laurício, mesmo assim o lateral estava em campo em um dos momentos mais importantes da história do clube: a inauguração do Beira-Rio, em 6 de abril de 1969, com vitória de 2x1 sobre o Benfica.

No Gauchão, foi campeão em 1969, revezando-se com Edson Madureira na posição. E também surgia nesse momento Cláudio Duarte. Na temporada seguinte, Laurício já estava na reserva. Sua última partida pelo clube ocorreu em 1º de junho de 1970, vitória de 2x0 sobre o Pelotas, no Beira-Rio. Curiosamente, exatamente 50 anos antes de seu falecimento. Ficou no Internacional até o fim do ano, sendo novamente campeão gaúcho.

Em 1971, Laurício transferiu-se para o Londrina. Na temporada seguinte, o Lodrina terminaria o estadual em 4º lugar, sendo o melhor time do interior. Depois do estadual, em setembro de 1972, Laurício transferiu-se para a Associação Caxias. Na Serra Gaúcha, jogou até 1973, quando encerrou a carreira.

Pelo Internacional, Laurício jogou 219 partidas, marcando dois gols: em 28 de março de 1968 (1x0 Aimoré) e 12 de abril de 1970 (3x0 Aimoré).

Uma lenda sobre Laurício é que seu desempenho deixava a desejar em Gre-Nais, principalmente por causa do ponteiro-esquerdo gremista Volmir. Mas a realidade é diferente. Laurício disputou 11 clássicos, todos com Volmir em campo. Foram 4 vitórias coloradas, 5 empates e duas derrotas. E Volmir marcou apenas um gol. Ganhando a jogada de Laurício, é verdade, mas em lance irregular, não anotado pelo juiz.

Após largar o futebol, radicou-se em Porto Alegre. Em 1980 tornou-se funcionário da Justiça Federal, onde aposentou-se em 1998. E continuou colorado de coração. Em 1º de junho de 2020 esse coração colorado parou de bater.

Números no Internacional:
219 partidas
131 vitórias
57 empates
31 derrotas
2 gols
Campeão gaúcho em 1969 e 1970
Campeão do Torneio Imprensa em 1968

segunda-feira, 8 de junho de 2020

O Colorado e os Esportes Amadores

Origem da foto: https://infofutsal.com.br/2017/11/01/liga-nacional-de-futsal-tera-mais-um-campeao-inedito/

O futebol, durante os primeiros 28 anos de vida do Internacional, era amador. E muitos atletas colorados de outros esportes receberam para atuar. Mas é uma convenção adotada normalmente, chamar os demais esportes que não o futebol de “esportes amadores”. E o Internacional tem uma longa história ligada aos chamados esportes amadores.

Um dos mais antigos esportes amadores no Internacional foi o basquete. O Departamento de Basquete foi criado em 1925. Em 21 de junho de 1925 o Colorado disputou sua primeira partida nessa modalidade, perdendo por 8x6 para o Almirante Tamandaré. O clube foi um dos fundadores da Liga Porto-Alegrense de Bola ao Cesto, em julho de 1925. O basquete esteve presente nas festividades de inauguração do estádio dos Eucaliptos. No mesmo dia 15 de março de 1931, em que o estádio era inaugurado em um Gre-Nal, na quadra de basquete do complexo dos Eucaliptos o Internacional novamente enfrentou o Almirante Tamandaré, perdendo por 27x26, em partida que valia a taça “Recordação da Inauguração do Estádio dos Eucaliptos”. Mas apesar dessas duas derrotas, o basquete colorado conheceu inúmeras vitórias. Entre outros títulos, conquistamos o campeonato municipal em 1932, 1933, 1935, 1937, 1938, 1942, 1943, 1944, 1957, 1958 e 1959. No campeonato estadual, chegamos ao título em 1932, 1933, 1935, 1937, 1938, 1942, 1943, 1944, 1946, 1969, 1974, 1975, 1976 e 1982. Foi no basquete que vencemos um Gre-Nal por 105x83, em 13 de dezembro de 1982, provavelmente a maior goleada no clássico, em todos os esportes. Em 1976, após o tricampeonato estadual, o clube fechou o departamento de basquete, reabrindo-o em 1980, para fechar em definitivo ainda na década de 1980. Embora esteja fora da disputa do estadual há três décadas, o Internacional ainda é o clube com mais títulos estaduais de basquete (14 conquistas). Um dos grandes nomes do basquete colorado foi Randolfo Torres Balbão, colorado ligado aos esportes amadores. Grande incentivador do atletismo e do basquete, colaborou com as federações estaduais dos dois esportes. No Internacional foi o principal responsável pela atuação do clube nos esportes amadores, do final dos anos 1920 até sua morte, em 1954. Seu maior papel foi no basquete, sendo técnico da seleção gaúcha em diversas oportunidades.

O Colorado também tem história no voleibol, com pelo menos dois títulos estaduais, em 1936 e 1995, na categoria masculina. Na categoria feminina, o Colorado conquistou o estadual em 1995.

Uma bela história de títulos colorados foi escrita no atletismo. O Internacional conquistou o campeonato municipal em 17 oportunidades (1932, 1933, 1935 a 1943, 1946 e 1953 a 1957). No estadual, vencemos em 10 ocasiões (1937 a 1939, 1941, 1943, 1946, 1954, 1955, 1969 e 1970). Entre os vários atletas que honraram o manto sagrado no atletismo, podemos destacar Hugo Ribeiro, conhecido como Trololó, campeão sul-brasileiro nos 400 metros rasos, em 1936, e o primeiro colorado campeão sul-americano, Carlos Eugênio Pinto, que defendendo a seleção brasileira venceu a competição continental de salto triplo, em maio de 1941, com a marca de 15,10 metros. Esse título foi fundamental para que o Brasil vencesse o campeonato sul-americano de atletismo naquela temporada. Em 1956, durante o campeonato gaúcho de atletismo, Mário Melo, do Internacional, quebrou o recorde brasileiro dos 20 mil metros, que se mantinha desde 1946.

Mas os títulos mais significatos vieram no futebol de salão e futsal. Foram vários títulos municipais, o último deles conquistado em 2003. No estadual, oito conquistas (1976 a 1978, 1980, 1989, 1990, 1998 e 2000). É o segundo maior vencedor, e só perdeu a 1ª colocação para a ACBF vários anos após fechar seu departamento de futsal. Mas os títulos não se restringiram ao Rio Grande do Sul. A primeira conquista além-Mampituba ocorreu em 1979, quando o clube representou o Rio Grande do Sul no Campeonato Brasileiro de Seleções, conquistando o título nacional. Mais tarde, em 1996, o Internacional venceu a primeira Liga Nacional de Futsal, derrotando na final o Vasco da Gama, de Caxias do Sul. Nas três partidas decisivas, um empate e duas vitórias (2x2, 4x0 e 6x1). Ainda em 1996, a maior conquista: a FIFA autorizou o Internacional a organizar um campeonato mundial de futsal. Além do Colorado, participaram DiBufala (Estados Unidos), Barcelona (Espanha), Peñarol (Uruguai), Genk (Bélgica), Bunga Melati (Holanda), Boca Juniors (Argentina) e Universidad de Chile (Chile). O Internacional era o adversário mais temido, e uma surpreendente derrota para o Bunga Melati, na última rodada da 1ª fase, gerou um acontecimento bizarro na partida entre Barcelona e DiBufala, no outro grupo. O vencedor ficaria em 1º lugar na chave e enfrentaria o Internacional na semifinal, e nenhum dos times queria vencer. Nos instantes finais, os goleiros passaram a atuar nas áreas adversárias, tentando evitar gols contra. O Barcelona teve maior sucesso e perdeu o jogo. Na semifinal, massacramos o DiBufala por 11x0 e na final o Barcelona, num prelúdio do que aconteceria dez anos depois, foi derrotado por 4x2, na prorrogação. Nessa época o Internacional tinha uma parceria com a Ulbra, que no ano seguinte não renovou o acordo, decidindo montar seu próprio clube. Boa parte dos jogadores colorados foram embora e muitos anunciavam o fim do futsal colorado. Mas comandado por Ortiz, um dos poucos remanescentes da equipe vitoriosa, o Internacional conquistou a Taça Brasil, batendo o Vasco da Gama na final, no Rio de Janeiro. No início do ano seguinte, o canto do cisne do futsal colorado: em pleno Rio de Janeiro, conquistamos o Campeonato Sul-Americano de Clubes. O torneio contou com o Vasco da Gama, Nacional (Uruguai), Nacional (Paraguai) e San Lorenzo (Argentina). Novamente os cariocas eram os favoritos, e novamente o Colorado estragou a festa. Depois de massacrar San Lorenzo (7x2) e Nacional de Montevidéu (10x0) na 1ª fase, o Colorado bateu o Vasco da Gama na final, por 6x5. O grande nome da partida foi o goleiro colorado Ivan, que foi dispensado pelo Vasco semanas antes do torneio.

Até departamento de boxe o Internacional teve, criado em novembro de 1948.

Enfim, seja no gramado ou nas quadras, o Colorado tem uma história gloriosa e vitoriosa. Títulos municipais, estaduais, nacionais, continentais e mundiais embelezam nossa galeria de troféus, e vibra o Brasil inteiro com o Clube do Povo do Rio Grande do Sul!


segunda-feira, 1 de junho de 2020

Jogadores do passado - Herculano

Origem da foto:

Herculano Pereira Viana nasceu em 1º de junho de 1929, em Soledade (RS).
Herculano tornaria-se jogador de futebol, na posição de atacante. Ingressou no Internacional em 1949, estreando em 23 de março do mesmo ano, contra o Corinthians (ex-Força e Luz) no estádio da Montanha, pelo Torneio Extra. O Colorado venceu por 3x1 e Herculano entrou no time durante o jogo, substituindo Malinho. Entre 1949 e 1951, ele atuaria 67 vezes pelo Internacional.

Seu primeiro gol ocorreria em 09 de abril de 1949, no empate em 2x2 com o Renner, também pelo Torneio Extra, na Baixada. Herculano marcou o 2º gol colorado. No total, ele faria 44 gols pelo Internacional.

Pelo Colorado, seu primeiro título ocorreu ainda em 1949, a Taça Cidade de Porto Alegre. Nessa temporada, ele jogou mais tempo na equipe de aspirantes inclusive marcando dois gols em um Gre-Nal vencido pelo Colorado por 4x1, no campeonato da categoria.

Em 27 de agosto de 1950, Internacional e Grêmio realizaram um jogo-extra para decidir o título do Torneio Extra. Herculano marcou o único gol da partida, dando o título ao Colorado. No campeonato municipal, ficou de fora dos dois clássicos decisivos, mas conquistou o título da cidade. Também foi campeão gaúcho no mesmo ano.

Em 3 de maio de 1951, o Internacional enfrentou o Nacional, pela Taça Cidade de Porto Alegre. O "Ferrinho" saiu na frente, mas com dois gols de Herculano, o Colorado virou o jogo e conquistou a taça em definitivo. Sua última partida pelo clube foi em 20 de junho de 1951, no Gre-Nal válido pelo Torneio Triangular de Porto Alegre, onde o Colorado foi derrotado por 2x1. Port ter sidputado uma partida do campeonato municipal, também foi campeão da cidade em 1951.

Após sair do Internacional, Herculano reaparece no Brasil de Pelotas, em 1953. A seguir, jogou no Pelotas, em 1954 e 1955, retornando ao Xavante em 1955. Em 1957 transferiu-se para o Cachoeira, e em 1958 jogou no Guarany de Cachoeira do Sul, onde encerrou a carreira.

Seus números, no Internacional:
67 partidas
45 vitórias
10 empates
12 derrotas
44 gols
Campeão gaúcho em 1950
Campeão municipal em 1950 e 1951
Campeão do Torneio Extra em 1950
Campeão do Torneio Cidade de Porto Alegre em 1949 e 1951

Suas vítimas, no Internacional:

Renner - 8 gols
São José - 5 gols
Gaúcho, Cruzeiro, Nacional e Corinthians POA - 3 gols
Esperança, Pelotas, Flamengo de Caxias, Rio Grande e Ferroviário PR - 2 gols
Lajeadense, Santa Cruz, Floriano, Cachoeira, Bagé, Nacional URU, Grêmio, Atlético PR e Flamengo RJ - 1 gol