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quinta-feira, 16 de julho de 2020

Campeonato Metropolitano de 1955



Campeonato Metropolitano 1955 - Divisão de Honra

EQUIPES PARTICIPANTES:

Clube Esportivo AIMORÉ (São Leopoldo)

Esporte Clube CRUZEIRO (Porto Alegre)

Esporte Clube FLORIANO (Novo Hamburgo)

Esporte Clube JUVENTUDE (Caxias do Sul)

GRÊMIO Foot-Ball Porto-Alegrense (Porto Alegre)

Grêmio Esportivo FLAMENGO (Caxias do Sul)

Grêmio Esportivo FORÇA E LUZ (Porto Alegre)

Grêmio Esportivo RENNER (Porto Alegre)

NACIONAL Atlético Clube (Porto Alegre)

Sport Club INTERNACIONAL (Porto Alegre)

 

1º TURNO

 

Mai 08

Nacional 4-1 Força e Luz

[Sanchez, Leoni, Nena e Belo; Raimundo]

Internacional 4-1 Aimoré

[Larry (3) e Jerônimo; Dirceu]

Floriano 5-2 Juventude

[Mujica, Heitor, Cabeça, Geada e Martins; Orlando e Osvaldo]

Flamengo 1-3 Renner

[Camargo; Breno (2) e Joeci]

 

Mai 14

Cruzeiro 5-2 Flamengo

[Hoffmeister (3), Bruno e Jarico; Salvador (gc) e Jurandir]

Mai 15

Força e Luz 0-2 Grêmio

[Victor (2)]

Aimoré 1-0 Nacional

[Amaro]

Juventude 1-8 Internacional

[Lori; Bodinho (6), Luizinho e Larry]

 

Mai 22

Nacional 0-1 Floriano

[Geada]

Flamengo 2-3 Grêmio

[Zizinho (2); Zunino (2) e Victor]

 

Mai 28

Cruzeiro 2-1 Força e Luz

[Tesourinha II e Bruno; Ross]

 

Mai 29

Grêmio 3-0 Nacional

[Juarez (2) e Victor]

Floriano 4-2 Flamengo

[Remi (gc), Raul, Martins e Chagas; Alberi e Camargo]

Juventude 2-2 Aimoré

[José e Gregório (gc); Fernando e Alfeu]

 

Jun 05

Cruzeiro 0-0 Grêmio

Floriano 3-0 Internacional

[Raul (2) e Geada]

Aimoré 3-1 Força e Luz

[Dirceu, Soligo e Alfeu; Moreno]

 

Jun 09

Renner 4-1 Juventude

[Joeci (3) e Ênio Andrade; Orlando]

 

Jun 12

Força e Luz 1-5 Renner

[Moreno; Juarez (2), Ênio Andrade, Joeci e Léo]

Internacional 7-1 Flamengo

[Larry (3), Bodinho (3) e Luizinho; Zizinho]

Floriano 4-0 Cruzeiro

[Raul (3) e Chagas]

Juventude 2-1 Nacional

[Lori (2); Miroca]

 

Jun 18

Nacional 0-2 Flamengo

[Camargo e Alemão]

 

Jun 19

Grêmio 2-0 Aimoré

[Juarez e Milton]

Juventude 4-1 Força e Luz

[Irajá, Carlinhos, Orlando e Artêmio; Dóia]

 

Jun 25

Aimoré 6-1 Cruzeiro

[Kim (2), Alfeu (2), Soligo e Amaro; Huguinho]

 

Jun 26

Grêmio 4-0 Juventude

[Juarez (2), Figueiró e Victor]

Renner 1-1 Internacional

[Breno; Luizinho]

 

Jun 30

Internacional 4-0 Cruzeiro

[Larry (3) e Bodinho]

 

Jul 02

Cruzeiro 0-2 Renner

[Léo e Juarez]

Jul 03

Grêmio 0-1 Floriano

[Raul]

Aimoré 2-2 Flamengo

[Amaro (2); Alemão e Gungadin]

 

Jul 09

Cruzeiro 4-4 Juventude

[Rudimar (2), Nardo e Jarico; Lori (2), Carlinhos e Artêmio]

 

Jul 10

Internacional 2-1 Nacional

[Larry e Emílson; Sanchez]

Floriano 1-1 Aimoré

[Sinval; Amaro]

 

Jul 16

Nacional 2-0 Cruzeiro

[Milton e Sanchez]

Floriano 2-1 Força e Luz

[Chagas e Raul; Moreno]

 

Jul 17

Grêmio 2-1 Renner

[Ercílio e Zunino; Joeci]

Juventude 3-1 Flamengo

[Lori (2) e Carlinhos; Solis]

 

Jul 23

Nacional 0-3 Renner

[Juarez (3)]

 

Jul 24

Grêmio 2-1 Internacional

[Milton e Zunino; Chinesinho]

 

Jul 30

Força e Luz 0-4 Internacional

[Larry, Chinesinho, Doroci (gc) e Bodinho]

 

Jul 31

Renner 1-0 Floriano

[Crespo (gc)]

 

Ago 09

Flamengo 0-4 Força e Luz

[Raimundo (2) e Dadinho (2)]

 

Ago 14

Aimoré 2-2 Renner

[Alfeu e Amaro; Joeci (2)]

 

2º TURNO

 

Ago 21

Aimoré 0-3 Grêmio

[Ercílio (2) e Juarez]

Internacional 5-0 Juventude

[Larry (2), Bodinho (2) e Luizinho]

 

Ago 27

Força e Luz 0-1 Cruzeiro

[Aldo]

 

Ago 28

Flamengo 1-3 Floriano

[Aldereti; Cabeça, Sinval e Raul]

Aimoré 3-2 Juventude

[Amaro (2) e Alfeu; Irajá e Artêmio]

Nacional 0-6 Grêmio

[Ercílio (3), Juarez (2) e Zunino]

 

Set 04

Juventude 0-4 Renner

[Juarez (2), Breno e Pedrinho II)

Grêmio 1-0 Cruzeiro

[Juarez]

 

Set 10

Força e Luz 2-1 Nacional

[Dadinho e Zacarias; Odilon]

 

Set 11

Flamengo 0-4 Internacional

[Larry, Bodinho, Chinesinho e Luizinho]

Renner 3-0 Aimoré

[Breno (2) e Pedrinho II]

 

 

Set 17

Cruzeiro 0-4 Nacional

[Odilon (2) e Belo (2)]

 

Set 18

Juventude 4-2 Floriano

[Lori (2), Artêmio e Jerônimo; Raul e Mujica]

Aimoré 1-3 Internacional

[Alfeu; Bodinho, Emílson e Chinesinho]

Grêmio 5-0 Força e Luz

[Milton, Vieira, Delém, Itamar e Zunino]

 

Set 24

Renner 6-0 Força e Luz

[Juarez (4) e Breno (2)]

 

Set 25

Floriano 3-0 Nacional

[Charuto, Martins e Geada]

Flamengo 1-2 Aimoré

[Aldereti; Amaro (2)]

Cruzeiro 0-1 Internacional

[Jerônimo]

 

Out 01

Renner 3-0 Cruzeiro

[Juarez, Breno e Ênio Andrade]

 

Out 02

Juventude 1-3 Grêmio

[Carlinhos; Milton (2) e Juarez]

 

Out 08

Força e Luz 0-2 Juventude

[Lori e Artêmio]

Renner 3-1 Nacional

[Juarez (2) e Breno; Odilon]

 

Out 09

Internacional 3-0 Floriano

[Bodinho (3)]

 

Out 15

Força e Luz 1-0 Aimoré

[Odilon]

 

Out 16

Flamengo 0-3 Nacional

[Pinga (2) e Belo]

Renner 1-1 Grêmio

[Ênio Andrade; Milton]

 

Out 23

Juventude 4-3 Cruzeiro

[Lori (3) e Artêmio; Aldo, Dahne e Tesourinha II]

Floriano 0-1 Grêmio

[Juarez]

Força e Luz 0-0 Flamengo

 

Out 29

Cruzeiro 1-3 Aimoré

[Jarico; Dirceu (2) e Alfeu]

 

Out 30

Flamengo 1-3 Juventude

[Alemão; Volnei (2) e Carlinhos]

Internacional 2-0 Renner

[Larry (2)]

 

Nov 05

Nacional 2-3 Juventude

[Nery e Ortunho; Jerônimo, Lori e Artêmio]

Aimoré 3-2 Floriano

[Amaro (2) e Dirceu; Raul (2)]

 

Nov 06

Internacional 3-1 Grêmio

[Bodinho (2) e Jerônimo; Lindoberto (gc)]

Flamengo 1-1 Cruzeiro

[Alemão; Aldo]

 

Nov 12

Nacional 0-0 Aimoré

 

Nov 13

Floriano 0-4 Renner

[Ênio Andrade (2), Ivo Medeiros e Breno]

Grêmio 4-2 Flamengo

[Ercílio (2), Juarez e Milton; Alemão e Zizinho]

 

Nov 15

Nacional 1-3 Internacional

[Mossoró (og); Bodinho (2) e Larry]

 

Nov 19

Renner 2-0 Flamengo

[Breno e Ivo Medeiros]

Cruzeiro 1-1 Floriano

[Paulinho; Pitt]

 

Nov 20

Internacional 5-2 Força e Luz

[Bodinho (2), Larry (2) e Luizinho; Riograndino e Raimundo]

JOGO DO TÍTULO

Estádio: Eucaliptos

Renda: Cr$ 63.380,00

Juiz: Júlio Petersen

Gols: Bodinho 13' e 35' e Larry (pênalti) 42' do 1º; Luizinho (pênalti) 14', Riograndino 16', Raimundo 42' e Larry 45' do 2º

IN: Lapaz; Florindo e Oreco; Mossoró, Odorico e Lindoberto; Luizinho, Bodinho, Larry, Jerônimo e Chinesinho

Técnico: José Francisco Duarte Júnior (Teté)

FL: Nei; Doroci e Odilon; Beto, Riograndino e Birê; Zacarias, Dadinho, Raimundo, Ênio Marcelo e Dorval

Técnico: Antônio Carlos Mendes Ribeiro

 

Nov 27

Força e Luz 2-3 Floriano

[Dorval e Raimundo; Raul (2) e Hermógenes]

 

PP

J

V

E

D

GP

GC

SG

Internacional

5

18

15

1

2

60

15

45

Grêmio

6

18

14

2

2

43

12

31

Renner

7

18

13

3

2

48

12

36

Floriano

14

18

10

2

6

35

26

9

Aimoré

17

18

7

5

6

30

31

-1

Juventude

18

18

8

2

8

38

53

-15

Cruzeiro

26

18

3

4

11

19

43

-24

Nacional

27

18

4

1

13

20

35

-15

Força e Luz

29

18

3

1

14

17

49

-32

10º

Flamengo

31

18

1

3

14

19

53

-34

 

Com estes resultados o Sport Club INTERNACIONAL sagrou-se campeão metropolitano de 1955.

 

 

PRINCIPAIS ARTILHEIROS:

 

1º BODINHO (Internacional) - 24 gols

2º Larry (Internacional) – 20 gols

3º Juarez (Renner) – 15 gols

4º Raul (Floriano) e Lori (Juventude) – 14 gols

 


segunda-feira, 13 de julho de 2020

Jogadores do passado: Juvenalino César

Juvenalino Cezar foi nosso primeiro centroavante, e jogou apenas uma partida, a primeira da história do clube.

Juvenalino nasceu no Rio Grande do Sul, em 24 de agosto de 1885. Foi batizado em 10 de agosto de 1886, em Porto Alegre. Em um registro de eleitores de 1907, sua profissão, aos 21 anos, é artista.

No carnaval de 1908, Juvenalino fazia parte do Venezianos, sociedade carnavalesca que forneceria a maioria dos sócios fundadores do clube. No dia 21 de março de 1908, a União Caixeiral promoveu um baile em homenagem ao grande desfile de carnaval do Venezianos. Ao ser servida a mesa de doces, Juvenalino saudou a senhorita Themira Azevedo, rainha do Venezianos, e ofereceu-lhe um ramalhete de flores.

Juvenalino também era um militante do Partido Republicano, como muitos dos futuros fundadores do Internacional. Em novembro de 1908, junto o também republicano Alberto Póvoas, fundou o jornal O Espelho. Em janeiro de 1909, ele fazia parte da lista de pessoas que foram ao Palácio do Governo cumprimentar Borges de Medeiros pelo aniversário de governo. Em fevereiro, participou da recepção ao senador Pinheiro Machado.

No dia 4 de abril de 1909, é fundado o Sport Club Internacional. E logo os times começam a treinar. Os dois capitães iniciais são Juvenalino e José Poppe, provavelmente por serem os mais velhos da turma (Juvenalino com 23 anos, e Poppe alguns meses mais velho). Juvenalino também fez parte da delegação que foi desafiar o Grêmio, para o primeiro jogo do novo clube.

Antes da bola rolar, Juvenalino voltou a aparecer na imprensa devido a eventos sociais ligados à sua vida política. Em 7 de abril de 1909 ele esteve presente no funeral de Maria Benedicta Abreu e Silva, esposa do deputado federal João Vespúcio de Abreu e Silva. No dia 6 de maio, estava presente na recepção a Juvenal Octaviano Muller, vice-presidente do estado. Em 2 de julho, ele estava presente ao embarque de Borges de Medeiros, presidente do estado, rumo a Cachoeira do Sul. Dessa vez, já como representante do jornal republicano A Federação.

Em 18 de julho de 1909, Juvenalino estava em campo, como centroavante do Internacional, em seu primeiro jogo. O resultado da partida não foi nada agradável para o clube, apesar de alguns atletas terem sidos elogiados na matéria do jornal A Federação. Mas Juvenalino não estava entre eles, ele estava entre os outros, que segundo o jornal, “si bem que fossem valentes nada puderam fazer não só pelo estado em que estava o ground como também pelo cansaço”. O Colorado perdeu para seu rival por 10x0.

A experiência com o futebol parece não ter agradado Juvenalino. Na matéria de 24 de agosto de 1909, do jornal A Federação, o primeiro centroavante não aparece na escalação de nenhum dos dois quadros, reorganizados após a estreia do clube. A vida de atleta de Juvenalino acabava, mas ainda havia a vida real para ser vivida.

Os eventos ligados ao Partido Republicano continuam. Em uma época em que a vida durava pouco, muitos desses eventos eram funerais, como a da senhorita Cecília Barreto Vianna, filha de Manoel Barreto Vianna, presidente da Assembleia dos Representantes do Estado (atual Assembleia Legislativa), em 1909, e da senhorita Antonieta Britto, filha de Victor de Britto, em 1910. Essa última, de apenas 18 anos, vítima de um pacto de suicídio feito com o noivo.

Juvenalino César também escrevia textos para A Federação, como a homenagem a Álvaro Ubatuba, atleta de um dos clubes de regatas de Rio Grande, que morreu afogado em uma prova no mar, em novembro de 1909. Também escreveu uma homenagem a Júlio de Castilhos e Benjamin Constant, e ao próprio jornal A Federação, no aniversário do mesmo.

Ele também realizava conferências. Em 11 de fevereiro de 1910, ele realizou uma conferência intitulada “A Bola”, no Clube Caixeiral, dedicada aos atletas do “Jogo da Bola” do clube. No dia 23 de março do mesmo ano, fez a conferência “O Caixeiro”, no Salão Leopoldina, para jovens empregados do comércio. E em 4 de julho, no mesmo Salão Leopoldina, fez a conferência literária “Como se deve amar”. Em outubro, fez outra conferência literária, em São Leopoldo, como o tema “A Alemanha Moderna”.

Juvenalino também continuava gostando de carnaval. Em 1911 fez parte da Sociedade Esmeralda, sendo o orador do “zé-pereira” (a bateria). Em 15 de fevereiro, estando a sociedade Esmeralda na casa do coronel Francisco Antônio de Oliveira Moraes, Juvenalino saudou a filha do dono da casa, a senhorita Picucha Moares, que estava de aniversário.

Pouco depois do carnaval, Juvenalino mudou-se para Uruguaiana. Em Porto Alegre, havia trabalhado em A Federação (1909/1910) e no Jornal do Comércio (1910/1911), ambos alinhados com o Partido Republicano. Na fronteira, continuou trabalhando na imprensa republicana, agora no Diário da Fronteira. Em março de 1912, ajudou a organizar uma junta pró-Borges de Medeiros, na cidade. Em fevereiro de 1913, foi nomeado pelo ministério da agricultura, para auxiliar extraordinário para combater epidemias.

 Em outubro de 1913, Juvenalino mudou-se para o Rio de Janeiro. A partir daqui, Juvenalino desaparece da imprensa gaúcha, e aparece na imprensa carioca.

 Em julho de 1914, Juvenalino participa da festa de aniversário do acadêmico de medicina Ademar Morpurgo, onde declama poesias. Em julho de 1915, participa de uma reunião de acadêmicos gaúchos no Rio de Janeiro, que elaboram um documento em homenagem a Borges de Medeiros e Pinheiro Machado.

Em 1916, Juvenalino tornou-se almoxarife na Colônia Correcional de Dois Rios, na Ilha Grande, que tinha como objetivo principal aprisionar bêbados, mendigos, vadios e capoeiras. No mesmo ano, em 19 de agosto, casou-se com Carmen Faria Braga. O já doutor Ademar Morpurgo foi testemunha no casamento civil.

A passagem pela Colônia Correcional foi problemática. Em fevereiro de 1917, ele foi acusado de abandonar a Ilha Grande para aproveitar os festejos de carnaval, com dinheiro da Colônia. Em abril de 1917, nova denúncia, de que Juvenalino desviava recursos do almoxarifado para si próprio. Segundo o jornal Gazeta de Notícias, suas boas relações com o chefe de polícia e com o ministro da justiça, o também gaúcho Carlos Maximiliano, impediam que o capitão Pedro Duarte, diretor da colônia, pudesse puní-lo. No mesmo mês de abril, Juvenalino pediu licença para tratar da saúde, renovada em maio. Em agosto de 1917, Juvenalino enviou telegrama de felicitação pelo aniversário ao chefe de polícia do Rio de Janeiro, Aureliano Leal. Em outubro de 1917, Juvenalino aparece em uma lista de pessoas que enviaram telegramas de solidariedade ao presidente Wenceslau Bráz pela declaração de guerra à Alemanha. Finalmente, em 3 de abril de 1918, Juvenalino pediu exoneração do cargo na Colônia Correcional.

Após um tempo fora da imprensa, Juvenalino reaparece em 1925, eleito 1º secretário da União dos Empregados do Comércio do Rio de Janeiro. Era funcionário da Casa Lohner. A firma era representante da Siemens no Brasil e vendia equipamentos para laboratórios e hospitais. Juvenalino era também sócio do Fluminense, e em novembro de 1925 estava presente à despedida da seleção brasileira que iria disputar o campeonato sul-americano em Buenos Aires. Em dezembro, fez parte da comissão de brinquedos e doces do Natal das crianças pobres do Fluminense. Nos anos seguintes, seria presença constante nessa atividade.

Em 1926, torna-se representante do Fluminense junto à AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos), função que vai desempenhar até 1930. Com isso, era designado delegado da entidade em partidas do campeonato carioca.

Reeleito 1º secretário da UEC em 1926, participou ativamente de campanhas da entidade, principalmente em favor das férias para os comerciários e contra a instituição de um imposto sobre a renda. No mesmo ano, fez parte de uma delegação da UEC que viajou por Minas Gerais, visitando as associações de comerciários locais. Também conseguiu que Botafogo e Vasco disputassem um amistoso nas Laranjeiras, em homenagem ao Dia do Comerciário.

Em maio de 1927, no almoço oferecido à imprensa pelo Bonsucesso, campeão da 2ª divisão em 1926, e que iria inaugurar seu novo campo, foi destacado para fazer o discurso de homenagem ao clube.

Em outubro de 1931, Juvenalino liderou um movimento de filiados do Fluminense favoráveis ao Botafogo, na briga do clube contra a AMEA. Em uma partida do campeonato, após uma briga entre dois atletas, que foram expulsos, a torcida do Flamengo invadiu o campo e o Botafogo recusou-se a voltar a jogar. A AMEA deu os pontos da partida ao Flamengo e multou o Botafogo, mas depois voltou atrás. Em novembro, Juvenalino voltou a ser delegado do Fluminense na AMEA. Em 1932 e 1933, Juvenalino faz aparições na imprensa esportiva, escrevendo artigos no Jornal dos Sports. 

Em 24 de fevereiro de 1934, Osvaldo F. da Cunha publica uma declaração dizendo que Juvenalino César abandonou o emprego, sem declarar contas de dinheiro que havia recebido, e que não se responsabilizava por compras que o mesmo fizesse, em seu nome, a partir daquela data.

Em junho de 1934, nova polêmica. No dia 24, é publicado na imprensa que Juvenalino César era um dos fundadores da recém criada Aliança Político-Social de São Cristóvão, sendo eleito seu 1º secretário. No dia 29, a própria Aliança diz que ele não faz parte da mesma e nem foi eleito para cargo algum.

Em julho de 1934, Juvenalino faz parte da Assembleia que organizava as eleições na UEC. E em agosto, passa a ser um dos organizadores do Partido Autonomista, buscando atrair o apoio dos comerciários para a sigla. Ele assume o cargo de diretor de publicidade do diretório de Rio Comprido. Em outubro de 1934, passa a ser um dos “orientadores políticos” do jornal Tribuna do Povo. Nas eleições de novembro, o Partido Autonomista tem grande votação no Rio de Janeiro, elegendo 8 vereadores, contra 3 da Frente Única, e dois deputados federais, contra um da Frente Única. O candidato mais nas eleições, apoiado por Juvenalino, foi Pedro Ernesto Batista, que havia sido prefeito do Rio de Janeiro de 1931 a 1934, e voltaria a ser de 1935 a 1936. Pedro Ernesto era simpatizante do tenentismo e foi preso, mais tarde, acusado de ser comunista.

Em janeiro de 1935, Juvenalino defende o apoio dos comerciários ao deputado federal Amaral Peixoto, ex-tenentista e revolucionário de 1930. Amaral Peixoto seria adversário do Estado Novo e da ditadura militar de 1964.

Em maio de 1936, Juvenalino César estava na comissão recebida por Getúlio Vargas para tratar de uma homenagem ao presidente no bairro Benfica, quando o mesmo retornasse de Petrópolis. Em agosto de 1937, Juvenalino César estava presente em uma reunião da colônia gaúcha no Rio de Janeiro, que se manifestava contra Flores da Cunha e a favor da candidatura de José Américo.

Com o golpe do Estado Novo, Juvenalino não seguiu a posição de Pedro Ernesto e Amaral Peixoto. Em maio de 1938, na condição de membro do Instituto dos Comerciários, fez parte de uma homenagem a Getúlio Vargas.

A última aparição de Juvenalino César na imprensa está relacionada ao futebol. Em junho de 1940, ele discursou, em nome da torcida, no jantar de comemoração da eleição de Mário Polo presidente do Fluminense. Na época, ele passou a fazer parte do “Grupo dos Crentes”, que reunia a velha guarda do Tricolor carioca. Depois disso, não localizei mais nenhuma informação sobre Juvenalino, que contava então com 54 anos de idade.

Juvenalino Cezar faleceu no Rio de Janeiro, em 8 de julho de 1964, aos 78 anos de idade.

quinta-feira, 9 de julho de 2020

História - A Liga Sportiva de Table Football

No dia 23 de novembro de 1919, em Porto Alegre, na residência da família Bandeira, foi criada a Liga Sportiva de Table Football. A imprensa tratava o jogo indistintamente por table football ou futebol de mesa.

 

O futebol de mesa que conhecemos hoje popularmente por futebol de botão, foi oficialmente criado por Geraldo Cardoso Décourt, em 1930. O seu aniversário, 14 de fevereiro, é o "Dia do Botonista", em São Paulo, desde 2001.

 

Entretanto, o jogo disputado em Porto Alegre assemelhava-se muito ao nosso futebol de botão. Cada equipe possuía 11 jogadores, em formato similar às peças do jogo de dama, com a parte superior pintada nas cores do clube e com o nome de um atleta. A bola era uma peça menor. Os jogadores eram impulsionados por uma palheta. Gols valiam apenas de dentro da área.

 

Em novembro de 1919, Satyro Pibernat de Carvalho presentou o Grêmio com uma mesa e algumas equipes do jogo. A modalidade estava sendo bastante praticada no Rio de Janeiro e em São Paulo. Na mesma época, surgiu a Liga Sportiva, mas o Grêmio não participou dela, preferindo fundar uma liga própria, restrita a seus associados.

 

No dia da fundação da Liga, após as solenidades, ocorreram as primeiras partidas. Na abertura, Villa Izabel 2x2 Ypiranga. Na sequência, Uruguaios 3x1 Argentinos.

 

No dia 24 de novembro, realizaram-se as seguintes partidas:

Villa Izabel 6x0 Cruzeiro

Uruguaios 4x1 Internacional

Fluminense 2x1 Ypiranga

Cruzeiro 3x1 Fluminense

Villa Izabel 4x2 Fluminense

 

No dia 25, mais partidas:

Argentinos 7x6 Corinthians

Corinthians 10x4 Sportivo Brasil

Americano 4x0 Sportivo Brasil

Ypiranga 3x3 Internacional

 

As partidas continuam no dia 26:

Uruguaios 1x1 Villa Izabel

Americano 4x3 Internacional

Cruzeiro 5x2 Argentinos

 

No dia 27:

Flamengo 9x1 Fluminense

Flamengo 7x1 Corinthians

Villa Izabel 4x0 Argentinos

Corinthians 4x3 Fluminense

 

A chegada do Riograndense de Rio Grande para jogar na capital, e a excursão do São José a Caxias do Sul tiram o “table football” do noticiário. No dia 5 de dezembro a imprensa volta a publicar notícias sobre os jogos: Uruguaios 1x2 Flamengo, Americano x Ypiranga (sem informar o placar) e Villa Izabel 4x3 Internacional. Também comenta-se que a Liga enviaria um ofício ao Grêmio, desafiando o clube a enfrentar o Internacional, em um amistoso.

 

Em 8 de dezembro, o Grêmio realizou um “Torneio Início” entre seus associados, vencido, por “coincidentemente”, pelo próprio clube. Os jogos foram:

 

Grêmio 2x1 Bristol

Grêmio 4x0 Guarany

Grêmio 1x0 Brasil

Grêmio 2x0 Manchester

Brasil 3x0 Guarany

Bristol 2x0 Brasil

Bristol 2x0 Guarany

Bristol 1x0 Manchester

Guarany 3x1 Manchester

Brasil 1x1 Manchester

 

No dia 11 de dezembro, a imprensa noticiava que o Grêmio pretendia organizar um campeonato de sua liga interna, e depois organizar uma partida entre seu campeão e o campeão da Liga Sportiva, valendo o título estadual.

 

No dia 12 de dezembro, noticia-se a organização de duas partidas amistosas, uma mista outra feminina, na liga gremista. Na primeira partida, Adolpho Silva Filho, jogando com o Bristol, empatou com a senhorita Elma Lopes, jogando com o Grêmio, em 1x1. Na segunda partida, Izaura Godolphim de Carvalho, esposa de Satyro Pibernat de Carvalho, com o Corinthians, venceu Elma Lopes, com o Fluminense, por 3x1.

 

O “table football” voltou a ser notícia em 1º de janeiro de 1920, quando foi publicado que o Grêmio havia mandado construir um “ground” para a prática do jogo. E a partir daí a prática desse jogo desaparece das notícias do jornal A Federação.

 

Entre os praticantes do jogo na Liga Sportiva, foi possível identificar alguns deles:

Villa Izabel – Henrique Bandeira

Cruzeiro – Sady Gonçalves

Uruguaios – Moreira da Rocha e J. Pacheco

Internacional – Gilberto Moraes

Corinthians – Raul Rangel

Sportivo Brasil – Satyro Pibernat de Carvalho

Americano – Alfredo Aveline

 


terça-feira, 7 de julho de 2020

Jogadores do passado: Ameli

Em 7 de julho de 1974, nascia em Rosario o menino Horacio Andrés Ameli Chitaroni.

No futebol, ele ficaria conhecido como o zagueiro Horacio Ameli. Jogador de qualidade e também de força, que marcava com virilidade, não raramente sendo premiado com cartões vermelhos. Era um autêntico xerife.

Ameli começou a carreira no Colón, da Argentina, em 1994. Suas boas atuações o levaram ao Rayo Vallecano, da Espanha, em 1996. Ameli retornaria a seu país de origem em 1998, para atuar no San Lorenzo. Sua grande temporada no clube foi em 2001, quando foi campeão do Clausura e da Copa Mercosul.

Em 2002, o Internacional conseguiu contratá-lo, por empréstimo. Ele chegou no clube em março, estreando no dia 28, contra o Atlético MG, pela Copa do Brasil, no Mineirão. O Internacional perdeu por 2x0. Três dias depois, no mesmo Mineirão, contra o mesmo Atlético, nova derrota, 1x3, agora pela Copa-Sul-Minas. Essas foram as únicas derrotas de Ameli no Colorado. Nas onze partidas seguintes com o argentino em campo, foram dez vitórias e um empate. Nas treze partidas em que defendeu o Internacional, Ameli foi expulso uma vez, na vitória de 3x1 sobre o Criciúma, pela Copa Sul-Minas.

Em 29 de maio, Ameli participou da 1ª partida da decisão do Gauchão de 2002, vitória por 3x2 sobre o 15 de Novembro, em Campo Bom. Foi seu último jogo pelo Internacional. Sem condições de competir com o centro do país, a direção colorada viu Ameli ser contratado pelo São Paulo, onde ficaria até o início de 2003.

Em 2003, Ameli voltou à Argentina, para atuar pelo River Plate. Mas em 2004 saiu do clube, após a descoberta que o jogador tinha um caso com a esposa de Eduardo Tuzzio, seu companheiro de zaga. Do River, Ameli foi para o América do México, onde jogou em 2004 e 2005. Nesse ano, voltou ao seu clube de origem, o Colón, onde jogou até 2006, quando aposentou-se, aos 32 anos.

Seus números no Internacional:
13 partidas
10 vitórias
1 empate
2 derrotas
Campeão gaúcho em 2002

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Um caso de racismo no futebol - 1916


Em 24 de setembro de 1916, pelo campeonato da Liga Sportiva Porto Alegrense, que reunia clubes menores da cidade, enfrentavam-se Fixum e Ruy Barbosa, duas das principais forças da entidade.

A Liga Sportiva Porto Alegrense reunia Fixum, Ruy Barbosa, Municipal, Nancy, América, Flamengo, Fluminense, Aliança e Concórdia, sendo criada em 1916, ano em que organizou seu único campeonato.

O Fixum surgiu em 1914. Em seus quadros surgiu Henrique Maia Faillace, que mais tarde seria um dirigente e juiz de futebol conhecido na cidade.

O Ruy Barbosa foi fundado em 1915, e dava seus primeiros passos no futebol, já colhendo alguns bons resultados.

Mas a partida em questão ficaria marcada por um fato reprovável. Antes da partida, dirigentes do Fixum tentaram impedir que alguns jogadores do Ruy Barbosa atuassem, por serem "trigueiros" (morenos). A iniciativa não deu resultado.

Ainda incomodados, os dirigentes do Fixum tentaram levar a situação à Liga, mas sofreram novo revés. Na reunião estava presente Ernesto Braga, colaborador do jornal O Exemplo, da comunidade negra porto-alegrense. Indignado, Braga fez um forte discurso, transformando sua indignação em indignação de todos os demais presentes.

Essa história só não ficou perdida no tempo porque o jornal O Exemplo, na sua edição de 8 de outubro de 1916, a publicou, como uma denúncia do racismo no futebol. A grande imprensa raramente noticiava os resultados das ligas menores, muito menos problemas que ocorressem nelas. O jornal O Exemplo tinha como diretor de redação Alcides das Chagas Carvalho, um dos primeiros negros a formar-se em medicina na Escola Médico-Cirúrgica de Porto Alegre.

Sobre o destino dos dois clubes:
O Fixum, em 1916, venceu o campeonato. Mas já em 1918 o clube enfrentava uma crise e um grupo de filiados tentava reerguê-lo. Nova tentativa de recuperar o clube ocorreu em 1919, mas ele acabou desaparecendo na história.
O Ruy Barbosa teve muitos anos de sucesso no futebol menor, onde acumulou títulos, e chegou a disputar a liga principal em algumas temporadas. Fechou suas portas na segunda metade da década de 1930.

Mas deixemos que o jornal conte a história:
OBS: Por um erro de impressão, o jornal saiu com a data de 8 de setembro, em vez de 8 de outubro.



A primeira excursão



Em 1912, o Internacional já havia jogado em São Leopoldo e Viamão, mas sempre apenas uma partida, e não conhecia ainda os gramados do interior. Foi então que surgiu a oportunidade de jogar em Pelotas, dentro das comemorações do centenário da "Princesa do Sul".

No dia 6 de julho de 1912, um sábado, a delegação do Internacional embarcou no paquete Itaituba, com destino a Pelotas. A embarcação pertencia à Companhia Nacional de Navegação Costeira e fazia a linha Porto Alegre-Rio de Janeiro, com escalas em Pelotas, Rio Grande, Florianópolis e Santos. Possuía iluminação elétrica e "excelentes acomodações" para passageiros de 1ª e 3ª classes. Os atletas colorados que embarcaram foram Xavier Barbieri, Felizardo Ávila, Radagazio Pinto da Silva, Enrique Lay, Argemiro Dornelles, Waldemar Castro, Túlio Araújo, Simão Alves, Álvaro Ribas, Pedro Chaves e Francisco Vares, além dos jogadores do 2º quadro. Victor Galvão e Carlos Kluwe, dois titulares importantes, ficaram de fora por estarem doentes.

No dia 7 de julho, sob forte chuva, a delegação colorada chegou em Pelotas, no aniversário da cidade, sendo recepcionada por comitivas do Pelotas e do União, seus adversários na excursão.

No dia 8 de julho, a direção do Pelotas ofereceu à delegação colorada uma festa no salão de honra do clube, onde foi oferecida uma mesa de sanduíches, doces e vinhos.

Finalmente, no dia 9 de julho, terça-feira, ocorreu o primeiro confronto. União x Internacional era a partida que abriria as comemorações esportivas do centenário da cidade. Os educadores Fortunato Pimentel e Alfredo Maciel Moreira ofereceram um troféu denominado "Centenário de Pelotas". Se o Internacional estava desfalcado de Kluwe e Galvão, o União sentia a falta de Liberal e Guezinho. O colorado Vares, originário do futebol pelotense, fez dois gols na 1ª etapa. No 2º tempo, Túlio ampliou e Ribas marcou mais três gols, fechando o placar em 6x0. O Internacional ficou com o troféu, o primeiro de sua história. (*)

Para esse feito histórico, o Internacional entrou no campo da Rua General Osório com a seguinte escalação: Barbieri; Felizardo e Radagazio; Dornelles, Hugo e Lay; Túlio, Simão, Ribas, Pedro Chaves e Vares. O resultado da partida chegou imediatamente a Porto Alegre, transmitido por telégrafo pelos repórteres.

Na quinta-feira, 11 de julho, o Internacional enfrentaria o Pelotas, na partida principal das comemorações do centenário pelotense. Alfredo Maciel Moreira ofereceu ao vencedor uma estatueta representando um jogador de futebol. No dia da partida, o Internacional saiu do Hotel Brazil precedido por bandas de música. Ao chegar na Boca do Lobo, o clube foi a campo com apenas uma modificação: Castro entrou no time no lugar de Hugo. No Pelotas, uma das principais equipes do estado, atuava Argemiro Xavier, atacante que no ano anterior havia jogado no Internacional. E o goleiro Russomano, dois meses depois, trocaria o Áureo-Cerúleo pelo Colorado.

Aos 15' do 1º tempo, o juiz marcou um pênalti para o Pelotas. Carlos Moreira cobrou mas chutou para fora, Aos 29', porém, o mesmo Carlos Moreira abriu o placar. Aos 17' do 2º tempo, Edmundo (ou Schroder, dependendo do jornal) marcou o segundo gol pelotense. Aos 33', Pedro Chaves descontou para o Internacional, fechando o placar em Pelotas 2x1. Milhares de pessoas compareceram à partida.

O Internacional ainda permaneceu mais alguns dias em Pelotas. No domingo, dia 14, realizou um treino contra o Rio Branco, no campo do mesmo. Primeiro a linha de ataque do rio Branco treinou contra a linha de defesa colorada, conseguindo fazer um gol. Depois, a linha de ataque do Internacional treinou contra a linha de defesa do Rio Branco, marcando três gols. Após o treino, os atletas brindaram com copos de água.

Encerrava-se assim a excursão colorada até a cidade de Pelotas, a primeira da história do clube.

(*)O Internacional tem troféus anteriores, mas conquistados em disputas internas, com ambas as equipes pertencendo ao clube.

domingo, 5 de julho de 2020

Jogadores do passado: Volmir


Em 5 de julho de 1944, nascia em Vacaria o menino Volmir Francisco de Souza, que ficaria conhecido no mundo do futebol como o ponteiro-esquerdo Volmir.

Volmir começou a carreira nas categorias de base do Flamengo de Caxias do Sul. Nessa época, surgiu uma possibilidade de transferência para o Bangu, mas o negócio não se concretizou. Em 1963, Volmir foi contratado pelo Lajeadense, onde se profissionalizou. Suas boas atuações o levaram para o Grêmio, durante a temporada de 1964, onde ficou atuando na equipe de aspirantes.

O primeiro contato de Volmir com o Internacional foi no Gre-Nal de 10.12.1964. pelo Torneio Quadrangular de Porto Alegre, também conhecido como Torneio Jornal do Brasil. O Colorado venceu por 2x1, conquistando o torneio, e Volmir entrou na partida no lugar de Vieira.

Volmir, pelo Tricolor, foi campeão gaúcho em 1965, 1966, 1967 e 1968. Mas mesmo tendo atuado em uma época vitoriosa do clube, não teve o mesmo sucesso nos clássicos. Volmir disputou 18 Gre-Nais pelo Grêmio, vencendo apenas 4, empatando 7 e perdendo outros 7. Marcou apenas um gol.

Volmir era um jogador imprevisível, que alternava dribles sensacionais com jogadas bisonhas, e era fisicamente muito forte. Por se enrolar com a bola em alguns lances, recebeu de Lauro Quadros o apelido de "Massaroca". Disputou a Copa O'Higgins de 1966 e a Copa Rio Branco de 1967 pela Seleção Brasileira. Mas quando os títulos gremistas cessaram, começou a ser questionado. Em 1970, ele teve uma grave lesão, que o deixou muito tempo fora dos gramados. Quando voltou, o novo técnico gremista, Oto Glória, não gostava muito de seu futebol. Volmir passou a ter poucas oportunidades, e mesmo nos treinamentos era escalado fora de posição, atuando até de lateral-direito. Seu comportamento irreverente fora de campo, antes tratado com paternalismo, começou a ser encarado como insubordinação e rebeldia. Em 17.10.1971, pelo campeonato brasileiro, o Internacional venceu o Grêmio por 1x0. Volmir entrou no time no lugar de Loivo. Foi sua última partida pelo Grêmio. Segundo o site Gremiopedia, ele jogou 277 partidas pelo clube e marcou 64 gols.

No início de 1972, uma notícia surpreende o mundo esportivo gaúcho. O Internacional contratou Volmir, pagando apenas Cr$ 100 mil e a renda de dois amistosos. Em 02.03.1972, Volmir estreava no Internacional, em um Gre-Nal amistoso. A partida terminou 1x1, e como não tem amistoso em Gre-Nal, os gremistas Espinosa e Loivo, e o colorado Edson Madureira foram expulsos. No dia 05.03.1972, o segundo clássico em pagamento de Volmir também terminou 1x1. A indignação da torcida gremista com a negociação estava representada em uma música feita pelo tricolor Santos Dumont, que dizia "Volmir Massaroca Coreia/Tua jogada é a alegria da plateia".

Pelo Colorado, Volmir conquistaria mais dois títulos gaúchos, em 1972 e 1973. Também venceu o Torneio Cidade de Porto Alegre, em 1972. Sua irreverência continuava. Em 19.03.1972, o Internacional venceu o Peñarol por 1x0, em Montevidéu. Os uruguaios abusavam da violência, com a complacência do juiz Rafael Pinto. Para piorar, aos 25' do 2º tempo, o juiz marcou um pênalti inexistente para o Peñarol. Volmir, indignado, escondeu-se atrás do lateral Sadi e xingou o juiz de vagabundo e sem-vergonha. O juiz expulsou Sadi e começou uma confusão que acabaria com todo o time do Internacional expulso. Também incomodava os gremistas, pois sendo sócio do clube, frequentava as piscinas do Tricolor, para desespero de dirigentes e torcedores.

Em fevereiro de 1974, após o fim do campeonato brasileiro de 1973 (que avançou pelo início do ano seguinte), Volmir despediu-se do Internacional. Sua última partida ocorreu em 13.02.1974, quando o Internacional perdeu por 4x1 para o São Paulo, pelo Quadrangular Final do Brasileirão. Volmir entrou no time no lugar de Dorinho.

Pelo Internacional, Volmir disputou 77 partidas e marcou 15 gols. Suas vítimas:
Santa Cruz RS - 3 gols
Bagé - 2 gols
Grêmio, Corinthians, São Paulo, Flamengo, Sergipe, Cruzeiro RS, São José, AESA, Internacional SM e Esportivo - 1 gol

Seu desempenho em clássicos foi melhor do lado vermelho. Disputou 8 clássicos, vencendo 2 e empatando 6. Não perdeu Gre-Nal com o manto alvi-rubro, e marcou um gol.

Após sair do Internacional, Volmir foi para o América carioca. No mesmo ano de 1974, ingressou na Chapecoense. No 2º semestre de 1975, foi negociado com o Figueirense, para disputar o campeonato brasileiro. E sua estreia no Figueira ocorreu em 20.08.1975, no Beira-Rio. Os catarinenses perderam por 3x1. Volmir apareceria novamente no caminho do Colorado em 1976. De volta à Chapecoense, enfrentou o Internacional em 25.01.1976, no amistoso de inauguração do estádio Índio Condá. O Colorado venceu por 4x1. Embora Borjão tenha feito o primeiro gol do estádio, Volmir marcou o primeiro gol da Chapecoense em sua casa.

Em 1977, Vomir ainda jogou no Paranavaí e no Sergipe, encerrando a carreira.

Depois de encerrar a carreira de jogador, Volmir assumiu o cargo de assistente penitenciário em um presídio de Canela, função da qual já se aposentou.